Catedral de Mainz
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A Catedral de Mainz ou Mogúncia, também chamada Catedral de São Martinho (em alemão: Mainzer Dom ou Der Hohe Dom zu Mainz) está localizada no centro histórico de Mainz (Mogúncia), na Alemanha. É dedicada a São Martinho de Tours.
Catedral de Mogúncia | |
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A catedral vista do leste | |
Tipo | catedral católica, Catedral imperial |
Estilo dominante | Românico, Gótico, Barroco, Revivalista |
Início da construção | c. 975 |
Fim da construção | 1879 |
Religião | Catolicismo Romano |
Diocese | Diocese de Mogúncia |
Página oficial | http://www.dom-mainz.de/ |
Geografia | |
País | Alemanha |
Cidade | Mogúncia |
Coordenadas | 49° 59′ 56″ N, 8° 16′ 27″ L |
Localização em mapa dinâmico |
A catedral é predominantemente românica, mas acréscimos exteriores resultaram em uma construção com vários estilos arquitetônicos, incluindo o gótico, o barroco e os estilos revivalistas do século XIX. Em 2009, o edifício completou 1000 anos desde sua fundação.[1]
A antiga Mogoncíaco romana era já sede de bispado e desde o século IV abrigava uma comunidade cristã. O edifício da igreja principal localizava-se próximo à atual catedral, no local da atual Igreja de São João Batista (Johanniskirche). O arcebispo Hatto (891-913) reformou essa igreja, que era já dedicada a São Martinho de Tours, por volta do ano 900.[2] Por um tempo essa antiga catedral abrigou as relíquias de São Bonifácio, que tinha sido bispo de Mogúncia entre 747 e 754. Atualmente as relíquias estão na Catedral de Fulda.[2]
O atual edifício da catedral começou a ser construído após 975, durante o período em que Willigis era arcebispo de Mogúncia (975-1011), e foi inaugurado em 10 de agosto de 1009.[3][4] O projeto original, que se mantém de maneira geral até hoje, era de uma basílica de três naves separadas por pilares, com duas ábsides com coros, uma no lado oeste e outro no leste. A abside oeste, que era a parte principal da igreja e era utilizada pelo arcebispo e clero, tinha um transepto e uma cúpula sobre o cruzeiro. O lado leste também tinha um transepto e uma fachada flanqueada por torres.[5]
Com Willigis, o Arcebispado de Mogúncia tornou-se um dos principais centros religiosos e políticos do Sacro Império Romano-Germânico, e a construção de um edifício monumental foi concebida como forma de reforçar essa ideia. Além do tamanho da catedral, que no momento da inauguração podia abrigar toda a população cristã da cidade, outro aspecto que indicava a ambição do projeto era a posição do altar principal na abside oeste, em lugar da leste, o que imitava a disposição da antiga Basílica de São Pedro de Roma. Também a entrada leste da igreja tinha um átrio com uma igreja separada (mais tarde chamada Igreja de Nossa Senhora ou Liebfrauenkirche), o que era uma referência tanto a São Pedro de Roma como à Capela Palatina de Aquisgrão. Também as portas de bronze da Catedral de Mogúncia estabelecem uma relação com a capela de Carlos Magno.[5][6][4]
O edifício da catedral sofreu um incêndio no dia da sua sagração, em 1009, mas uma reparação foi logo iniciada. Em 1081 foi novamente afetado por um grande incêndio.[3] Com apoio do Imperador Henrique IV, a catedral começou a ser reconstruída a partir de 1100. Até 1125 foi renovado o corpo leste da igreja, com uma grande torre sobre o cruzeiro. Em 1137 foi construída a Capela de São Gotardo (Gotthard-Kapelle) pelo arcebispo Adalberto I, e por essa época começou a reconstrução das três naves.[3][7] A partir de 1190, com o arcebispo Conrado I, foi erguido o corpo oeste, com transepto e torres, e as naves ganharam suas abóbadas de pedra. Também data dessa época o "Portal do Mercado" (Portal am Markt), que servia como via de entrada triunfal para os arcebispos. Como sala do capítulo foi construída a chamada "Memorie", mais tarde usada como capela funerária. Finalmente, a 4 de julio de 1239, a nova catedral foi consagrada pelo arcebispo Siegfried III. Esse é o edifício românico que, de maneira geral, se mantém até os dias de hoje.[3][7]
Na época gótica foram realizadas várias alterações na catedral. Entre 1279 e 1319, uma série de capelas foram abertas nas paredes das naves laterais, tanto no lado sul como no norte.[8] Em 1361, a torre do cruzeiro do lado leste foi reconstruída em estilo gótico (suprimida no século XIX por outra neorrômanica), e entre 1390 e 1410 um claustro gótico substituiu o antigo, românico. O arcebispo João II de Nassau construiu, em memória da sua dinastia, a Capela Nassau, de dois andares (o segundo piso foi destruído no século XVII). A "Memorie" ganhou um portal em estilo gótico tardio, decorado com estátuas de santos, no lado sul da igreja. Em 1482 foi a vez da torre do cruzeiro do lado oeste de ser reformulada em estilo gótico, mais tarde modificado. [9]
Em 1683, em plena era barroca, o edifício foi novamente reformulado. No interior foi removido o coro alto gótico da parte oeste da igreja para assim melhorar a visibilidade do altar principal da abside oeste. Também foram criadas tribunas para o órgão e orquestra ao lado do altar principal, e os altares da parte oeste foram todos renovados no novo estilo barroco.[9][10]
A caída de um raio em 1767 causou um grande incêndio que afetou as torres do lado oeste, o lado norte do transepto e a Capela Gotthard. Franz Ignaz Michael Neumann, filho do célebre arquiteto Balthasar Neumann, foi o encarregado da reconstrução da parte superior da torre do cruzeiro oeste em estilo barroco-rococó, obra que foi terminada em 1774. No interior, Franz Anton Hermann realizou um cadeiral em estilo rococó para o coro oeste.[9][10] Em 1793, durante o cerco a Mogúncia na guerra da Primeira Coligação, no contexto da Revolução Francesa, a parte leste da igreja foi atingida por fogo da artilharia, causando um incêndio nas torres daquele lado do edifício e no telhado da nave.[9][11]
Entre 1803 e 1814, Mogúncia foi governada por um prefeito francês, Jeanbon de Saint-André, que chegou a considerar a demolição da catedral.[12] A decoração interna do edifício foi retirada ou destruída, com algumas exceções como o cadeiral rococó de madeira, que foi recuperado após ter sido vendido.[11] Por outro lado, parte da decoração interior da Igreja de Nossa Senhora, que se localizava em frente à catedral e tinha sido destruída, foi transferida à catedral, incluídas as portas de bronze da época de Willigis (c. 1000), uma pia batismal de 1328 e um grupo escultório da Deposição no Túmulo de 1495.[12]
O Arcebispado de Mogúncia, que havia sido eliminado pelos franceses em 1798, foi reestabelecido como bispado em 1802. José Luis Colmar, o primeiro bispo desse novo período, conseguiu em 1803 que o edifício voltasse a ser a catedral da cidade, após ter sido usado pelos franceses como depósito militar. Colmar consagrou a catedral novamente a 15 de agosto de 1804.[11]
No contexto dos trabalhos de restauro da catedral, em 1828 o arquiteto Georg Moller reformou a torre gótica do lado leste, adicionando uma cúpula de estrutura de ferro em forma oval.[12][13]
No século XIX, o bispado de Mogúncia esteve marcado pela ação do bispo Wilhelm Emmanuel von Ketteler (1850-1879), um dos renovadores do catolicismo alemão, com importante atividade nos campos político, social e religioso. Durante sua administração a catedral passou por uma grande reforma.[14] No interior, as superfícies da igreja foram pintadas com afrescos a partir de 1859.[12] Devido ao risco de derrocada, decidiu-se em 1870 modificar a cúpula do lado leste construída 40 anos antes por Moller. Até 1879, o arquiteto Peter Cuypers deu à cúpula octogonal o estilo neorromânico que tem até hoje. Também a estrutura interior do coro leste foi modificada, e a parte superior das torres do lado leste ganharam um estilo igual ao da cúpula. Em 1878 foi terminada a pintura dos afrescos no interior do templo, dos quais restam hoje cenas da Vida de Cristo do pintor Philipp Veit.[13][12]
Entre 1909 e 1928 os fundamentos do edifício foram reforçados com concreto (betão). Em 1925 foi criado o Museu Catedralício e Diocesano (Dom- und Diözesanmuseum) na antiga sala do capítulo e claustro.[12]
Durante a Segunda Guerra Mundial, o bombardeio aéreo de 11 e 12 de agosto de 1942 causou um incêndio no claustro e nos telhados da nave. Em 8 e 9 de setembro de 1944, outro ataque destruiu partes do claustro e das capelas laterais da nave. Também a Capela de São Gotardo foi muito afetada.[12] As tarefas de reconstrução foram terminadas em 1975, quando o edifício ganhou uma capa de pintura protetora, em tons avermelhados, que a caracteriza. Nessa data foi consagrada uma nova cruz de bronze do altar principal.[12]
A Catedral de Mogúncia foi um lugar central para os reis e imperadores do Sacro Império Romano Germânico.[15] Em particular, o edifício teve uma relação especial com a Dinastia saliana, que produziu quatro reis entre 1024 e 1125. O arcebispo Aribo coroou na catedral o primeiro rei da dinastia, Conrado II, em 1024. Quando a catedral foi reinaugurada após um restauro, em 1036, estiveram ali Conrado, já imperador, e seu filho Henrique III.[16][3]
Em 1044, foi coroada ali Inês da Aquitânia, esposa de Henrique III. Rodolfo da Suábia, anti-rei do Império, foi também coroado na catedral.[15]
Após o incêndio de 1081, o imperador Henrique IV promoveu a reconstrução do edifício, usando como modelo a Catedral de Espira (Speyer).[16] Foi coroada ali, a 25 de julho de 1110, Matilde de Inglaterra, noiva de Henrique V. Os noivos se casaram na catedral no dia 5 de janeiro de 1114.[16]
O grande imperador Frederico II da Germânia, da dinastia dos Hohenstaufen, foi coroado na catedral em 1212 pelo arcebispo Sigisfredo II de Eppstein.
Também a catedral foi o lugar escolhido para a realização de várias cortes (Reichtage) do Sacro Império, a última das quais ocorreu em 1517.[15]
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