Nota: Se procura pela língua da família lingüística tupi-guarani, falada pelos tenharins, veja Língua tenharim.

Tenharins é o exônimo pelo qual são conhecidos três grupos indígenas que vivem atualmente na região do curso médio do rio Madeira, no sul do Amazonas - mais precisamente nas Terras Indígenas Tenharim do Igarapé Preto e Tenharim/Marmelos. Os três grupos pertencem a um conjunto mais amplo de povos autodenominados Kagwahiva - palavra que significa "nós", "a gente" e também pode ser grafada nas formas Cavahiba, Cabaiba, Cabahiba, Kawahib, Kagwahív etc. -, que falam a mesma língua, pertencente à família linguística tupi-guarani.

Factos rápidos Tenharim, População total ...
Tenharim
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Kiki, cacique Tenharim, fala sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, durante os Jogos dos Povos Indígenas.
População total

828[1]

Regiões com população significativa
 Brasil (AM)8282014 (Siasi/Sesai)
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O grupo do rio Sepoti originou-se do grupo do rio Marmelos. Já o grupo do igarapé Preto parece não ter origem comum com os outros dois, mas é um antigo aliado do grupo do rio Sepoti.[2]

Há poucos remanescentes de grupos Kagwahiva. Além dos tenharins do rio Marmelos, dos tenharins do Igarapé Preto e dos tenharins do rio Sepoti, há também os Parintintins e os Jiahuis (também chamados Diahois). Mas até a década de 1920, todos os povos Kagwahiva eram referidos como parintintins.[3] Todos habitam, ainda hoje, a região sul do Estado do Amazonas. Além desses grupos, também são considerados Kagwahiva os Uru-eu-wau-wau, os Amondawa, os Karipuna e os Juma. Os três primeiros vivem na região do alto Madeira, em Rondônia, e o último, na região do rio Purus, no Amazonas.

No passado, os Tenharins e os Parintintins eram também chamados "bocas-pretas". As denominações Bocas-Negras, Bocas-Pretas, Cautários, Sotérios e Cabeça-Vermelha, encontradas na historiografia, relacionam-se com a localização desses grupos no espaço geográfico ou com semelhanças culturais e linguísticas entre os vários grupos Kagwahiva.[4]

Conflitos e ameaças à Terra Indígena Tenharim/Marmelos

Em 25 de dezembro de 2013, na cidade de Humaitá, a população local protestou violentamente contra o desaparecimento de três homens - supostamente sequestrados e mortos por indígenas da TI Tenharim/Marmelos em represália à morte do cacique da aldeia Campinho, Ivan Tenharim, depois de ser atropelado por uma motocicleta, na Transamazônica. Houve também ameaças de invasão à Terra Indígena, onde os índios ficaram acuados e isolados. Em meio ao protesto, o prédio da Funai foi incendiado, bem como vários carros e o barco pertencentes ao órgão. Os nove servidores da Fundação foram retirados da cidade.[5]

No dia 27 de dezembro, cerca de 300 não índios invadiram as aldeias, localizadas nos municípios de Manicoré e Humaitá, a 675 quilômetros de Manaus. Os invasores se dividiram em carros e caminhonetes, passaram pela aldeia Mafuí, atearam fogo em casas e destruíram um pedágio informal criado pelos índios no quilômetro 145 da rodovia Transamazônica (BR-230). [6]

Desde 2006, os Tenharim e os Jiahui estavam cobrando pedágio no trecho de 120 quilômetros que liga a cidade de Humaitá à Vila de Santo Antônio do Matupi, em Manicoré (a 322 quilômetros de Manaus). Os indígenas recorreram a esse expediente por não terem recebido, até então, nenhuma compensação financeira pelos danos que sofreram em decorrência da construção da Transamazônica. Em 15 de janeiro de 2014, o Ministério Público Federal no Amazonas ingressou com uma ação na Justiça Federal visando o pagamento de uma indenização de R$20 milhões aos Tenharim e aos Jiahui, em razão de danos ambientais, socioculturais e morais coletivos, permanentes, causados pela construção da rodovia.[7]

Os corpos dos três homens desaparecidos desde 16 de dezembro de 2013 só foram encontrados no início de fevereiro de 2014, em uma cova na Terra Indígena Tenharim/Marmelos. Houve protestos por parte da população das cidades, com pedidos de justiça, durante os funerais.[8] Cinco índios Tenharim foram considerados suspeitos e detidos pela Polícia Federal : Gilvan e Gilson Tenharim, filhos do cacique Ivan Tenharim; o cacique da aldeia Taboca, Domiceno Tenharim; o professor municipal Valdinar Tenharim e o agente de saúde federal Simeão Tenharim, ambos da aldeia Marmelos, foram acusados de sequestro, homicídio e ocultação de cadáveres. Todos negam as acusações.[9][10]

Em 18 de fevereiro, a Justiça determinou que a União e a Funai indenizassem os indígenas pelos danos sofridos. A terra indígena Tenharim Marmelos teve o seu processo de demarcação concluído em 1996, e a Terra Indígena Jiahui teve a demarcação homologada em 2004. Os Tenharim, atualmente, totalizam 962 indivíduos (737 na TI Tenharim Marmelos, 137 na TI Tenharim do Igarapé Preto e 88 na TI Sepoti), enquanto os Jiahui totalizam 98 pessoas.[11]

Referências

Ver também

Ligações externas

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