Quem o conhecia de perto só podia se surpreender com tanta acrimônia e admirar sua força de ânimo e serenidade. Eu me lembro de suas profundas reflexões extemporâneas num colóquio sobre a virtude da fortaleza. Foi sua resposta silenciosa e cheia de dignidade aos ataques injustos e baixos. Em nossas reuniões no seio da Congregação, que – por coincidência – conserva o método de trabalho colegial, e nos contatos pessoais, nós conhecemos um outro Ratzinger.
Jesus Cristo, morto e ressuscitado, Senhor do cosmos, do tempo e da história, assegura a sua presença activa na obra missionária até ao fim dos séculos. A missão que Lhe foi confiada pelo Pai e por Ele conduzida no poder do Espírito durante a sua existência terrena, é agora confiada aos seus discípulos, à sua Igreja, permanecendo porém obra sua. A Igreja realiza pois esta obra não como algo de autonomamente próprio nem sequer com as suas próprias forças; trata-se ainda, no sinal do mistério da Encarnação, de uma obra divino-humana, à qual a assistência divina é prometida e garantida.
Com ele desaparece uma figura que fez honra à Cúria Romana pela sólida fé que o caracterizava, por sua genuína espiritualidade, seu animado "sensus Ecclesiae", o grande equilíbrio em seus julgamentos, sua calma, bom senso, amabilidade e gentileza.
Saúdo cordialmente o Cardeal Jozef Tomko, cuja presença nos faz sentir que a Igreja é uma família que sabe honrar a velhice como um dom. Mas tenho uma dúvida, ele parece mais novo do que eu!