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A Palavra Pintada (no original em inglês, The Painted Word) é um ensaio do jornalista Tom Wolfe que satiriza o sistema de arte e a dependência da produção e experiência da arte em relação à teoria da arte. Foi publicado primeiro na revista Harper's Magazine em 24 de junho de 1975,[1] depois foi publicado como livro pela editora Bantam Books,[2] recebendo várias reedições e traduções.
O argumento central do livro é que desde o modernismo até a época em que escreveu a arte se tornou cada vez mais dependente da teoria para ser compreendida e apreciada, e ao mesmo tempo se tornou progressivamente reducionista, eliminando não apenas o realismo e a representação figurativa mas também "linhas, cores, formas e contornos", "molduras, paredes, galerias, museus", para se tornar "teoria da arte pura e simples, purificada de toda a visão", um processo que culminava na arte conceitual, que ele considera uma experiência puramente literária e não artística. O autor declara no início que a ideia para a obra veio da leitura de um artigo do crítico Hilton Kramer no The New York Times, onde dizia que uma teoria convincente era crucial para a compreensão e desfrute da arte.[3][4]
Wolfe também satiriza o sistema de arte como um clube fechado composto de poucas pessoas, onde os principais interessados na teoria e na arte são os próprios críticos e artistas, deixando de fora o público em geral, que segundo ele não desempenha o menor papel na evolução do gosto e das ideias. Os críticos Clement Greenberg, Harold Rosenberg e Leo Steinberg, que efetivamente dominaram a crítica norte-americana entre os anos 1950 e 1960, são seus principais alvos, alegando que suas palavras eram tomadas como dogmas inquestionáveis, forçando a arte produzida na época se tornar uma mera ilustração de suas teorias.[1][4] Como disse o autor, não se trata mais de "ver é crer", e sim de "crer é ver" — "sem uma teoria para endossá-la, é impossível ver uma pintura".[5]
Quando foi publicada A Palavra Pintada desencadeou uma forte reação negativa entre a crítica, que denunciou várias falhas, distorções e simplificações indevidas, e deplorou o seu pobre conhecimento do campo e sua escassa compreensão dos méritos da arte contemporânea. Wolfe de fato não faz uma crítica de arte consistente no sentido de estudar em profundidade o contexto histórico e estético que levou ao surgimento e legitimação das novas escolas, e não articula um verdadeiro debate entre as ideias que critica e sua própria visão.[4][6][1][7]
Apesar das insuficiências apontadas, alguns críticos já na época da publicação a entenderam como uma crítica válida dos costumes, da sociedade e do mercado, e Viven Raynor no The Washington Post a chamou de "obra-prima".[7] É uma das obras mais conhecidas de Tom Wolfe,[8][9] e atualmente permanece controversa,[2][7] mas a ampla rejeição encontrada no início em parte se dissolveu, sendo adotada como referência obrigatória para discussão em muitas academias e cursos de Artes Visuais, História da Arte, Letras e Comunicação.[7] Vários autores apreciam a forma como ele explora, com um humor vivo e sarcástico, as contradições e o dogmatismo insustentável das teorias que se sucedem denunciando umas às outras, os modismos passageiros, a roda das vaidades e a ânsia pela fama, o glamour mistificador, as discussões bizantinas, o elitismo excludente, o formalismo excessivo e vazio de sentido, os interesses mercadológicos dissimulados e os pontos cegos do sistema de arte e seus agentes.[1][4][6][7][10] Suas observações sobre o processo de desmaterialização da arte e a ascensão da teoria ao longo do século XX são essencialmente corretas.[11] Segundo Leão & Lopes,
Para Eduardo Veras, o texto tem um "fôlego curto, mas pontaria precisa":
Uma resenha na Kirkus Reviews a analisou da seguinte forma:
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