Quatro Livros e Cinco Clássicos

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Os Quatro Livros e os Cinco Clássicos são importantes livros associados ao confucionismo - um dos pilares da filosofia chinesa -, escritos anteriormente a 300 A.E.C. [1] Acredita-se tradicionalmente que eles foram redigidos, editados, ou comentados por Confúcio, ou um de seus discípulos.

A partir da dinastia Han, esse conjunto de obras veio a compor o núcleo dos chamados clássicos. Esses textos eram usados pela elite chinesa durante a realização de exames imperial, como forma de testar seus conhecimentos.

Quatro Livros

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Os Quatro Livros (四書) são textos clássicos chineses que ilustram a essência, valores, e dogmas do confucionismo . Eles foram selecionados pelo intelectual Zhu Xi, durante a dinastia Song, para servir como introdução geral ao pensamento confucionista, e, nas dinastias Ming e Qing, tornaram-se fundamento do currículo oficial para, os anteriormente mencionados, exames do serviço público . [2]

Algumas informações sobre eles são as seguintes:

Grande Aprendizado
Originalmente, este é um dos capítulos do Livro dos Ritos (O Livro da Grande Aprendizagem). O Grande Aprendizado possui em sua estrutura um pequeno texto principal, atribuído a Confúcio, e nove capítulos menores, com comentários de Zengzi, um de seus discípulos.
Sua importância é notável pelo prefácio de Zengzi, aonde está a porta de entrada para o aprendizado da doutrina confuncionista; a obra é de suma importância pois expressa muitos temas da filosofia, e do pensamento político chinês e, portanto, foi extremamente influente tanto no pensamento chinês clássico, quanto no moderno.
Doutrina do Meio
Este é outro capítulo do Livro dos Ritos, atribuído ao neto de Confúcio, Zisi .
O objetivo desta obra de 33 capítulos é demonstrar o seguimento de um caminho iluminado para obter-se a virtude perfeita. Trata-se na seguida de um Caminho (道) que é prescrito por um mandato celestial, não apenas para o governante, mas para toda sociedade seguir os ensinamentos da doutrina a partir dos exemplos apresentados em seu decorrer.
Analectos
Uma compilação de discursos de Confúcio e de seus discípulos, bem como as discussões que eles tiveram. Desde a época de Confúcio, os Analectos influenciaram fortemente a filosofia e os valores morais da China e, mais tarde, também de outros países do Leste Asiático .
Os ditos exames imperiais, iniciados na dinastia Sui, e abolidos com a fundação da República da China, enfatizavam os estudos confucionistas e esperavam que os candidatos citassem e aplicassem as palavras de Confúcio em suas redações.
Mêncio
Uma coleção de conversas do estudioso Mêncio com reis de seu tempo. Em contraste com os ditos de Confúcio, que são curtos e autocontidos, o Mêncio consiste em longos diálogos, escritos em prosa extensa.

Cinco Clássicos

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Os Cinco Clássicos (五經) são cinco livros chineses pré dinastia Qin, que fazem parte do cânone tradicional confucionista.

Vários destes textos já eram proeminentes na era Estados Combatentes.

Mêncio, o principal estudioso confucionista da época, considerava os Anais de Primavera e do Outono tão importantes quanto as crônicas semi lendárias de períodos anteriores. Durante a Dinastia Han, que adotou o confucionismo como sua ideologia oficial, esses textos se tornaram parte do currículo patrocinado pelo Estado. Foi durante este período, que os textos começaram a ser considerados juntos como uma coleção definida, e a serem chamados coletivamente de "Cinco Clássicos".

Lista

Clássico da Poesia
Uma coleção de 305 poemas, divididos em 160 canções folclóricas, 105 canções festivas, cantadas em cerimônias da corte, e 40 hinos e elogios, cantados em sacrifícios a heróis e espíritos ancestrais da casa real.
Shujing
Uma coleção de documentos e discursos supostamente escritos por governantes e oficiais do início do período Zhou, e anteriores.
É possivelmente a narrativa chinesa mais antiga, e pode datar do século VI A.E.C..
Nele constam exemplos de prosa chinesa antiga.
Livro dos Ritos
Descreve ritos antigos, formas sociais e cerimônias da corte. A versão estudada hoje é uma versão retrabalhada compilada por estudiosos no século III A.E.C., e não o texto original, que teria sido editado pelo próprio Confúcio.
I Ching (Livro das Mutações)
O livro contém um sistema de adivinhação comparável à geomancia ocidental ou ao sistema Ifá da África Ocidental. Nas culturas ocidentais, e no leste asiático moderno, ele ainda é amplamente utilizado para essa finalidade.
Anais da Primavera e do Outono
Um registro histórico do Estado de Lu, estado natal de Confúcio, 722–481 a.C. atribuído a Confúcio.

Até a era Han Ocidental, os autores normalmente listavam os Clássicos na ordem Poemas-Documentos-Rituais-Mudanças-Primavera e Outono. No entanto, a partir do Han Oriental, a ordem padrão passou a ser Mudanças-Documentos-Poemas-Rituais-Primavera e Outono.

Autores e editores de épocas posteriores, também se apropriaram dos termos "Livro" e "Clássico" e os aplicaram ironicamente a compêndios focados em assuntos claramente de baixo nível intelectual.

Alguns destes, podemos dar como exemplo o "Clássico da Prostituição" (嫖經) e "Um Novo Livro para Frustrar Fraudes" (杜騙新書, ca. 1617), de Zhang Yingyu, conhecido coloquialmente como "O Livro das Fraudes" ou "O Clássico das Fraudes".

Autoria

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Tradicionalmente, acreditava-se que o próprio Confúcio havia compilado ou editado os textos dos Cinco Clássicos.

Alguns autores, como Xinzhong Yao, admitem que há boas razões para acreditar-se que os clássicos confucionistas tomaram forma nas mãos de Confúcio, mas que "nada pode ser dado como certo em relação às primeiras versões dos clássicos".

Desde a época da dinastia Han Ocidental, continua Yao, a maioria dos estudiosos confucionistas acreditava que Confúcio havia reunido e editado as obras anteriores, "consertando", assim, as versões dos escritos antigos que se tornaram os Clássicos.

A tradição confucionista acredita que a coletânea Shijing foi editada por Confúcio de uma coleção de 3.000 partes, para sua forma tradicional de 305.

No século XX, muitos estudiosos chineses ainda mantinham essa tradição. O estudioso de “Novo Confúcio”, Xiong Shili (1885–1968), por exemplo, sustenta que os Seis Clássicos eram as versões finais "consertadas" por Confúcio em sua velhice. Outros estudiosos, porém, tinham e têm opiniões diferentes.

A Escola do Texto Antigo, por exemplo, baseou-se em versões encontradas na dinastia Han que supostamente sobreviveram à queima dos livros pela dinastia Qin, mas muitos deles sustentavam que essas obras não haviam sido editadas por Confúcio, mas que sobreviveram diretamente da dinastia Zhou .

Por razões distintas, principalmente relacionadas à erudição textual moderna, um grande número de estudiosos do século XX, tanto na China, quanto em outros países, sustentam que Confúcio não teve qualquer ligação com edição dos clássicos, ou ainda, com a sua escrita.

Xinzhong Yao relata que outros estudiosos ainda sustentam a visão "pragmática" de que a história dos clássicos é longa, e de que Confúcio e seus seguidores, embora não pretendessem criar um sistema de clássicos, "contribuíram para sua formação".

Em qualquer uma dessas hipóteses, é indiscutível que, durante a maior parte dos últimos 2.000 anos, acredita-se que Confúcio tenha escrito ou colaborado com a edição desses textos.

Os eventos mais importantes na carreira textual desses livros foram a adoção do confucionismo como ortodoxia estatal na dinastia Han, o que levou à sua preservação, e o "renascimento" do confucionismo na dinastia Song, que se tornaria a base da ortodoxia confucionista. O sábio neoconfucionista, Zhu Xi (1130–1200), reorganizou os textos dos Quatro Livros, e escreveu comentários cujas novas interpretações foram aceites como sendo as do próprio Confúcio.

Legado

Sob o reinado do Imperador Wu de Han, os Cinco Clássicos e os Quatro Livros tornaram-se a base do sistema de exames imperial . [3]

Ver também

Referências

Bibliografia

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