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A Ufologia ou Ovnilogia é o conjunto de assuntos e atividades associadas ao interesse em objetos voadores não identificados e fenômenos relacionados que sirvam de objeto de investigação a governos, grupos independentes de jornalistas e cientistas (ufólogos) ou interesse da sociedade em geral. Os fenômenos referentes à Ufologia podem ter caráter diverso, indo desde alegados avistamentos de espaçonaves, quedas de naves espaciais, contatos com seres extraterrestres, sequestros(abduções), comunicações telepáticas até desastres supostamente originados por essas entidades.[3][4][5]
A ufologia não constitui um campo de pesquisa científica reconhecido, constituindo-se num ramo de investigação, parte dele especulativo, e que não faz uso do método científico, sendo caracterizada pela comunidade científica como uma pseudociência, e pelos próprios ufologistas como uma pesquisa, não uma ciência de facto, a par da biologia ou outras.[6][7][8]
A crença de que alguns objetos voadores não identificados podem ter origem extraterrestre e alegações de abdução alienígena são rejeitadas pela maior parte da comunidade científica. Não há qualquer evidência amplamente aceita que corrobore a existência de vida extraterrestre; no entanto, várias reivindicações controversas já foram feitas. A grande maioria dos relatos desses objetos podem ser explicados por avistamentos de aeronaves humanas, fenômenos atmosféricos ou objetos astronômicos conhecidos, ou são apenas embustes. Cerca de 36% dos casos restam inexplicados, conforme estatísticas do CNES/GEIPAN em 2023.[9][10][11]
A etimologia da palavra ufologia deriva da junção do acrônimo -ufo, do inglês "unidentified flying objects", e o sufixo -logia que vem do grego antigo -λογία, que significa estudo ou ramo de conhecimento. No Oxford English Dictionary, é atribuída a primeira referência publicada do termo ao Times Literary Supplement de janeiro de 1959, onde se lia: "Os artigos, relatórios e estudos burocráticos que foram escritos sobre este visitante desconcertante constituem "ufologia".[3] O acrônimo UFO foi cunhado por Edward J. Ruppelt, capitão da Força Aérea dos Estados Unidos e chefe do Projeto Livro Azul. Em seu livro The Report on Unidentified Flying Objects de 1956, Ruppelt declara: “UFO é o termo oficial que eu criei para substituir as palavras discos voadores". No Brasil, o termo ufologia é amplamente utilizado, apesar do acrônimo UFO ser comumente substituído pelo acrônimo OVNI, não sendo substituído pelo equivalente no português europeu, ovnilogia.[3]
No final do século XIX e início do XX a questão da vida extraterrestre já era apresentada em livros, como os do astrônomo Percival Lowell, sobre uma hipotética civilização marciana avançada, "Mars" (1895), "Mars and Its Canals" (1906),[12] ou no livro A Guerra dos Mundos de H. G. Wells, sobre uma invasão marciana ao nosso planeta. No Brasil, os primeiros livros de ficção científica com a temática da pluralidade de mundos foram O Doutor Benignus (1875)[13] de Augusto Emílio Zaluar, A Liga dos Planetas (1923) de Albino José F. Coutinho e O Outro Mundo (1934) de Epaminondas Martins.[14] Também em jornais, história em quadrinhos e programas de rádio, como a transmissão em 1938 nos Estados Unidos da dramatização do livro A Guerra dos Mundos, que gerou pânico ao ser confundida pelos ouvintes com um ataque real de alienígenas marcianos[15] e filmes do seriado Flash Gordon (1936) com extraterrestres do planeta Mongo.
No Brasil, os extraterrestres de Orson Welles apareceram nos jornais do Rio de Janeiro que noticiaram o pânico provocado pela transmissão de A Guerra dos Mundos. O Diário da Noite em sua primeira página de 06 de dezembro de 1938 noticiou "Susto Incrível Por Todo o Paiz" (sic). O Correio da Manhã publicou em sua terceira página: "A Guerra dos Mundos - Momentos de Pavor..." (sic) [nota 1]. Em São Paulo, a Folha da Manhã publicou: "Intenso panico provocado nos Estados Unidos pela irradiação de A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells".[16] Quadrinhos de Flash Gordon começaram a ser publicados no Brasil em 1934[17] e filmes da série do herói também foram exibidos nos cinemas brasileiros nas décadas de 30 e 40.
O fenômeno OVNI, como tal o conhecemos hoje, veio na forma de um objeto aéreo, parecido com um dirigível, que sobrevoou vastas regiões nos Estados Unidos entre 1896 e 1897, começando pela Califórnia. O jornal San Francisco Call publicou em 23 de novembro de 1896 uma ilustração da misteriosa nave aérea. Na noite de 25 de novembro a suposta nave reapareceu em onze lugares ao longo do estado.[18] O dirigível misterioso continuou a ser notícia até 1897; o jornal Chicago Chronicle de 13 de abril daquele ano publicou: A Nave Aérea é vista em Iowa[19] e o The Dallas Morning News em 19 de abril publicou um incidente em Aurora, Texas, quando a nave aérea colidiu com um moinho de vento, explodindo. O piloto, escreveu o jornal, não era um habitante desse mundo.[20]
Outro fenômeno aéreo desconhecido surgiu em 1945, conhecido como foo fighter. Em dezembro de 1945 surgiu o primeiro artigo nos Estados Unidos dando conta da observação por pilotos aliados durante a Segunda Guerra Mundial, de bolas de fogo, que se aproximavam dos aviões.[21] O fenômeno chegou a ser descrito como pratos de torta, roscas voadoras, bolhas de sabão, balões e dirigíveis. Tripulações de bombardeiros chegaram a disparar contra essas bolas de fogo, sem resultado.[22]
Em 1946 surgiram histórias vindas da Suécia e países escandinavos, sobre a observação de vários foguetes no céu relatados a imprensa, apelidados de foguetes fantasmas, devido a sua origem desconhecida à época.[23] Investigações conjuntas envolvendo o Estados Unidos, Reino Unido e Suécia atribuíram a grande maioria das observações a lançamentos de foguetes da extinta União Soviética.[24] Surgimento de foguetes desconhecidos foram noticiados sobrevoando também o norte da Grécia pelo inglês London Daily Telegraph e por jornais gregos.[25]
O ano de 1947 foi o marco inicial do surgimento do interesse pelos chamados discos voadores, designação popular e precursora do acrônimo UFO, criado por Edward Rupplet para objetos voadores não identificados. O chamado viral aos discos voadores começou em 1947.
Em 24 de junho de 1947, o piloto civil Kenneth Arnold, pouco antes das três da tarde, estava sobrevoando a área do Monte Rainier no estado de Washington, a procura de destroços de um avião C-46, quando observou uma formação de nove objetos voadores em forma de disco muito brilhantes, que comparou a pires saltando sobre a água[26] e que um deles era diferente dos demais, na forma de um crescente.[27] Na entrevista que deu à rádio KWRC dia 25 de junho disse que eram parecidos com morcegos, ou em forma de crescente. Arnold estimou a distância entre trinta e dois e quarenta quilômetros e velocidade em surpreendentes 1.700 milhas por hora. A história era fantástica e a reputação do piloto inatacável. Os editores de jornais da região ficaram impressionados e quando a Força Aérea americana negou ser a origem dos objetos, rapidamente a história ganhou as primeiras páginas da imprensa mundial. Começava a saga dos discos voadores. O rastilho foi aceso no dia 25 de junho, quando dois jornalistas de um jornal local, o Y East Oregonian, entrevistaram Kenneth Arnold e publicaram um curto artigo, onde pela primeira vez o termo discos voadores aparecia. E num despacho de imprensa enviaram a notícia ao escritório da Associated Press em Portland,[28] dali se espalhando para todo o globo.
O furor mundial[29] com a notícia se refletiu no Brasil, com a publicação do caso no jornal O Globo de 27 de junho,[nota 2] apenas três dias depois, em um artigo com o título "Objetos Misteriosos Sobrevoam os EE. UU.", reproduzindo uma nota da agência de notícias France Presse (AFP): "O Departamento da Guerra abrirá um inquérito e tomará enérgicas medidas a fim de que os boatos relativos ao sobrevôo do território dos Estados Unidos por objetos misteriosos não se espalhe pelo país e para que não atinjam a amplitude que atingiram na Suécia, no ano passado", e que informações do governo americano aludiam que a velocidade era ridícula “pois que o avião mais rápido do mundo absolutamente não passa de 1000 quilômetros por hora e que as bombas voadoras não voam a menos de 5.000 quilômetros horários e que são invisíveis nessa velocidade”.[16]
Na sequência da divulgação, outros relatos surgiram e a semana de 4 de julho de 1947, estabeleceu um recorde para os relatórios sobre OVNIs no país que não foi quebrado até 1952.[26] Outro estudo identificou mais de 850 observações de OVNIs feitos durante junho e julho de 1947, em quarenta e oito estados americanos, em Washington e no Canadá.[27]
O Caso Kenneth Arnold tem sido estudado e várias interpretações para sua observação tem sido dadas ao longo das décadas.[30]
Em 8 de julho de 1947, alguns dias após o caso Kenneth Arnold, o jornal Roswell Daily Record publicou a manchete “Força Aérea norte-americana captura disco voador num rancho na região de Roswell”, essa notícia foi replicada por inúmeros jornais nos Estados Unidos e no mundo,[31] e teve origem na nota oficial da Base Aérea de Walker, localizada na cidade de Roswell, Novo México, que informava a imprensa de que um disco voador acidentado tinha sido recolhido e examinado pela força aérea.[32][33] A notícia ganhou o mundo e chegou também no Brasil. O jornal a Folha da Noite de São Paulo, em 9 de julho de 1947, repercutia naquele momento o desmentido da Força Aérea norte-americana, poucas horas depois, sobre a queda de um disco voador, alegando se tratar na verdade de um balão, com a notícia: “Reduzidos às suas verdadeiras proporções os misteriosos discos-voadores”. O chamado Caso Roswell foi logo esquecido após o desmentido, ressurgindo novamente apenas em 1978 quando revivido pelo físico e ufólogo Stanton Terry Friedman. As notícias sobre os discos voadores de Kenneth Arnold e de Roswell podem ser considerados os gatilhos para a primeira onda ufológica brasileira. Os jornais brasileiros noticiaram discos no Rio de Janeiro, São Paulo, Presidente Prudente (um suposto disco acidentado), Campinas, Santos, Belo Horizonte, Recife. O jornal O Globo chegou a anunciar: “Enchem-se de discos voadores os céus do Brasil”. A onda refluiu na segunda quinzena de julho de 1947.[34][35]
No Brasil, incidentes envolvendo OVNIs ou supostas aparições de seres extraterrestres também se tornaram mais frequentes depois de Roswell. Casos com grande repercussão na mídia como a Operação Prato,[36] Caso Varginha[37] e a chamada Noite Oficial dos OVNIs são ícones da ufologia brasileira.
Sindicância EMAER (1954) No dia 24 de outubro de 1954, entre 13 h e 16 h, foram observados corpos estranhos sobre a Base Aérea de Porto Alegre[nota 3], sendo noticiado na imprensa gaúcha e também na imprensa da capital federal, na época, a cidade do Rio de Janeiro. O chefe do Estado Maior da Aeronáutica (EMAER), brigadeiro Gervásio Duncan de Lima Rodrigues, autorizou o comandante da Base, a proceder "(...) as investigações necessárias, mantendo o Estado-Maior informado de tudo." [38]
Em 16 de novembro de 1954, o próprio brigadeiro Gervásio, concedeu entrevista coletiva a jornalistas e radialistas, apresentando cinco relatórios, de um total de dezesseis, contendo depoimentos do pessoal da Base sobre a movimentação de um objeto arredondado de cor prateada fosca a grande altitude, com um dos depoimentos citando dois objetos. Enfatizou se tratar de depoimentos idôneos e declara: "Não duvido que tenham visto o que relatam. Mas não posso assegurar que se trate de discos voadores.". Também declara que não havia em curso nenhuma investigação oficial da Aeronáutica sobre discos voadores.[39]
Palestra ESG (1954) Em 2 de dezembro de 1954, o chefe do Serviço de Informações do Estado Maior da Aeronáutica, coronel João Adil Oliveira[40] proferiu na Escola Superior de Guerra - ESG, a pedido do brigadeiro Antônio Guedes Muniz, uma palestra sobre discos voadores voltada para a Defesa, com a presença de altas patentes das Forças Armadas, inclusive o chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, além de jornalistas, técnicos e civis.[41] Durante a palestra declarou: "O problema dos Discos Voadores tem polarizado a atenção do mundo inteiro, é sério e merece ser tratado com seriedade. Quase todos os governos das grandes potências se interessam por ele e o tratam com seriedade e reserva, dado seu interêsse (sic) militar.".[42]
O coronel Adil não consultou a comunidade científica, nem analisou os casos apresentados na palestra de um ponto de vista técnico. Utilizou largamente citações de livros de en:Donald Keyhoe e Hugo Rocha (escritor), defensores da hipótese extraterrestre. Sua abordagem foi a favor dessa hipótese. No mês seguinte, a revista Ciência Popular criticou duramente a palestra e o despreparo do Serviço de Informações, além do crédito dado pelo coronel Adil, a uma reconhecida fraude fotográfica de 1952 perpetrada por O Cruzeiro (revista), conhecido como Caso Barra da Tijuca.[16]
SIOANI (1969 - 1972)
O SIOANI, acrônimo de Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados, foi uma estrutura organizacional criada pelo Comando da 4ª Zona Aérea da FAB, para investigação e pesquisa científica do OANI - Objeto Aéreo Não Identificado,[43] entre os anos de 1969 e 1972. Foi patrocinado pelo brigadeiro José Vaz da Silva, comandante da 4ª Zona Aérea e coordenado pelo major Gilberto Zani de Mello.[44] Sua área de atuação foi principalmente o Estado de São Paulo, mas investigou casos em vários outros.[45]
Em 31 de outubro de 2008, o Arquivo Nacional (Brasil) recebeu do CENDOC - Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica, um conjunto de publicações do período 1952-1969, relativo a OVNIs, entre eles, documentos identificados do SIOANI. Em 23 de abril de 2009, novas publicações oficiais, dessa vez do período 1970-1979, foram entregues ao Arquivo Nacional pelo CENDOC, entre elas, novos documentos do SIOANI, cobrindo os anos de 1970 a 1972.[46]
Um conjunto de documentos elaborados pela 4ª Zona Aérea, constituído de relatórios, boletins, croquis, fotos, slides, foi obtido pelo pesquisador Edison Boaventura Júnior,[nota 4] de um investigador civil do SIOANI, o sociólogo Acassil José de Oliveira Camargo.[47] Essa documentação foi entregue a Comissão Brasileira de Ufólogos e pode ser acessada por sítio mantido pela Revista UFO. O Arquivo Nacional recebeu do pesquisador em 2009 o mesmo material, mas não foi catalogado eletronicamente e disponibilizado pela instituição.
O núcleo operacional eram a chefia da Central de Investigação, o CIOANI e os Núcleos de Investigação, NIOANIs, incluindo também a parte científica, o laboratório do ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Era composto por investigadores militares e civis. Se presume em 100 (cem) o número total de casos. Muitos casos passaram por avaliação psiquiátrica.[47] No geral, os relatórios de investigação apresentaram conclusões inconsistentes. Casos inexplicados não chegaram a 5%, mas a elucidação da maioria dos casos tranquilizou a Aeronáutica.[44] O SIOANI encerrou suas atividades em 1972. Atribui-se a troca de comando da 4ª Zona Aérea a causa do encerramento.
Operação Prato (1977 - 1978)
A Operação Prato foi uma operação militar realizada pelo 1° Comando Aéreo Regional – I COMAR, órgão da Força Aérea Brasileira, em 1977, para investigar o aparecimento de OVNIs em municípios do estado do Pará, além de estranhos fenômenos associados a corpos luminosos não identificados, chamados pela população de chupa-chupa,[48] relativos a ataques com raios de luz, causadores de queimaduras, perfurações na pele e mortes.[nota 5]
Documentos militares vazaram extraoficialmente, mas em abril de 2009 foram liberados documentos oficiais da operação, entregues para guarda do Arquivo Naconal.[49] Ainda em 2009, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência – GSI, liberou documentos do antigo Serviço Nacional de Informações – SNI sobre a operação no Pará.[50] O Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica – CISA também se envolveu na investigação.[51]
Os documentos oficiais e vazados incluem, além do período clássico da investigação, período posterior de monitoramento, finalizado em novembro de 1978. O primeiro documento citado na tabela (vazado) é o conjunto total de observações, incluindo satélites artificiais. O segundo (oficial),[52] um extrato particular dos objetos observados, considerados relevantes e não identificados. Ambos são documentos resumo e as observações originais, via de regra, estão contidas nos relatórios operacionais da missão Prato e relatórios de agentes da Aeronáutica.
A Agência do SNI em Belém enviou documento confidencial a Agência Central do SNI em Brasília, datado de 9 de novembro de 1977, divulgando os primeiros dados das investigações do I COMAR.[55] Informou o clima de tensão entre a população, além de relatos sobre luzes em voo e focos de luz dirigidos sobre pessoas. Disse que as luzes foram várias vezes fotografadas, mas que a foto mais impressionante foi atribuída a estrela Dalva (Vênus) pelo próprio chefe da operação. Informa que não havia consenso entre a equipe “sobre o que foi visto”. Acusa a imprensa de fazer exploração do assunto. Termina informando que o I COMAR continuaria as investigações.
Principais militares envolvidos (patentes da época): brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira; coronel Camillo Ferraz de Barros, capitão Uyrangê Hollanda e sargento Flávio Costa.
A Aeronáutica nunca emitiu relatório final apresentando suas conclusões.
Incidente no Sítio do Gama (1978)
No dia 20 de junho de 1978, entre 20h30min e 23h50min, o Destacamento de Proteção ao Voo para detecção Radar e Telecomunicações - DPV-DT, do Sítio do Gama no Distrito Federal, principal infraestrutura do CINDACTA, foi invadido por um corpo luminoso observado por oficiais, soldados e civis. O Comandante, tenente João Bernardo Vieira, registrou os eventos: cada envolvido, civil ou militar, escreveu um relatório. Os arquivos do incidente estão disponíveis no Arquivo Nacional[nota 6]. O corpo luminoso sobrevoou o prédio do Comando, a portaria principal e adjacências. Tiros de fuzil HK-33 foram disparados contra supostos invasores e objeto.[56] Trechos do relato do Comandante do DPV-DT61:
“De principio a luz se apresentava como um ponto luminoso que se aproximava com velocidade espantosa. A medida que se aproximava tornava-se cada vez mais difusa, com aparência de uma estrela. Sua coloração, em principio, era normal e variando em seguida para tonalidade vermelha e amarela. Ficamos em silêncio para melhor observação e não conseguimos ouvir barulho nenhum com o deslocamento. O objeto se deslocou em nossa direção até uma certa distância, parecendo permanecer parado por alguns minutos. Logo em seguida tomou a direção do radar LP23, sumindo de relance e ao mesmo tempo aparecendo em cima da estação de micro-ondas, para logo em seguida sumir completamente.”[57]
O relatório do Comandante, definiu quatro pontos: - Não se tratava de nenhuma aeronave; - Não havia condições de identificar o objeto; - Não havia animosidade por parte do mesmo; - Não existia a menor possibilidade de ilusão ótica.
Em 23 de junho de 1978, o Chefe do Núcleo do NuCINDACTA, coronel Sócrates da Costa Monteiro, encaminhou relatório sobre as ocorrências ao Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica. Em 2010 concedeu entrevista à Revista UFO,[58] dizendo que ao ser informado por telefone sobre os tiros disparados contra o OVNI, determinou a interrupção; em suas palavras:
"Eles têm uma tecnologia muito mais avançada do que a nossa e não sabemos como reagiriam à nossa ação.”
O Caso Varginha trata-se da suposta captura de criaturas extraterrestres na cidade mineira de Varginha em 1996, envolvendo o Exército Brasileiro, através da Escola de Sargentos das Armas - EsSA, situada na cidade de Três Corações. A trama teria seu início na tarde de 20 de janeiro de 1996, quando três meninas avistaram uma criatura agachada junto a um muro.[37] A trama envolve ainda a observação de OVNIs, a captura de uma criatura por bombeiros e de uma segunda por policiais militares, um dos quais, falecendo misteriosamente. Boatos sobre uma criatura vista no zoológico, a movimentação de militares da EsSA pela cidade, envolvimento da UNICAMP[59] e do governo do EUA fecham a trama.
Em maio de 1996 o Comandante da EsSA, determinou abertura de sindicância sobre notícias na imprensa envolvendo militares da escola. Concluiu-se que os militares citados não participaram de nenhum transporte de qualquer tipo de carga.[60] Em janeiro de 1997, o comando da EsSA determinou a instauração de um Inquérito Policial Militar, IPM, sobre alegações contidas no livro Incidente em Varginha,[61] de autoria de Vitório Pacaccini e Maxs Portes. O encarregado do IPM, tenente-coronel Lúcio Carlos Finholdt Pereira, concluiu que o livro continha pesquisas pseudocientíficas e descrições de caráter sensacionalista, baseadas em provas testemunhais de validade duvidosa e que apesar da ingenuidade, não existiu prática de crime. Que o Comandante do 24o Batalhão de Policia Militar “apresentou fotografias (...) de um cidadão conhecido como mudinho, que provavelmente apresenta algum desvio mental e cujas características físicas puderam ser posteriormente evidenciadas no estudo fotográfico de simulação (...) tornam mais provável que a hipótese de que este cidadão, estando provavelmente sujo, em decorrência das fortes chuvas, visto agachado junto a um muro, tenha sido confundido, por três meninas aterrorizadas, com uma criatura do espaço.”[60]
A palavra final foi dada pela juíza militar Telma Queiroz que declarou, em 4 julho de 1997, que o ET de Varginha nunca existiu.[62]
Muitos ufólogos contestam as conclusões do IPM.[63]
Caso da Ilha da Trindade (1958)
Em 1958 o Estado Maior da Armada, estrutura do antigo Ministério da Marinha, atual Marinha do Brasil, investigou um dos mais famosos casos da ufologia brasileira, o chamado Caso da Ilha da Trindade, relacionado a uma série de quatro fotografias tiradas a bordo do navio da marinha Almirante Saldanha, ancorado na Ilha da trindade, em 16 de janeiro de 1958, pelo fotógrafo Almiro Baraúna. As fotografias foram publicadas pela revista O Cruzeiro,[64] causando grande polêmica. Documentos oficiais da Câmara dos Deputados e do antigo Ministério da Marinha confirmam a investigação,[65][66] mas o relatório final da Marinha, acabou chegando extraoficialmente aos EUA em 1964, através da APRO - en:Aerial Phenomena Research Organization, por informante nunca revelado[nota 7]. O relatório não autenticou as fotografias, limitou-se a concluir que não haveria indícios de fraude, mas não descartou a possibilidade de uma montagem.[67] Analisadas pelo Projeto Blue Book, foram consideradas fraudes.[68] Em 2010, ao programa Fantástico da Rede Globo, a publicitária Emília Bittencourt, amiga de Baraúna, relatou que ouviu do próprio serem montagens.[69] Em 2011, Marcelo Ribeiro, também fotógrafo e sobrinho de Almiro Baraúna, também revelou que ouviu de seu tio como teria produzido as montagens em seu laboratório caseiro, assim que retornou da viagem à Ilha da Trindade.[70]
Para interpretar os mais diversos fenômenos relacionados à ufologia, uma listagem de teorias mais aceitas. Nelas existem diferentes correntes de pensamento, desde as de caráter cético, julgando todo o fenômeno como má-interpretação ou fraude, até as de carácter místico.[71]
A Hipótese do Zoológico é uma das diversas conjecturas que surgiram em resposta ao Paradoxo de Fermi, relacionado à aparente falta de evidências que possam confirmar a existência de civilizações extraterrestres avançadas. Foi desenvolvida pelo astrônomo John A. Ball, em 1973. De acordo com esta hipótese, os extraterrestres, tecnologicamente avançados o suficiente para se comunicar com os terráqueos, já teriam encontrado a Terra, todavia, apenas observam a Terra e a humanidade remotamente, sem tentar interagir, como os pesquisadores observam animais primitivos à distância, evitando o contato direto para não perturbá-los.[72]
A hipótese extraterrestre (HET) teoriza que alguns avistamentos de OVNI são espaçonaves alienígenas.[73] Tais espaçonaves são usadas por Seres Extraterrestres, quer de origem biológica ou mecânica. E suas naves são produtos de tecnologia similar, porém mais avançada que a nossa, mas usando as mesmas regras da física que usamos.
Segundo a Hipótese interdimensional, os OVNIs e os fenômenos a eles associados, como abduções, procedem de outros Universos que compõem o Multiverso. A origem desses fenômenos não necessariamente procede de algum local do tecido do espaço a nossa volta, podendo estar coabitando conosco o próprio planeta Terra, transcendendo tanto o tempo como o espaço. Além disso, seriam manifestações modernas de antigos mitos ao longo da história, interpretados anteriormente como entidades mitológicas ou sobrenaturais, como fadas, duendes, súcubos e íncubos. Tratar-se-ia de um sistema de controle que atua sobre os seres humanos, através do uso de símbolos para interação em nível psíquico. Os fenômenos podem também se manifestar fisicamente.[74]
Esta é a teoria de que alguns avistamentos OVNI são alucinações, sugestões hipnóticas ou fantasias e são causadas pelo mesmo mecanismo que muitas experiências ocultas, paranormais, sobrenaturais ou religiosas (comparar com supostos avistamentos da Virgem Maria. Ver a entrada Hipótese Psicossocial. São considerados distúrbios.[75]
O comportamento destas fantasias pode ser influenciado pelo ambiente em que a suposta testemunha foi criada: contos de fadas ou religião, ficção científica, etc: por exemplo, uma suposta testemunha pode ver fadas enquanto outra achará ver Greys.[76]
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