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O Bom Pastor é uma perícope encontrada em João 10:1–21 na qual Jesus aparece como o "bom pastor" que dá a sua vida por suas ovelhas. A mesma metáfora pode ser vista no Salmo 23 (22). Nos Evangelhos, a imagem do "Bom Pastor" aparece sempre em referência a Jesus não se permitindo perder nenhuma de suas ovelhas.
A imagem do Bom Pastor é a representação simbólica mais comum encontrada na arte cristã primitiva nas catacumbas de Roma, antes que ela pudesse ser mais explícita. A imagem mostrando um jovem carregando uma ovelha nos ombros foi emprestada diretamente do kriophoros pagão, muito mais antigo, e, no caso de estatuetas (como a mais famosa, atualmente no Museu Pio-Cristão, no Vaticano - à direita), é impossível dizer se a imagem foi originalmente criada com a intenção de ter um significado cristão ou pagão. Esta representação de Jesus continuou a ser utilizada nos séculos seguintes à legalização do cristianismo no Império Romano (313 d.C.). Inicialmente, ela provavelmente não era entendida como sendo um "retrato de Jesus", mas um símbolo como outros utilizados na arte cristã primitiva[1] e, em alguns casos, ela pode também ter sido uma representação do Pastor de Hermas, uma obra literária cristã muito popular do século II d.C. (e que chegou aos nossos dias)[2][3]. Porém, a partir do século V d.C., a figura do pastor passou a ter a aparência da representação convencional de Cristo, já estabelecida nesta época, ganhando um halo e ricas vestimentas[4], como pode ser visto no mosaico na abside da Basílica de Santi Cosma e Damiano, em Roma. Imagens do Bom Pastor geralmente incluem uma ovelha em seus ombros, como na versão de Lucas da Parábola da Ovelha Perdida (em Lucas 15:1–7)[5].
Segundo o Evangelho de João (Tradução Brasileira da Bíblia):
“ | Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. O que é mercenário, e não pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário, e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor, conheço as minhas ovelhas, e as que são minhas, me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Tenho também outras ovelhas que não são deste aprisco, estas também é necessário que eu as traga; elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um pastor. Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou. Tenho direito de a dar, e tenho direito de a reassumir; este mandamento recebi de meu Pai. | ” |
Diversos autores (como Barbara Reid, Arland Hultgren e Donald Griggs) comentam que "notavelmente, as parábolas estão ausentes do Evangelho de João"[6][7][8] . De acordo com a Enciclopédia Católica, "Não há nenhuma parábola no Evangelho de São João"[9] e, conforme a Encyclopædia Britannica, "Aqui o ensinamento de Jesus não contém parábolas e somente três alegorias, enquanto que os sinóticos o apresentam como parabólico de ponta a ponta"[10]. Estas fontes sugerem que a passagem é melhor descrita como sendo uma metáfora do que uma parábola.
No culto grego antigo, kriophoros (ou criophorus - Κριοφόρος), o "carregador de carneiro", é uma figura que comemora o sacrifício solene de um carneiro. Ele se tornou um dos epítetos do deus grego Hermes (Hermes Kriophoros).
Na arte bi-dimensional, Hermes Kriophoros se transformou em Cristo carregando um cabrito e andando entre as suas ovelhas: "Assim, encontramos imagens de filósofos segurando rolos ou Hermes Kriophoros que puderam ser transformadas em Cristo ensinando a Lei (Traditio Legis) e o Bom Pastor respectivamente"[11].
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