Diversas guerras bizantino-normandas foram travadas a partir de 1050 até 1185, quando a última invasão normanda foi derrotada pelo Império Bizantino. Ao final do conflito, nem o normandos e nem os bizantinos podiam se gabar do resultado; em meados do século XIII, os exaustivos combates com outras potências haviam minado o poder de ambos e os turcos se aproveitaram para conquistar a Ásia Menor dos bizantinos no final do século XIV. Os normandos perderam a Sicília antes disso para os Hohenstaufen que, por sua vez, foram sucedidos pelos angevinos e, finalmente, pelos aragoneses.
Guerras bizantino-normandas | |||
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Data | 1050 – 1185 | ||
Local | Apúlia, Calábria, Bálcãs | ||
Desfecho | Impasse; Uti possidetis | ||
Mudanças territoriais | Normandos conquistam a Apúlia e a Calábria, mas não conseguem conquistar os Bálcãs. | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Conquista do sul da Itália (ca. 1050–1071)
Os normandos são oriundos do Ducado da Normandia, na França, que foi fundado após ser concedida a alguns viquingues a permissão para que eles se assentassem na região pelo rei da França Carlos, o Simples. Os normandos e suas novas terras receberam então o nome destes "homens do norte" (em inglês: "North men"). Na época da conquista do sul da Itália, o Império Bizantino estava em franco declínio; a administração imperial estava em frangalhos e as eficientes instituições que deram a Basílio II Bulgaróctono 250 000 soldados e recursos para sustentá-los através de um excelente controle fiscal foram destruídas em poucas décadas. As tentativas de Isaac I Comneno e de Romano IV Diógenes de reverter a situação se mostraram infrutíferas. A morte prematura do primeiro e a imerecida deposição deste último aprofundaram o declínio enquanto os normandos consolidavam suas conquistas na Sicília e na Itália.
Régio da Calábria, a capital do Tema da Calábria, foi capturada por Roberto Guiscardo em 1060. Na época, os bizantinos ainda mantinham o controle sobre umas poucas cidades costeiras na Apúlia, incluindo a capital do Catapanato da Itália, Bari. Otranto foi cercada e caiu em outubro de 1068; no mesmo ano, os normandos cercaram Bari e, depois de derrotarem os bizantinos numa série de batalhas na região e após uma fracassada tentativa de livrar a cidade, Bari se rendeu em abril de 1071, encerrando a presença bizantina no sul da Itália.
Conquista dos Bálcãs (1081–1085)
Após a vitoriosa conquista do sul da Itália, os normandos não estavam dispostos a parar; o Império Bizantino continuava a declinar e parecia pronto para ser conquistado. Quando Aleixo I Comneno ascendeu ao trono, suas primeiras reformas foram emergenciais, como pedir dinheiro para a Igreja Ortodoxa - algo impensável antes - se mostraram insuficientes para deter os normandos.
Liderados pelo formidável Roberto Guiscardo e seu filho Boemundo, eles tomaram Dirráquio e Corfu, além de cercarem Lárissa, na Tessália (veja Batalha de Dirráquio). Aleixo sofreu diversas derrotas antes de conseguir contra-atacar com um mínimo de sucesso. Para reforçar sua posição, ele subornou o imperador Henrique IV com 360 000 peças de ouro para que ele atacasse os normandos na Itália, o que forçou-os a se concentrarem em suas próprias defesas em 1083 - 1084. Ele também assegurou a aliança de Henrique (conde de Monte Sant'Angelo), que controlava a península de Gargano. A aliança de Henrique seria o último exemplo de controle político na Itália peninsular. A ameaça normanda foi debelada com a morte de Guiscardo em 1085 combinada com a vitória bizantina e a crucial ajuda dos venezianos e os domínios balcânicos foram reconquistados.
Revolta de Antioquia (1104–1140)
Após a Primeira Cruzada, um grande número de normandos naturalmente se juntaram no que parecia ser uma grande expedição ao desconhecido onde terras e espólios eram abundantes. Na época, os bizantinos conseguiram manobrar em alguma medida os agressivos normandos a atacarem (e derrotarem) os turcos seljúcidas em diversas batalhas e muitas cidades caíram. Porém, quando Antioquia caiu, os normandos se recusaram a entregá-la aos bizantinos, que demoraram para conseguir estabelecer seu domínio. Com a morte de João II Comneno, o normando Principado de Antioquia se revoltou novamente, atacando Chipre e invadindo a Cilícia, que também se revoltou. Uma resposta rápida e enérgica de Manuel I Comneno permitiu que os bizantinos conseguissem estabelecer um compromisso mais favorável com Antioquia (em 1145, por exemplo, a cidade foi forçada a prover os bizantinos com um contingente de tropas e a permitir uma guarnição bizantina na cidade). Antioquia também recebeu garantias de proteção contra ataques turcos e Noradine se absteve de atacar a região norte dos estados cruzados por causa dela.
Segunda invasão dos Bálcãs (1147–1149)
Em 1147, o Império Bizantino sob Manuel I Comneno teve que enfrentar uma guerra iniciada por Rogério II da Sicília, cuja frota capturou a ilha bizantina de Corfu e pilhou Tebas e Corinto. Porém, apesar de estar sob ataque dos cumanos no Bálcãs, em 1148, Manuel conseguiu o apoio de Conrado III da Alemanha e dos venezianos, que rapidamente derrotou a frota de Rogério. No ano seguinte, Manuel recuperou Corfu e preparou-se para tomar a ofensiva contra os invasores, enquanto Rogério II enviava Jorge de Antioquia com uma frota de 40 navios para pilhar os subúrbios de Constantinopla.[1] Manuel já havia concordado com Conrado sobre uma invasão conjunta e a repartição do sul da Itália e da Sicília. A renovação deste acordo com os alemães permaneceu sendo o principal objetivo da política externa de Manuel pelo resto de seu reinado, apesar das crescentes divergências entre os dois impérios após a morte de Conrado.[2]
A morte de Rogério em fevereiro de 1154, que foi sucedido por Guilherme I, combinada com as diversas revoltas contra o novo rei da Sicília e da Apúlia, com a presença de refugiados apulianos na corte em Constantinopla e com o fracasso de Frederico Barbarossa (sucessor de Conrado) em lidar com os normandos encorajou Manuel a se aproveitar e tomar a iniciativa.[3] Ele enviou Miguel Paleólogo e João Ducas, ambos com o prestigioso título imperial de sebasto, à frente de tropas bizantinas, dez navios e grande quantidade de ouro para invadirem a Apúlia em 1155[4]. Os dois generais foram instruídos a solicitar o apoio de Frederico, pois ele era hostil à presença normanda na Sicília e estava ao sul dos Alpes na época, mas ele se recusou por que seu desmoralizado exército desejava voltar para casa o mais rápido possível. Ainda assim, com o apoio de alguns barões locais insatisfeito, incluindo o conde Roberto II de Bassunvilla, a expedição de conseguiu avançar rapidamente enquanto toda a região do Mezzogiorno se levantou em revolta contra a coroa siciliana e o inexperiente Guilherme II.[2] Uma sequência de espetaculares vitórias se seguiu, com diversas fortalezas se entregando, seja pela força ou pelo apelo do ouro.[5]
Terceira invasão normanda dos Bálcãs (1185–1186)
Mesmo tendo a última invasão e o conflito subsequente durado menos de dois anos, a terceira invasão normanda chegou ainda mais perto de tomar Constantinopla. O incompetente governo de Andrônico I Comneno permitiu que os normandos avançassem desimpedidos em direção à capital bizantina, saqueando brutalmente Tessalônica (um lúgubre prelúdio do que Constantinopla enfrentaria menos de duas décadas depois). O pânico resultante, porém, permitiu que Isaac II Ângelo tomasse o trono e, depois de derrotar os normandos, os empurrou de volta pra Sicília, com exceção do Condado palatino de Cefalônia e Zacinto, que permaneceu sob o controle do almirante normando Margarito de Brindisi e seus sucessores até 1479.
Resultado
Com os normandos incapazes de tomar definitivamente os Bálcãs, eles voltaram sua atenção para os assuntos europeus. Os bizantinos, por sua vez, não possuíam nem a vontade e nem os recursos para uma invasão italiana desde os tempos de Manuel Comneno. Após a terceira invasão, a sobrevivência do Império se tornou mais importante para os bizantinos do que uma mera província do outro lado do Adriático. A dinastia normanda foi sucedida em 1194 pelos Hohenstaufen que, por sua vez, foram substituídos em 1266 pelos angevinos. Os sucessivos governantes sicilianos iriam no devido tempo continuar a política normanda de conquista dos estados bizantinos no mar Jônio e na Grécia, tentando afirmar sua suserania sobre Corfu, finalmente conquistada em 1260, o Condado palatino de Cefalônia e Zacinto, o Despotado de Epiro e outros territórios (vide Latinocracia).
Referências
- J. Norwich, Byzantium: The Decline and Fall, 98 and 103
- P. Magdalino, The Byzantine Empire, 621
- J. Duggan, The Pope and the Princes, 122
- J.W. Birkenmeier, The Development of the Komnenian Army, 114
* J. Norwich, Byzantium: The Decline and Fall, 112 - Z.N. Brooke, A History of Europe, from 911 to 1198, 482
* P. Magdalino, The Empire of Manuel I Komnenos, 67
* J.H. Norwich, A short history of Byzantium
Bibliografia
Fontes secundárias
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