A Batalha de Wattignies foi travada nos dias 15 e 16 de Outubro de 1793, entre forças francesas e austríacas da Primeira Coligação. Trata-se de uma importante batalha travada no âmbito das Guerras Revolucionárias Francesas, durante uma acção em que o objectivo era libertar Maubeuge que se encontrava cercada pelas tropas da Coligação. No final, a vitória dos Franceses obrigou os Austríacos a retirar para Leste.

Factos rápidos Guerras Revolucionárias Francesas, Beligerantes ...
Batalha de Wattignies
Guerras Revolucionárias Francesas
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Estátua dos vencedores de Wattignies; comemora a vitória francesa.
Data 15-16 de Outubro de 1793
Local Wattignies-la-Victoire, França
Desfecho Vitória dos Franceses
Beligerantes
Primeira República Francesa Áustria
Comandantes
General Jean-Baptiste Jourdan
Lazare Carnot
Príncipe Josias de Coburg
Forças
± 60 000 ± 30 000[1]
Baixas
± 5 000 mortos e feridos
27 bocas de fogo de artilharia
± 2 500 mortos e feridos
500 prisioneiros
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Antecedentes

Desde a Primavera de 1793, as tropas da Primeira Coligação tinham capturado as fortalezas de Condé, Valenciennes e Le Quesnoy. Depois das derrotas em Hondschoote e em Menin (na primeira batalha), a Coligação conseguiu reconstituir a sua linha após uma segunda batalha de Menin e o Príncipe de Saxe-Coburg, comandante do exército austríaco, decidiu pôr cerco à praça de Maubeuge. Este avanço das forças da Coligação constituía uma ameaça para Paris pois Maubeuge constituía um ponto chave na linha de fortalezas fronteiriças e garantia o controle de uma boa estrada para Paris.[2]

Nota: os exércitos da Coligação na Bélgica estavam divididos em dois corpos; um corpo anglo-austríaco sob comando do Duque de York e do Conde de Clarfait; um corpo constituído pelo principal exército Habsburgo, sob comando do Príncipe de Saxe-Coburg.

O planeamento

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Carnot em Wattignies; óleo sobre tela por Georges Moreau de Tours

Na praça de Maubeuge encontrava-se uma guarnição francesa com cerca de 20 mil homens, sob comando do General de Divisão Jacques Ferrand. O cerco à praça teve início no dia 30 de Setembro de 1793[3] e a força à qual fora atribuída essa missão era um corpo de tropas austríacas e holandesas, com um efectivo de aproximadamente 20 mil homens, sob o comando de Willem V de Oranje-Nassau. Outro corpo de tropas, formado por cerca de 21 mil austríacos, sob o comando do Feldzeugmeister[4] François Clarfait de Croix, recebeu a missão de constituir a força de cobertura. Esta foi posicionada sobre a estrada Avesnes-Maubeuge, voltada para sul. O seu flanco direito (5 mil homens) apoiava-se no Rio Sambre; o centro (9 mil homens) encontrava-se numa linha de alturas; o flanco esquerdo (7 mil homens) defendia o planalto de Wattignies,[5] entre Maubeuge e Avesnes-sur-Helpe.

O exército revolucionário francês foi concentrado em Avesnes-sur-Helpe, 18 Km a Sul de Maubeuge. Tratava-se do Exército do Norte que tinha como comandante, desde 22 de Setembro, o General Jean-Baptiste Jourdan. A gravidade da situação, no entanto, implicou que Lazare Carnot, responsável pelos assuntos militares no Comité de Salvação Pública, acompanhasse o Exército do Norte. Nesta época revolucionária, o comando dos exércitos estava sujeito à interferência de um représentative em mission[6] que não apenas interferia no planeamento ou mesmo na execução das operações como levava a julgamento o comandante que não desempenhasse a sua missão de acordo com as expectativas do governo em Paris. Neste âmbito, alguns comandantes foram julgados e guilhotinados.

Carnot impôs a realização de uma manobra de duplo envolvimento. Segundo este planeamento, a sua ala esquerda, 14 mil homens sob comando do General-de-brigada Jacques Pierre Fromentin, atacaria o flanco direito (Oeste) da linha austríaca; a sua ala direita, 16 mil homens sob comando do General-de-brigada Florent Joseph Duquesnoy, avançaria sobre o flanco esquerdo dos austríacos, em Wattignies; Finalmente, o General de Divisão Antoine Balland, com 13 mil homens, iniciaria uma acção de diversão ao centro, enquanto as outras colunas cumpriam a sua missão, e lançaria o ataque assim que elas obtivessem sucesso. Entretanto, a guarnição de Maubeuge faria uma saída da fortaleza com a finalidade de romper o cerco.[7]

A batalha

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General Jean-Baptiste Jourdan, o comandante militar das forças vitoriosas em Wattignies
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Localização do campo de batalha de Wattignies.

No dia 15 de Outubro, o ataque francês teve início. Enquanto foi possível utilizar terreno desenfiado das vistas do inimigo, o avanço das tropas francesas foi executado sem problemas mas, ao atingirem o cimo das encostas onde se encontravam as tropas da Coligação, as descargas dos mosquetes das tropas austríacas, bem treinadas, detiveram a multidão de soldados ainda mal preparados das fileiras francesas e, por outro lado, a cavalaria austríaca atacou-os de flanco. Carnot, partiu do princípio que os ataques nos flancos estavam a ter sucesso e ordenou o início do ataque ao centro (General Balland). Esta ordem foi prematura pois não estavam reunidas as condições para o sucesso desta acção. Inicialmente, as tropas de Balland, sem encontrarem oposição, conseguiram progredir pelo terreno íngreme até atingirem a linha de alturas mas, ao chegarem ao terreno elevado, encontraram uma encosta suave na base da qual se encontravam as melhores tropas de Coburg. A disciplina de fogo da infantaria austríaca e as cargas de cavalaria obrigaram os atacantes a recuar. Na ala direita, as tropas francesas ocuparam o planalto de Wattignies mas não conseguiram mantê-lo.

Os comandantes franceses, confiantes na sua superioridade numérica, consideraram estes fracassos como um simples contratempo. Jourdan quis renovar o ataque à esquerda mas Carnot entendeu que o planalto de Wattignies (à direita) era a chave do sucesso. Prevaleceu a opinião de Carnot e, assim, a ala direita francesa foi reforçada durante a noite com cerca de 8 mil homens.[8]

No dia 16 de manhã, o ataque foi retomado. O reforço da ala direita francesa (frente a Wattignies) permitiu flanquear a esquerda austríaca que rapidamente ficou em perigo de ser destruída. Coburg decidiu retirar e, juntamente com Clarfait, abandonaram o cerco de Maubeuge e preparam-se para recolher a quartéis de Inverno na região do Reno. Paris ficava assim salva tal como tinha acontecido no ano anterior em Valmy.

As perdas francesas foram pesadas apesar da vitória obtida: cerca de 5 mil mortos, feridos e desaparecidos e 27 bocas de fogo de artilharia perdidas. Os Austríacos, por seu lado, tiveram cerca de 2,5 mil mortos e feridos e 500 dos seus homens foram aprisionados.[3]

Referências

  1. SMITH, p. 59
  2. RICKARD
  3. SMITH, p. 59.
  4. Posto militar, dos mais elevados entre os oficiais generais, em vários exércitos europeus, especialmente nos países de Língua Alemã e também na Rússia; foi característico dos séculos VI e VII mas continuou a ser utilizado, em alguns países, até ao início do século XX.
  5. Para localização em mapas online deve-se procurar Wattignies-la-Victoire.
  6. BRUCE, p. 136.
  7. Britannica
  8. CHANDLER, p. 484.

Bibliografia

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