Rádio Triunfo foi um grupo empresarial português de produção e distribuição de música criado no Porto, em 1946, e extinto em 1986. Detentor da Fábrica Portuguesa de Discos da Rádio Triunfo, a primeira a laborar em Portugal, e da editora discográfica RT (Rádio Triunfo).[1][2]

Factos rápidos
Rádio Triunfo, Lda.
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Rádio Triunfo
Fundação 1946
Fechamento 1986
Fundador(es) Rogério Leal
José Cândido Silva
Manuel Lopes da Cruz
Distribuidor(es) Alvorada
Melodia
Carioca
Gênero(s) Fado, folclore, nacional cançonetismo, rock
País de origem Portugal
Localização Porto
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História

A 23 de Março de 1946, Rogério Leal, e os sócios José Cândido Silva e Manuel Lopes da Cruz, criaram a empresa Rádio Triunfo Lda com sede no Porto. Pouco depois, em 1947, numa corajosa e inovadora atitude, construíram na Travessa Central do Seixo em São Mamede de Infesta, em Matosinhos, a Fábrica Portuguesa de Discos da Rádio Triunfo, a primeira a laborar em Portugal. [3][4]

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Logotipo da Fábrica Portuguesa de Discos

No início da atividade a fábrica apenas prensava discos de 78 rpm. Pouco depois iniciou a produção dos 45 rpm e, em 1948, começaram com as 33rpm. A empresa tinha um forte catálogo em música de ranchos folclóricos e intérpretes que desenvolveram as suas carreiras na rádio, caso de Tony de Matos, Maria de Lurdes Resende ou Maria Clara, numa relação de proximidade com a Emissora Nacional, cujo estúdio em Vila Nova de Gaia foi muito usado para gravações de discos. [5]

Em 1956, a Valentim de Carvalho criou a sua fábrica de discos como resposta à Rádio Triunfo. Só estas duas companhias portuguesas dominaram toda a cadeia vertical de produção fonográfica, desde a fábrica de produção dos suportes e de reprodução dos discos, à tipografia e litografia, ao armazém e ao comércio a retalho. Em 1957, a Rádio Triunfo abriu o primeiro estabelecimento comercial na Rua de Santa Catarina, em pleno centro da cidade do Porto, alargando-se depois para outras lojas: Rua de Santo António, hoje 31 de Janeiro (Porto), em 1961, e Rua do Carmo (Lisboa) em 1962.[6] Nesse ano foi gravado a versão oficial do Hino Nacional,[7] interpretado pela Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana nos estúdios da Rádio Triunfo, com captação e registo de Jaime Filipe. [8]

No início dos anos sessenta a Valentim de Carvalho dominava o mercado nacional com produção própria e repertório moderno, enquanto a Rádio Triunfo, sua principal concorrente, disponha de um catálogo tradicional muito abundante em Folclore, Fado e Nacional cançonetismo.[9] Em 1969, foi gravado o primeiro disco em estéreo, graças a um moderno equipamento topo de gama adquirido na Suécia.[10] No dia 15 de Fevereiro de 1974, abriram na Estrada da Luz, em Lisboa, o mais completo e bem apetrechado estúdio de gravação existente em Portugal. [10]

A Rádio Triunfo tornou-se na mais importante companhia discográfica portuguesa, com uma enorme produção, um vastíssimo catálogo e com forte representação das etiquetas nacionais, Alvorada, Melodia e Carioca, [9] e das internacionais como a CBS e WEA. [11] Com a morte de Rogério Leal, em 1979, a empresa foi adquirida pelo empresário Arnaldo Trindade, fundador da prestigiada editora discográfica Orfeu, e por José Serafim, proprietário da Movieplay Portuguesa e da Riso & Ritmo. [12][13]

A Rádio Triunfo lançou discos de grandes nomes da música portuguesa, sobretudo nas etiquetas Melodia e Alvorada, caso de João Villaret, Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, António Calvário, Hermínia Silva, Madalena Iglésias ou Fernanda Maria. José Cid foi um dos artistas que transitou do catálogo da Orfeu.[14] De notar o importante contributo da editora para o surgimento do boom do rock português, em 1980, com a edição de discos dos Roquivários, TNT, Seilasié e muitos outros.[2][11] Também foi importante com o lançamento de outros nomes como Terra a Terra, Raízes, Vai de Roda (música popular) ou Ana Faria (infantil). Os UHF, uma das bandas mais mediáticas do rock português, entraram para a editora em Setembro de 1982 já numa fase má da editora, agravada pela crise económica que o país atravessava, em 1983, com a entrada do Fundo Monetário Internacional. [15]

Em 1985, a editora foi acusada de práticas ilegais e verificou-se a consequente expulsão da Associação das Editoras (atual AFP) e da IFPI. Com a crise instalada, a Rádio Triunfo perdeu muitas das etiquetas internacionais que representava, acabando por decretar falência em 1986. Todo o espólio foi adquirido pela Movieplay Portuguesa. [2]

Artistas

Bandas e músicos que gravaram na Radio Triunfo
Bandas e músicos distribuídos pela Radio Triunfo


Referências

  1. «Fábrica Portuguesa de Discos da Rádio Triunfo Lda, Porto». MusicStack. Consultado em 15 de maio de 2015
  2. J.Soares. «Editoras:Rádio Triunfo». Viva80 Rádio. Consultado em 15 de maio de 2015
  3. «Label Rádio Triunfo». Rate Your Music. Consultado em 14 de maio de 2015
  4. Rui Branco (16 de maio de 2010). «Vida de paixão pelo vinil». Jornal de Notícias. Consultado em 15 de maio de 2015
  5. «Hino Nacional». Presidência da República Portuguesa. Consultado em 13 de maio de 2015
  6. «Jaime Filipe (1923-1992)». Colorize Media. Consultado em 15 de maio de 2015
  7. Joaquim Paulo da Cruz Oliveira (Abril de 2014). «O Processo de Internacionalização da Música Portuguesa (Pág.22)» (PDF). Instituto Politécnico do Porto. Consultado em 15 de maio de 2015
  8. Pedro Cunha (1 de março de 2010). «Os Fados da Alvorada». RTP. Consultado em 15 de maio de 2015. Arquivado do original em 3 de março de 2016
  9. «Editoras». Música Portuguesa-Anos 80. Consultado em 15 de maio de 2015. Arquivado do original em 28 de agosto de 2009
  10. «Global Music Pulse-Portugal». Billboard. Consultado em 15 de maio de 2015
  11. «Movieplay». Rate Your Music. Consultado em 15 de maio de 2015
  12. «Onda Pop». Onda Pop. Consultado em 15 de maio de 2015
  13. Ribeiro, António (2014). Por Detrás do Pano. Avenida da Liberdade 166 1º andar 1250-166 Lisboa: Chiado Editora. p. 63. ISBN 978-989-51-2692-7
  14. «Hermínia Silva». Palco Principal. Consultado em 18 de maio de 2015
  15. «Hei Companheiro! (single)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  16. «O Fado De Carlos Do Carmo (LP)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  17. «Maria Armanda». Cotonete-Media Capital. Consultado em 18 de maio de 2015[ligação inativa]
  18. «Esta Balada Que Te Dou (single)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  19. «Do Lado De Cá De Mim (LP)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  20. «Utopia (maxi single)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  21. «O Passarinho (single)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  22. «Passear Contigo (single)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  23. «Brincando Aos Clássicos (LP)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  24. «Desiderata (single)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  25. «Pelo Toque Da Viola (LP)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  26. «Vai de Roda». Música Portuguesa-Anos 80. Consultado em 15 de maio de 2015. Arquivado do original em 3 de março de 2016
  27. «Ó Cigana (single)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  28. «Persona Non Grata (LP)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  29. «Aspectos Humanos (LP)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  30. «Totobola (single)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  31. «Albatroz». Música Portuguesa-Anos 80. Consultado em 15 de maio de 2015. Arquivado do original em 3 de março de 2016
  32. «Caras & Taras (LP)». Discogs. Consultado em 18 de maio de 2015
  33. «O Design nas Capas de Discos». Música Portuguesa-Anos 80. Consultado em 20 de maio de 2015. Arquivado do original em 3 de março de 2016
  34. «Led Zeppelin II (LP)». Discogs. Consultado em 13 de fevereiro de 2017

Ligações externas

Ver também

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