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Cidade fundada por Alexandre Magno Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Ai-Khanoum ou Ay Khanum (literalmente "Jovem Lua", em usbeque), possivelmente a cidade histórica Alexandria de Oxiana ou Alexandria no Oxo, foi supostamente fundada por Alexandre Magno nas margens do rio Oxo (Amu Dária) e do seu afluente, o rio Kokcha, que nasce na cordilheira de Indocuche. Foi um dos focos do helenismo no oriente durante quase dois séculos até sua destruição por invasores nômades em 145 a.C, sendo também a data estimada da morte de Eucrátides I.[1]
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Ai-Khanoum | |
---|---|
Características | |
آیخانم, Eucratideia | |
Classificação | localidade sítio arqueológico |
Commons | Ai Khanoum |
Localização | |
Localidade | Afeganistão Takhar |
GPS | 37°10'8.4"N, 69°24'28.8"E |
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Atualmente está situada a noroeste do Afeganistão na província de Kondoz, próximo a fronteira do Tajiquistão. A cidade foi escavada pela organização francesa DAFA (Delegação Arqueológica Francesa no Afeganistão) e por cientistas russos entre os anos 1964 e 1978. A escavação foi dirigida por Paul Bernard, o qual teve que suspender os trabalhos devido a Guerra Civil do Afeganistão, que durante o conflito foi usado como campo de batalha, deixando apenas alguns resquícios do material original.
Acredita-se que Alexandre Magno fundou a cidade enquanto marchava para o Indo. Caio Plínio Segundo disse a respeito:
“ | E lá estão os sogdianos, nos confins do império, Alexandria, fundada por Alexandre Magno [2]. | ” |
A cidade foi fundada em uma data anterior a época aquemênida. Para construí-la em um estilo grego, foi usado elementos arquitetônicos persas de pedra calcária. Ptolomeu a rebatizou como "Alexandria de Oxiana", e é provável que mais tarde foi conhecida como "Eucratidia" durante o reino Gregobactriano. Foi destruída parcialmente depois de 150 a.C. pelas invasões dos citas e totalmente abandonada em 125 a.C, com a invasão dos tocarianos. Os gregos, no reinado de Heliocles I, estabeleceram seu reino no vale do Cabul, abandonando Alexandria e Báctra, capital sátrapa da pérsia Báctriana
A cidade foi fundada no lugar por diversos fatores. A região, irrigada pelo Oxo, tinha um grande potencial agrícola. Os recursos minerais eram abundantes na zona Hindu do rio Kokcha, especialmente a província de Badakhshan, com numerosas quantidade de rubis e ouro. E por último, sua localização era um entreposto dos territórios bactrianos e dos nômades do norte, permitindo o controle das rotas comerciais chinesas
Uma grande quantidade de artefatos e de estruturas tem sido achados, indicando uma cultura helenística avançada, com influencias orientais. " Tem todas as características de uma cidade helenística, com teatros gregos, ginásios e alguma casas gregas com colunas " (Boardman). Em geral Ai-Khanoum foi uma importante cidade grega, com uma extensão aproximada de 1,5 km², mesclando características urbanas do Império Selêucida e do Reino Gregobactriano.
A cidade foi destruída no reinado de Eucrátides I e jamais foi reconstruída.
Os arqueólogos desenterram várias estruturas, sendo algumas delas perfeitamente helenísticas, enquanto outros incorporaram elementos da arquitetura persa.
As habitações eram feitas de adobe, e em algumas ocasiões, o cimento era de tijolo para se proteger do frio. Não tinham um acesso direto ao exterior, e eram protegidas por paredes muito grossas, além de não possuírem jardins.
O palácio fora erguido entre o Oxo e a ágora. Na região central do palácio foi construído um grande patio com longos peristilos, cujas dimensões eram de 10,8 x 136,77 m. Tinha 116 colunas de pedras de calcário. No lado sudoeste, um grande átrio hipostilo de estilo aquemênida, com três filas de seis colunas, dava acesso a um patio retangular mais pequeno a céu aberto, de 26,02 x 6,50 m, cujas paredes estavam decoradas com colunas dóricas
Também havia vários fragmentos de esculturas, esculpidos de forma bastante convencional, adotando em geral um estilo clássico, que demonstram as inovações helenísticas, bastante usadas na região mediterrânea.
Merece atenção especial uma enorme pé de pedra no estilo helenístico. Se supõe que pertenceu a uma estátua de 6 metros de altura, possivelmente esculpida em uma posição sentada. Já que a sandália que veste o pé leva consigo uma representação simbólica de Zeus lançando um raio. Acredita-se ser uma versão reduzida do Zeus de Olímpia.
Entre os restos esculturais se encontra também:
Devido a falta de pedras apropriadas pare realizar trabalhos esculturais na área de Ai-Khanoum, se usava argila não cozida e estuque sobre um quadro de madeira, uma técnica utilizada igualmente na Ásia, especialmente na arte budista. Em alguns casos, algumas mãos e pés encontrados eram feitos de mármore.
Foram encontradas várias inscrições em Ai-Khanoum, em grego clássico e não barbarizado
"Païs ôn kosmios ginou (Crianças, aprendam as boas maneiras)
hèbôn egkratès (Jovens, aprendam a controlar suas paixões)
mesos dikaios (Na idade madura, sejam justos)
presbutès euboulos (Na velhice, deem bons conselhos)
teleutôn alupos. (E morram depois, sem ressentimentos)."
Outro escrito localizado foi feito por um homem grego chamado Claerco, provavelmente Clearco de Soles, discípulo de Aristóteles, que viveu parte de sua vida em Delfos:
(...) " Onde Clearco, tendo copiado cuidadosamente, as colocou no santuário de Cineas." (...)
As datas das jarras são estimadas em 147 a.C., e Ai-Khanoum foi destruída um pouco depois dessa época.
Numerosas moedas gregobactrianas foram achadas, do reinado de Eucrátides, mas nenhuma de períodos anteriores. Ai-Khanoum também proporcionou as únicas moedas gregobactrianas de Agatocles de Bactria, que consistiam em dracmas (antigas moedas gregas) de prata, com representações de divindades hindus. Nas moedas estavam as primeiras representações de divindades Rigvedas, e revelaram inéditas imagens de Vixnu, Balarama-Samkarshana e Vasudeva-Krishna. Supõe-se que constituem as primeiras tentativas gregobactrianas de estudar a prática indiana de cunhar moedas.
Também foram encontrados:
Ai-Khanoum foi uma efetiva cidade fronteira dos domínios indianos por vários séculos, se situando a pouco quilômetros da divisa.
Foram encontrados vários objetos indianos nos restos arqueológicos de Ai-Khanoum, especialmente um prato feito com vários materiais e cores, que narravam supostamente o mito indiano de Kuntula.[4]
Achou-se também moedas gregas, que continham gravuras de divindades indianas, as imagens de Vixnu, Balarama-Samkarshana e Vasudeva-Krishna.
Os numerosos relógios de sol sugerem que a cidade recebeu várias influências da astronomia indiana, decorrente das várias relações com o Império Máuria.[5]
Ai Khanoum possuía aparentemente um símbolo da cidade (um triângulo dentro de um círculo, com várias representações), que se encontrava impresso em um tijolo em um dos mais antigos edifícios do aglomerado urbano.
O mesmo símbolo era usado em várias moedas do império selêucida, o que sugere que todas elas foram cunhadas em Ai Khanoum. Várias dessas moedas que anteriormente eram consideradas selêucidas, passaram a ser classificadas como provenientes de Ai Khanoum, e disto se conclui que as fábricas de moedas desta cidade cunhavam mais peças do que a capital Báctria.
As primeiras moedas encontradas em Ai-Khanoum tem a figura de Seleuco IV Filopátor, e as últimas de Eucrátides, sugerindo que a cidade foi capturada depois desse reinado.
Os invasores nômades indo-europeus do norte (os citas e os tocarianos) cruzaram o Oxo e invadiram a Báctria em meados de 135 a.C. Aparentemente, a cidade ficou totalmente abandonada entre os anos 130 e 120 a.C, por causa das invasões dos tocarianos. Existem provas científicas que os principais edifícios da cidade foram incendiados. O último rei grego-bactriano, Helíocles I, mudou a localização da capital do império de Balkh para o vale do Cabul. Jamais se encontraram moedas de Helíocles em Ai-Khamoun, o que sugere que a cidade foi destruída logo após o reinado de Eucrátides. Os gregos continuaram controlando várias partes da Índia até aproximadamente o ano 1 a.C, quando os tocarianos expandiram seus territórios, formando o Império Cuchana.
Como ocorreu em outros acampamentos arqueológicos como Bagram e Hadda, o sítio de Ai-Khanoum foi saqueado durante a guerra do Afeganistão no governo comunista.
Os objetos encontrados são de suma importância, já que antes das escavações não havia restos encontrados da civilização gregobactriana e indogrega no leste, e por isso alguns se referem a cidade como um " espelho da Báctria". Estas descobertas dão uma nova perspectiva da influência da cultura grega no leste, e reforça a influência dos gregos na arte greco-budista.
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