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célebre náufrago português Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Diogo Álvares Correia (Viana do Minho, 1475[1] — Tatuapara, 5 de outubro de 1557) foi um náufrago português que passou a vida entre os indígenas da costa do Brasil e que facilitou o contato entre os primeiros viajantes europeus e os povos nativos do Brasil. Recebeu a alcunha de Caramuru[2] (palavra tupi que significa moreia[3]) pelos Tupinambá. É considerado o fundador do município baiano de Cachoeira.[4]
Caramuru | |
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Chegada de Diogo Álvares à Bahia | |
Nome completo | Diogo Álvares Correia |
Nascimento | 1475 Viana do Minho (atual Viana do Castelo), Reino de Portugal |
Morte | 5 de outubro de 1557 (82 anos) Tatuapara, Capitania da Baía de Todos os Santos, Brasil Colônia |
Diogo alcançou a costa na altura do Arraial do Rio Vermelho como náufrago de uma embarcação francesa, entre 1509 e 1510[5] ou, segundo outras fontes, após 1530. [6] Acerca do episódio, afirma-se: [7][8]
“ | Viajando para São Vicente por volta de 1510, o Fidalgo da Casa Real Diogo Álvares naufragou nas proximidades do Rio Vermelho, em Salvador, na baía de Todos os Santos. Seus companheiros foram mortos pelos Tupinambá, mas ele conseguiu sobreviver e passou a viver entre os índios, de quem recebeu a alcunha de Caramuru, que significa moreia. | ” |
O apelido seria uma referência ao fato de Diogo Álvares ter sido encontrado pelos indígenas em meio às pedras da praia e às algas, como se fosse uma moreia.[4] Segundo outra versão, muito difundida, embora contestada por vários historiadores,[8] ele teria conseguido impor-se definitivamente perante os indígenas por ter disparado para o ar uma arma de fogo, desconhecida dos indígenas, os quais, muito assustados, teriam passado a chamá-lo, desde então, "Caramuru", nome para o qual foram atribuídos muitos significados, a depender da fonte consultada: 'filho do fogo', 'filho do trovão', 'homem do fogo', 'dragão do mar', 'dragão que o mar vomita', peixe semelhante à moreia, grande moreia ou 'aquele que sabe falar a língua dos índios'. O episódio da arma de fogo - pela primeira vez referido, por escrito, pelo padre jesuíta Simão de Vasconcelos -, aparece em quase todas as narrativas sobre o Caramuru até meados do século XIX. Varnhagen foi o primeiro a duvidar desse relato e a ironizá-lo. Historiadores posteriores, porém, continuaram a repetir a mesma história.[6] As origens nobres de Diogo Álvares começariam a ser afirmadas no século XVII, com Frei Vicente do Salvador[9] e o padre Simão de Vasconcelos,[10] prosseguindo com Sebastião da Rocha Pita, no século XVIII. [11]
O náufrago foi bem acolhido pelos Tupinambás, a ponto de o chefe deles, Taparica, ter-lhe dado uma de suas filhas, Paraguaçu, como esposa. Ao longo de quatro décadas Correia manteve contatos com os navios europeus que aportavam ao litoral da Bahia em busca de madeira da "Caesalpinia echinata" (pau-brasil) e outros géneros tropicais. As relações com exploradores franceses[6]:3 levaram-no, entre 1526 e 1528, a visitar aquele país, onde a companheira foi batizada em Saint-Malo, Catherine du Brésil, possivelmente em homenagem a Catherine des Granches, esposa de Jacques Cartier, que foi a sua madrinha. Posteriormente, Paraguaçu passaria a ser referirda como Catarina Álvares Paraguaçu.[12][13] Na mesma ocasião, foi batizada outra índigena Tupinambá, Perrine, o que fundamenta outra lenda segundo a qual várias índigenas, por ciúmes, teriam se jogado ao mar para acompanhar Caramuru quando este partia para a França com Paraguaçu.
Sob o governo do donatário da capitania da Bahia, Francisco Pereira Coutinho, recebeu importante sesmaria, tendo procurado exercer uma função mediadora entre os colonos e os indígenas, não conseguindo, todavia, evitar o reencontro de Itaparica, onde, após naufrágio do bergantim que possuía vindo de Porto Seguro, Pereira Coutinho perdeu a vida devorado pelos tupinambás no local hoje conhecido como Cacha Pregos. Diogo Álvares, por suas ligações e proeminência entre os indígenas, escapou ileso, retornando a Salvador.
Conhecedor dos costumes nativos, Diogo Álvares contribuiu para facilitar o contato entre estes e os primeiros missionários e administradores europeus. Em 1548, tendo João III de Portugal formulado o projeto de instituição do governo-geral no Brasil, recomendou ao Caramuru que criasse condições para que a expedição de Tomé de Sousa fosse bem recebida, fato que revela a importância que o antigo náufrago alcançara também na Corte portuguesa.
O seu naufrágio e vida junto aos indígenas foram envoltos em contornos de lenda na obra do padre jesuíta Simão de Vasconcelos, em 1680, na qual se inspirou, um século mais tarde, frei José de Santa Rita Durão para compor o poema épico em dez cantos Caramuru (1781).[14]
Diogo teve ao todo quatro filhas com Paraguaçu[1]:
E além destes, teve inúmeros filhos com outras índigenas[1]:
Em 2001, a sua história foi transformada em um filme brasileiro Caramuru - A invenção do Brasil. No filme, Paraguaçu tinha como irmã a lendária Moema, originariamente citada (sem essa relação de parentesco) no poema "Caramuru" de Frei Santa Rita Durão (1781).
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