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Povos isolados

povos que vivem sem contato contínuo com a comunidade mundial Da Wikipédia, a enciclopédia livre

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Povos não contatados, também chamados povos isolados ou povos perdidos, são comunidades que, por decisão própria ou por determinadas circunstâncias, vivem em isolamento total ou sem contato significativo com a sociedade em geral. Poucos povos têm permanecido totalmente sem contato com a civilização dominante.

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Mapa de localidades com povos não contatados, no inicio do século XXI

Ativistas dos direitos indígenas pedem que tais grupos sejam deixados isolados, respeitando-se o seu direito de autodeterminação,[1]. Também argumentam que essas populações não têm imunidade a doenças comuns,; o contato gera um risco de infectar os povos isolados e causar epidemias locais.[2][3] A maioria dos povos isolados está localizada em áreas de floresta densa na América do Sul e na Nova Guiné, mas há alguns grupos nas Ilhas Andamão, na Índia. A descoberta da existência desses povos geralmente acontece após encontros, às vezes violentos, com povos vizinhos ou casualmente, durante filmagens aéreas.

Em anos recentes, operadores de turismo de aventura vêm adotando a controversa prática de organizar excursões que incluem encontrar povos isolados.[4] O primeiro contato com o mundo exterior geralmente é um prenúncio de desastre para esses povos. Em 2006, um documentário da BBC apresentou uma controversa operadora turística especializada em passeios escoltados para a "descoberta" de povos não contatados na Papua Ocidental.[5][6]

A ONG Survival International estima que haja 107 povos não contatadas no mundo. A maioria está na Amazônia. No Brasil, esses grupos vivem principalmente ao longo do rio Boia, mas vão até o Maranhão, onde vivem os Awá, uma das últimas etnias nômades das Américas (Abya Yala).[7][8] Em uma das Ilhas Andamão, na Índia, os sentineleses são considerados como o povo mais isolado do planeta, vivendo em condições análogas às dos homens do Paleolítico. Seriam cerca de 250 pessoas.[9]

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Ásia

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Os Sentineleses são um povo indígena da Ilha Sentinela do Norte nas Ilhas Andamão da Índia. A língua sentinelesa não é mutuamente inteligível com o idioma jarawa, falado pelo povo Jarawa, seus vizinhos mais próximos, o que sugere que eles permaneceram quase intocados e isolados por milhares de anos. Eles foram classificados por especialistas como o povo mais isolado no mundo.[10] Em 2001, funcionários do censo da Índia realizaram uma expedição para registrar a quantidade de Sentineleses na ilha. A expedição foi realizada entre 23-24 de Fevereiro do mesmo ano, conseguindo identificar 39 Sentineleses, consistindo de homens e mulheres adultos, além de de crianças e bebês.[11] A administração local de Andamão e Nicobar adotou uma política para garantir que caçadores não entrem ilegalmente na ilha. Além disso, um protocolo de circunavegação da Ilha Sentinela do Norte foi feito e notificado em consulta com o governo indiano.[12][13]

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Homem da etnia Korowai (Nova Guiné), contatada pela primeira vez na década de 1970.

Outro povo andamanês, os Jarawas, vivem em partes das ilhas Andamão do Sul e Andamão Central, e a estimativa é de que seus números estejam entre 250-400 indivíduos.[14]

O povo Baduy é uma comunidade tradicional bantenesa que vive na parte sudeste da província de Banten, na Indonésia.

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Oceania

Australia

Em 1984, um grupo de pessoas do povo Pintupi que vivia em uma tradicional vida de caçador-coletor foram rastreados no Deserto de Gibson na Austrália Ocidental. Pela primeira vez, eles encontraram pessoas da sociedade ocidental. Acredita-se que eles tenham sido a última tribo isolada na Austrália.

Nova Guiné

Grandes áreas da Nova Guiné ainda não foram exploradas por cientistas e antropólogos devido à densa floresta equatorial e ao terreno montanhoso da ilha. As províncias indonésias de Papua e Papua Ocidental, localizadas na ilha da Nova Guiné, são lar de um número estimado de 44 grupos étnicos ainda não contatados.[15] Há relatos sobre a existência de grupos isolados nas ilhas do leste da Indonésia.

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América do Norte

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Acredita-se que o último povo nativo sem contato na América do Norte eram os povos Lacandón, contatados no início do século XX. Ambas as famílias Ishi Yahi, e Maya Lacadón, estavam cientes da colonização Europeia e a civilização que desenvolveu-se a partir dele, mas propositalmente evitou qualquer contato direto, preferindo interagir apenas com outros povos nativos.

Estados Unidos

Ishi, um Yahi, acredita-se que tenha sido o último Nativo Americano nos Estados Unidos que tenha vivido a maior parte da vida completamente fora da cultura dos Estados Unidos. Em 1911, com cerca de 50 anos, ele emergiu da vida "selvagem" próximo a Oroville, California, deixando sua terra ancestral em uma colina próximo a Lassen Peak.[16]

México

O último grupo de pessoas a fazer contato dentro dos arredores do México foram o povo Lacandón, embora tenha sido uma população anteriormente urbana, que se retirou para a Selva Lacandona da Península de Iucatã para fugir da colonização Espanhola.[17] Contato inicial foi estabelecido em 1924, embora fosse um número de décadas antes de emergirem completamente. Entretanto alguns tiveram escolha de entrar na cultura dominante, a população restante na selva ainda é bastante conservador em relação a seu contato com o mundo lá fora, e os números atuais são de 650 pessoas.

América do Sul

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Bolívia

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Mapa indicando a presença de grupos isolados da tribo dos Ayoreo entre o noroeste do Paraguai e o sudeste da Bolívia.

Estima-se que a Bolívia tenha cerca de 20 famílias isoladas.[18] Alguns dos povos isolados confirmados são: Ayoreo (no Parque nacional Kaa Iya), Mbya-Yuki (Terra Yuki e rio Usurinta) e os Yurakaré (em Santa Cruz e Beni).

Colômbia

Na Amazônia colombiana vivem povos e comunidades indígenas que, após a chamada febre da borracha, decidiram evitar o contato. Um deles é o povo Juri, da bacia del rio Puré e do rio Bernardo, entre os rios Japurá (do que são afluentes os anteriores) e o Içá. Em 2010 o fotógrafo Cristóbal von Rothkirch tirou fotografias aéreas de malocas dos juri e de outras de forma diferente, que poderiam ser dos passé e dos jumana.[19][20]

Os nukak do Guaviare foram atingidos pela colonização de seu território a partir a partir de 1965. Têm sido atingidos por epidemias e pelo deslocamento forçado.[21][22][23] Outros grupos isolados reportados, cuja existência não é confirmada, são hurúmi'i (um segmento dos yucunas do Amazonas); um grupo do alto rio Yari (Caquetá), que poderiam ser carijonas; e um grupo ao noroeste do río Apaporis na zona de seu afluente o Ajaju, perto do cerro Macuje, que poderiam ser nukak.

Peru

Até há poucos anos, a existência de povos indígenas isolados era negada pelo governo peruano. Em 2007, o então presidente do Peru, Alan García, proclamava: "Contra o petróleo, [os anticapitalistas] criaram a figura do nativo selvagem não conectado, ou seja, desconhecido mas presumível. Por isso milhões de hectares não devem ser explorados, e o petróleo peruano deve ficar debaixo da terra enquanto se paga no mundo 90 dólares por barril." No mesmo ano, o presidente da estatal Perupetro, Daniel Saba, pontificava: "É absurdo dizer que existem não contatados quando ninguém os viu." Ambos estavam errados. Na verdade, algumas das últimas tribos isoladas estão saindo da floresta tropical peruana e entrando em contato com as populações de vilarejos próximos, segundo uma pesquisa financiada pelo Pulitzer Center on Crisis Reporting e publicada pela revista norte-americana Science.[24] Em agosto de 2013, cerca de 100 integrantes da tribo isolada Mashco Piro,[25] que vive principalmente Parque Nacional de Manú, no leste do Peru, apareceram perto da comunidade de Monte Salvado e fizeram gestos ameaçadores. Em 2014, cerca de 100 guerreiros Mashco Piro invadiram a aldeia, enquanto a maioria dos habitantes estava fora, matando cães e galinhas, quebrando janelas e destruindo roupas. Em 1 de maio de 2015, ao sul do rio Curanja, fora do Parque Nacional de Manú, homens Mashco Piro dispararam uma flecha que matou um morador indígena de 20 anos de idade[26] As aparições se multiplicam na floresta tropical da fronteira entre Brasil e Peru.[27]

Em junho de 2014, sete Mashco-Piro apareceram na vila de Simpatia, às margens do rio Envira, no estado brasileiro do Acre. Eles se encontraram com os Ashaninka que vivem no local e pediram ajuda para se defender contra os ataques que estavam sofrendo, presumivelmente de narcotraficantes, e que resultaram na morte de vários deles. Além disso, apresentavam doenças respiratórias decorrentes do contato com os brancos.[28]

Brasil

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Índios isolados (Estado do Acre, 2009).
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Em 18 de janeiro de 2007, a FUNAI confirmou a presença de 67 tribos não contatadas no Brasil (com 32 confirmadas ), o que é mais do que foi relatado em 2005.[29][30] Na floresta ao longo da fronteira entre Brasil e Peru, na bacia do rio Javari, está a maior concentração de povos isolados do mundo, sendo que no Brasil se encontra o maior número deles, embora também haja grupos isolados vivendo no Peru, além da Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela e na região do Chaco, no Paraguai.[31]

Atualmente, segundo a Funai, há no Brasil cerca de 107 registros da presença de índios isolados em toda a Amazônia Legal. Esse número pode variar conforme a evolução dos trabalhos indigenistas. Nesses 107 registros, estão incluídos:

  • Grupos indígenas isolados, com os quais a Funai desenvolveu trabalhos sistemáticos de localização geográfica, que permitem não só comprovar sua existência, mas obter mais informações sobre seu território e suas características socioculturais;
  • Referências a índios isolados, ou seja, fortes evidências acerca da existência de grupos indígenas isolados, já incluídos e qualificados no banco de dados, embora sem comprovação por parte da Coordenação Geral de Índios Isolados da Funai;
  • Informações de índios isolados, que são registradas na Funai após um processo de triagem, embora careçam de um estudo de qualificação.[32] Com esses números, admite-se que o Brasil ultrapasse a ilha da Nova Guiné (dividida entre Indonésia e Papua-Nova Guiné) como a região com maior número de tribos não contatadas, ainda que os números da Papua-Nova Guiné não estejam disponíveis.

Grupos indígenas no Brasil, em especial as tribos isoladas, são frequentemente envolvidos em conflitos e estão ameaçadas por desmatamentos, por invasões e pelo descaso governamental.[33] O Brasil é o país que possui o maior número de povos não contatados em todo o mundo. As Terras Indígenas brasileiras que são reservadas exclusivamente para tribos isoladas, são as seguintes:

As demais Terras Indígenas onde ocorre a presença de índios isolados, são as seguintes:

Mais informação Nome do grupo indígena, População de índios isolados (estimada) ...

De acordo com a listagem acima, os Estados brasileiros que possuem povos isolados (já conhecidos) são os seguintes: Amazonas (16 povos), Pará (8 povos), Rondônia (7 povos), Mato Grosso (3 povos), Acre (2 povos), Amapá (1 povo), Maranhão (1 povo), Roraima (1 povo), Tocantins (1 povo), Goiás (1 povo) e Minas Gerais (1 povo). Há de se considerar que alguns grupos (ou até mesmo povos inteiros) podem atravessar as divisas de estado e as fronteiras internacionais do Brasil.

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Galeria

Ver também

Referências

  1. Nuwer, Rachel. «Anthropology: The sad truth about uncontacted tribes». www.bbc.com (em inglês). Consultado em 21 de dezembro de 2019
  2. Close camera encounter with 'uncontacted' Peruvian tribe . New Zealand Herald, 2 de fevereiro de 2012.
  3. Anthropology Season. First Contact. BBC FOUR Autumn 2006, 12 de setembro de 2006
  4. BBC Four Anthropology Season, part 1 of 6 First Contact (disponível no Youtube)
  5. Nuwer, Rachel. «Anthropology: The sad truth about uncontacted tribes». Consultado em 22 de janeiro de 2018
  6. Enumeration of Primitive Tribes in A&N Islands: A Challenge (PDF) (Relatório). Cópia arquivada (PDF) em 11 de dezembro de 2014. The first batch could identify 31 Sentinelese. The second batch could count altogether 39 Sentinelese consisting of male and females adults, children and infants. During both the contacts the enumeration team tried to communicate with them through some Jarawa words and gestures, but, Sentinelese could not understand those verbal words.
  7. «Various facilities provided to tribal population of A&N Islands: Minister». IP Division, Directorate of Information Publicity & Tourism, Andaman & Nicobar Administration. 26 de fevereiro de 2016. Consultado em 19 de agosto de 2016
  8. «Directorate of Health Services: Tribal Health». Directorate of Health Services. Consultado em 19 de agosto de 2016
  9. International, Survival. «Jarawa». www.survivalinternational.org (em inglês). Consultado em 25 de agosto de 2018
  10. "Ishi: The Last Yahi" Arquivado em 2008-05-27 no Wayback Machine, University of California – San Francisco, Library
  11. «Endless Tours Cancun: Lacandón: The Last Uncontacted People in North America». Endlesscancun.blogspot.com. 12 de janeiro de 2011. Consultado em 24 de julho de 2015
  12. Salazar Gómez, Sania (2012) Indígenas yuri se resisten al “mundo blanco” Arquivado em 10 de agosto de 2014, no Wayback Machine.; unPeriódico, Bogotá, 13 de octubre de 2012.
  13. Mondragón, Héctor (1994) "La defensa del territorio Nukak" en Antropología y derechos Humanos"; Memorias del VI Congreso de Antropología en Colombia: 139 a 155. Carlos Vladimir Zambrano editor. Bogotá: Universidad de los Andes. ISBN 958-95646-1-5
  14. Franky, Carlos; Gabriel Cabrera y Dany Mahecha (1995) "Demografía y movilidad socio-espacial de los Nukak". Bogotá: Fundación Gaia.
  15. Cabrera, Gabriel; Carlos Franky y Dany Mahecha (1999) Los nɨkak: nómadas de la Amazonia colombiana. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia. ISBN 958-8051-35-5
  16. Making contact (resumo), por Andrew Lawler. Science de junho de 2015: vol. 348 n° 6239 pp. 1072-1079 DOI: 10.1126/science.348.6239.1072
  17. Isolados, índios Mashco Piro são alvo de 'safári humano'. Por Felipe Milanez e Glenn Shepard. Carta Capital, 9 de setembro de 2014.
  18. Making contac: Some of the last isolated tribes are emerging from Peru’s rainforests (texto completo) Por Andrew Lawler. Publicado na Science, vol 348 n° 6239, 5 de junho de 2015.
  19. Brazil: Land for last survivor of unknown Amazon tribe. Survival International. 9 November 2006.
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