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default de três grandes bancos islandeses Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A crise financeira de 2008 na Islândia envolveu três dos principais bancos na Islândia e de seu controle pelo governo. Em setembro daquele ano, foi anunciado que o banco Glitnir seria nacionalizado. Na semana seguinte, o controle do Landsbanki e do Glitnir foram cedidos à Autoridade de Supervisão Financeira da Islândia (Fjármálaeftirlitið), FME. Em seguida, a FME assumiu o controle do maior banco da Islândia, o Kaupthing. O ex-primeiro ministro Geir Haarde foi indicado como um dos possíveis responsáveis pela crise.
O Poder Executivo islandês acabou por emitir um decreto urgente pelo qual chamou para si a responsabilidade de nacionalizar instituições financeiras privadas, para evitar o colapso financeiro do país - à época, o mais abalado na Europa pela crise.[1]
A dívida da Islândia chegou a representar 900% do PIB, e a moeda nacional (coroa islandesa) se desvalorizou 80% em relação ao euro. O país caiu em uma profunda recessão. Entre 2008 e 2010, o PIB encolheu 11% em dois anos.[2]
A bolsa de valores de Reykjavik suspendeu completamente os negócios com ações e títulos entre os dias 9 e 13 de outubro. Um porta-voz da empresa OMX, que administra a bolsa de valores do país, comunicou que a suspensão dos negócios, dominados pelos bancos locais, tornara-se inevitável "por causa da situação incomum do mercado".[3]
De nada adiantou segurar as operações da Bolsa por três dias. Quando o mercado de valores reabriu, os negócios tiveram queda de 76,2%. Foi a maior queda da história do índice OMX Iceland 15, o que passou o país da condição de uma economia de sucesso à situação de um Estado à beira da falência.[4]
O Banco Central do país cortou, pela primeira vez desde 2003, a taxa básica de juros do país de 15,5% para 12% anuais e afirmou que a Islândia deveria passar por uma acentuada contração econômica. Anunciou também que chegara a um acordo para realizar leilões diários no mercado de câmbio, a fim de conseguir divisas.[5]
O Governo do país recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI), através de seu ministro das Finanças, Árni Mathiesen, em busca de ajuda para evitar o colapso econômico do país.[1]Além disso, autoridades islandesas foram a Moscou para pedir um empréstimo emergencial de US$ 5,47 bilhões, a fim de restaurar seu sistema financeiro.
No final de outubro de 2008, o jornal Financial Times anunciou que a Islândia obtivera um plano de resgate de 6 bilhões de dólares procedentes do FMI e de vários bancos centrais, para ajudá-la a sair da crise. O governo de Urdur Gunnarsdottir não confirmou nem desmentiu essa informação. [6] Posteriormente, durante entrevista coletiva, em Reykjavik, o chefe da missão do FMI, Paul Thomsen, declarou que que o país obtivera um empréstimo de 2,1 bilhões de dólares (1,6 bilhão de euros) do FMI e que conseguiria 4 bilhões de dólares suplementares, oriundos de outros países, totalizando cerca de 6 bilhões de ajuda para um período de dois anos. [7]
O país chegou a declarar falência, já que não está conseguia honrar os compromissos da dívida externa. O pagamento de 750 milhões de dólares de amortização de um empréstimo contraído por um dos bancos nacionalizados foi suspenso. O colapso do sistema bancário do país, a que se somavam investimentos de alto risco e qualidade duvidosa, além do descrédito internacional na economia islandesa, deixava à vista uma grave crise econômica.[8]
Para os investidores portugueses, a falência da Islândia significava o risco de perdas estimadas em 12,4 milhões de euros.[9]
O país foi posto à venda em leilão, por um anúncio, publicado como piada, no site eBay, cujo texto dizia:
"Localizada na faixa meio-atlântica do norte do oceano Atlântico, a Islândia oferece um ambiente habitável, cavalos islandeses e, admite-se, uma situação financeira um pouquinho atribulada. O cenário e a fauna são lindos, mas a situação financeira precisa de reparos -- favor retirar pessoalmente". Houve 26 lances anônimos e quatro não anônimos. Os lances, que começaram em 99 pences, chegaram a 10 milhões de libras ou 17 milhões de dólares americanos.[10]
A partir de outubro de 2008, a Islândia assistiu aos maiores protestos populares de sua história. Cada vez mais revoltada contra o governo e as autoridades econômicas do país, a população exige mudanças de fundo no Executivo e pede ainda a prisão para todos os responsáveis pela ruína da nação.[11] Milhares de islandeses realizaram concentrações durante seis sábados consecutivos para protestar contra a má atuação das autoridades na crise. A moeda fora drasticamente desvalorizada, e a inflação disparava. Em uma dessas concentrações, os manifestantes pediam a antecipação das eleições e protestavam contra o FMI, por "atentar contra o sistema de bem-estar social islandês."[12]
A cantora islandesa Björk, como representante de um fundo de capital de risco, resolveu ajudar a recuperar a economia do país, auxiliando empresas com responsabilidade ambiental e social. O fundo criado tem sede em Reikjavik e foi desenvolvido por meio de uma parceria entre a cantora e a empresa Audur Capital. A iniciativa, que leva o nome de Björk, arrecadou cerca de 600 mil euros até janeiro de 2009 e pretendia alcançar a cifra de 9 milhões de euros até março, com a colaboração de novos investidores.[13]
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