Guerra Civil Síria
guerra civil multifacetada em curso na Síria desde 2011 / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Guerra Civil Síria[74] (às vezes referida como Revolta Síria ou ainda Revolução Síria;[75] em árabe: الحرب الأهلية السورية) é um conflito interno em andamento na Síria, que começou como uma série de grandes protestos populares em 26 de janeiro de 2011 e progrediu para uma violenta revolta armada em 15 de março de 2011, influenciados por outros protestos simultâneos no mundo árabe.[76] Enquanto a oposição alega estar lutando para destituir o presidente Bashar al-Assad do poder e posteriormente instalar uma nova liderança mais democrática no país, o governo sírio diz estar combatendo terroristas armados que visam desestabilizar o país.[77] Com o passar do tempo, a guerra deixou de ser uma simples "luta por poder" e passou também a abranger aspectos de natureza sectária e religiosa, com diversas facções que formam a oposição combatendo tanto o governo quanto umas às outras. Assim, o conflito acabou espalhando-se para a região, atingindo também países como Iraque e o Líbano, atiçando, especialmente, a rivalidade entre xiitas e sunitas.[78]
Este artigo ou se(c)ção trata de um conflito armado recente ou em curso. |
Guerra Civil Síria | ||||||||||||
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Parte de Primavera Árabe, Inverno Árabe, Conflito iraniano-saudita | ||||||||||||
Situação atual da Síria: | ||||||||||||
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Participantes do conflito | ||||||||||||
República Árabe da Síria
Rússia (ver detalhes aqui)[10] (Para ler mais detalhes sobre apoio estrangeiro ao regime sírio, ver aqui) |
Oposição Síria (Governo Interino)
Apoio:
(Para ler mais detalhes sobre apoio estrangeiro a oposição, ver aqui) Governo de Salvação Sírio (desde 2017)[31]
Apoio:
Jaysh al-Islam
Apoio: (Para ler mais detalhes sobre a frente curda da guerra, ver aqui) |
Estado Islâmico[47] (em guerra com todos os lados envolvidos no conflito) | ||||||||||
Líderes | ||||||||||||
Bashar al-Assad Imad Khamis |
Albay Ahmed Berri Abdullah al-Bashir Riad al-Asaad Salim Idris Riad Darar |
Abu Bakr al-Baghdadi † Abu Ibrahim al-Qurayshi † Abu al-Hasan al-Hashimi † Abu al-Husseini † Abu Hafs al-Hashimi Abu Mohammad al-Adnani † Abu Suleiman al-Naser † Abu Ala al-Afri † Abu Omar al-Shishani † Gulmurod Khalimov † Abu Ali al-Anbari † Abu Bakr al-Iraqi † Abu Muhammad al-Shimali † | ||||||||||
Forças | ||||||||||||
Forças Armadas:
180 000 militares[48] (2015) Hezbollah: |
Exército Livre da Síria: 40 000 - 50 000 combatentes[56] Ahrar al-Sham: 18 000 – 20 000[57][58] Forças Armadas Turcas: Tahrir al-Sham:
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Estado Islâmico do Iraque e do Levante: 50 000 (auge, em 2015)[66] ~ 3 000 (segundo a CIA, em 2017)[67] | ||||||||||
Baixas | ||||||||||||
Forças do Governo Sírio:
176 329 soldados, milicianos ou policiais mortos (segundo o OSDH)[68] |
Rebeldes sírios, jihadistas e curdos:
~ 166 100 combatentes mortos[68] + 159 774 civis mortos[68] 313 soldados mortos[70] |
40 628 combatentes mortos[68] | ||||||||||
Foi iniciada como uma mobilização social e midiática, exigindo maior liberdade de imprensa, direitos humanos e uma nova legislação.[79] A Síria tem ficado em estado de emergência desde 1962, que efetivamente, suspendeu as proteções constitucionais para a maioria dos cidadãos. Hafez al-Assad esteve no poder por trinta anos, e seu filho, Bashar al-Assad, tem mantido o poder com mão firme nos últimos dez anos. As manifestações públicas começaram em frente ao parlamento sírio e a embaixadas estrangeiras em Damasco.[80]
Em resposta aos protestos, o governo sírio enviou suas tropas para as cidades revoltosas com o objetivo de encerrar a rebelião.[81] O resultado da repressão e do confronto com os manifestantes acabou sendo de centenas de mortes, a grande maioria de civis.[82] No fim de 2011, soldados desertores e civis armados da oposição formaram o chamado Exército Livre Sírio para iniciar uma luta convencional contra o Estado. Em 23 de agosto de 2011, a oposição finalmente se uniu em uma única organização representativa formando o chamado Conselho Nacional Sírio.[83] A luta armada então se intensificou, assim como as incursões das tropas do governo em áreas controladas por opositores.[84] Em 15 de julho de 2012, com grandes combates irrompendo por todo o país, a Cruz Vermelha Internacional decidiu classificar o conflito como guerra civil (o termo preciso foi "conflito armado não internacional") abrindo caminho à aplicação do Direito Humanitário Internacional ao abrigo das convenções de Genebra e à investigação de crimes de guerra.[85]
A partir de 2013, aproveitando-se do caos da guerra civil na Síria e no Iraque, um grupo autoproclamado Estado Islâmico (EI, ou ad-Dawlah al-Islāmīyah) começou a reivindicar territórios na região. Lutando inicialmente ao lado da oposição síria, as forças desta organização passaram a atacar qualquer uma das facções (sejam apoiadoras ou contrárias a Assad) envolvidas no conflito, buscando hegemonia total. Em junho de 2014, militantes deste grupo proclamaram um Califado na região, com seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, como o califa. Eles rapidamente iniciaram uma grande expansão militar, sobrepujando rivais e impondo a sharia (lei islâmica) nos territórios que controlavam. Então, diversas nações ocidentais, como os Estados Unidos, as nações da OTAN na Europa, e países do mundo árabe, temendo que o fortalecimento do EI representasse uma ameaça a sua própria segurança e a estabilidade da região, iniciaram uma intervenção armada contra os extremistas.[86] Outras nações, como Rússia e Irã, também intervém militarmente no conflito, mas ao lado do regime de Assad.[87] Analistas políticos internacionais descrevem a participação das potências estrangeiras na Síria e o apoio dispensado as facções lutando no conflito como uma espécie de "guerra por procuração".[88]
Segundo informações de ativistas de direitos humanos dentro e fora da Síria, o número de mortos no conflito passa das 500 mil pessoas, sendo mais da metade de civis.[68] Outras 130 mil pessoas teriam sido detidas pelas forças de segurança do governo.[89] Mais de cinco milhões de sírios já teriam buscado refúgio no exterior para fugir dos combates, com a maioria destes tomando abrigo no vizinho Líbano.[73] O conflito também gerou uma enorme onda migratória de sírios e árabes em direção a Europa, sem paralelos na história do continente desde a Segunda Guerra Mundial.[90]
Segundo a ONU e outras organizações internacionais, crimes de guerra e contra a humanidade vêm sendo perpetrados pelo país por todos os lados de forma desenfreada.[91] Na fase inicial da guerra, as forças leais ao governo foram as principais alvos das denúncias, sendo condenadas internacionalmente por incontáveis massacres de civis.[92][93] Milícias leais ao presidente Assad e integrantes do exército sírio foram acusadas de perpetrarem vários assassinatos e cometerem inúmeros abusos contra a população.[94] Contudo, durante o decorrer das hostilidades, as forças opositoras também passaram a ser acusadas, por organizações de direitos humanos, de crimes de guerra.[95] O Estado Islâmico, desde 2013, passou então a chamar a atenção pelos requintes de violência e crueldade nas inúmeras atrocidades que cometiam pelo país.[96]