O sistema astronômico de unidades (português brasileiro) ou sistema astronómico de unidades (português europeu) é um sistema de unidades usado em astronomia. Foi formalmente adotado pela União Astronômica Internacional com o propósito de facilitar a expressão de medições astronômicas, que são difíceis de serem tratadas com o Sistema Internacional de Unidades.[1]
História
A primeira tentativa de definir um sistema de constantes astronômicas foi feita em uma conferência na França em 1896, onde o astrônomo americano Simon Newcomb propôs várias das constantes.[2] Em 1963 foram propostas alterações para o sistema, que foram incorporadas pela UAI em 1964 e depois ficou conhecida como "sistema de constantes astronômicas da UAI (1964)". Logo depois, em 1970, foi feita outra proposta de revisão, que foi adotada em 1976 e foi chamado de "sistema de constantes astronômicas da UAI (1976)".[1] Em 1994 percebeu-se que as constantes estavam desatualizadas, mas o sistema de 1976 continuou sendo usado.[3] Numa assembleia geral feita pela UAI em 2009 no Rio de Janeiro, Brasil, as constantes foram atualizadas, incorporando o avanço da astronomia feito desde 1976 no "sistema de constantes astronômicas da UAI (2009)".[4] Uma nova redefinição ocorreu em 2012, onde a unidade astronômica deixou de ser definida em termos da constante gravitacional (que deixou de fazer parte do sistema de constantes) e passou a ser definida através do metro.[5]
Unidades de tempo
O dia (d) é a unidade de tempo usada na astronomia e é equivalente a 86400 segundos.[1] Um período de 365,25 dias forma um ano juliano, que também é uma unidade reconhecida pela UAI.[6]
Unidades de distância
Unidade astrônomica
A unidade astronômica (ua) foi originalmente definida como a distância média da Terra ao Sol, mas a partir de 2012[7] a definição é feita diretamente através do metro, sendo exatamente igual a 149 597 870 700 m. É uma unidade muito adequada para se tratar de distâncias dentro do sistema solar.
Exemplos
Distâncias médias de alguns corpos no sistema solar:
Ano-luz
Fora do sistema solar as distâncias são muito grandes e já não é adequado expressá-las em unidades astronômicas, nessas situações pode ser usado o ano-luz. É definido como a distância percorrida pela luz em um ano juliano no vácuo[8] e é equivalente a 9 460 730 472 580 800 m. Outras unidades podem ser derivadas do ano-luz como o segundo-luz (distância percorrida pela luz em um segundo), mês-luz (distância percorrida pela luz em um mês) e assim por diante.
Exemplos
Distâncias ao nosso sistema solar:
- Sirius: está a 8,60 anos-luz.
- Canopus: está a 310 anos-luz.
- Galáxia de Andrômeda: está a 2,54 milhões de anos-luz.
Parsec
O parsec (pc) é outra unidade usada para expressar grandes distâncias e é mais usado que o ano-luz pelos astrônomos, sendo este último mais usado em divulgação científica. Um parsec é a distância que um observador tem de estar para ver o raio da órbita da Terra com um tamanho de um segundo de arco.[9]
Exemplos
- A estrela Proxima Centauri está a 1,30 pc.
- O centro da Via Láctea está a mais de 8 kpc da Terra.
- Uma unidade astronômica é equivalente a 4,84×10−6 pc.
Unidades de massa
A unidade padrão é a massa solar[1] (M☉) que é usada para expressar a massa de outras estrelas, galáxias, nebulosas e aglomerados estelares. É igual a massa do Sol e vale 1,989×1030 kg.
A massa da Terra (M⊕) e a massa de Júpiter (MJ) que são iguais a 5,9742 × 1024 kg e 1,8986 × 1027 kg respectivamente, também são bastante usadas mesmo não sendo unidades do SI nem da UAI. A primeira é usada em planetas rochosos e a segunda em exoplanetas, planetas gasosos e anãs marroms.
Massa solar | |
---|---|
Massas de Júpiter | 1 048 |
Massas terrestres | 332 950 |
Exemplos
- A estrela RMC 136a1 tem uma massa de 265 M☉.
- O Cinturão de Gould tem uma massa de 1,2 × 106 M☉.[10]
- A Via Láctea tem uma massa de 5,8 × 1011 M☉.[11]
Referências
- Resolution No. 10 of the XVIth General Assembly of the International Astronomical Union, Grenoble, 1976.
- Kulikov, K. A. , The System of Astronomical Constants , Soviet Astronomy, Vol. 9, p.511 , http://articles.adsabs.harvard.edu/full/seri/SvA../0009//0000512.000.html
- Standish, E. M. (1995), «Report of the IAU WGAS Sub-group on Numerical Standards», in: Appenzeller, I., Highlights of Astronomy (PDF), Dordrecht: Kluwer
- International Astronomical Union. «Recommendations Concerning Units». Consultado em 23 de março de 2014. Arquivado do original em 16 de fevereiro de 2007
- Capitaine, Nicole; Klioner, Sergei; McCarthy, Dennis (2012), «The re-definition of the astronomical unit of length:reasons and consequences» (PDF), IAU Joint Discussion 7: Space-Time Reference Systems for Future Research, Beijing, China, Bibcode:2012IAUJD...7E..40C, consultado em 24 de março de 2014
- The IAU and astronomical units, International Astronomical Union, consultado em 24 de março de 2014
- http://astro.if.ufrgs.br/dist/dist.htm , página visitada em 24/03/2014
- Olano, C. A. (August 1982). "On a model of local gas related to Gould's belt" (PDF). Astronomy and Astrophysics 112(2): 195–208.
- Karachentsev, I. D.; Kashibadze, O. G. (2006). "Masses of the local group and of the M81 group estimated from distortions in the local velocity field". Astrophysics 49(1): 3–18. doi:10.1007/s10511-006-0002-6.
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