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A Terceira Epístola aos Coríntios é um texto pseudepígrafo do apóstolo Paulo. É uma das partes dos Atos de Paulo e foi concebido como sendo uma resposta dele à Epístola dos Coríntios a Paulo. A versão sobrevivente mais antiga é a do Papiro de Bodmer X.
Sua criação foi obviamente sugerida pela carta perdida de Paulo citada em I Coríntios 5:9 e I Coríntios 7:1. Ela foi composta por um presbítero da Igreja em aproximadamente 160-170 e é um ataque disfarçado a alguns erros principais do Gnosticismo. Esta correspondência sempre teve circulação independente, mas recentemente se provou que o documento foi incorporado nos Atos de Paulo.[1]
Na tradição ocidental, esta epístola nunca foi considerada como sendo canônica e no século IV passou fazer parte dos apócrifos do Novo Testamento. Escritores latinos e gregos são completamente omissos sobre esta carta, embora cópias nestas línguas tenham sido encontradas.[1]
Já na tradição oriental, na Igreja Ortodoxa Síria, Afraates (ca. 340) a considerou como canônica e Efrém da Síria (m. 373) aparentemente concordou[2][3] pois escreveu um comentário sobre isso. Ela está incluída na Doutrina de Addai, embora não esteja na Peshitta, a tradução siríaca da Bíblia, ainda que nela também não conste II João, III João, II Pedro, Epístola de Judas e o Apocalipse, textos universalmente reconhecidos como sendo canônicos (veja Antilegomena). Embora parte da Bíblia Armênia de Oskan de 1666, ela estava num apêndice da Bíblia armênia de Zohrab de 1805 que seguiu o cânon da Vulgata e atualmente não faz mais parte do Novo Testamento da Igreja Apostólica Armênia.[4] Ela também não constava na lista de textos canônicos de Anania Shirakatsi no século VII, mas apareceu nas listas de Mechitar de Ayrvank (século XIII) e Gregório Tat'ew (século XIV).[5]
O texto está estruturado como uma tentativa de corrigir as alegadas falhas de interpretação da Primeira e da Segunda Epístola aos Coríntios, que o autor (geralmente chamado de "pseudo-Paulo"), teria conhecido pela Epístola dos Coríntios a Paulo (também apócrifa). De acordo com ela (que é o capítulo anterior nos Atos de Paulo), quando a carta foi escrita Paulo estava na prisão por causa de Estratonice, a esposa de Apolofanes.
Objetivamente, a epístola procura corrigir a interpretação da frase «Ora digo isto, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino dos céus, nem a corrupção herdar a incorrupção» (I Coríntios 15:50), que, segundo alguns acreditavam, ensinaria que a ressurreição dos mortos não poderia ser física. Acredita-se que este argumento dos gnósticos ganhou tanto terreno que alguns cristãos ortodoxos sentiram necessidade de criar esta epístola falsa para contê-los.[1] Os gnósticos sabidamente citavam esta parte de I Coríntios, enfurecendo cristãos - como Ireneu de Lyon - que defendiam que a ressurreição seria física e não espiritual. Segundo Ireneu esta passagem é "sempre citada pelos heréticos para apoiar suas tolices" (Contra Heresias V.9).[6]
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