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6º governador do estado de São Paulo Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Bernardino José de Campos Júnior (Pouso Alegre, 6 de setembro de 1841 - São Paulo, 18 de janeiro de 1915) foi um advogado e político brasileiro. Formado em direito pela Faculdade de Direito de São Paulo, foi segundo (1892-1896) e sexto (1902-1904) presidente do governo do estado de São Paulo. Também exerceu cargos no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, e aclamado presidente de honra da grande convenção do Partido Republicano Paulista.[1][2][3]
Bernardino José de Campos Júnior | |
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Bernardino de Campos, por Karl Ernst Papf | |
Governador de São Paulo | |
Dados pessoais | |
Nascimento | 6 de setembro de 1841 Pouso Alegre |
Morte | 18 de janeiro de 1915 (73 anos) São Paulo |
Nacionalidade | Brasileiro |
Bernardino José de Campos Júnior nasceu em Pouso Alegre, Minas Gerais, no dia 6 de setembro de 1841, filho de Bernardino José de Campos, juiz de direito da cidade, e de Felisbina Rosa Gonzáles de Campos. Fez os estudos secundários no Colégio Júlio em São Paulo.[1][2]
Entre 1858 e 1863 cursou direito na Faculdade do Largo de São Francisco, local de grande efervescência de idéias republicanas e abolicionistas, onde também se formaram homens como Júlio de Castilhos, Assis Brasil, Barros Cassal e Alcides Lima, identificados com a causa antimonárquica. Um ano após a formatura, o assassinato de seu pai o fez se iniciar nas lutas forenses como advogado de acusação. Em 1866 abriu banca de advogado em Amparo, onde fixou residência.[1][2]
Em 1865 casou-se em Campinas com Francisca de Barros Duarte, sendo pai de 16 filhos, 10 homens e 6 mulheres, dos quais 12 chegaram à idade adulta.
Seu filho Carlos de Campos seguiu os passos do pai e ocupou a presidência do estado de São Paulo.
Seu filho Sílvio de Campos, foi deputado e um dos articuladores do M.M.D.C. .
Seu filho Américo de Campos Sobrinho foi enviado à Montreal, no Canadá, para tentar trazer imigrantes para a lavoura do café, e, apesar de não conseguir, fez uma série de relações que resultaram na chegada do capital canadense no Brasil, em empreendimentos como a São Paulo Tramway, Light and Power Company, popularmente conhecida como Light, além da Companhia Brasileira de Cimento Portland Perus, entre outras.
Sua filha Lucila de Santos casou-se com um primo de Campos Sales.[4]
Nessa cidade, foi eleito várias vezes vereador. Dedicou-se também ao jornalismo e, ao lado de Quintino Bocaiúva, dirigiu o jornal republicano O País, participando ativamente do movimento pelo fim do trabalho escravo no Brasil. Integrou o grupo paulista dos Caifases, responsáveis por ações de fugas de escravos e pela proteção jurídica aos líderes abolicionistas.[1][2]
Ao lado de republicanos como Manuel Ferraz de Campos Sales e Prudente José de Morais e Barros, participou, em 1873, da Convenção de Itu, quando foi fundado o Partido Republicano Paulista (PRP), agremiação pela qual se elegeu deputado provincial em 1877.[1][2]
Em 1881 fundou o jornal Época, ao lado de Peixoto Gomide, Muniz de Sousa e Antônio Bittencourt, e no ano seguinte tornou-se membro da comissão permanente do PRP. Foi signatário do Manifesto de 24 de Maio em 1888, também assinado por Horácio de Carvalho e Campos Sales, documento que pregava a revolução contra o regime monárquico e que causou forte impacto na conjuntura política nacional.[1][2]
Com o advento da República, em novembro de 1889, foi indicado para participar da junta governativa de São Paulo. Eleito deputado constituinte em 1891, após a promulgação da Constituição em fevereiro de 1891, passou a exercer o mandato ordinário. Em sintonia com a posição do PRP, colocou-se em oposição ao governo provisório do marechal Deodoro da Fonseca e apoiou a sua substituição por Floriano Peixoto em novembro de 1891.[1][2]
Em 1892 tornou-se presidente da Câmara dos Deputados numa votação apertada, em que derrotou o deputado Mata Machado por apenas três votos. Chegou a ser indicado pelo Barão de Lucena para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, mas recusou a oferta para se candidatar ao governo de São Paulo. Consagrado nas urnas em 18 de agosto, foi empossado a 23 do mesmo mês, sucedendo a José Alves de Cerqueira César.[1][2]
À frente do Executivo paulista, teve de enfrentar a grave epidemia de febre amarela que se estendeu da região de Santos até o município de Campinas, mobilizando uma vultosa equipe de engenheiros e médicos especializados em doenças tropicais, que ao fim conseguiu livrar toda a região da moléstia, inclusive o velho foco endêmico do litoral paulista: o Porto de Santos.[1][2]
Mas foi na frente política que teve seu maior desafio. As contradições entre o governo de Floriano Peixoto e os setores oposicionistas agravaram-se quando parte da Armada aportada na Baía de Guanabara, liderada pelo ministro demissionário da Marinha, o contra-almirante Custódio de Melo, iniciou uma sublevação que foi logo apoiada pelo diretor da Escola Naval, o monarquista Saldanha da Gama. Era a Revolta da Armada.[1][2]
Ao mesmo tempo, o líder republicano gaúcho Júlio de Castilhos, após ter sido afastado do governo do estado por suas ligações com o governo de Deodoro da Fonseca, conseguiu negociar com Floriano Peixoto sua volta à presidência do Rio Grande do Sul, provocando a sublevação de elementos do Partido Federalista ligados a Demétrio Ribeiro e Silveira Martins.[1][2]
Assim teve início, a partir de fevereiro de 1892, a Revolução Federalista, guerra civil contra o governo federal que duraria até o ano de 1895. Governando o estado de São Paulo, um dos pilares da ascensão de Floriano à presidência da República, Bernardino de Campos teve de intervir tanto na Revolta da Armada quanto na Revolução Federalista, contribuindo com o governo federal com suprimentos, recursos financeiros e até socorros para a cidade da Lapa, no Paraná, que se encontrava sitiada pelas tropas rebeldes.[1][2]
Seu apoio às forças federais foi fundamental para a derrota dos federalistas que ameaçavam a jovem república brasileira. O apoio ao governo de Floriano Peixoto não levou, entretanto, Bernardino de Campos a apoiar as pretensões continuístas do presidente da república. Foi, assim, um dos mais importantes articuladores da candidatura presidencial de Prudente de Morais, seu correligionário do PRP, afinal eleito para o período 1894-1898.[1][2]
Como resultado do aumento do seu prestígio político, após deixar a presidência de São Paulo em 1896 (onde foi substituído interinamente pelo vice-presidente Peixoto Gomide e a seguir pelo presidente eleito Manuel Ferraz Campos Sales), Bernardino de Campos foi eleito para o Senado Federal, mas após quatro meses renunciou para substituir Rodrigues Alves no Ministério da Fazenda.[1][2]
Sua gestão iniciou-se quando os efeitos acumulados da política econômica do Encilhamento, que havia gerado forte inflação e uma febre especulativa no biênio 1890-1891, se combinavam com a queda do preço do café no mercado internacional, configurando a primeira crise de superprodução do principal produto da pauta de exportação do Brasil.[1][2]
Ao mesmo tempo, a instabilidade política provocada pelas forças contrárias ao novo regime limitava as margens a partir das quais poderia operar o governo e, dentro dele, a gestão de Bernardino de Campos. Esta foi marcada pela tentativa de restabelecer o equilíbrio das contas nacionais, reduzindo tarifas aduaneiras e reformando a tributação.[1][2]
Ao mesmo tempo em que buscava fortalecer a receita através da tributação do consumo de bebidas, sal, e fósforo, reorganizou o Tesouro Nacional, definindo suas atribuições e estruturas. Em 1898, seguindo orientação do governo, um dos mais importantes credores do país, a grupo Rothschild, foi sondada sobre o caso da suspensão do pagamento da dívida externa.[1][2]
Mas a partir de negociações feitas entre Bernardino de Campos, Campos Sales, aquela altura presidente da República eleito, o ex-ministro Rodrigues Alves e representantes do sistema bancário britânico e alemão, em junho daquele ano acordou-se um plano de saneamento financeiro cujo fito era o resgate do papel moeda.[1][2]
O empréstimo de consolidação, ou funding loan, como ficou conhecido, incluía a suspensão do pagamento de juros e amortizações da dívida externa até o ano de 1911, e a abertura de um crédito de dez milhões de libras esterlinas no Banco de Londres ao Brasil.[1][2]
Os juros da dívida externa seriam pagos pelos funding bonds, títulos-ouro lastreados nesse crédito, mas, por outro lado, o Brasil deveria hipotecar as rendas da alfândega do Rio de Janeiro e de outras regiões do país, depositando, a partir de 1899, o seu valor em papel-moeda nos bancos ingleses e alemães, reduzindo a quantidade de meio circulante até que este atingisse um patamar de equilíbrio.[1][2]
A despeito de sua habilidade política em articular com os credores internacionais um plano para a salvação das finanças da República, o novo presidente Campos Sales (1898-1902) resolveu substituir Bernardino de Campos pelo titular do Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas, Joaquim Murtinho, que se tornou o executor dos termos do funding loan.[1][2]
Sendo mais uma vez eleito senador por São Paulo em 1900, Bernardino de Campos ocupou a presidência da casa. Integrou a comissão que se debruçou sobre o Código Civil, presidida por Rui Barbosa, o qual o convidou para dar o parecer sobre o capítulo “Direito das Cousas” – os trabalhos da comissão se arrastariam até o ano de 1916, quando o código foi instituído.[1][2]
Nesse mesmo mandato, também foi relator da Comissão de Finanças e Orçamento do Senado Federal. Em 1902, na sucessão de Rodrigues Alves, que então deixou o governo de São Paulo para se eleger presidente da República, voltou ao governo paulista, tendo de renunciar à vaga no Senado.[1][2]
Empossado em julho, logo enfrentou nova epidemia de febre amarela que se abateu sobre o Porto de Santos. Dessa sua gestão também fizeram parte a inauguração do Museu do Ipiranga e a melhoria no abastecimento de água na capital paulista.
Em 30 de abril de 1904 renunciou ao governo de São Paulo por razões médicas; acometido de um glaucoma, obrigado a usar óculos escuros, viajou em maio do mesmo ano à Europa, onde foi operado com sucesso em Paris.[1][2]
Após a cirurgia, viajou para a Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Itália e Portugal. Antes mesmo de voltar ao Brasil no ano seguinte, articuladores do PRP chegaram a sugerir seu nome para substituir Rodrigues Alves na presidência da República. No entanto, realizou-se um acordo entre líderes políticos paulistas em torno do nome de Afonso Pena, do Partido Republicano Mineiro (PRM), que acabaria sendo eleito em março de 1906.[1][2]
Ainda em 1905, Bernardino de Campos voltou à Europa, desta vez para o tratamento de um familiar. Em sua nova estada no velho continente, perdeu a visão de seu único olho saudável, voltando completamente cego ao Brasil.[1]
Em 22 de agosto de 1909 foi aclamado, por iniciativa de Pedro Moacir, presidente de honra do PRP, na mesma convenção que oficializou a candidatura de Rui Barbosa à presidência da República. Participou ativamente da Campanha Civilista em defesa dessa candidatura e em oposição à de Hermes da Fonseca, que acabou vencendo as eleições.[1][2]
No mês de março de 1914 retornou à Europa com a intenção de acompanhar os estudos dos filhos e o tratamento médico de sua esposa. Poucos meses depois, encontrando-se em território alemão, foi surpreendido pela conflagração do conflito bélico mundial. O início da Primeira Guerra Mundial impôs dificuldades para que Bernardino e sua família regressassem ao Brasil.[1][1]
Após uma perigosa travessia pelo Atlântico, em 14 de outubro de 1914 desembarcou no Porto de Santos. Recebeu o título de general honorário do Exército Brasileiro. Também exerceu a atividade de consultor jurídico da São Paulo Light e da Estrada de Ferro Sorocabana. Faleceu em São Paulo no dia 18 de janeiro de 1915.[1][2]
Seus principais trabalhos publicados foram:
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