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A estátua equestre do Corvo foi uma estátua em pedra, representando uma figura humana a cavalo, com um braço apontando para Oeste, alegadamente descoberta na ilha do Corvo, no arquipélago dos Açores, aquando do reconhecimento da ilha no século XV.
A informação de que dispomos sobre o monumento, a noroeste do cume do vulcão, é do cronista Damião de Góis (1502-1574):
O cronista refere ainda que o capitão do donatário, Pêro da Fonseca, presente nas ilhas das Flores e do Corvo em 1529:
Duarte de Armas, que anteriormente havia sido encarregado pelo rei de fazer o levantamento das fortalezas da fronteira com Espanha, fora também encarregado de fazer um debuxo da estátua, que infelizmente se perdeu.
O padre Gaspar Frutuoso (1522-1591), nascido na Ilha de São Miguel, um dos primeiros historiadores nativos dos Açores escreveu, por volta de 1590, no volume VII das "Saudades da Terra":
Os construtores teriam sido na sua opinião "dos cartagineses pela viagem que eles para estas partes fizeram, (…) e da vinda, que das Antilhas alguns tornassem, deixariam aquele padrão com as letras por marco e sinal do que atrás deixavam descoberto".
António Cordeiro (1641-1722), outro dos mais antigos historiadores açorianos, refere-se ao mito nas suas histórias como "antigualha mui notável" e Manuel de Faria e Sousa (1590-1649) escreve de Madrid, na Epitome de las Histórias Portuguesas, sobre as letras incompreensiveis e a estátua.
Em 1790, Johann Frans Podolyn, um numismata sueco, escreveu que tinha encontrado moedas cartaginesas na Ilha do Corvo, mas o seu rasto perdeu-se. Contudo permanecem desenhos pormenorizados e descrições que são exactas, mas que poderão ter sido feitas a partir de moedas encontradas nas colónias cartaginesas do Mediterrâneo.
Vários arqueológos[carece de fontes] têm recentemente manifestado interesse na história. Existem várias outras histórias de grandes viagens pelos Cartagineses e os seus antepassados os Fenicios. Ruínas arqueológicas cartaginesas foram comprovadamente encontradas em Mogador, 500 quilómetros abaixo do Estreito de Gibraltar na costa de África.
Segundo o historiador grego antigo Hérodoto, o fenício Sataspes teria chegado à África tropical; enquanto Hanno, um pouco mais cedo, teria, tendo partido do Mediterrâneo, chegado ao Egipto pelo Mar Vermelho no século V a.C., descrevendo as paisagens tropicais com realismo. As viagens de Hanno e de Himilco provam a capacidade cartaginesa de navegar no Atlântico, abrindo a possibilidade que, por desígnio ou acaso, tivessem visitado os Açores. É por isso que muitos arqueólogos[carece de fontes] aceitam que os Cartagineses ou Fenícios poderão ter descoberto os Açores antes dos Portugueses. Estes povos frequentemente representavam os seus deuses com estátuas equestres, como é comprovado em inúmeras descobertas arqueológicas no Mediterrâneo[carece de fontes].
Em Junho de 1983, o arqueólogo B. Isserlin da Universidade de Leeds conduziu escavações na ilha em quatro sítios. Numa delas foram encontrados pedaços de cerâmica num estilo incomum. No entanto a datação pelas técnicas físicas, apesar de permitir uma origem antiga, não foi conclusiva.
Recentemente, o escritor Gavin Menzies escreveu um livro de especulações não provadas mas bem argumentadas no qual especula, sem qualquer prova, de que a estátua equestre do Corvo poderia ter sido erguida pelos Chineses liderados por Zheng He no século XIV. É sabido que os grandes juncos dos Chineses chegaram à costa oriental de África nessa data, mas a sua chegada ao Atlântico é pura especulação.
Apesar de nunca arqueologicamente confirmada, e de ser considerada provavelmente falsa por historiadores subsequentes, a história da estátua equestre do Corvo, bem como a das moedas púnicas ali encontradas[carece de fontes], são culturalmente e turisticamente importantes para os Açores e para a história do Atlântico, fazendo parte da mitologia que envolve os arquipélagos da Macaronésia.
Não são de descartar as visitas dos cartagineses à ilha do Corvo, já que é certo que visitaram as Canárias, que aliás eram habitadas no tempo da sua descoberta pelos povos guanches, vivendo em condições similares às dos povos neolíticos, e onde deixaram irrefutáveis vestígios arqueológicos.
Com o esbater dos mitos nacionalistas, que faziam "acto de fé" da primazia portuguesa nas ilhas atlânticas, levando à negação sem análise de qualquer vestígio humano prévio à colonização portuguesa, torna-se necessário estudar melhor a pré-história açoriana.
Joaquim Fernandes, "O Cavaleiro da Ilha do Corvo", LIsboa, Temas&Debates/Círculo de Leitores, 2008; idem, Editora Bússola, S. Paulo, 2011.
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