O sistema nervoso é a parte do organismo que transmite sinais entre as suas diferentes partes e coordena as suas ações voluntárias e involuntárias. Na maioria das espécies animais, constitui-se de duas partes principais: o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP).
O sistema central é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. Todas as partes do encéfalo e da medula estão envolvidas por três membranas de tecido conjuntivo - as meninges. O encéfalo, principal centro de controle, é constituído por cérebro, cerebelo, tálamo, hipotálamo e bulbo.
O SNP constitui-se principalmente de nervos, que são feixes de axônios que ligam o sistema nervoso central a todas as outras partes do corpo. O SNP inclui: neurônios motores, mediando o movimento voluntário; o sistema nervoso autônomo, compreendendo o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático, que regulam as funções involuntárias; e o sistema nervoso entérico, que controla o aparelho digestivo.
Definição
O sistema nervoso deriva seu nome de nervos, que são pacotes cilíndricos de fibras que emanam do cérebro e da medula central, e se ramificam repetidamente para inervar todas as partes do corpo.[1] Os nervos são grandes o suficiente para serem reconhecidos pelos antigos egípcios, gregos e romanos,[2] mas sua estrutura interna não foi compreendida até que se tornasse possível examiná-los usando um microscópio.[3] Um exame microscópico mostra que os nervos consistem principalmente de axônios de neurônios, juntamente com uma variedade de membranas que os envolvem, segregando-os em fascículos de nervos . Os neurônios que dão origem aos nervos não ficam inteiramente dentro dos próprios nervos - seus corpos celulares residem no cérebro, medula central, ou gânglios periféricos.[1]
Todos os animais mais complexos do que as esponjas possuem sistema nervoso. No entanto, mesmo as esponjas, animais unicelulares, e não metazoários, como micetozoários têm mecanismos de sinalização célula a célula que são precursores dos neurônios.[4] Em animais radialmente simétricos, como as águas-vivas e hidras, o sistema nervoso consiste de uma rede difusa de células isoladas.[5] Em animais bilaterianos, que compõem a grande maioria das espécies existentes, o sistema nervoso tem uma estrutura comum que se originou no início do período Cambriano, mais de 500 milhões de anos atrás.[6]
Anatomia comparada
Membros do filo dos celenterados, tais como águas-vivas e hidras, têm um sistema nervoso simples intitulado de rede neural. Ela é formada por neurônios, ligados por sinapses ou conexões celulares. A rede neural é centralizada ao redor da boca, mas não há um agrupamento anatômico de neurônios. Algumas águas-vivas possuem neurônios sensoriais conhecidos como rhopalia, com os quais podem perceber luz, movimento, ou gravidade.[7]
Platelmintos e nematoides
Planárias, um tipo de platelminto, possuem uma corda nervosa dupla que percorre todo o comprimento do corpo e se funde com a cauda. Estas cordas nervosas são conectadas por nervos transversais, como os degraus de uma escada. Estes nervos ajudam a coordenar os dois lados do animal. Dois grandes gânglios na extremidade da cabeça funcionam de modo semelhante a um cérebro simplificado. Fotorreceptores nos ocelos desses animais proveem informação sensorial sobre luz e escuridão. Porém, os ocelos não são capazes de formar imagens. Os platelmintos foram os primeiros animais na escala evolutiva a apresentarem um processo de cefalização. A partir dos platelmintos até os equinodermos, o sistema nervoso é ganglionar ventral, com exceção dos nematelmintos que possuem cordão nervoso peri esofágico.
- Obs. : A centralização do sistema nervoso dos platelmintos representa um avanço em relação aos cnidários, que têm uma rede nervosa difusa, sem nenhum órgão integrador das funções nervosas.
Artrópodes
Os artrópodes possuem um sistema nervoso constituído de uma série de gânglios conectados por uma corda nervosa ventral feita de conectores paralelos que correm ao longo da barriga. Tipicamente, cada segmento do corpo possui um gânglio de cada lado, embora alguns deles se fundam para formar o cérebro e outros grandes gânglios.[8]
O segmento da cabeça contém o cérebro, também conhecido como gânglio supraesofágico. No sistema nervoso dos insetos, o cérebro é anatomicamente dividido em protocérebro, deutocérebro e tritocérebro. Imediatamente atrás do cérebro está o gânglio supraesofágico que controla as mandíbulas.
Muitos artrópodes possuem órgãos sensoriais bem desenvolvidos, incluindo olhos compostos para visão e antenas para olfato e percepção de feromônios. A informação sensorial destes órgãos é processada pelo cérebro.
Moluscos
A maioria dos Moluscos, tais como Bivalves e lesmas, têm vários grupos de neurônios intercomunicantes chamados gânglios. O sistema nervoso da lebre-do-mar (Aplysia) tem sido utilizado extensamente em experimentos de neurociência por causa de sua simplicidade e capacidade de aprender associações simples.
Os cefalópodes, tais como lulas e polvos, possuem cérebros relativamente complexos. Estes animais também apresentam olhos sofisticados. Como em todos os invertebrados, os axônios dos cefalópodes carecem de mielina, o isolante que permite reação rápida nos vertebrados. Para obter uma velocidade de condução rápida o bastante para controlar músculos em tentáculos distantes, os axônios dos cefalópodes precisam ter um diâmetro avantajado nas grandes espécies de cefalópodes. Por este motivo, os axônios da lula são usados por neurocientistas para trabalhar as propriedades básicas da ação potencial.
Vertebrados
Periférico | Somático | |
Autônomo | Simpático | |
Parassimpático | ||
Entérico | ||
Central / Principal |
O sistema nervoso dos animais vertebrados é frequentemente dividido em Sistema nervoso central (SNC) e Sistema nervoso periférico (SNP). O SNC consiste no encéfalo e na medula espinhal. O SNP consiste em todos os outros neurônios que não estão no SNC. A maioria do que comumente se denomina nervos (que são realmente os apêndices dos axónio de células nervosas) são considerados como constituintes do SNP. O sistema nervoso periférico é dividido em sistema nervoso somático e sistema nervoso autônomo.
O sistema nervoso somático é o responsável pela coordenação dos movimentos do corpo e também por receber estímulos externos. Este é o sistema que regula as atividades que estão sob controle consciente.
O sistema nervoso autônomo é dividido em sistema nervoso simpático, sistema nervoso parassimpático e sistema nervoso entérico. O sistema nervoso simpático responde ao perigo iminente ou stress, e é responsável pelo incremento do batimento cardíaco e da pressão arterial, entre outras mudanças fisiológicas, juntamente com a sensação de excitação que se sente devido ao incremento de adrenalina no sistema. O sistema nervoso parassimpático, por outro lado, torna-se evidente quando a pessoa está descansando e se sente relaxada, e é responsável por coisas tais como a constrição pupilar, a redução dos batimentos cardíacos, a dilatação dos vasos sanguíneos e a estimulação dos sistemas digestivo e genitourinário. O papel do sistema nervoso entérico é gerenciar todos os aspectos da digestão, do esôfago ao estômago, intestino delgado e cólon.
Centralização do Sistema Nervoso
Este artigo pode conter pesquisa inédita. |
Observando a filogenia do sistema nervoso dos metazoários, poderíamos supor que a estrutura difusa dos cnidários serviu como base ancestral ao desenvolvimento do sistema nervoso centralizado presente em espécies subsequentes, tanto dos protóstomos quanto dos deuterostômios. Porém, assumir que houve uma transição do sistema nervoso difuso para o central não é algo tão trivial, uma vez que os hemicordados também possuem sistema nervoso difuso e uma notocorda primitiva. Essa transição é uma interessante questão ainda em aberto na biologia, o sistema nervoso dos urbilaterais (o ancestral comum entre hemicordados, cordados e protostomos).[carece de fontes]
Atualmente existem algumas teorias propondo elucidar essa questão evolutiva, as quais abordam o sistema nervoso desse bilatério primitivo de maneiras diferentes.[9] Duas teorias especialmente interessantes são as que propõem um sistema nervoso central para o urbilateral, sendo então necessária a existência de uma inversão dorso-ventral na história evolutiva dos cordados (cenários 3 e 4). Isso sugeriria uma vantagem evolutiva para essa inversão, uma vez que esta é uma mudança relativamente drástica.
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