Batalha de Tzíralo
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A Batalha de Tzíralo (em latim: Tzirallum) foi um confronto travado em 30 de abril de 313, durante a Guerra Civil entre as tropas dos imperadores romanos Licínio (r. 308–324) e Maximino Daia (r. 305–313). A batalha foi travada no Campo Sereno (em latim: Campus Serenus) ou Campo Ergeno (em latim: Campus Ergenus) próximo a Tzíralo, uma localidade atualmente associada com a cidade de Çorlu, na província de Tekirdağ, na região da Trácia Oriental, na Turquia. As fontes clássicas situam o sítio da batalha entre 18 e 36 milhas romanas de Heracleia Perinto (atual Marmara Ereğlisi).
Batalha de Tzíralo | |||
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Guerra Civil de Licínio e Maximino Daia | |||
Data | 30 de abril de 313[1] | ||
Local | Próximo a Heracleia Perinto | ||
Coordenadas | |||
Desfecho | Vitória de Licínio | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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Localização de Tzíralo no que é atualmente a Turquia |
A Batalha de Tzíralo foi resultado de uma série de investidas militares de Maximino Daia contra Licínio devido a seus acordos secretos com o imperador Constantino, o Grande (r. 306–337). Ela resultou numa vitória decisiva de Licínio, apesar de sua considerável desvantagem numérica. Com esta derrota, Maximino Daia foi obrigado a fugir para Nicomédia, a capital oriental, e então para as Portas da Cilícia, onde novamente seria pressionado militarmente pelo imperador vencedor. Ele acabaria morrendo em Tarso e sua família seria assassinada, garantindo a Licínio o controle total da porção oriental do Império Romano.
Desde 293, o Império Romano está dividido em duas metades, cada qual governada por um augusto (imperador sênior) e um césar (imperador júnior). Em 311, o imperador sênior do Oriente Galério (r. 293–311) falece e as províncias orientais foram divididas entre seu César Maximino Daia (r. 305–313) e Licínio (r. 308–324), um oficial que desde 308 por determinação da Conferência de Carnunto convocada por Galério era o indivíduo que deveria ocupar a posição de Augusto do Ocidente em detrimento de Magêncio (r. 306–312), filho do ex-Augusto Maximiano (r. 285-305; 310), tido como rebelde.[4][3]
Licínio manteve as províncias europeias orientais, enquanto Daia tomou posse das províncias asiáticas. No outono de 312, enquanto Constantino, o Grande (r. 306–337) estava lutando com Magêncio, Daia estava ocupado realizando campanha contra o Reino da Armênia. Ele retornaria à Síria em fevereiro de 313, quando descobriu uma aliança forjada entre Constantino e Licínio num encontro realizado em Mediolano (atual Milão, na Itália) após a morte de Magêncio; nele Constância, irmã de Constantino, casou-se com Licínio.[5] Decidido a tomar a iniciativa, Daia deixou a Síria com 70 000 e alcançou a Bitínia, porém seu exército foi gravemente enfraquecido pelo mal tempo.[3]
Em abril de 313, cruzou o Bósforo em direção a Bizâncio (atual Istambul, Turquia), que era mantida pelas tropas de Licínio. Implacável, tomou a cidade após um cerco de onze dias. Ele moveu-se para Heracleia Perinto (atual Marmara Ereğlisi, Turquia), que ele capturou após um cerco de oito dias,[6] antes de mover suas forças para a primeira estação de postagem, dezoito milhas da cidade. Com um exército menor, possivelmente cerca de 30 000,[2] Licínio chegou em Adrianópolis (atual Edirne, na Turquia) enquanto Daia ainda estava sitiando Heracleia e dirigiu-se para um acampamento próximo a segundo estação, mais dezoito milhas à frente.[1][3] Maximino e Licínio encontraram-se próximo a Tzíralo, atualmente identificada com a cidade de Tzúrulo (atual Çorlu, na Turquia).[7]
Lactâncio, um autor cristão do século IV e conselheiro de Constantino, é a principal fonte sobre a batalha. Segundo ele, quando os exércitos se encontraram na véspera do embate, Maximino Daia fez juramento a Júpiter que caso obtivesse vitória extinguiria e apagaria o nome dos cristãos, enquanto Licínio alegadamente teria recebido em sonho um anjo de Deus que disse-lhe para se levantar imediatamente e fazer uma oração para Deus, o que lhe asseguraria a vitória. Licínio teria despertado e rapidamente se dirigiu a um de seus secretários, transmitindo-lhe a oração a ser entoada tal qual ouvira em sonho:[1]
“ | Deus Supremo, nós Te pedimos; Santo Deus, nós Te pedimos; a Ti recomendamos tudo bem; a Ti recomendamos a nossa segurança; a Ti recomendamos nosso império. Por Ti vivemos, por Ti estamos vitoriosos e felizes. Santo Deus Supremo, ouça nossas preces; para Ti estendemos nosso braços. Outra, Santo Deus Supremo.[1] | ” |
Cópias da oração teriam sido distribuídas entre os principais comandantes que ensinaram-a aos soldados. Licínio pretendia iniciar a batalha nas calendas de maio (1 de maio) para derrotar seu rival no aniversário de oito anos do reinado dele como césar, mas Maximino Daia apressou o conflito para a véspera das calendas para que pudesse triunfar em seu aniversário. Os exércitos aproximaram-se e posicionaram-se à vista uns dos outros. Os soldados de Licínio colocaram seus escudos no chão, retiraram seus elmos e, seguindo o exemplo de seus comandantes, estenderam suas mãos ao céu e repetiram a oração entoada pelo imperador. Feito isso prepararam-se para lutar cheios de coragem.[8]
Licínio e Daia aproximaram para uma conferência: após um período de negociações infrutíferas, no qual ambos os imperadores tentaram ganhar a lealdade do exército rival, a luta era inevitável. As trombetas ecoaram e os soldados avançaram, com as tropas licinianas tomando a dianteira. Segundo Lactâncio, as tropas de Maximino Daia, apavoradas, não foram capazes de desembainhar suas espadas ou lançar seus dardos e acabaram massacradas por Licínio, sem qualquer resistência.[9]
Após numerosas baixas, Daia livrou-se da púrpura imperial e vestiu-se como um escravo para fugir a Nicomédia. Acreditando ainda possuir uma chance de vencer, Daia tentou parar o avanço de Licínio nas Portas da Cilícia ao estabelecer fortificações ali. O exército de Licínio, contudo, foi capaz de atravessar, forçando Daia a retirar-se para Tarso, onde Licínio continuou a pressioná-lo por terra e mar. A guerra entre eles terminou com a morte de Daia em julho ou agosto de 313 e o assassinato da mulher e filhos do falecido.[3]
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