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Amelia Isadora Platts Boynton Robinson (18 de agosto de 1911 – 26 de agosto de 2015) foi uma ativista norte-americana, uma das lideranças do Movimento dos direitos civis dos Estados Unidos em Selma, Alabama[1] e figura chave nas Marchas de Selma a Montgomery em 1965. Em 1984, ela se tornou vice-presidente fundadora do Schiller Institute afiliado a Lyndon LaRouche. Ela foi homenageada em 1990 com a Medalha da Liberdade Martin Luther King.[2] Em 2014, a atriz Lorraine Toussaint a interpretou no filme Selma, dirigido por Ava DuVernay.
Amelia Isadora Platts nasceu em Savannah, Georgia, em 18 de agosto de 1911 filha de George e Anna Eliza (Hicks) Platts,[3][4][5] ambos afro-descendentes americanos. Ela também tinha ancestrais cherokees e alemães. A igreja foi decisiva para os primeiros nove anos de formação de Amelia.[6] Quando jovem, ela se envolveu na campanha pelo voto feminino nos Estados Unidos. Sua família a encorajou a ler desde criança e ela frequentou por dois anos o Colégio Industrial para Jovens Negros do Estado da Georgia (atual Savannah State University), historicamente uma instituição para afro-descendentes.[4] Ela se transferiu para o Instituto Tuskegee (hoje Tuskegee University), obtendo graduação em economia doméstica em 1927.[3][4]
Platts lecionou na Georgia antes de suas atividades no Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) em Selma como agente de demonstração doméstica para o Condado de Dallas. Ela ensinou a população rural sobre produção e processamento de alimentos, nutrição, saúde e outros assuntos relacionados à agricultura e produção doméstica.[4][7]
Ela conheceu seu futuro marido Samuel William Boynton em Selma, onde trabalhava como agente de extensão durante a Grande Depressão. Eles se casaram em 1936[4] e tiveram dois filhos, Bill Jr. e Bruce Carver Boynton. Mais tarde eles adotaram dois sobrinhos de Amelia, Sharon (Platts) Seay e Germaine (Platts) Bowser.[3] Amelia e Samuel conheceram o notável botânico, inventor, cientista e agrônomo George Washington Carver no Tuskegee Institute, no qual ambos se graduaram.[8]
Em 1934 Amelia Boynton registrou-se para votar, o que era extremamente difícil para negros do Alabama. A maioria deles foi efetivamente excluída da política por décadas, exclusão que se estendeu até os anos de 1960. Em 1963, Samuel Boynton morreu. Era hora de fazer crescer o movimento dos direitos civis. Amelia fez de sua casa e escritório em Selma um centro para reuniões estratégicas das lutas dos direitos civis de Selma, incluindo a campanha pelo voto. Em 1964 Boynton concorreu para o Congresso pelo Alabama, esperando encorajar o registro dos negros para a eleição. Ela foi a primeira mulher afro-americana a disputar um cargo eletivo no Alabama e a primeira mulher de qualquer raça a disputar pelo [Partido Democrata (Estados Unidos)|Partido Democrata dos Estados Unidos]] naquele estado, tendo recebido 10% dos votos.[3][7]
Em 1964 e 1965, Boynton trabalhou com Martin Luther King, Diane Nash, James Bevel e outros da Conferência da Liderança Cristã do Sul (SCLC) para planejar manifestações pelos direitos civis e pelo direito ao voto.[2][9] Enquanto Selma tinha uma população com 50% de negros, somente 300 dos residentes afro-americanos eram registrados como eleitores em 1965, após milhares serem presos em protestos.[10] Em março de 1966, após os movimentos pelo direito ao voto de 1965, 11 mil foram registrados como eleitores.[11]
Para dar força aos protestos contra a segregação até 1965, Amelia Boynton ajudou a organizar uma marcha para a capital do estado de Montgomery, iniciada por James Bevel e que tomou corpo em 7 de março de 1965. Liderada por John Lewis, Hosea Williams e Bob Mants, e que incluiu Rosa Parks e outros.[10] O evento ficou conhecido como Domingo Sangrento quando a polícia municipal e do estado reprimiu violentamente a marcha, assim que os manifestantes atravessaram a ponte Edmund Pettus em direção ao município de Dallas, Alabama.[10] Após agressões covardes, comandadas pelo Xerife Jim Clark, Boynton ficou insconsciente e sua fotografia caída no solo da ponte Edmund Pettus Bridge percorreu o mundo.[12][13]
Ela teve queimaduras na garganta em virtude dos efeitos do gás lacrimogêneo,[13] mas, ainda assim, Amelia participaria das duas marchas seguintes. Finalmente, com proteção federal e com milhares de manifestantes, inclusive brancos, se reunindo ao protesto, a terceira marcha alcançou Montgomery no dia 24 de março com 25 mil pessoas.[10]
Os eventos do Domingo Sangrento e as marchas seguintes sensibilizaram a opinião pública nacional e contribuíram para a aprovação da Lei dos direitos de voto de 1965. Boynton foi convidada de honra na cerimônia em que o presidente Lyndon Johnson assinou a Lei em agosto daquele ano.[4][5][14][15]
Boynton casou-se novamente em 1969, com um músico chamado Bob W. Billups, que morreu em um acidente de barco em 1973.[3][6] Ela ainda se casaria pela terceira vez em 1976, com um antigo colega de classe de Tuskegee chamado James Robinson.[3] Ela se mudou com ele para Tuskegee após o casamento e James morreria em 1988.[6]
Em 1992, a proclamação do "Dia de Amelia Boynton Robinson" em Seattle e no estado de Washington foi suspensa quando oficiais anunciaram seu envolvimento em fraudes relacionadas ao Schiller Institute e um de seus fundadores Lyndon LaRouche. Foi a primeira vez que o estado destituiu alguém da honraria.[2]
Durante o ano 2007, Robinson viajou pela Suécia, Dinamarca, Alemanha, França e Itália, no exercício de funções como Vice-Presidente do Schiller Institute. Ela falou com jovens europeus sobre seu apoio a LaRouche, que negava fatos sobre os ataques de 11 de setembro de 2001, Martin Luther King e Franklin Delano Roosevelt, bem como sobre a continuidade de problemas de racismo nos Estados Unidos, o que ela dizia que foi demonstrado pelos recentes eventos em Jena (Luisiana).[16][17]
Amelia se aposentou como vice-presidente do Schiller Institute in 2009.[18]
Em fevereiro de 2011, com 99 anos, ela retornou a sua cidade natal em Savannah, para ensinar a estudantes da Savannah State University.[19][20]
Depois de sofrer uma série de acidentes vasculares cerebrais, morreu em 26 de agosto de 2015. em Montgomery, Alabama,[5] oito dias depois de celebrar seu 104º aniversário.
In 1990, Boynton foi premiada com a Medalha da Liberdade Martin Luther King.[2]
Seu livro de memórias, Bridge Across Jordan, inclui tributos de amigos e colegas incluindo Coretta Scott King and Andrew Young.
Em 2014, a cidade de Selma renomeou cinco blocos da rua Lapsley como rua Boynton em sua homenagem.[21]
Amelia foi interpretada por Lorraine Toussaint no filme de 2014 Selma, que tratava do movimento pelo direito ao voto e das Marchas de Selma a Montgomery. Já com 103 anos, ela não teve condições de viajar para ver o filme. A Paramount Pictures preparou, então, uma sessão privada em sua própria casa, aberta a seus familiares e amigos. Um repórter da CNN esteve presente para falar sobre o filme e as experiências de Amélia na cidade de Selma. Segundo esse profissional, Amelia teria considerado o filme fantástico.[22]
Em janeiro de 2015, Amelia participou do Discurso sobre o Estado da União, como convidada do presidente Barack Obama, e, em sua cadeira de rodas, ao lado de Obama e outros atravessou a ponte Edmund Pettus durante os festejos do 50º aniversário das marchas.[4][23]
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