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Pôncio (em latim: Pontius), também chamado de Pôncio, o Diácono (metade do século III) foi um santo cristão e um autor latino de Cartago. Ele serviu como diácono sob Cipriano de Cartago (futuro São Cipriano de Cartago) e escreveu Vita Cypriani ("Vida de Cipriano") logo após a morte deste.
São Pôncio de Cartago | |
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Entalhe do século XV com Pôncio testemunhando o martírio de São Cipriano de Cartago | |
Diácono | |
Nascimento | século III |
Morte | século III |
Veneração por | Igreja Católica |
Portal dos Santos |
Existe apenas um relato sobrevivente sobre Pôncio, uma menção brevíssima na obra De Viris Illustribus de Jerônimo de Estridão (cap. 68):
“ | Pontius, diaconus Cypriani, usque ad diem passionis eius cum ipso exsilium sustinens egregium volumen vitae et passionis Cypriani reliquit. Pôncio, diácono de Cipriano que suportou seu exílio com ele até o dia de seu martírio, escreveu um maravilhoso livro sobre a vida e paixão de Cipriano. |
” |
Embora o autor não seja identificado na Vida de Cipriano, Jerônimo claramente está escrevendo sobre esta obra [2]. A única outra informação sobre ele vem das próprias palavras do autor: ele escreve em parte sobre aquilo que testemunhou pessoalmente ou que ouviu diretamente de pessoas mais velhas[3] Ele acompanhou Cipriano ao exílio em Cúrubis (atual Korba, na Tunísia)[4]. Do prefácio, parece que Pôncio não conhecia nenhum outro relato sobre o martírio de Cipriano quando escreveu o seu[5].
Além disso, pouco é certo. Alusões e estilos de oratória indicam que Pôncio deve ter sido muito bem educado, com conhecimentos tanto sobre a Bíblia quanto da retórica secular[6]. Hermann Dessau observou a coincidência de uma inscrição na pequena cidade de Cúrubis para um magistrado local com o nome de Pôncio e sugeriu que os elogios à cidade na obra e o desejo do autor em associá-la com o martírio de Cipriano poderiam refletir um patriotismo local[7]. Outros estudiosos ou rejeitam isto ou consideram impossível de ser provado [8]
Os manuscritos estão intitulados Vita Cypriani ("A Vida de Cipriano"), enquanto que Jerônimo se refere a ela como Vita et passio Cypriani ("Vida e martírio de Cipriano"). A referência de Jerônimo não necessariamente se refere ao título, embora seja claro que o livro está dividido em duas partes, uma sobre a vida de Cipriano e outra com os eventos que levaram à sua morte[9][10]. No prefácio, Pôncio lamenta a existência de relatos detalhados de martírios de cristãos leigos., mas nenhum de um bispo como Cipriano, que já teria valor suficiente para ser narrado mesmo sem o martírio [5]. Os capítulos 3 a 10 relatam as atividades de Cipriano desde a sua conversão, enquanto os capítulos 11 até 19 descrevem os procedimentos perante dois diferentes procônsuls, seus julgamentos e a morte de Cipriano[10][11].
Embora Pôncio tenha conhecido Cipriano pessoalmente, muitos já se desapontaram com a falta de informações mais detalhadas no livro. Em parte, isso se deve à tendência do autor de meramente aludir aos assuntos que ele espera que o leitor conheça[12]. Ao lado de um pequeno número de elementos derivados de sua experiência própria, como o sonho profético que Cipriano teve sobre o exílio em Cúrubis em 257, Pôncio se utilizou de seus próprios escritos e um relato de uma audiência com o pro-cônsul em 257: um protocolo dele estava circulando ainda durante a vida de Cipriano e se tornaria depois parte do relato de sua morte, conhecido como Acta Proconsularia[13]. Pôncio se refere a este protocolo (e talvez também ao da segunda audiência, no ano seguinte) e transcreve um relato mais frouxo e menos detalhado[14]. Outra influência foi a obra Passio Perpetuae et Felicitatis ("Paixão de Perpétua e Felicidade), um relato anterior sobre duas mártires cartaginenses, que motivou sua decisão de escrever não apenas a paixão, mas também um relato da vida de Cipriano[15].
Cipriano foi uma figura controversa durante sua vida e, mesmo após sua morte, Pôncio considerou importante reagir contra algumas das críticas que ele tinha recebido. A obra tem uma característica particularmente apologética em seu tratamento da eleição de Cipriano para bispo, que alguns cartaginenses contestaram[16] e da decisão de Cipriano de se esconder durante a perseguição de Décio de 250, ao invés do martírio[17].
Harnack acredita que embora seja impossível que a biografia tenha sido escrita imediatamente após a morte de Cipriano, o capítulo final e outros dão a impressão de que o martírio de Cipriano tenha sido um evento recente e assim ele atribui à obra a data de 259[18]. Outros preferem uma data um tanto posterior, quando a maior parte da audiência de Pôncio já seria familiar com Cipriano pelas suas obras ao invés de pessoalmente[19].
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