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dança de salão com tempo 3/4 Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Valsa (do alemão Walzer e francês Valse) é um gênero musical e dança em compasso ternário. Sua influência na história da música culta ocidental foi enorme, com a possível exceção do minueto.[1] Transplantada para as Américas foi gradualmente sendo adaptada e eventualmente nacionalizada por compositores e bailarinos locais.[2] Se tornou a dança de salão mais popular do século XIX, sendo também usada em várias operetas, ballets, óperas e música instrumental.[3]
Há referências a uma dança de par deslizante, que evoluiria para a valsa, que datam da Europa do século XVI. O filósofo francês Michel de Montaigne escreveu sobre uma dança que viu em 1580, em Augsburg, em que os dançarinos se abraçavam tão intimamente que os seus rostos se tocavam.[4] Por volta de 1750, as classes baixas camponesas das regiões da Baviera, Tirol e Estíria (Áustria) começaram a dançar uma dança de casais chamada Walzer. O Ländler, uma dança campestre em compasso ternário, era popular na Boémia, Áustria e Baviera, e espalhou-se do campo para os subúrbios da cidade. Enquanto as classes altas do século XVIII continuavam a dançar os minuetos (como os de Mozart, Haydn e Haendel), os nobres entediados escapavam para os bailes dos seus criados.[5] Os compositores mais famosos do gênero são os membros da família Strauss, Josef e Johann Strauss. A forma musical foi depois reinterpretada por compositores como Frédéric Chopin, Johannes Brahms e Maurice Ravel. Johann Strauss II compôs mais de duzentas valsas sendo considerado o Rei da Valsa.[5]
Escandalizando muitos quando foi introduzida pela primeira vez, a valsa tornou-se moda em Viena por volta de 1780, espalhando-se por vários países nos anos seguintes. Alguns manuais de dança, a exemplo do A Description of the Correct Method of Waltzing, de Thomas Wilson, de 1816, iniciavam o texto introdutório fazendo uma defesa e um elogio da valsa, antes de apresentar os passos e coreografias de suas variantes.[6] No fim do século XIX a dança passou a ser aceita pela alta sociedade — especialmente pela sociedade vienense.No início do século XX passa a ser um dos tipos de dança de par competitivos na dança de salão.[7]
No século XXI, além da dança de salão, as valsas são muito utilizadas em bailes de debutantes, casamentos e formaturas.[8] A celebração de apresentação das jovens de quinze anos acontece em toda a América Latina, sendo uma marca cultural nas comunidades hispânicas também nos Estados Unidos, com o nome de quinceañera. [9]
O musicólogo Derek Scott analisa as características musicais que aparecem com a valsa vienense, em especial seu ritmo contagiante, bem como novos timbres orquestrais introduzidos por Joseph Lanner e Johann Strauss pai e Johann Strauss filho. Estes, especialmente os últimos, criaram um estilo de música que deu um novo sentido para a música de entretenimento no contexto da produção industrial de partituras e da organização empresarial em torno da orquestra de baile ou concerto.[10] Joseph Lanner é mais lembrado como um dos primeiros compositores vienenses a transformar a valsa de uma simples dança camponesa para algo que até a mais alta sociedade poderia desfrutar, seja como acompanhamento da dança ou pela música. Ele era tão famoso quanto seu amigo e rival musical Johann Strauss I, que era mais conhecido fora da Áustria em sua época por conta de suas turnês no exterior, em particular para a França e Inglaterra.[11]
A valsa e a polca são as primeiras danças não espanholas a chegar na América Latina hispânica. Ambas alcançaram grande êxito nas colônias. Tanto é assim que a valsa tomou uma forma própria em vários países, entre eles o Peru, Argentina (onde é conhecida como valsa argentina ou "litoraleña"), Brasil, Venezuela, Colômbia, Equador e Panamá.[12]
No Equador, a valsa europeia chega com as guerras de independência no início do século XIX, sendo adaptada por músicos locais no pasillo, um gênero musical vocal em compasso ternário e com temática amorosa.[13]
A valsa peruana, conhecida como "vals criollo" ou "valsecito" é um gênero musical originário da cidade de Lima, capital do Peru, tendo surgido nas festas de bairros populares limenhos (os Barrios Altos).[12] Passou por várias fases, incluindo o período conhecido como da guardia vieja (velha guarda), do final do século XIX até a década de 1920. Numa segunda fase, predominou uma representação poética da classe trabalhadora com compositores como Felipe Pinglo, enquanto, a partir da década de 1950, aparecem valsas cheias de nostalgia, a exemplo de "Fina estampa", de Chabuca Granda,[14] também gravada por Caetano Veloso.
A valsa chegou ao Brasil com a transferência da corte portuguesa ao país, em 1808, sendo adotada, ao lado da quadrilha nos salões da sociedade urbana emergente. Ao longo da segunda metade do século XIX, a valsa, assim como a polca, continuou a ter grande aceitação como música instrumental, sendo incorporada no final do século ao repertório dos músicos de choro. Se misturando com a modinha, numa terceira fase, adentrando o século XX, a valsa "com letra" se consolida como canção amorosa.[15]
A dança de salão na Inglaterra se desenvolveu no início do século XX, nos salões de baile populares à beira-mar, dando preferência a valsas mais lentas, diferentemente das danças e bailes privados ou oficiais, onde imperava a valsa Vienense, mais rápida e de difícil execução. No entanto, em meados do século, tanto o estilo de valsa mais lento, conhecido como valsa inglesa, quanto a valsa vienense – além do foxtrote, do tango de salão e Quick-step, bem como as danças latino-americanas, rumba, salsa, samba, jive, passo doble e chá-chá-chá – passaram a compor o conjunto de danças para competição internacional.[16]
A coreografia que é popularmente conhecida como valsa nessas competições é a valsa inglesa ou lenta, dançada a aproximadamente 90 pulsações por minuto com três tempos por compasso (o padrão internacional de 30 compassos por minuto ), enquanto a valsa vienense é dançada a cerca de 180 pulsações (58-60 compassos) por minuto. Até hoje, no entanto, na Alemanha, Áustria, Escandinávia e França, as palavras Walzer (alemão), vals (dinamarquês, norueguês e sueco) e valse (francês) ainda se referem implicitamente à dança original vienense e não à valsa lenta.[16]
A valsa, assim como as outras danças de salão mencionadas é avaliada segundo um padrão internacional de dança, ou seja um conjunto de níveis de dança, programas de passos e estilos de dança que fazem parte das competições internacionais de danças salão, classificadas pela entidade Conselho Mundial de Dança. O Dancesport (em português Dança Esportiva) é o termo oficial que representa a Dança de Salão como um esporte competitivo em nível amador e profissional. Este programa padrão da dança utilizado em competições internacionais é chamado de syllabus, uma sequência de passos principais e oficiais para um determinado ritmo, escolhidos por uma entidade superior, neste caso a Imperial Society Teachers of Dance (ISTD).[17][18]
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