Loading AI tools
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Discos Marcus Pereira foi um selo independente de música regional e música popular brasileira, fundado em 1973 pelo publicitário e bacharel em direito Marcus Pereira.[1][2]
Por volta de 1966, o músico Luis Carlos Paraná e o publicitário Marcus Pereira fundaram o bar “O Jogral” na cidade de São Paulo, referido por alguns como um “mini-templo da cultura brasileira”.[3]
O Jogral era reduto de jornalistas, intelectuais e artistas que se encontravam para ouvir o que eles consideravam a verdadeira música popular brasileira, em contraste ao iê-iê-iê e à Jovem Guarda, que tinham inspiração no exterior. Entre os frequentadores do Jogral estava Paulo Vanzolini, então diretor do Museu Zoológico da USP, que, sendo compositor, também se apresentava no Jogral.[4]
Em 1967, Marcus Pereira decidiu gravar um disco como presente de final de ano para os clientes de sua agência de publicidade. O disco, financiado pela FINASA, que era cliente de sua agência de publicidade fez muito sucesso e foi objeto de críticas positivas, apesar da circulação e tiragem limitadas.
O primeiro disco de Marcus Pereira surgiu com a gravação de canções de Paulo Vanzolini, com o LP “Onze sambas e uma capoeira”, que veio a ser o embrião da “Discos Marcus Pereira”, que se dedicou ao resgate das manifestações musicais do Brasil. O disco foi gravado em outubro de 1967 e contava com arranjos de Toquinho, então desconhecido.[4]
Em 1968, também com o intuito de distribuí-lo como brinde de final de ano, Marcus Pereira produziu, com patrocínio do Jogral e sob selo do Jogral o disco “Brasil, flauta, cavaquinho e violão”.
Apaixonado pela música brasileira e em resposta ao que considerava a dominação do cenário musical brasileiro pelas indústrias multinacionais, bem como com a descaracterização da música popular brasileira pela excessiva influência e imitação de grupos estrangeiros, Marcus Pereira deixou sua bem sucedida agência de publicidade e se dedicou totalmente à música. Em 1973, com a morte de Luís Carlos Paraná, adquiriu a totalidade do Jogral e fundou a Discos Marcus Pereira.
A longo de seus 15 anos de existência o selo Discos Marcus Pereira lançou pelo menos 144 álbuns de música brasileira. Entre estes destaca-se o disco Cartola de 1976, que ocupa a 8ª posição na lista Os 100 maiores discos da música brasileira[5] da Rolling Stone, bem como a Banda de Pífanos de Caruaru.
Angenor de Oliveira, o Cartola, um dos fundadores da Escola de Samba Mangueira, foi chamado pela Discos Marcus Pereira para gravar seu primeiro álbum aos 66 anos de idade. Naquele momento, trabalhava como lavador de carros.[3]
A Discos Marcus Pereira se destacou ainda por promover a gravação e trazer a lume composições do interior do país, como demonstram as coletâneas de música regional, sendo dedicados quatro volumes a música tradicional de cada região do Brasil num total de 16 volumes[6][7]:
Outro projeto relevante da gravadora foi a “História das Escolas de Samba do Rio de Janeiro”. Em 1974, Aluízio Falcão, diretor artístico da gravadora, buscou registrar a história musical das escolas de samba, construindo a trajetória daquelas que eram as mais significativas na década de 70 do século XX: Mangueira, Portela, Salgueiro e Império Serrano.[4]
Devido a problemas econômicos, a Discos Marcus Pereira acabou, fez um acordo com a Copacabana Discos e acabou fechando, assim como o Jogral. Com o fechamento da Copacabana Discos também nos anos 1980, o acervo da Discos Marcus Pereira acabou sob domínio da multinacional EMI.[3] Os direitos sobre o acervo foram licenciados para a gravadora Microservice, que possuiu projetos para reedição de materiais da Discos Marcus Pereira.[4] Atualmente seu catálogo pertence à Universal Music Group com a aquisição da EMI em 2012.
Desiludido e com outros problemas pessoais, Marcus Pereira tirou a própria vida em 1981.
Música popular do Nordeste (1973): Os quatro volumes nordestinos trazem frevos, martelos, cirandas, bois, maracatus, sambas de roda, cocos, emboladas, repentes, marchas, arrastapés. Neles estão:
- Quinteto Violado
- Zélia Barbosa
- Trio Tapajós
- Banda Municipal de Recife
- Severino Pinto e Lourival Batista
- Otacílio Batista e Diniz Vitorino
- Barracho
- Beija-Flor e Treme Terra
- Banda de Pífanos de Caruaru.
- Renato Teixeira |
- Coral da USP |
- Moisé Mondadori |
- Velho Trajano |
- Jane Vaquer (Jane Duboc) |
- Tia Pê |
Após o fechamento de Discos Marcus Pereira, seu acervo foi comprado pela Discos Copacabana, que também encerrou suas atividades, terminando tudo em posse da distribuidora ABW, que chegou a re-lançar parte do acervo em CD. Há alguns anos a EMI Music adquiriu todo o acervo da ABW.[8]
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.