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O MB-3 Tamoyo foi um carro de combate brasileiro desenvolvido pela empresa Bernardini em parceria com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx), derivado do M41 Walker Bulldog. Era voltado às condições operacionais e logísticas do Exército Brasileiro, mais leve e menos sofisticado que a última geração disponível no mercado internacional. Nunca foi produzido em série.[7][8][4][9]
MB-3 Tamoyo | |
---|---|
Tipo | Carro de combate principal |
Local de origem | Brasil |
Histórico de produção | |
Criador | Bernardini Centro Tecnológico do Exército |
Data de criação | 1979–1987 |
Fabricante | Bernardini |
Quantidade produzida |
7: 1 mock-up, 3 Tamoyo Is, 1 Tamoyo I incompleto, 1 Tamoyo II, 1 Tamoyo III[1] |
Variantes |
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Especificações | |
Peso | |
Comprimento | |
Largura | 3,2 m (10 ft) |
Altura | |
Tripulação | 4 (comandante, motorista, artilheiro e municiador) |
Blindagem do veículo | Composta de aço e cerâmica com máximo de 300 mm (Tamoyo III)[1] |
Armamento primário |
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Armamento secundário |
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Motor |
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Peso/potência | |
Transmissão | |
Suspensão | Barra de torção |
Curso em terra | 0,5 m (1,6 ft) |
Passagem de vau |
1,3 m (4,3 ft) (sem preparo) |
Obstáculo vertical | 0,71 m (2,3 ft)[3] |
Fosso | 2,4 m (7,9 ft)[4] |
Capacidade de combustível | 700 L[2] |
Alcance operacional (veículo) |
550 km (342 mi) |
Velocidade |
|
O desenvolvimento de um carro de combate nacional no final dos anos 70 foi a etapa final do avanço tecnológico brasileiro no campo dos blindados. Suas raízes estão no repotenciamento dos blindados importados, desde o início da década.[10] O início do projeto em 1979 tinha como contexto o Tanque Argentino Mediano no país vizinho, dotado de canhão de 105 mm. O Brasil tinha o M41 de 76 mm, em vias de modernização pela Bernardini a 90 mm. Os programas de repotenciamento eram a base de experiência, e o M41 foi a base material:[1] o Tamoyo era uma alteração radical[2] e seu sucessor, com grande compatibilidade de equipamento.[11] O projeto fazia parte da formação de uma família de blindados com suporte logístico integrado, junto à criação de variantes, ao repotenciamento do M41 e ao desenvolvimento do transporte blindado Charrua.[1] Dele participavam o CTEx, Bernardini, Biselli, Novatração e outras empresas com experiência na modernização dos blindados sobre lagartas importados.[9]
O Exército definiu Requisitos Operacionais Básicos (ROB) e Requisitos Técnicos Básicos (RTB). O projeto foi designado "X-30" por não ter mais de 30 toneladas, com tamanho adequado às ferrovias brasileiras e a menor dependência possível na importação de componentes.[1] Em 1982 a Engesa entrou no segmento com seu próprio projeto de carro de combate, o Osório. Enquanto a Bernardini usava o conhecimento acumulado com a modificação de veículos existentes, dependia do Exército e projetava para atender suas demandas, a Engesa ultrapassou o máximo de 36 toneladas exigido pelos militares, pois tinha um produto muito mais sofisticado visando a exportação.[9] O Tamoyo é carro de combate da 2ª geração intermediária, comparável ao Leopard 1 e M60, enquanto o Osório é da 3ª geração do Leopard 2 e M1 Abrams.[12][13]
Um primeiro mock-up em aço com motor frontal, como no Marder, nem foi completado. Um segundo tinha motor traseiro, inspirado no XM-4 americano, e peças do M41, incluindo o canhão de 76 mm.[11] O primeiro protótipo foi concluído em maio de 1984.[11] A construção começara em 1982 e no segundo semestre de 1984 já ocorriam testes.[2] Foram encomendadas sete unidades dessa versão, o Tamoyo I, depois apenas cinco por questão orçamentária, e construídas três, com uma quarta incompleta. As necessidades do Exército foram atendidas, mas como o veículo não era atraente no mercado externo[1] e era necessário reagir ao Osório,[2] o desenvolvimento prosseguiu, aumentando a sofisticação e diminuindo o grau de nacionalização. O peso subiu a 31 toneladas. Um especialista estrangeiro fez várias recomendações, como o aumento da blindagem frontal.[11] Surgiram o Tamoyo II, usado como banco de provas, e o Tamoyo III,[1] concluídos respectivamente em 1985 e 1987. O I e II são muito parecidos, enquanto o III pode ser distinguido pelo formato da torre.[2]
A Bernardini pretendia fabricar 10 veículos pré-série, um lote inicial de 50 para o Exército no final da década e atingir o ritmo de produção de 100 ao ano, com um resultado final de 500 unidades.[2] 71 engenheiros e US$ 7,5 milhões, em parte fornecidos pelo Exército, foram usados até o término do primeiro protótipo. O Tamoyo II e Tamoyo III custaram US$ 4,39 milhões, arcados principalmente pela própria Bernardini.[1] Outra cifra para o desenvolvimento, sem distinguir as versões, é de US$ 8 milhões.[14] Os testes do CTEx foram intensos, alguns ocorrendo em maio de 1988.[11]
Em dezembro de 1983 a Bernardini apresentou o projeto do Tamoio ao Exército do Equador.[14] O Tamoio seria oferecido em meio a um lote de produtos e serviços de modernização oferecidos pela Bernardini. A proposta foi avaliada pelo governo equatoriano e pré-aprovada em setembro de 1984. A Bernardini montou uma proposta de financiamento junto ao Banco do Brasil e solicitou autorização formal do governo brasileiro para a exportação futura de quarenta e oito carros Tamoio para o Equador, a um custo de 57 milhões de dólares (apenas nos veículos Tamoio). A exportação era parte de uma proposta maior de exportação de veículos e serviços de um total de 184 milhões de dólares, que envolvia a modernização de doze carros M3 Stuart, a exportação de carros blindado com canhão de 60 mm denominados "Tarqui"e a modernização dos AMX-13. Apesar do Ministério das Relações Exteriores não se opor à proposta, o Ministério do Exército vetou a exportação futura em novembro de 1985, inviabilizando a participação formal da Bernardini na competição de blindados promovida pelo exército equatoriano.[15][16][17]
Os principais fatores do fracasso do projeto foram a perda de interesse político, o aumento da oferta de armamentos estrangeiros no mercado no final dos anos 80 e início dos anos 90, um acidente envolvendo um M41C em testes transportado em via pública em janeiro de 1985[18] (após o acidente a Bernardini passou a transportar os blindados em caminhões)[19], a não autorização de exportação do Tamoio ao Equador e a competição entre a Engesa e Bernardini. A Bernardini faliu em 2001. Em 2005 restavam exemplares no CTEx, Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército (um completo e outro incompleto), 3º Regimento de Carros de Combate e num galpão, este último o Tamoyo III abandonado na posse da Bernardini.[11] Foi levado a leilão em 2007, mas o Exército suspendeu a venda.[20]
Os modelos, "especialmente o Tamoyo III", são "capazes, se básicos". "Cumprem exigências locais mas não são MBTs de primeira".[3] "O conceito do Tamoio III ainda é moderno para os padrões atuais" e o protótipo poderia ser "banco de estudos para as novas gerações de Engenheiros Militares".[1] Já o Tamoyo I tinha como vantagens a alta origem nacional dos componentes e o "equilíbrio entre atualização tecnológica, simplicidade construtiva e de manejo".[7]
O motorista fica no canto dianteiro esquerdo da carcaça e os demais na torre, o municiador à esquerda e comandante e atirador à direita. A carcaça e a torre são em placas de blindagem em aço soldadas.[2]. A silhueta é baixa. A blindagem do Tamoyo I é leve[11] e espaçada. O Tamoyo III tem proteção melhor,[3] com a espessura chegando a 300 mm de blindagem composta de aço e cerâmica e um sistema contra explosões. Por conta da falta de experiência com a blindagem composta o formato da torre não é o ideal, que seria mais afilado.[11] Ambas as versões oferecem granadas fumígenas e proteção NBC.[3] Há sistemas aquecedor, de combate a incêndio, de bombeamento de porão, de comunicação e uma escotilha de escape inferior.[6]
O canhão do Tamoyo I é uma versão do Cockerill de 90 mm produzida pela Engesa,[3] com tubo de 4 500 mm e capaz de usar munição F4 francesa, tipo APFSDS (flecha). Houve estudos para nacionalizar o F-4, e o país produzia munição 90 mm de outros tipos.[5] Há 68 tiros. O canhão pode elevar de -6 a 18 graus.[2] O giro da torre e elevação do canhão são elétricos, da Bernardini, Themag Engenharia e professores da USP. Um canhão de 105 mm foi pensado para o Tamoyo II mas só implementado no Tamoyo III; usa qualquer munição da OTAN e tem tiro "confortável para um veículo de seu peso". É acompanhado de controle de tiro computadorizado, telêmetro a laser, torre estabilizada, tiro em movimento, visão noturna e térmica e a compartimentação da munição:[11][1] 50 tiros, com 18 na torre.[3] O computador de tiro é da Ferranti, enquanto que o periscópio é norte-americano, fabricado pela empresa Kolmorgan.[carece de fontes] Atirador e comandante têm periscópios com amplificação de visão residual, telêmetro laser e janela panorâmica; o atirador tem outro auxiliar.[6]
O consumo de combustível é elevado.[2] O motor do Tamoyo I e II é fraco (500 hp) e assim deu lugar a um mais potente no Tamoyo III,[3] com 750 hp, ainda experimental, podendo no futuro chegar a 900 ou 1.000 hp. A transmissão foi problema ao longo do desenvolvimento.[1] Inicialmente obedecendo as exigências do Exército usou-se no Tamoyo I uma Allison, a mesma do M41.[11] Tem duas marchas para frente e uma ré.[2] O Tamoyo II usou uma GE, a mesma do Bradley. Porém ela não suporta mais de 600 hp brutos e o novo motor do Tamoyo III excedia esse valor. Como a nova versão da GE não estava pronta e a ZF não tinha nem mesmo protótipos, usou-se outra Allison, a mesma do M60, que poderia suportar até 1.000 hp brutos,[6] atingindo uma relação potência/peso de 35 hp/ton.[1]
A suspensão é em barras de torção da Bernardini, feitas com aço da Eletrometal.[1] O primeiro, segundo e sexto pares de rodas têm amortecedores hidráulicos.[2] As lagartas são de "pino simples, aço fundido emborrachada com almofadas amovíveis".[6] O sistema elétrico tem voltagem de 24 V, com 4 baterias de 12 V e alternador de 28 V.[6]
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