Guerra Civil Líbia (2011)
conflito armado no país norte-africano da Líbia em 2011 / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Guerra Civil Líbia[19] (em árabe: الحرب الأهليّة في ليبيّا), também conhecida como Revolução Líbia,[20] foi um conflito bélico que ocorreu neste país do norte africano. Começou com uma onda de protestos populares contra a ditadura de Muammar al-Gaddafi,[21] com reivindicações sociais e políticas, iniciada em 13 de fevereiro de 2011 na Líbia.[22] Fez parte do movimento de protestos nos países árabes em 2010 e 2011. Tal como na revolução na Tunísia e na revolução no Egito, os manifestantes exigiam mais liberdade e democracia, mais respeito pelos direitos humanos, uma melhor distribuição da riqueza e a redução da corrupção no seio do Estado e das suas instituições.[23] O chefe de Estado líbio, Muammar al-Gaddafi, também conhecido pelos nomes Gaddafi, Kadhafi e Qaddafi,[24] era o chefe de Estado árabe no cargo há mais tempo: liderou a Líbia durante 42 anos.[25]
Guerra Civil Líbia em árabe: الحرب الأهليّة في ليبيّا | |||
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Parte da Primavera Árabe e Crise Líbia | |||
O curso da guerra: Domínio rebelde em primeiro de março
Conflito entre março e julho
Áreas tomadas pelos rebeldes em agosto
Áreas tomadas pelos rebeldes em 1º de outubro
Últimos bolsões de resistência pró-Gaddafi (outubro)
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Data | 17 de fevereiro – 23 de outubro de 2011 (8 meses, 1 semana e 1 dia) | ||
Local | Líbia | ||
Desfecho | Derrubada do governo de Muammar al-Gaddafi
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Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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Estimativa total de baixas em ambos os lados, incluindo civis: 25 000 – 30 000 mortos, 4 000 desaparecidos[18] |
A luta começou em fevereiro de 2011 após o início de uma série de protestos na cidade litorânea de Bengasi pedindo a derrocada do regime de Gaddafi. Forças de segurança teriam aberto fogo contra a multidão para tentar dispersá-la. As manifestações, contudo, acabaram se espalhando pelo país e grupos de civis e militares desertores iniciaram uma resistência armada contra o governo. Boa parte das diferentes facções da oposição líbia se uniram formando então o chamado Conselho Nacional de Transição.[26]
Em março, as tropas de Gaddafi se reagruparam e começaram a avançar pela costa em direção ao leste, em áreas sob controle dos rebeldes, avançando contra Bengasi, a maior cidade em mãos da oposição. Frente a escalada da violência no país, a ONU autorizou, através da Resolução 1973, o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, marcando o início de uma intervenção armada estrangeira (liderada pela OTAN) para "proteger os civis" e, em última análise, remover Muammar Gaddafi do poder.[27] Propostas de cessar-fogo foram feitas tanto pelo governo, quanto por organizações estrangeiras (como a União Africana). Contudo a oposição recusou praticamente todas afirmando que seu objetivo era 'derrubar a ditadura de Gaddafi'.[28]
Após meses de combates violentos, a intervenção estrangeira acabou por virar a maré da guerra em favor dos rebeldes. Com as forças do regime recuando, militantes da oposição lançaram avanços coordenados pela costa em direção ao oeste do país. Em agosto, a capital da Líbia (o município de Trípoli) foi atacada pelos rebeldes que, após apenas uma semana de lutas, conseguiram tomar a cidade.[29] Gaddafi conseguiu escapar a captura e fugiu para o oeste, em zonas ainda sob controle de forças leais a ele. Em setembro de 2011, o Conselho Nacional de Transição líbio foi reconhecido pela comunidade internacional como os novos representantes legais do povo do país. Muammar Gaddafi permaneceu em fuga até que os rebeldes convergiram sobre a cidade de Sirte, em outubro de 2011, onde o ex líder líbio estava se escondendo. Na violenta batalha que se seguiu, Gaddafi acabou sendo preso por militantes da oposição e foi morto logo em seguida sob circunstâncias estranhas.[30] A Líbia foi declarada oficialmente "libertada" em 23 de outubro de 2011.[31]
No período posterior a guerra civil, uma pequena insurgência pró Gaddafi começou. A queda do ditador do poder acabou não trazendo estabilidade a Líbia. Velhas rivalidades tribais, sectárias e religiosas voltaram à tona. A oposição líbia estabeleceu em Trípoli um novo governo, empossando um parlamento para liderar a nação mas mesmo isso acabou não trazendo a paz.[32][33] As milícias que lutaram juntas para derrubar Gaddafi acabaram se voltando umas contras outras, em busca de poder e dominação.[34] Manifestações pedindo um governo mais firme e paz se alastraram por centros urbanos, mas o Parlamento não conseguiu controlar a situação. A Líbia afundou em profunda desestabilidade política nos anos seguintes e várias regiões foram entregues ao caos e a anarquia.[35]