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manifestação religiosa católica em devoção a Nossa Senhora de Nazaré, em Belém/PA Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Círio de Nazaré é uma manifestação religiosa católica, herdada dos colonizadores portugueses, marcada por procissões (romarias) em devoção a Maria de Nazaré, que ocorre na cidade brasileira de Belém (estado do Pará), celebrado anualmente desde 1793, no segundo domingo de outubro, reunindo cerca de dois milhões de pessoas. Obtendo também outras representações significativas na Região Norte como em Macapá,[1] Rio Branco[2] e Manaus,[3] e em diversas outras partes do Brasil, devido a migração de paraenses, que criaram procissões para sentirem-se próximos à Belém por meio do ato de Fé.
Uma devoção religiosa, legado em Portugal, onde é celebrado no dia 8 de setembro na vila de Nazaré.[4] No Brasil, inicialmente era uma romaria vespertina e até mesmo noturna, daí o uso de velas. No ano de 1854, para evitar a repetição da chuva torrencial como a que havia ocorrido no ano anterior, a procissão passou a ser realizada pela manhã.
O Círio foi instituído em 1793 em Belém do Pará e,[4] até 1882 a procissão iniciava do Palácio do Governo. Mas neste mesmo ano, o bispo D. Antônio de Macedo Costa, em acordo com o Presidente da Província, Justino Ferreira Carneiro, instituiu que a partida seria transferida para a Catedral da Sé em Belém.[5][6]
O Círio é a maior manifestação católica do Brasil — e um dos maiores eventos do mundo — reunindo mais de dois milhões de pessoas em uma só manhã.[7][8] Sendo, em 2004, reconhecido como patrimônio cultural imaterial pelo Iphan e, em dezembro de 2013, declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.[9][10][11]
O termo "círio" vem do latim "cereum", que significa "vela grande".[12]
Segundo a Lenda da Nazaré, sobre a antiga e pequena estátua da Virgem Maria entalhada em madeira, teve origem na cidade de Nazaré (Israel). Onde representa Maria, de cor escura, sentada e tendo em seu colo o menino Jesus, o qual amamenta.[12]
A Imagem é identificada como objeto original dos primeiros séculos do Cristianismo. Percorreu a cristandade desde a cidade de Nazaré (Israel), passando por Mérida (Espanha), até surgir no ano de 711 na cidade de Nazaré (Portugal).[12]
No século XII, tornou-se símbolo de fé do cavaleiro D. Fuas Roupinho, o qual mandou erguer em 1182 a Capela da Memória em agradecimento à Virgem, após ter sido salvo de um acidente muito grave quando, montado a cavalo, perseguia um cervo. A capela foi erigida sobre uma gruta onde estava a sagrada imagem. Em 1377 o rei D. Fernando (1367-1383) fundou um templo maior, o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, para onde transferiu a imagem.[12] Desde então, anualmente no mês de setembro, os portugueses reúnem-se no Sítio da Nazaré, para reverenciar Nossa Senhora da Nazaré. A principal romaria, o Círio da Prata Grande, inicia no Conselho de Mafra e transporta, em uma berlinda, uma outra imagem, onde a Virgem Maria está em pé — semelhante a venerada no Círio brasileiro.[12]
No século XVII, ocorreu a introdução da devoção à Senhora da Nazaré, no Pará, através dos padres da Companhia de Jesus (jesuítas).[13] Embora o culto tenha se iniciado na cidade de Vigia de Nazaré, a tradição mais conhecida relata que em 1700, Plácido, um caboclo descendente de portugueses e de índios andava pelas imediações do então igarapé Murutucu na cidade de Belém, área atualmente corresponde aos fundos da Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré, quando encontrou uma pequena estátua deteriorada de Nossa Senhora da Nazaré, réplica da estátua em Portugal, entalhada em madeira com aproximadamente 28 cm de altura, entre pedras lodosas.
Plácido levou a imagem para sua residência, onde a limpou e improvisou um altar de culto. De acordo com a história da tradição local a imagem retornou inexplicavelmente ao lugar do achado por diversas ocasiões, até que, interpretando o fato como um sinal divino, o caboclo decidiu erguer sozinho uma pequena ermida no local. A divulgação do milagre da imagem atraiu a atenção dos habitantes da região, que passaram a visitar a capela para homenageá-la. A estória espalhou-se e acabou por chamar também a atenção do então governador da Capitania do Grão-Pará, Francisco Maurício de Sousa Coutinho, que determinou a transferência da imagem para a capela do Palácio da Cidade. Porém mesmo mantida sob a guarda do Palácio a imagem novamente desapareceu, reaparecendo na capela construída por Plácido. Desse modo a devoção adquiriu caráter oficial, erguendo-se atualmente no lugar da primitiva ermida a imponente Basílica de Nazaré.
Em 1773 o arcebispo e bispo de Belém do Pará, João Evangelista Pereira da Silva, colocou a cidade de Belém sob a proteção de Nossa Senhora de Nazaré. No início do ano seguinte a imagem foi enviada a Portugal, onde foi submetida a uma completa restauração. O seu retorno ocorreu em outubro desse mesmo ano, tendo a imagem sido transportada do porto da cidade até o santuário por fiéis em romaria, acompanhada pelo governador, pelo bispo e pelas demais autoridades civis e eclesiásticas, sendo considerado este episódio o primeiro Círio. Desde então o Círio de Nazaré é realizado anualmente, no segundo domingo do mês de outubro.
Entre os milagres mais expressivos atribuídos à imagem de Belém encontra-se o que envolveu os passageiros do brigue português "São João Batista". Partindo de Belém rumo a Lisboa, no dia 11 de Julho de 1846, a embarcação de dois mastros a vela veio a naufragar poucos dias após a partida, sendo os passageiros salvos por um bote que os conduziu de volta a Belém. Este brigue seria a mesma embarcação que em 1774 havia transportado a imagem de Nossa Senhora de Nazaré a Lisboa, para ser restaurada, e o bote também seria o mesmo que levou a imagem ao brigue ancorado em Belém. O bote passou a acompanhar a procissão a partir do ano de 1885.
Apesar de o Círio em Belém ser o mais conhecido no Brasil, o mais antigo do Brasil data de 1630 na cidade de Saquarema, Rio de Janeiro. Após uma noite tempestuosa a miraculosa imagem da Virgem Maria foi encontrada por pescadores nos penedos que separam o mar da lagoa, onde hoje se encontra a Igreja Matriz. Segundo a lenda a imagem sempre retornava aos penedos onde fora encontrada, assim os religiosos da época iniciaram à construção de uma capela, que posteriormente deu lugar ao templo atual. O Reconhecimento do Círio de Saquarema como o mais antigo do Brasil deu-se com a visita da imagem peregrina de Belém em 23 de setembro de 2009.
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Atualmente as manifestações de devoção religiosas estendem-se por quinze dias, durante a chamada quadra Nazarena. Entre os pontos altos dessa manifestação, destacam-se:
Romaria | Descrição | Primeira edição | Ref. |
---|---|---|---|
Transporte dos carros | O transporte dos 14 carros do Círio acontece faltando quatro dias para a realização da grande romaria, em direção aos galpões da Companhia Docas do Pará (CDP). A cada ano, o cortejo recebe um número significativo de fiéis pelo seguinte trajeto: Avenida Nazaré, Travessa 14 de Março, Rua Antônio Barreto, avenidas Visconde de Souza Franco e Marechal Hermes até os galpões. Em 2019, o transporte passa a fazer parte das romarias oficiais do Círio de Nazaré. Incialmente, a nova romaria estrearia em 2020, mas devido à readaptação do Círio por conta da Pandemia de COVID-19, a estreia passou a ser em 2022. | 1980 | [39] |
Traslado Rodoviário - Ananindeua e Marituba | Ocorrendo na sexta-feira que antecede o Círio, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré deixa a Basílica Santuário e desfila em uma viatura da Polícia Federal pelas ruas de Belém, Ananindeua e Marituba, sendo acompanhada por veículos da imprensa, órgãos de segurança municipal e estadual, ambulâncias, bombeiros, ônibus, além de um grande número de pessoas que seguem a berlinda à pé, de bicicleta ou de carros decorados. A procissão é uma das mais longas da festividade, pois em todo o percurso, há paradas para homenagens até o seu encerramento na Praça Matriz de Ananindeua. Anteriormente, a procissão contemplava apenas Ananindeua e acontecia à tarde, mas desde 2002, passou a contemplar Marituba e assim, passou a iniciar de manhã. | 1992 | [9] |
Romaria Rodoviária | Inicialmente, a procissão tinha como ponto de partida a própria Basílica Santuário e seguia em direção ao distrito de Icoaraci e é acompanhada também por veículos da imprensa, órgãos de segurança municipal e estadual, ambulâncias, bombeiros, ônibus, além de um grande número de pessoas que seguem a berlinda à pé, de bicicleta e motos. Em 1990, o ponto de partida passou a ser o Terminal de Cargas de Belém e desde 1992, a saída acontece na Praça Matriz de Ananindeua e a romaria é iniciada nas primeiras horas do sábado que antecede o Círio. | 1989 | [17] |
Romaria Fluvial ou Círio Fluvial | A imagem de Nossa Senhora de Nazaré segue nas águas da Baía do Guajará pelo Navio Garnier Sampaio (H-37), acompanhada de várias embarcações, que entoam homenagens à Rainha da Amazônia, visando também aproximar os ribeirinhos. O ponto de partida é o porto de Icoaraci e antes do surgimento da Romaria Rodoviária, a imagem ia de carro fechado ao distrito. Uma curiosidade é que na primeira edição, em 1986, as nuvens haviam formado uma imagem de um rosto, que foi interpretado por alguns como a aprovação de Maria pela homenagem. | 1986 | [17] |
Motorromaria | Após as honrarias de chefes de estado com a chegada da Romaria Fluvial, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré é acompanhada por vários motocicilistas, que tem como ponto de chegada a Escadinha do Cais do Porto. A procissão é uma das mais rápidas da festividade, pois não há paradas para homenagens e a chegada é no Colégio Gentil Bittencourt. | 1990 | [17] |
Trasladação ou Transladação | É a procissão que antecede o Círio e é realizada à noite. Inicialmente, a imagem deixava a então Paróquia Nossa Senhora de Nazaré do Desterro e seguia em procissão até o Palácio do Governo. Desde 1882, a chegada passou a ser na Catedral Metropolitana de Belém e apenas em 1891, a procissão teve como ponto de chegada a Igreja de Santo Alexandre. Desde 1906, a procissão tem como ponto de saída o Colégio Gentil Bittencourt e desde 1988, a procissão possui o mesmo trajeto do Círio, mas em sentido contrário, já que até 1987, a procissão desviava na Generalíssimo Deodoro e seguia direto na Alcindo Cacela. Costuma atrair um número menor de pessoas comparado ao Círio, apesar de ter ultrapassado a quantidade de pessoas da maior romaria religiosa em 2018. | 1793 | [17][57] |
Círio | É a maior procissão religiosa do mundo e acontece na manhã do segundo domingo de outubro. A imagem de Nossa Senhora de Nazaré deixa a Catedral de Belém, mas teve como pontos de saída o Palácio do Governo e a Igreja de Santo Alexandre, e segue em procissão até a Praça Santuário. A romaria é marcada pelas inúmeras homenagens à virgem de Nazaré e também ao pagamento de promessas. Várias cidades pelo estado e no Brasil também realizam a mesma procissão, mas não com a mesma grandeza de Belém, reunindo um número médio de 2 milhões de pessoas por ano. | 1793 | [17] |
Ciclo-Romaria | No sábado seguinte a maratona de romarias, os ciclistas realizam uma homenagem à Nossa Senhora de Nazaré, saindo em procissão pelas ruas de Belém. | 2004 | [17] |
Romaria da Juventude | Na tarde do sábado posterior ao Círio, diversas comunidades juvenis se reúnem para homenagear Nossa Senhora de Nazaré, que a todo ano possui uma paróquia anfitriã. Os maiores símbolos dessa procissão são a animação dos jovens e a cruz missionária, instituída em 2012. | 2001 | [17] |
Romaria das Crianças | No terceiro domingo de outubro, é a vez das crianças homenagearem à Virgem de Nazaré. Com a saída e a chegada sendo na Praça Santuário, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré é levada na berlinda em um percurso menor que o do Círio. À frente do símbolo, o carro dos anjos e das promessas também participam dessa romaria. | 1990 | [17] |
Romaria dos Corredores | No último sábado da festividade, é a vez dos corredores prestarem as suas homenagens à Nossa Senhora de Nazaré em um trajeto de 8 a 9km/h, sem caráter competitivo e em formato de trote (corrida de pouca velocidade). | 2014 | |
Romaria da Acessibilidade | Após a procissão dos corredores, acontece a procissão da acessibilidade, onde associações ligadas a pessoa com deficiência realizam as suas homenagens à Nossa Senhora de Nazaré em um trajeto curto. | 2023 | [52] |
Procissão da Festa | Assim como a Romaria da Juventude, uma comunidade que faz parte da Paróquia Nossa Senhora do Desterro é selecionada para ser o ponto de partida desta procissão, que também recebe várias pastorais no último domingo da festividade. | 1881[nota 2] | [17] |
Recírio | É a procissão mais curta da festividade e é o último momento em que a imagem de Nossa Senhora de Nazaré sai às ruas de Belém na manhã de segunda-feira. A procissão é marcada pela grande quantidade de lenços balançados pelos fiéis e muita oração, além da tradicional homenagem da Guarda de Nazaré. O ponto de chegada é o Colégio Gentil Bittencourt, onde a imagem é exposta na capela da instituição, apesar de ficar guardada em uma das sacristias da Basílica Santuário. Antigamente, o ponto de chegada dessa procissão era o Palácio do Governo. Um dos momentos que antecede a procissão além do retorno da imagem achada por plácido ao Glória é a intenção das súplicas, onde instrumentos de promessas são incinerados na sacristia como uma forma de agradecimento pelos pedidos serem atendidos, apesar de alguns elementos serem preservados para exposição no museu do Círio. | 1859 | [26][58] |
Círio Aéreo | Como alternativa para substituir a procissão do Círio por conta da situação crítica causada pela Pandemia de COVID-19, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré sobrevoava as cidades de Belém, Ananindeua e Marituba em um helicóptero e retornava à capital pelo mesmo percurso da principal procissão, pousando no estacionamento da Basílica Santuário e seguia em direção à praça na berlinda. Com a retomada das procissões presenciais em 2022, essa romaria posteriormente foi extinta. | 2020 | [14] |
O Círio tem vários objetos simbólicos que podem ser apreciados durante o seu trajeto. Um dos principais é a berlinda, que leva a imagem da Santa. A berlinda atual é a quinta da história. Foi confeccionada em 1964, pelo escultor João Pinto. Ela tem estilo barroco e foi produzida em cedro vermelho. Conforme a tradição é ornamentada com flores naturais, sendo utilizada no Círio e na trasladação. Para as demais romarias oficiais são utilizadas berlindas menores e mais simples, com exceção à Romaria das Crianças e à Procissão da Festa. Todos os anos, antes do Círio, a berlinda passa por pequenos reparos.[59]
Outro símbolo é a corda, que sustenta a fé na padroeira dos paraenses, possui a média de 400 metros de comprimento e pesa aproximadamente 700 quilos, de puro sisal torcido, que requer maior sacrifício físico e emocional. Incorporada à celebração em 1868, originalmente substituía a junta de bois que até então puxava a berlinda da imagem. Posteriormente passou a ser utilizada para separar a berlinda e o carro dos milagres juntamente com os políticos e signatários, da multidão que a acompanha e assim conservar um equilíbrio perfeito característico da fé aliada a obediência. No ano de 2005 a direção do Círio, modificou o formato da corda, que ao invés de contornar a berlinda como normalmente era feito, a corda ainda do mesmo tamanho, veio na forma de um rosário, na tentativa de que não ocorressem atrasos no traslado, como já havia ocorrido anos antes.
O manto que recobre a imagem é um dos principais símbolos da Festa de Nazaré. A cada procissão é utilizado um novo manto envolvendo a figura de Nossa Senhora. O manto tem sempre uma conotação mística, relatando partes do evangelho. O trabalho da confecção do manto iniciou-se pelas filhas de Maria. Anos depois a confecção do mesmo foi assumida pela irmã Alexandra, da Congregação das Filhas de Sant’Ana. Com a sua morte a confecção do manto passou para uma ex-aluna interna do Colégio Gentil Bittencourt, Sra. Esther Paes França, que por 19 anos o teceu, e de suas mãos saíram os mais belos mantos. A confecção do manto é toda envolvida em clima de mistério, feitas com a ajuda de doações, quase sempre anônimas.
Uma das tradições mais antigas e conhecidas do Círio de Nazaré adotada é até hoje por várias famílias, empresas e órgãos paraenses: fixar Cartazes do Círio nas portas, como forma de homenagem a Senhora de Nazaré. Trata-se de um instrumento de evangelização e divulgação da festa. O primeiro Cartaz de divulgação do Círio foi confeccionado em Portugal no ano de 1826. Inicialmente as peças eram elaboradas à mão para impressão. Atualmente o Cartaz é produzido a partir de fotografias e tem a concepção elaborada por uma agência de publicidade voluntária.[60]
As velas, ou círios, são feitas de cera, em vários formatos, retratando partes do corpo humano, ou ainda, uma vara de cera da mesma altura do pagador da promessa. As velas, são um símbolo da fé dos promesseiros, que através delas, 'pagam' a uma graça alcançada. Os carros de promessas ou dos milagres, que recolhem os ex-votos ilustrativos das graças alcançadas pelos fiéis. Muitas crianças tradicionalmente acompanham a procissão vestidas de anjos, uma forma de seus pais agradecerem graças alcançadas ou demonstrarem devoção à santa.
As homenagens de fogos de artifício, queimados durante a passagem da imagem pelas ruas do centro histórico de Belém, formam um espetáculo à parte, principalmente o grande espetáculo pirotécnico promovido na noite da Trasladação e a grande queima de fogos promovida no dia do Círio pelo Sindicato dos Estivadores do estado do Pará. Outras homenagens tradicionais das duas procissões são do Banco do Brasil, do Banco do Estado do Pará e do Banco da Amazônia. Os três bancos costumam convidar cantores famosos para homenagear a padroeira dos paraenses, com o BB sendo o mais conhecido pela chuva de papel picado, balões e serpentinas lançadas por funcionários no último andar do edifício sede, que cobrem a Avenida Presidente Vargas, dando um espetáculo à céu aberto.[61] Além dos bancos, existem também as homenagens do coral do Theatro da Paz, dos moradores do Edifício Manoel Pinto da Silva, de secretarias estaduais e municipais, dos times de futebol Paysandu Sport Club e Clube do Remo, da Rede Liberal e dos colégios Marista e Santa Catarina de Sena, com todos localizados no percurso da procissão.[62][63]
Outros símbolos também integram a tradição: as novenas, ciclos de orações realizadas durante as semanas que antecedem a festividade, por devotos que realizam pequenas romarias pelas casas de vizinhos. O almoço com a família, realizado no domingo da procissão, é uma espécie de ato de comunhão e constantemente é comparado com o Natal, tamanha a importância deste para o povo paraense. Tradicionalmente no almoço do círio são servidos pato no tucupi, tradicional prato da culinária paraense, acompanhado de arroz branco e maniçoba, também tradicional item da culinária paraense. O Arraial de Nazaré em um espaço ao lado da Basílica Santuário e os brinquedos de miriti.
A procissão do Círio acontece a cada segundo domingo de Outubro, sua data portanto é móvel. A seguir a numeração ordinal dos Círios de Nazaré, as suas datas, e a quantidade aproximada de pessoas que participaram. Informações a partir de 1902, envolvendo também temas da festividade que passaram a ser adotados a partir do Círio 1995.[64]
Edição | Data | Número de pessoas | Duração aproximada | Tema[64] | Ref. |
---|---|---|---|---|---|
232° | 14 de outubro de 2024 | A definir | “Perseverar na oração com Maria, Mãe de Jesus” | [65] | |
231° | 8 de outubro de 2023 | 2,3 milhões de pessoas | 4 horas e 53 minutos | "Maria, sinal de esperança para o povo de Deus em caminho" | [66][67] |
230° | 9 de outubro de 2022 | 2,5 milhões de pessoas | 5 horas e 10 minutos | "Maria, mãe e mestra" | [51] |
229° | 10 de outubro de 2021 | Não houve procissão em razão da Pandemia de COVID-19. | "O evangelho da família na casa de Maria" | ||
228º | 11 de outubro de 2020 | "Ave Maria, cheia de graça" | |||
227º | 13 de outubro de 2019 | 2 milhões de pessoas | 4 horas e 30 minutos | "Maria, mãe da igreja" | [68] |
226º | 14 de outubro de 2018 | 1,1 milhão de pessoas | 4 horas e 57 minutos | "Uma jovem chamada Maria" | [69] |
225º | 8 de outubro de 2017 | 2 milhões de pessoas | 5 horas | "Maria, estrela da evangelização" | [70] |
224º | 9 de outubro de 2016 | 5 horas e 17 minutos | "Salve Maria, mãe de misericórdia" | [71] | |
223º | 11 de outubro de 2015 | 5 horas e 15 minutos | "Maria, mulher eucarística" | [72] | |
222º | 12 de outubro de 2014 | 5 horas e 25 minutos | "Ensina teu povo a rezar" | [73] | |
221º | 13 de outubro de 2013 | 2,1 milhões de pessoas | 6 horas e 05 minutos | "A Igreja em oração unida a Maria, Mãe de Jesus" | [74] |
220º | 14 de outubro de 2012 | 2 milhões de pessoas | 6 horas | "Ao pai, por Cristo, no Espírito Santo, com Maria e do jeito de Maria" | [75] |
219º | 9 de outubro de 2011 | 5 horas e 30 minutos | "Fazei tudo o que ele vos disser" | [76] | |
218º | 10 de outubro de 2010 | 2,2 milhões de pessoas | 5 horas e 20 minutos | "Maria, a bem aventurada porque acreditou" | [77] |
217º | 11 de outubro de 2009 | 2 milhões de pessoas | 5 horas e 23 minutos | "Em Maria, a palavra se fez carne" | [78] |
216º | 12 de outubro de 2008 | 7 horas | "Em Belém de Maria, escolhemos a vida como missão" | [79] | |
215º | 14 de outubro de 2007 | "Com a Rainha da Amazônia, formamos comunidades missionárias" | [80] | ||
214º | 8 de outubro de 2006 | 5 horas e 30 minutos | "Com Maria, aprendemos a ser discípulos e missionários de Jesus" | ||
213º | 9 de outubro de 2005 | 5 horas | "Com Maria, em Belém, queremos ver Jesus" | ||
212º | 10 de outubro de 2004 | 1,7 milhão de pessoas | 9 horas e 15 minutos | "Eś filha, esposa e Mãe de Deus, que é Uno e Trino" | [81] |
211º | 12 de outubro de 2003 | 2 milhões de pessoas | 5 horas | "Mostrar a virgem de Nazaré, contemplando os mistérios da vida de Jesus" | [82] |
210º | 13 de outubro de 2002 | 1,8 milhão de pessoas | 4 horas e 45 minutos | "Jesus Cristo, por Maria, sempre mais conhecido, amado e seguido" | [83] |
209º | 14 de outubro de 2001 | 1,5 milhão de pessoas | 7 horas | "Ser igreja com Maria, no novo milênio" | [84][85] |
208º | 8 de outubro de 2000 | Não disponível | 8 horas e 15 minutos | "Belém, com Maria, abre tuas portas a Jesus salvador" | [17] |
207º | 10 de outubro de 1999 | 1,5 milhão de pessoas | 6 horas | "Por Maria, entregue nos conforme a misericórdia do pai" | [86] |
206º | 11 de outubro de 1998 | Não disponível | Não disponível | "O espírito nos une num só corpo, com Maria, mãe de Jesus" | |
205º | 12 de outubro de 1997 | 1,5 milhão de pessoas | "Com Maria, na estrada de Jesus, rumo ao novo milênio" | [87] | |
204º | 13 de outubro de 1996 | ''Com Maria, mãe de Deus, um povo organizado, próspero e feliz'' | [88][89] | ||
203º | 8 de outubro de 1995 | Não disponível | ''Com Maria, a esperança de um mundo de irmãos'' | [89] | |
202º | 9 de outubro de 1994 | Não possui tema | |||
201º | 10 de outubro de 1993 | ||||
200º | 11 de outubro de 1992 | 2 milhões de pessoas | [17] | ||
199º | 13 de outubro de 1991 | 1 milhão de pessoas | [14] | ||
190º | 10 de outubro de 1982 | 800 mil pessoas | [17] | ||
188º | 12 de outubro de 1980 | [17] | |||
187º | 14 de outubro de 1979 | 700 mil pessoas | [17] | ||
184º | 10 de outubro de 1976 | 500 mil pessoas | [17] | ||
185º | 12 de outubro de 1975 | 400 mil pessoas | [17] | ||
174º | 9 de outubro de 1966 | 400 mil pessoas | [17] | ||
145º | 10 de outubro de 1937 | 200 mil pessoas | [17] | ||
110º | 12 de outubro de 1902 | 25 mil pessoas | [17] | ||
42º | Novembro de 1835 | Não houve procissão em razão da Revolta dos Cabanos | [17][90] | ||
1º | 8 de setembro de 1793 | Não há informação sobre quantidade, duração e tema. Foi o primeiro círio a ser realizado |
Procissões semelhantes à que ocorre em Belém acontecem em várias outras cidades do Pará e do Brasil. As mais famosas são o Círio de Soure, o Círio de Vigia, além das procissões realizadas em Abaetetuba, Castanhal, Bragança, Breves e Marabá. A cidade do Rio de Janeiro realiza a procissão no mês de setembro, em Copacabana. Brasília, Rio Branco, Manaus, Macapá e Recife também realizam suas procissões, sendo o Círio de Nazaré introduzido nessas capitais por paraenses que lá residem. São Luís também realiza o Círio nos mesmos moldes de Belém, entretanto, a procissão acontece na parte da tarde. Já é considerada a segunda maior procissão do Maranhão, atrás apenas da procissão de São José de Ribamar, que é o padroeiro do Maranhão.[91] Essas são algumas capitais onde o Círio de Nazaré foi introduzido por paraenses que moram em outros estados.
As primeiras coberturas ao vivo do Círio aconteceriam ainda na era do Rádio, quando a Rádio Clube do Pará e a Super Rádio Marajoara transmitiam a procissão. Pela limitação técnica da época, foi usado o improviso, ficando mais evidente nos anos 1950, quando os locutores seguiam a romaria em seus carros e usavam os pontos fixos para entrevistar os fiéis e as autoridades presentes. Para se fazer a cobertura externa na época, eram usados uma grande quantidade de fios elétricos, microfones e linhas telefónicas que eram bloqueadas para facilitar a transmissão. Com o surgimento de gravadores nos anos 1960, a cobertura externa ficou cada vez mais fácil.[92] As animações do Círio à época eram comandadas por pequenos carros de som, instalados em alguns postos da romaria, o que viria a acontecer em 1988.[93] Em 1995, surgia a Rádio Nazaré FM e a partir daí, a rádio da Arquidiocese de Belém passou a fazer a cobertura do Círio, com orações e cânticos.
As primeiras imagens televisionadas do Círio de Nazaré começaram a aparecer nos anos 1950, através de filmes em preto e branco. Com os anos 1960 e com o surgimento da TV Marajoara (hoje SBT Pará) em 1961 e da TV Guajará (hoje Boas Novas Belém) em 1967, o Círio começou a ser transmitido pela televisão, mas ainda sem a cobertura em tempo real, cobrindo apenas alguns momentos da romaria em pontos estratégicos. A Marajoara utilizava o alto de um dos edifícios localizados em frente a Praça dos Estivadores, onde transmitia a queima de fogos, além da frente da Catedral para mostrar a saída e o Largo de Nazaré para cobrir a chegada. Para trazer a sonorização, a emissora utilizava o áudio da Rádio Marajoara, onde eram lidos os patrocínios e trazia as narrações, entrevistas e os sons dos fogos, que eram atrelados a imagem da televisão. Nos anos 1970, a Marajoara reforçou a sua cobertura com o empréstimo de equipamentos usados por outras emissoras e o sistema de micro-ondas emprestado da Rede Tupi, onde vieram as primeiras imagens à cores da romaria, sendo ela das homenagens dos Estivadores, além de aumentar o posto de coberturas ao vivo, que passaram de três para cinco. Isso só foi possível pelas vantagens oferecidas pelo sistema de micro-ondas e também com a parceria da TV Guajará, onde as duas emissoras se reuniam no Círio para formar o pool intitulado Rede Paraense de Televisão. A Guajará era a mais beneficiada, uma vez que sua sede era localizada no 25.º andar do Edifício Manoel Pinto da Silva, permitindo a cobertura mais verticalizada da procissão. A emissora instalava as suas câmeras no terraço do prédio.[92]
Em 1976, surgia a TV Liberal Belém e pela primeira vez, foi adotada a cobertura em tempo real da romaria, sendo a mais destacada da passagem em frente ao edifício sede na Avenida Nazaré, onde acontece a homenagem dos funcionários da emissora, que recebem também a presença de artistas consagrados da TV Globo. Outra homenagem que também levava o nome da emissora é a dos Estivadores, uma vez que a romaria passa em frente ao antigo prédio do jornal O Liberal, sendo acionada a famosa sirene, com os funcionários lançando papel picado da janela do prédio em direção à berlinda. Em 1983, a TV Liberal transmitiu pela primeira vez as imagens aéreas do Círio, através de um helicóptero, onde se improvisava as filmagens. Para isso, a porta do veículo era aberta, garantindo as filmagens, mas com o operador de VT, o repórter e o piloto utilizando cintos de segurança. Em 1997, o Círio é transmitido pela primeira vez via internet para todo o mundo, utilizando o mesmo sinal da TV Liberal.[94]
Em 1988, surgia a RBA TV e no ano seguinte, a emissora se juntaria as TVs Cultura, Guajará, TVS Belém (hoje SBT Pará) e Liberal para transmitir o Círio.[95] A novidade naquele ano foi a transmissão ao vivo da Romaria Fluvial, com a então afiliada da extinta Rede Manchete fazendo aquela cobertura.[96]
Em 2002, surgia a TV Nazaré e a partir daquele ano, a programação da quadra nazarena era transmitida ao vivo, fazendo com que o canal da Arquidiocese de Belém se tornasse a emissora oficial do Círio de Nazaré.[carece de fontes] Em 2018, a Trasladação é transmitida em tempo real ao vivo pela primeira vez na TV Nazaré, que passou a transmitir essa romaria anualmente, uma vez que transmitira apenas a Santa Missa e a saída da procissão.
A primeira transmissão do Círio fora do estado do Pará pela televisão aberta viria em 1992, quando a Rede de Emissoras Educativas, lideradas até então pela TV Cultura do Pará e a TVE Brasil, realizou a cobertura em rede nacional. Em 2008, a Rede Bandeirantes realizou tal feito em parceria com a RBA TV, mesclando com as transmissões das homenagens à Nossa Senhora da Conceição Aparecida, direto de Aparecida.[97] A última experiência de cobertura em rede nacional aconteceu em 2013 através do Amazon Sat, emissora de Manaus, pertencente ao Grupo Rede Amazônica.[98] Em 2024, a Band volta a transmitir ao vivo em rede nacional alguns detalhes da grande romaria.[99]
Em 2014, o SBT Pará se tornava pioneiro ao transmitir a romaria do Círio em Alta Definição. Nos anos de 2020 e 2021, mesmo sem a romaria acontecendo por conta do cenário agravante da Pandemia de COVID-19, as emissoras prepararam programas especiais no domingo do Círio, cancelando a grade nacional de suas parceiras. Nessas edições, couberam a TV Nazaré e a Rede Cultura do Pará, que se juntaram em um pool para realizar a cobertura da programação alternativa do Círio e ceder as imagens do Círio Aéreo para as outras emissoras gratuitamente. Em 2020, a Claro cobriu a programação especial do Círio, usando o canal 500 da Claro TV+.[100] Também teve o lançamento da TV Círio, um serviço de streaming gratuito para a cobertura das romarias, missas e pela disponibilidade de programas especiais.[101]
Para transmitir o Círio de Nazaré, não há venda de direitos de transmissão, sendo assim, qualquer emissora pode cobrir a romaria gratuitamente. Atualmente, todas as romarias da quadra nazarena são transmitidas pela Rede Cultura do Pará, SBT Pará (exceto 2016 e 2017), TV Liberal, RecordTV Belém,[102] RBA TV, TV Nazaré e TV Círio.
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