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conjunto de tribos do NO peninsular Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Os galaicos (termo atual derivado do latim gallaeci ou callaeci e do em grego: Καλλαϊκοί; romaniz.: (kallaikoi) foram um conjunto de povos do noroeste da Península Ibérica — antiga Galécia, — correspondente ao que é hoje o espaço geográfico que abrange o Norte de Portugal, a Galiza, as Astúrias e parte de Castela e Leão[3], que pela sua originalidade cultural deram origem ao que chamamos de cultura castreja. Entre os anos 138 e 136 antes de Cristo, o cônsul romano Décimo Júnio Bruto Galaico liderou a primeira expedição que iniciou a assimilação progressiva dos galaicos à cultura latina, mas sem apagar por completo a cultura de origem, visível no habitat com a reocupação dos castros,[4] no modo de vida e na religião, que segundo São Martinho de Dume encontramos ainda presente no fim do Reino Suevo.[3]
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Galaicos callaeci | ||||
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Continente | Europa | |||
Região | Península Ibérica | |||
Capital | Bracara Augusta | |||
Países atuais | Espanha e Portugal | |||
Língua | galaica | |||
Religiões |
Por isso o termo gallaecus/gallaeco designou também, desde o final do Império Romano do Ocidente até ao início da Idade Média, os habitantes da Galécia.
Os romanos batizaram todos os povos da região a norte do Douro, onde existia a cultura castreja, com o nome de “galaicos” por ter sido a primeira tribo que enfrentaram, na zona de Portus Cale, e pela sua braveza e espírito guerreiro, viu estendida a sua designação às outras tribos do Noroeste Peninsular.[5] O historiador romano Plínio cita os "callaeci" como um dos povos do convento bracarense.[6] Mas a origem primitiva do nome da tribo Callaeci (galaicos) poderá vir da deusa Calaicia[3] ou Cailleach, a deusa-mãe, por estes serem adoradores desta divindade.[7]
As palavras "Callaici" e "Calle" estão na origem dos nomes Vila Nova de Gaia, Galiza, e da raiz "Gal" de Portugal, entre outros topónimos da região.
No tempo dos romanos a província da Galécia tinha como limites, ao sul o rio Douro, a oeste e norte o Atlântico, enfim a este o cursos dos rios Esla e Cea e os Picos da Europa.[3] Embora a cultura castreja tivesse uma área de difusão muito mais extensa, até ao centro de Portugal, como na região de Viseu, Seia.[lower-alpha 1][8] Na ótica dos conquistadores romanos a região era um "finis terrae" ou seja uma região bárbara por ser isolada o que explicaria por si a sua originalidade.
Na verdade, era ao contrário uma região de intercâmbio entre a fachada atlântica e o mediterrâneo.[10] A sua riqueza em recursos minerais, romperam o seu isolamento desde pelo menos o tempo da Idade do Bronze.[11]
Os galaicos são simplesmente os descendentes dos habitantes indígenas do Neolítico, porque há entre outros, uma continuidade nos ritos funerários[12] e na arte presente na região. As gravuras rupestres do grupo dos petróglifos galaico-portugueses, do Neolítico até talvez ao inicio da Idade do Ferro (a única datação possível é de algumas armas representadas que foram produzidas entre o III e II milénio a.C.), são relacionadas com a arte parietal megalítica.[13] Como, por exemplo, as pinturas ou gravuras de motivos geométricos dos abrigos sob rocha, realizados entre o Neolítico final e final do calcolítico, que apresentam uma clara analogia com a arte megalítica e até com a Idade do Bronze como as do abrigo rupestre da Solhapa em Miranda do Douro.[8] Por Juan Maluquer a primeira parte da cultura castreja (Castreja I) tem mesmo inicio durante a fase megalítica com a construção dos primeiros povoados de cabanas.[11] Segundo ele, por razões climáticas durante a fase sub-boreal no auge da Cultura megalítica houve uma grande concentração humana no NO, pelas condições propícias a pastorícia e abundâncias de metais em comparação a Meseta, e entre o terceiro e segundo milénio a.C. formou-se uma unidade étnica própria e original que os diferenciava, apesar das influências exteriores existentes e de outras que surgirem como as culturas meridionais ibéricas, celtibéricas, e do Mediterrâneo (fenícios, gregas e cartagineses). Viviam duma economia mista agrícola e pastoril plenamente em simbiose com o território. Integrada na cultura da Idade do bronze atlântica (1300–700 a.C.) durante o Bronze final e dando origem a fase Castreja II.[11] Durante a qual os povoados transformam-se em aldeias fortificadas chamadas, castros ou vilas fortificadas ópidos (citânias), por isso a cultura arqueológica que desenvolveram, é conhecida pelos arqueólogos como "cultura castreja". As primeiras alusões a este povo estão presentes em antigos autores gregos e latinos anteriores à conquista, o que permite a reconstrução de alguns acontecimentos históricos deste povo desde o século II a.C. Assim, graças a Tibério Cácio Ascônio Sílio Itálico, sabemos que entre os anos 218 e 201 a.C., durante a Segunda Guerra Púnica, algumas tropas galaicas vieram lutar nas fileiras do cartaginês Aníbal contra o exército romano , participando na batalha do Lago Trasimeno em 217 a.C. e na Batalha de Canas em 216 a.C. Depois de Sílio Itálico, Apiano de Alexandria, autor da obra ‘’Iberiké’’, menciona a primeira incursão dos romanos em território galaico. Apiano narra os acontecimentos ocorridos durante as guerras lusitanas (155–139 a.C.), mencionando que neste último ano (139 a.C.), após ter sido ridicularizado pelo líder lusitano Viriato, o exército romano de Cepião assolou os campos dos galaicos e vetões. Este ataque às populações galaicas mais meridionais localizou-se possivelmente na região do Alto Douro, próximo da fronteira com os Vetões, tendo esta ação um carácter punitivo, pela ajuda prestada por estes povos aos lusitanos durante as campanhas de Viriato no sul.[5]
O modo de habitat dos galaicos, a partir do primeiro milénio antes da nossa era,[14], baseava-se em povoados fortificados que receberam o nome de castros, (do latim castrum, forte), podendo variar em dimensão desde pequenas aldeias com menos de um hectare mais habituais no norte, e grandes castros ou citânias de mais de 10 hectares,[3] estando estas mais presentes na metade sul da zona de ocupação. A densidade dos castros também era maior na zona costeira, no vales dos grandes rios para diminuir nos vales dos afluentes.[10] A localização destas aldeias ou cidades fortificadas, que ascende a um milhar no território português,[10] era ditada em primeiro por critérios estratégicos de defesa e controlo do território, por isso tendiam a estar localizadas nas colinas de média altitude abaixo dos 500 m, mas de preferência com algumas encostas acentuadas para uma melhor defesa e, ocasionalmente, em promontórios rochosos e penínsulas perto da costa marítima.[10] Esses assentamentos tinham como outros critérios o controlo dos recursos naturais, incluindo minérios como o ouro, e estanho, ou de vias de comunicações.[10] Muitos dos locais escolhidos eram também sagrados e frequentados por motivos rituais desde há muito tempo, muitos castros tem no seu seio ou nas suas imediações gravuras rupestres produzidas em várias fases, mas com as mais antigas muito anteriores a edificação do povoado.[15] Apesar dos castros da Galécia apresentarem claros pontos em comum, as cidadelas funcionavam como cidades-estado e podiam ter traços culturais específicos, assim o desenvolvimento foi muito heterogéneo. Por exemplo, o sistema de defesa varia do sistema mais simples com muros de pedra muitos rudimentares (exemplo: Castro de Baiões em São Pedro do Sul), ou de dois muros paralelos feitos de grandes blocos e com espaço intermédio preenchido com terra (exemplo: Cividade de Terroso, Póvoa de Varzim) ou com pedra miúda (exemplo: Citânia de Sanfins, Paços de Ferreira) ou enfim sólida muralha com muros de reforço (Castro de Sabroso, Guimarães) e em alguns casos com fossos, torres (São Julião em Vila Verde, Castro de Coaña ou Castro de Pendia, Oviedo), pedras fincadas contra a cavalaria em Trás os Montes (Castro da Cidadelha, Chaves), e rampas de acesso a muralha ou as várias muralhas concêntricas.[10]
No início dos castros, as casas circulares e construções domésticas eram simples cabanas de materiais perecíveis (estrutura em troncos de carvalho com enchimento com ramos recobertos de barro[12]), com pisos de argila compactada ou de terra batida, em pequenos castros entre 600 m2 (São Julião) e 2 hectares (castro de Baiões em São Pedro do Sul), protegidos por paliçadas (Barbudo, Vila Verde),[16] ou, mais raramente, muros rudimentares ou taludes e fossos (São Julião). Excecionalmente, alguns tinham habitações inteiramente ou parcialmente de pedra e barro (Coto da Pena, Caminha).[14] Mas que lentamente se generalizaram em construções redondas ou ovaladas com diâmetros entre 4 e 5 m e paredes de 30 a 40 cm de espessura. Feitas com pedras de granito fraturadas ou lascadas, para posteriormente serem posicionadas em duas fiadas, com a face mais lisa para o exterior do muro. O espaço intermédio era preenchido com pequenas pedras e saibro. Esses castros "de altitude" coexistiam com pequenas povoações no fundo dos vales dito "castros agrícolas", castros secundários que podiam só ser ocupados numa parte do ano, situados em solo rico, propício para agricultura ou perto dum sitio de mineração.[16] Por volta dos séculos VII e VI a.C. alguns castros aumentaram a sua superfície (Citânia de São Julião) com casas novas, o que obrigou a construção de novas muralhas concêntricas, de melhor feição a volta da nova área, outros criaram castros satélites. As casas passaram a ter um átrio ou vestíbulo e com o contacto com o mundo romano as casas até aí na sua grande maioria circulares passaram a ser também retangulares ou quadradas[10] e assim duplicaram a sua área habitada.[11] Com a chegada dos primeiros romanos, procede-se também a uma profunda reorganização territorial e urbana, com o desenvolvimento na zona de entre o rio Cávado e Douro, de grandes citânias (com cerca de 3000 moradores por Sanfins), distantes aproximadamente de 25 km entre elas (Sanfins, Briteiros, Alvarelhos, Mozinho, Eiras, Bagunte e Vandoma) com um controlo efetivo das zonas periféricas, e sendo, para as duas primeiras, construidas a imagem das cidades romanas com um plano urbanístico de ruas ortogonais[10] Os romanos introduziram também a telha (tégula) em substituição dos telhados de colmo. Com a integração no Império Romano e a chegada da Pax Romana, a população galaica começará a abandonar grande parte dos castros e a dispersar-se em terrenos agrícolas, em vales e terras mais acessíveis mas menos defensáveis. Mas muitos não foram abandonados e outros foram reocupados à partir do século III[3] e no tempo do reino Suevo.[4] e depois para além da reconquista, e em alguns casos residuais até o século XV[17]
Em todos os castros havia algumas construções que tinham uma função pública:
E para a zona do norte de Portugal e principalmente no norte da Galiza e das Astúrias.
Os nomes dos castros, conforme preservados em inscrições latinas e outras fontes literárias, eram frequentemente substantivos compostos com um segundo elemento, como -bis (do proto-céltico *brixs), -briga (do proto-céltico *brigā) Conímbriga, Brigantia (Bragança), Tongóbriga; -ocelum (do proto-céltico *okelo-) Louciocelo, Tarbucelo; -dunum (do proto-céltico *dūno-) Caladunum todos significando "colina > forte-colina. Outras são formações superlativas (do proto-céltico *-isamo-, -(s)amo-): Berisamo (de *Bergisamo-), Sesmaca (de *Segisamo-). Muitos topónimos modernos derivam dos nomes desses antigos assentamentos: Coimbra < *Conínbriga, Bragança< *Brigantia, Biobra < *Vidobriga, Bendollo < *Vindocelo...
Grandes citânias do norte de Portugal melhor conhecidas a partir de escavações:
Os habitantes dos castros como indicam as escavações arqueológicas trabalhavam a pedra, a cerâmica e os metais, mas embora não haja vestígios podemos pensar que trabalhavam também a madeira, as peles a lã e o linho.
A pedra era utilizada não só para construir como para a realização de muitos objetos de uso quotidiano: moinhos naviformes e circulares, bebedouros, moldes para a fundição de metais, pesos de rede e de tear...
Até a data, os artefactos em bronze e provas duma fundição autóctone mais antigos encontrados no norte de Portugal provém do povoado da Sola (Braga) e datam de entre os séculos XVII e XVI a.C., são uma vareta e pingos de fundição assim como um molde de machado e cadinhos, dessa época também temos espadas de tipo “argárico”, machados planos e alguns machados de rebordo encontrados nas escavações ou depositados entre penedos. Na Galiza foram encontrados peças mais antigas do secundo milénio antes Cristo em Tortellá, La Garrotxa e em Monte Aguilar de la Bárdenas Reales (Navarra) do século XIX ou XVIII a.C., a qualidade da liga de cobre, e principalmente do teor de estanho é variável, mas o numero de achados é muito limitado. De mesmo no Bronze Final, embora as técnicas aparentemente sejam mais diversificadas os achados são poucos, ou que deixa pensar que a produção também erra limitada, talvez feita por metalurgistas itinerantes, só temos moldes nos concelhos vizinhos de entre Cávado e Lima em São Julião (Vila Verde), na Corga do Caropo (Terras de Bouro), na Santinha (Amares), no castro de Álvora (Arcos de Valdevez), e em Azurara (Vila do Conde).[12] Como técnica de fundição temos moldes em pedra, em cerâmica ou em cera perdida, em função das peças a produzir e talvez do metal (bronze ou ouro). No caso do bronze, a liga usada, é mais pura, de cobre e estanho de influência mediterrânea ao contrario da fachada atlântica francesa e da Grã-Bretanha que usam uma liga ternária de cobre, estanho e chumbo. No entanto a particularidade da fundição galaica é o alto teor de estanho que compromete a solidez das peças. A influência meridional também é evidente na forma de alguns artefactos (punhal triangular, fíbula de enrolamento…). Desta época datam os achados mais antigos de objetos em ferro importado, no caso uma pequena falcata de São Julião dos séculos X ou IX a.C.[12] Algumas espadas, principalmente, foram encontradas depositadas na água, o que persiste durante a Idade do Ferro, com machados de alvado encontrados no rios Cávado e Lima, ou mais frequente, depositados entre penedos, como em Paredes de Coura, com 14 machados de talão. Ou enfim o caso híbrido de Viatolos, Barcelos com machados de talão de duplo anel e lingotes escondidos de baixo dum penedo mas perto de água, ao pé duma fonte. Essa longa tradição ritual data pelo menos do Calcolítico, com machados de pedra e cobre, cerâmica e pontas de seta depositados no Monte da Sra da Penha (Guimarães), em fendas e perto duma fonte.[12]
A liga de bronze durante o inicio da Idade do ferro, torna-se ternária com adição de chumbo ao cobre e estanho, o processo metalúrgico do bronze é apurado, e ao conjunto existente de artefactos produzidos juntam-se outros. Mas os locais com fundição atestada são ainda poucos: São Julião (molde, lingote e cadinho), Coto da Pena (moldes de pedra e cerâmicos), Quinta da Fonte Velha (Barcelos) com lingotes e restos de fundição e enfim um lingote em Penices (Famalicão).[18] Vários autores antigos (Posidónio, Estrabão, Tibério Cácio Ascônio Sílio Itálico, e Plínio, o Velho) descreveram a riqueza da região em minério principalmente em ouro no leite dos rios, e minas de estanho chamadas localmente ‘’Alutia’’. Há muitos poucos vestígios, dessa exploração, temos por exemplo as minas de estanho da Ervedosa em Trás-os-Montes, mas a produção local de artigos refinados de ourivesaria denuncia uma atividade “mineira”, nem que seja no leite dos rios.[3]
A produção local é feita a mão, o torno de oleiro será introduzido tardiamente por volta do século II a.C., pelo contacto com o mundo romano. Por isso, na altura do Bronze final, desenvolveram-se duas técnicas, a primeira para peças grandes e grosseiras, na maioria potes de barro, com uma espessura dos 8 aos 12 mm, feitos por sobreposição de tiras de argila que eram depois alisadas. A outra, para peças pequenas de melhor feição, e de espessura inferior a 6 mm, a moldagem era feita à partir dum único bloco de argila de melhor qualidade. Essa louça fina é mais rara que o trabalho grosseiro dos potes de cozinha, que servem para cozer os alimentos, por isso o numero de formas é reduzido, assim como a decoração, que quando ocorre é quase exclusiva dos lábios do pote e raramente da pança ao contrario da cerâmica anterior de tipo “Penha” ricamente decorada com incisões.[19] Durante a transição entre Bronze Final e Idade do Ferro, haverá uma grande evolução entre esse tipo inicial, para um tipo intermédio mais decorado com motivos em SSS, por exemplo, e um maior numero de formas, e o último de ainda maior diversidade de forma (Dólia, anfôras) inspirada dos romanos. Muita vezes preta, algumas cerâmicas eram pintadas.[3]
O grande numero de peso de tear, de pedra e depois em barro (caco de telha furado), indicam uma grande atividade de tecelagem certamente de lã como de linho, para o vestuário, em teares verticais usados até à Idade Média na confeção de Bragal. Os pequenos pesos de rede em pedra indicam a fabricação caseira de redes para pesca e caça. Os telhados eram de colmo e a palha era aproveitada tanto para telhados como vestuário (corucho ou coroça). O pólen de espécie de árvores ribeirinha (salgueiro ) encontrados nos castros, denuncie a atividade de cestaria. Enfim foi encontrado também cera de abelha de recolha como certamente de apicultura em cortiço.[20]
A economia da região baseia-se principalmente numa grande autarcia, na produção de alimentos e bens. Sobretudo se comparamos com a época à seguir, e as importantes importações de bens alimentares como o garum, vinho e xarope de vinho, azeite… no seio do mundo romano.[21]. O intercâmbio visível é mais nos metais sob a forma de minério como objetos usuais e armamento, assim como alguns bens de luxo contas de vidro, âmbar... E se as primeira relações são com a cultura argárica, o NO Ibérico mantém uma relação privilegiada com o Atlântico reforçada pela rota marítima do estanho, assim chegam por exemplo machados da Bretanha, modelo alterado localmente com um ou dois anéis, espadas pistiliforma, caldeirões irlandeses, espadas de língua de carpa…. A ourivesaria pela técnica e sua decoração é comum a fachada atlântica,[3] embora haja também influências de zonas meridionais como nas fíbulas de tipo Sabroso ou Santa luzia, então que a zona de Trás os Montes segue a influência da cultura dos campos de urnas. De facto o comercio não é só com os países do norte, mas também com o sul da península a cultura tartéssia e o mundo mediterrânico, sempre certamente por causa do minério. Foram encontradas moedas e cerâmica[14] dos cartagineses e dos gregos por exemplo em Gondomar ou na Serra do Pilar, mas sobretudo contas de vidro por exemplo em Viana do Castelo[3] ou São Julião.[22] Assim temos um conjunto de rotas marítimas com a fachada atlântica como para o mundo mediterrâneo que implica um maior desenvolvimento da faixa litoral sobretudo durante a Idade do Ferro, mas em conjunção com rotas terrestre que dão alguma originalidade ao interior.
A organização política galaica não é conhecida com certeza, mas é muito provável que visto a sua ocupação do território tenham havido uma hierarquia nos povoamentos como nas elites,[15]o espaço era dividido em pequenas regiões independentes que os romanos chamaram de populus ou civitas, cada um governado por um pequeno rei ou chefe local (princeps). Dos vestígios epigráficos sabemos a existência de dois reis ou príncipes galaicos, um de Luco Augusto (Lucus Augusti; atual Lugo), Vecco, filho de um aristocrata chamado Veróblio, e outro chamado Nícer, filho de Clutoso, e princeps dos albiões. Algumas estátuas de guerreiros relembram também o poder e fama de alguns chefes, [23] como a estátua encontrada em São Julião (Vila Verde) com o nome de Malceino f (filho) de Dovilonis gravado na cetra.[24]
É possível que cada tribo galaica tivesse um grupo de nobres e guerreiros que davam proteção à tribo e que provavelmente tinham a administração local de cada castro dentro da tribo. Porque cada populus compreendia um certo número de pequenos castros ( castellum). O seu estatuto social, tal como os soberanos, manifestava-se não só no poder político ou de compra dos seus pertences mas também na utilização de certos objetos simbólicos intimamente ligados às classes altas da aristocracia, como os torques. A existência desses personagens implica uma sociedade altamente hierárquica e estratificada. Cada galaico identificava-se como membro do castro que habitava (segundo a interpretação mais comum do C invertido da epigrafia posterior) bem como do estado/cidade a que pertencia, e que os romanos chamavam de populus, encontraram-se numerosos nomes de pessoas com o nome do povo como: arrotrebae, albiones, celtici praestamarici, lemavi etc.. , conforme sua fórmula onomástica usual: primeiro nome + patronímico (genitivo) + (opcionalmente) populus ou nação (nominativo) + (opcionalmente) origem da pessoa = nome do seu castro (ablativo),[3] como nos exemplos seguintes:
A primeira referência aos galaicos pode ser encontrada no épico Púnica, de Sílio Itálico, entre os anos 218 e 201 a.C.
As gravuras ou petróglifos galaico-portugueses são a única expressão artística genuinamente Galaica (no sentido de delimitação geográfica), embora poderão ser um pouco anterior a cultura castreja[13] mas prolongaram-se, com adições e sobreposições, durante toda a Idade do Bronze e a Idade do Ferro.[25]
Além das gravuras, a estatutária de guerreiros ficou famosa, mas não era a única, outros modelos foram encontrados:
Mas a arte principal que deu fama aos galaicos é uma arte menor, a ourivesaria,[28] com a realização de torques, braceletes, diademas, brincos e colares articulados... com diversas técnicas: o estampado repuxado, filigrana, granulado.
É provável que algumas tradições vivas sejam uma herança do tempo dos galaicos, as Chegas de Touros, o sacrifício do galo preto e os banhos na romaria de S. Bartolomeu em Esposende[29], como a decoração das fontes no São João do Porto e em Braga (Culto de Nabia), a dança guerreira do Assalto ao Castelo dos Pauliteiros da região de Miranda do Douro, o Carro das ervas presente no São João de Braga e na procissão de Corpus Christi ou também chamada Festa da coca em Monção ao lado do dragão denominado, Coca, outro possível legado desse tempo.
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