Técnica Levallois

Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Técnica Levallois

A técnica Levallois[1] é um tipo distintivo de talhamento da pedra, desenvolvido pelos precursores dos humanos modernos durante o período Paleolítico (período da tecnologia da pré-história humana ou tecnologia lítica,[2] no período de c.3,3 milhões à c.10 mil anos atrás).

Grande lasca Levallois acheulense.

Formalmente, a técnica Levallois pode ser definida como um procedimento complexo de lascado que, por meio de uma preparação especial da face superior do núcleo (e, opcionalmente, da sua periferia e a sua plataforma de percussão) consegue predeterminar, total ou parcialmente, a forma e o tamanho da lasca antes de ser extraída. Assim, o talhe lítico segue uns passos concretos que ocasionam uns resultados muito específicos.

História

Resumir
Perspectiva

Este procedimento lítico recebe o seu nome devido a que os primeiros achados decorreram no século XIX na comuna francesa de Levallois-Perret, situada no departamento de Altos do Sena. O conceito Levallois variou muito de então até a atualidade: inicialmente não se distinguia a extração predeterminada da discoide (ambas eram denominadas genericamente como "núcleos musterienses"). Foi o arqueólogo e etnólogo francês Henri Breuil o primeiro a usar o termo Levalloisien,[3] embora enfatizando os aspectos morfológicos das lascas e dos núcleos, do ponto de vista formal (silhueta, talão formatado...). Apesar dos estudos de V. Commont, estes foram interpretados de modo enviesado, levando a discriminar diversas culturas de caráter Levallois ou, mais propriamente "mustero-Levalloisenses" no Paleolítico Médio da bacia Mediterrânea e do Próximo Oriente, baseadas no caráter formatado do talão e, não na essência mesma da ideia Levallois.

A forma predeterminada dunha lasca [é o] único critério válido da técnica Levallois
F. Bordes, 1953, página 226

Extensão do conceito

Cronologicamente, é uma das inovações técnicas do Acheulense pleno, embora se desenvolverá, sobretudo, no Musteriense (entre os estádios isotópicos 10 e 8), implicando um importante avanço tecnológico na indústria lítica. Geograficamente, é desenvolvido na África, onde existem variantes muito específicas, também na Europa e ao sul da Ásia. De fato, o método Levallois não chega a desaparecer totalmente no Paleolítico Superior, reaparecendo no Neolítico[4] e na Pré-História Recente Australiana.[5] Também há notícias de o método Levallois ter sido reinventado na América,[6] o que justifica a seguinte cita:[7]

É interessante notar que esta técnica foi desenvolvida independentemente, e de diversos modos, em diversos pontos do Globo
François Bordes, 1971, página 19

Referências

  1. Christian, David (2014). Big History: Between Nothing and Everything. New York: McGraw Hill Education. p. 93
  2. Breuil, Henri (1926). «Palaeolithic industries from the beginning of the Rissian to the beginning of the Wurmian glaciation». Man. [S.l.]: Número 116
  3. Camps, Gabriel (1981). «Les industries lithiques néolithiques». Manuel de recherche préhistorique. [S.l.]: Doin Éditeurs, Paris. ISBN 2-7040-0318-1. Pp. 110-111
  4. Bordes, François (1976). «Coup d'oeil sur la Préhistoire australienne». Bulletin de la Société Préhistorique Française. Tomo 73 (Fascículo 6). ISSN 0249-7638. Página 175.
  5. Morello R., Fabia (2005). «Tecnología y métodos para el desbaste de lascas en el norte de Tierra del Fuego: Los núcleos del sitio Cabo San Vicente» (PDF). Magallania. Volume 33 (Número 2). Chile. Pp. 29-56.
  6. Bordes, François (1971). «Les maîtres de la pierre». Sciences Avenir. Tomo 7 (Número especial, fora de categoria). pp. 13-25

Variantes

Referências

  1. Benito del Rey, Luis e Benito Álvarez, José-Manuel (1998). «Núcleos de Extraciones Predeterminadas». Métodos y materias instrumentales en Prehistoria y Arqueología (La Edad de la Piedra tallada más antigua). Tomo II.-Tecnología y tipología. [S.l.]: Gráficas Cervantes, Salamanca. ISBN 84-95195-05-4. pp 79-99.
  2. Van Riet Lowe, C. (1945). «The evolution of the Levallois technique in South Africa». Man. [S.l.]: Número 45. pp. 49–59
  3. Boëda, Éric (1988). «Analyse technologique du débitage du niveau II A». Le gisement paléolithique moyen de Biache-Saint-Vaast (Pas-de-Calais). Volume I, 1re (Stratigraphie, environnement, études archéologiques). Mémoires da Société Préhistorique Française nº 2 (directeurs: Alain Tuffreau Jean Somme), pp. 184-214.
  4. Boëda, Éric (1993). «Le débitage discoïde le débitage Levallois récurrent centripète». Bulletin de la Société Préhistorique Française. Tomo 90 (Número 6). ISSN 0249-7638, pp. 227-260.
  5. Bordes, François (1953). «Notules de typologie paléolithique, II. Pointes levalloisiennes pointes pseudo-levalloisiennes». Bulletin de la Société Préhistorique Française. Tomo 50: 311-313. ISSN 0249-7638. Página 311 e nota 25

Ver também

Ligações externas

Loading related searches...

Wikiwand - on

Seamless Wikipedia browsing. On steroids.