Wahhabismo
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Wahhabismo,[1] wahabismo,[2] uaabismo[3] ou vaabismo[4] (em árabe: الوهابية) é um movimento do islamismo sunita,[5][6][7][8] criado no século XVIII e geralmente descrito como ortodoxo, ultraconservador,[9] extremista, austero,[10] fundamentalista[11] e puritano.[12] Propõe-se a restaurar aquilo que, na sua visão, seria o culto monoteísta puro.[13] Seus seguidores muitas vezes opõem-se ao termo wahhabismo, por considerá-lo pejorativo, preferindo ser chamados de salafitas ou muwahhid.[14][15][5]
A denominação do movimento refere-se ao líder religioso e teólogo Muḥammad ibnʿAbd al-Wahhāb (1703 -1792),[16] criador de um movimento revivalista na região remota e pouco povoada de Négede,[17] no centro da Arábia Saudita. Defendia a purificação do islamismo para devolvê-lo às suas raízes do século VII,[18] por meio de uma purga de práticas tais como o culto popular dos santos, de santuários e a visitação de túmulos de entes queridos, que eram generalizadas entre os muçulmanos, mas que Wahhab considerava como idolatria ou inovações incompatíveis com os preceitos islâmicos.[7][19] Posteriormente, Wahhab estabeleceu um pacto com um líder local, Muhammad bin Saud, oferecendo-lhe obediência política e garantindo que a defesa e a propagação do movimento wahhabita significariam poder e glória e o domínio de terras e homens .[20] O movimento está centrado no princípio de Tawhid,[21] ou a singularidade e unidade de Alá.[19] O movimento também usa os ensinamentos do teólogo medieval Ibn Taymiyyah e do jurista Amade ibne Hambal. Ele aspira a volta às primeiras fontes islâmicas fundamentais do Alcorão e Hadith,[22] rejeitando as escolas jurídicas tradicionais islâmicas, além das três primeiras gerações de muçulmanos como uma inovação desnecessária.[23][24]
As estimativas do número de adeptos ao wahhabismo variam, com uma fonte que dá um valor de cinco milhões de wahhabitas na região do Conselho de Cooperação do Golfo. De acordo com a Universidade de Columbia, a maioria dos wahhabitas do Conselho do Golfo estão no Catar, nos Emirados Árabes Unidos (EAU) e na Arábia Saudita. De acordo com estimativas, 46,87% da população do Catar e 44,8% dos habitantes dos EAU são wahhabitas, enquanto que 5,7% da população do Bahrein e 2,17% dos kuwaitianos também são parte do movimento. Os wahhabitas são a minoria dominante da Arábia Saudita.[25] Há 4 milhões de wahhabita sauditas, ou 22,9% da população do país, concentrados em Négede.[26] A aliança entre seguidores de ibn Abd al-Wahhab e sucessores de Muhammad bin Saud (a Casa de Saud) criou o Reino da Arábia Saudita, onde os ensinamentos de Mohammed bin Abd Al-Wahhab são patrocinados pelo Estado saudita e são a forma dominante do islamismo no país até atualmente.[10][27] Com a ajuda de financiamento das exportações de petróleo[28] (e outros fatores[29]), o movimento sofreu um crescimento explosivo partir da década de 1970 e agora tem influência em todo o mundo.[10]
O wahhabismo é acusado de ser uma fonte de terrorismo global[30][31] e por causar desunião na comunidade muçulmana, rotulando os muçulmanos não-wahhabitas como apóstatas (takfir),[32] abrindo assim o caminho para o derramamento de sangue.[33][34][35] O movimento também foi criticado pela destruição de mazaars, mausoléus e outros edifícios e artefatos históricos de muçulmanos e não-muçulmanos.[36][37][38] Os limites que determinam o wahhabismo têm sido classificados como difíceis de identificar,[39] mas no uso contemporâneo, os termos 'wahhabitas' e 'salafitas' são muitas vezes usados como sinônimos e considerados movimentos com diferentes raízes que se fundiram a partir dos anos 1960.[40][41][42] O wahhabismo também tem sido considerado como uma orientação particular dentro salafismo,[43] ou um braço saudita ultra-conservador do salafismo.[23][24]