Império de Axum
antigo Estado abrangendo o Sul da Arábia e o Corno de África / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
O Império de Axum (em Ge'ez: መንግሥተ አኵስም, em Grego antigo: Ἀξωμίτης) também conhecido como Reino de Axum, Cidade-Estado de Axum, ou Império Axumita foi um reino africano que se tornou conhecido pelos povos da região por volta do século I. Localizava-se no território onde atualmente fica o norte da Etiópia, e abrangendo a atual Eritreia, Djibuti e Sudão, bem próximo ao Mar Vermelho e ao Rio Nilo, estendeu-se no seu auge por grande parte do sul da Arábia durante o reinado de Kaleb, rei de Axum. Estava centrado na África Oriental e no Sul da Arábia desde a antiguidade clássica até a Idade Média.
መንግሥተ አኵስም (Ge'ez)
Ἀξωμίτης (Grego antigo) | |||||||||||||||||||
| |||||||||||||||||||
Império de Axum em seu zênite | |||||||||||||||||||
Continente | África | ||||||||||||||||||
Capital |
| ||||||||||||||||||
Língua oficial |
| ||||||||||||||||||
Religião | Cristianismo (Igreja Ortodoxa Copta; oficialmente depois do séc. IV)
Politeísmo axumita (depois de 350) | ||||||||||||||||||
Governo | Monarquia | ||||||||||||||||||
Negus | |||||||||||||||||||
• c. 100 | Zoscales (primeiro) | ||||||||||||||||||
• c. 940 | Dil Naode (último) | ||||||||||||||||||
Período histórico | |||||||||||||||||||
• c. 100 | Fundação | ||||||||||||||||||
• 150 a.C. | Estabilização | ||||||||||||||||||
• Séc. III | Envolvimento inicial no sul da Arábia | ||||||||||||||||||
• 330 | Conquista do Reino de Cuxe | ||||||||||||||||||
• 325 ou 328 d.C | Conversão de Ezana ao cristianismo | ||||||||||||||||||
• 520 | Conquista do Reino Himiarita | ||||||||||||||||||
• 570 | Ano do elefante | ||||||||||||||||||
• Séc. VII | Primeiras conquistas muçulmanas | ||||||||||||||||||
• c. 940 | Dissolução | ||||||||||||||||||
Área | |||||||||||||||||||
• 350[1] | 1 250 000 km2 | ||||||||||||||||||
• 525 | 2 500 000 km2 | ||||||||||||||||||
Moeda | AU, AR, AE unidades | ||||||||||||||||||
|
Por limitações técnicas, alguns navegadores podem não mostrar alguns caracteres especiais deste artigo. |
Os axumitas estabeleceram-se na região por volta do século V a.C., na cidade de Axum, e passaram a conquistar outras áreas próximas, cobrando tributos dos povos derrotados. A partir do século II, conquistaram várias cidades da Península Arábica e o Reino de Cuxe, ampliando consideravelmente seu Império.
Axum serviu como capital do reino por muitos séculos, mas mudou-se para Jarma[2] no século IX devido ao declínio das conexões comerciais e às recorrentes invasões externas.[3][4] Emergindo da civilização Dʿmt, o reino foi fundado em 150 a.C.[5] Não se sabe se uma guerra ocorreu ou não entre estados concorrentes pelo controle da região após a queda de D'mt evoluir para o Reino de Axum.
À medida que o reino se tornou uma grande potência na rota comercial entre Roma e a Índia e ganhou o monopólio do comércio do Oceano Índico, entrou na esfera cultural greco-romana. O grego era a língua de administração de Axum e era amplamente conhecida no século III d.C. Foi usada em inscrições, cunhagem e comércio.[6][7] A escrita Geʽez entrou em uso no século 4; no século VI, as traduções para Ge'ez já eram comuns.[8][7] Devido aos seus laços com o mundo greco-romano, o Reino de Axum adotou o cristianismo como religião oficial em meados do século IV, sob Ezana de Axum.[9] Após a sua cristianização, os axumitas cessaram a construção de estelas.[3]
O Reino de Axum foi considerado uma das quatro grandes potências do século III pelo profeta persa Manes, ao lado da Pérsia, Roma e China.[10] Durante o reinado de Endúbis, Axum começou a cunhar moedas que foram escavadas em lugares tão distantes como Cesareia e sul da Índia.[11] Axum continuou a se expandir sob o reinado de Gedara, que foi o primeiro rei axumita a se envolver nos assuntos da Arábia do Sul por volta do início do século III, conquistando a importante cidade de Najrã, as tribos Tiama e ocupando a capital do Reino Himiarita, Zafar, até uma aliança interna os expulsarem dos reinos. Os conflitos iemenita-etíopes, entretanto, continuaram ao longo do século III.
O reino continuou a se expandir ao longo da Antiguidade Tardia, conquistando o Reino de Cuxe sob o rei Ezana no ano 330 por um curto período de tempo e herdando dele o exônimo grego "Etiópia".[12] O domínio axumita no Mar Vermelho culminou durante o reinado de Elesbão de Axum, que, a mando do imperador bizantino Justino I, invadiu o Reino Himiarita no Iêmen para acabar com a perseguição aos cristãos perpetrada pelo rei judeu Dunaas. Com a anexação de Himyar, o Reino de Axum atingiu sua maior extensão territorial, sendo cerca de 2.500.000km². No entanto, o território foi perdido nas guerras Axumitas-Persas.[13]
O lento declínio do reino começou no século VII, altura em que a sua moeda deixou de ser produzida. A presença persa (e mais tarde muçulmana) no Mar Vermelho fez com que Axum sofresse economicamente e a população da cidade de Axum acabou encolhendo. Juntamente com fatores ambientais e internos, têm sido sugerida como a razão do seu declínio. Os últimos três séculos de Axum são considerados uma era das trevas e, devido a circunstâncias incertas, o reino entrou em colapso por volta de 960.[9] Apesar da sua posição como um dos principais impérios da antiguidade tardia, o Reino de Axum caiu enquanto a Etiópia permaneceu isolada durante o final da Idade Média.[14]