Raul Torres e Florêncio foi uma dupla de música sertaneja do Brasil formada pelos cantores Raul Montes Torres (19061970) e João Batista Pinto (19101970).[1]

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Raul Torres e Florêncio
Informação geral
Origem São Paulo, São Paulo SP
País  Brasil
Gênero(s) Moda de viola, sertanejo
Instrumento(s) Viola caipira, violão
Período em atividade 1942 - 1970
Integrantes Raul Montes Torres †
João Batista Pinto
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Raul Torres cantava em dupla com seu sobrinho Serrinha (Antenor Serra, ambos de Botucatu-SP), dupla essa que durou de 1937 a 1942. Após a separação da dupla com seu sobrinho, foi com Florêncio (João Batista Pinto. Barretos-SP) que Raul Torres passou a cantar em dupla.

Florêncio havia tentado conciliar a profissão de Farmacêutico com a carreira artística, no entanto, com a crescente popularidade que vinha adquirindo nas rádios onde se apresentava na Capital e no Interior, acabou largando definitivamente a farmácia, e passou a se dedicar integralmente à carreira artística.

E João Pacífico continuava sendo um dos principais parceiros e letristas das composições celebrizadas pela dupla pioneira; ele mesmo dizia que "Ser compositor para a interpretação de Raul Torres e Florêncio é o mesmo que ter um emprego vitalício..." 

Também eram frequentes as viagens de João Pacífico juntamente com Raul Torres e Florêncio ao Rio de Janeiro, onde gravavam seus discos.

A Música Caipira nessa época já vinha sendo chamada de "Música Sertaneja", e dominava cerca de 40% do Mercado Fonográfico Brasileiro. 

A dupla Torres e Florêncio atuou no mundo fonográfico por quase trinta anos, período durante o qual a dupla lançou dezenas de discos.

As primeiras gravações deles se deram em 1942, e dois anos depois a dupla se consagraria com dois grandes sucessos: as toadas “Cabocla Tereza” e “Pingo D’água” ambas de Raul Torres e João Pacífico.

Em 1945, Torres e Florêncio obtiveram talvez seu maior sucesso com a moda de viola “A Moda da Mula Preta”, também de Torres e João Pacífico, incluída até hoje entre os clássicos da música caipira. 

A dupla Torres e Florêncio foi a fixadora de um estilo de canto com duas vozes mais médias e que foi o que mais influenciou outras duplas até o aparecimento de Tonico e Tinoco com um canto mais agudo.

As primeiras gravações da dupla Torres e Florêncio apresentam o modelo clássico de duplas caipiras com acompanhamento de violas no qual se destaca o toque refinado do violeiro Florêncio.

A maioria das composições gravadas pela dupla remete ao universo rural retratado em composições como “Pra lá da Porteira”, “Moça boiadeira”, “Rolinha cabocla” e outras, além das anteriormente citadas.

Boa parte dessas obras foi composta por João Pacífico, umas sozinho, e outras em parceria com Raul Torres. Em muitas gravações também, a dupla contou com a presença da sanfona de Emílio Rieli solando como uma espécie de terceira voz. Mas o destaque mesmo era a afinação da dupla, as vozes límpidas e claras e o ponteado da viola.

As modas e toadas gravadas pela dupla falam de boiadas e de colheitas, de árvores e fontes de água pura, de rolinhas e outros pássaros, de lua nova e de lua cheia, sem deixar de lado o humor para cantar questões que colocavam o caipira diante de novidades da cidade como “As Modas Femininas”, “A dama do Baralho”, e “Apelido dos Jogadores”, entre outras.

No repertório de Torres e Florêncio estão toadas, modas de viola, emboladas, rasqueados e cateretês, além de um ou outro samba-sertanejo. 

Florêncio nasceu em Barretos, cidade que se destaca como aquela que abriga há mais de 50 anos a maior festa de peão de boiadeiro e dessa forma muitas das músicas gravadas pela dupla fazem referência a esse universo das boiadas.

Como é o caso da moda de viola “Mulher Baia”, de autoria do próprio Torres e que relata a dura travessia dum rio com o risco de perda da boiada. 

Essa dupla era realmente tão afinada que Torres e Florêncio vieram a falecer em 1970, no momento em que a música popular de uma maneira geral vivenciava amplas transformações que tinham se iniciado há pelo menos uma década antes.

As próprias duplas começavam a buscar novas formas de atuação com a utilização cada vez maior de instrumentos eletrificados e com uma temática que se distanciava a passos largos daquela que seria considerada como tradicional da música caipira. 

Dois anos depois, a gravadora Copacabana lançou um LP que em seu título resumiu perfeitamente o valor e a importância da dupla Torres e Florêncio: “O maior patrimônio da música sertaneja”.

Nesse disco, pode-se ouvir músicas emblemáticas do estilo da dupla e das qualidades vocais e instrumentais de Torres e Florêncio. Como por exemplo, na batucada “Mariazinha Criminosa”, de Raul Torres, que conta com vigoroso ponteado da viola de Florêncio.

Ou nas modas de viola “Mulher Baia” e “Casamento da Onça”, de Raul Torres e “Marica Criolinha”,de Florêncio, mostras de uma maneira de narrar histórias que remetem a um tempo em que os violeiros mais do que entreterem as pessoas eram narradores que levavam de um lugar para outro as histórias, verdadeiras ou não, que eram contadas e recontadas nas noites de luar. E nesse mister, poucas duplas podem se ombrear com Raul Torres e Florêncio. 

Discografia

  • (1961) Fruta brava/Não acredito que ninguém é de ninguém
  • (1960) Você falou tá falado/Nossa homenagem
  • (1959) Cabocla Tereza/Campo Grande
  • (1958) O que tem a cotia/Catenguelê
  • (1958) Bota minha roupa no baú/Ai Leonor
  • (1957) Triste carreiro/A morte da mula preta
  • (1955) João de Barro/Obrigado doutor
  • (1954) Capital gigante/Quarto centenário de São Paulo
  • (1954) Jorgina do Rio Pardo/Vida de roceira
  • (1953) Desabafo/No braço dessa viola
  • (1953) Não me abandones/Morena linda
  • (1952) Meus padecimentos/A morte da Rosinha
  • (1952) A paisagem da fronteira/O mourão da porteira
  • (1952) Marcha da índia/Marcha da condução
  • (1951) Casei com a fazendeira/Rolinha correio
  • (1951) Cavalo fogueteiro/Tristeza e saudade
  • (1951) Arrependimento/Rei dos pampas
  • (1950) Festa italiana/Cavalinho bom
  • (1949) Dois corações/Recortado da samambaia
  • (1949) Moda das 25 letras/Moreninha ingrata
  • (1948) Potranca tordilha/Mariazinha
  • (1948) Pra lá da porteira/Domingo cedinho
  • (1948) Tenho meu balãozinho/Maria é um nome bonito
  • (1947) Pião pegador I/Pião pegador II
  • (1947) Perto do coração/Cobra venenosa
  • (1947) Coração bão tá aqui/Convite que recebi
  • (1946) Juramento sagrado/Tô com a cara torta
  • (1946) Feijão queimado/Mania de cheque
  • (1946) Enquanto a estrela brilhar/Tropeiro sabido
  • (1945) A ventura do amor/Pra que me desprezas
  • (1945) Moda da mula preta/No recanto donde moro
  • (1945) Não me diga não/Os mandamentos das moças
  • (1944) Apelido dos jogadores/Vamos plantá algodão
  • (1944) Maria crioulinha/Ingratidão
  • (1944) Gostei da morena/Pingo d'água
  • (1944) Cabocla Tereza/As modas feminia
  • (1943) Sorteio militar/Eu vou mandar fazer um balão
  • (1943) Moça forgazona/Que loura bonita
  • (1943) Estrada da vida/Rádio moderno
  • (1943) Boiadeiro apaixonado/Chinita mia
  • (1942) O pipoqueiro/O "v" da vitória

Referências

  1. «Biografia no Cravo Albin». dicionariompb.com.br. Consultado em 28 de janeiro de 2014

Ligações externas

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