Mundo ocidental, civilização ocidental ou simplesmente Ocidente (em latim: occidens - "pôr do sol, oeste", como distinto de Oriente), é um termo que se refere a diferentes nações, dependendo do contexto. Não há consenso sobre a definição das semelhanças desses países, além de terem uma população significativa de ascendência europeia e de terem culturas e sociedades fortemente influenciadas e/ou ligadas pela Europa.[3]
O conceito da parte ocidental do mundo tem sua origem na civilização greco-romana na Europa, com o advento do cristianismo. Na Idade Moderna, a cultura ocidental tem sido fortemente influenciada pelas tradições de movimentos como o Renascimento,[4] a Reforma Protestante, o iluminismo, e tem sido moldada pelo expansivo colonialismo europeu do século XV ao XX. Seu uso político foi temporariamente alterado por um antagonismo interno durante a Guerra Fria, no fim do século XX (1947-1991).
Originalmente, o termo tinha um significado geográfico, contrastando a Europa das culturas e civilizações ligadas ao Oriente Médio, Norte de África, Oriente Próximo, Ásia Meridional, Sudeste Asiático e Extremo Oriente, que costumavam ser vistas como "Oriente" pelos primeiros europeus modernos. No entanto, atualmente essa definição tem pouca relevância geográfica, principalmente desde que os Estados Unidos e o Canadá se formaram na América, a Rússia se expandiu para o Ásia Setentrional e a Austrália e a Nova Zelândia foram criadas na Oceania.
No sentido cultural contemporâneo, o mundo ocidental inclui a maior parte da Europa, além de muitos países de origem colonial europeia nas América do Norte e na Australásia, como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.[5][6][7]
Introdução
A cultura ocidental se originou na bacia do mar Mediterrâneo e seus arredores, sendo que a Grécia e a Roma antigas são frequentemente citadas como seus criadores. Com o tempo, seus respectivos impérios cresceram primeiro para o leste e para o oeste, incluindo o resto do Mediterrâneo e áreas costeiras do mar Negro, conquistando, absorvendo e sendo influenciados por grandes civilizações do antigo Oriente Médio muito mais antigas (como a fenícia e a egípcia. Mais tarde, expandiu-se para o norte do mar Mediterrâneo, passando a incluir a Europa Ocidental, a Europa Central, os Bálcãs, o Leste Europeu e a Europa Setentrional. A cristianização da Bulgária (século IX), da Rússia de Quieve (Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, no século X), da Escandinávia (século XII) e da Lituânia (século XIV) trouxe o resto dos países europeus para a civilização ocidental (ver: impacto do cristianismo na civilização).
Historiadores, como Carroll Quigley em A Evolução das Civilizações,[8] afirmam que a civilização ocidental nasceu no final do século V, após o colapso total do Império Romano do Ocidente, deixando um vácuo para o florescimento de novas ideias que eram impossíveis nas sociedades clássicas. Em qualquer ponto de vista, entre a queda do Império Romano do Ocidente e o Renascimento, o Ocidente passou por um período de declínio considerável, conhecido como Idade Média, as Cruzadas.[9]
O conhecimento do mundo antigo ocidental foi parcialmente preservado durante este período devido à sobrevivência do Império Romano do Oriente e das instituições da Igreja Católica, além da ampla contribuição dos árabes[10] e principalmente pela ascendência concorrente da idade de ouro islâmica.[11] A importação árabe, tanto de antigas quanto de novas tecnologias a partir do Oriente Médio e do Oriente para a Europa renascentista representou "uma das maiores transferências tecnológicas na história do mundo".[12][13]
Desde a Renascença, o Ocidente evoluiu além da influência dos antigos gregos, romanos e muçulmanos devido às revoluções Comercial,[14] Científica[15] e Industrial,[16] à expansão dos povos cristãos dos impérios da Europa Ocidental e, particularmente, à abrangência dos impérios europeus dos séculos XVIII e XIX. Muitas vezes, essa expansão foi acompanhada de missionários cristãos, que tentaram fazer proselitismo do cristianismo.
De modo geral, o consenso atual seria definir como parte do Ocidente, no mínimo, as culturas e os povos da Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e uma grande parte da América Central e do Sul, como Argentina e Brasil. Há um debate entre estudiosos sobre se a Europa Central e Leste Europeu está em uma categoria própria. Um argumento que justifica essa região europeia como parte do Ocidente é que o centro e o sudeste europeus, além dos Países Bálticos, como a República Checa, Polônia, Hungria, Estônia, Lituânia, Letônia, Eslováquia, Eslovênia, Bulgária e Romênia, são agora membros da União Europeia e da OTAN, organizações majoritariamente compostas por países ocidentais. Essas nações foram tanto fortemente influenciadas quanto influenciaram o mundo ocidental e dividem valores sociológicos e culturais com esse grupo de países. A Grécia e o Chipre não estão localizados geograficamente na Europa ocidental, mas são geralmente considerados uma parte do mundo ocidental. Isto porque a cultura ocidental tem raízes gregas e em parte devido a razões políticas, econômicas e religiosas. A Rússia muitas vezes não é considerada como parte do Ocidente. No entanto, a cultura russa (especialmente a música, a literatura e a pintura) é classificada como uma parte integrante da cultura ocidental.
Cultura
O termo "cultura ocidental" é usado de forma muito ampla para se referir a uma herança de normas sociais, valores éticos, costumes tradicionais, crenças religiosas, sistemas políticos e artefatos e tecnologias específicas.
Especificamente, a cultura ocidental pode implicar:
- uma influência cultural do cristianismo no pensamento, costumes e tradições éticas e morais espirituais, em torno e depois da era pós-clássica;
- influências culturais europeias relativas na arte, música, ética, folclore e tradições orais, cujos temas foram desenvolvidos pelo romantismo;
- influência cultural greco-romana clássica e renascentista na arte, filosofia, literatura, sistemas legais como direito romano e tradições, além dos efeitos sociais do período das migrações e heranças dos celtas, germânicos, eslavos e outros grupos étnicos, bem como a tradição do racionalismo em vários aspectos da vida, desenvolvido pela filosofia helenística, escolasticismo, humanismo, Revolução Científica e iluminismo.
O conceito de cultura ocidental é geralmente ligado à definição clássica do mundo ocidental. Nesta definição, a cultura ocidental é o conjunto de obras literárias, científicas, princípios políticos, artísticos e filosóficos que a distinguem de outras civilizações. Grande parte deste conjunto de tradições e conhecimentos é coletado no Cânone Ocidental.[17]
O termo tem sido aplicado a regiões cuja história é fortemente marcada pela imigração ou colonização europeia, como a América e Austrália, e não está restrito à Europa.
Algumas tendências que definem as sociedades ocidentais modernas são a existência do pluralismo político, do laicismo, da generalização da classe média, das subculturas proeminentes ou contraculturas (tais como movimentos da Nova Era), aumentando o sincretismo cultural resultante da globalização e da migração humana. A forma moderna destas sociedades é fortemente baseada na Revolução Industrial e em problemas sociais e ambientais, tais como a luta de classes e a poluição, bem como as reações a eles, tais como o sindicalismo e o ambientalismo.
Definição
0,800 – 1,000 (muito alto)
0,700 – 0,799 (alto) 0,555 – 0,699 (médio) |
0,350 – 0,554 (baixo) Sem dados |
Originalmente, a expressão indicava as áreas da Europa tradicionalmente católicas ou protestantes. A diferença entre o Ocidente e a sua contrapartida o Oriente é mais velha: no Império Romano já havia diferença entre a parte ocidental latina e a parte oriental, dominada pelos gregos. A separação do Império Romano em uma parte Ocidental e uma parte Oriental em 395 e o cisma de 1054 também reforçaram esta diferença. Ao longo dos séculos, o Grande Cisma causou diferenças determinantes na estrutura social, nas formas dominantes, no domínio das tecnologias aplicadas e desenvolvimento econômico, na filosofia e na ética, na arquitetura, nas artes e no vestuário.
Com a expansão da religião cristã na Europa, a diferença foi levada às outras partes da Europa. Por exemplo, a Rússia e a Bulgária foram convertidas a partir de Constantinopla e fazem parte do "Oriente", enquanto os irlandeses e os neerlandeses pertencem ao Ocidente. Depois da Idade Média, o Ocidente foi caracterizado por um grande número de correntes de desenvolvimento filosófico, tais como o Renascimento, o iluminismo, o protestantismo e o humanismo.
Hoje em dia, usam-se várias definições para o Ocidente:
- Definição clássica;
- Culturas dominantes desde a época colonial;
- Países da OTAN durante a guerra fria;
- Países ao ocidente da Ásia;
- Definições de governos.
A definição clássica para o "Mundo Ocidental" compreende os países da Europa (por oposição a Ásia, o "mundo oriental"), e os que têm suas raízes históricas e culturais ligadas à Europa. Nesta definição se incluem, além da própria Europa, também a América e a Oceania e, em parte, também a África do Sul.
A expressão Mundo Ocidental às vezes refere-se ao grupo de países que alcançaram a hegemonia desde a segunda parte do segundo milénio. Nesta definição estão incluídos a Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá (os líderes do mundo ocidental).
Durante a Guerra Fria, a expressão "Mundo Ocidental" se referia de maneira muito genérica aos países capitalistas desenvolvidos. Esta definição inclui os Estados Unidos, o Canadá, a Europa Ocidental, a Austrália, a Nova Zelândia, e também o Japão e Israel.
Definições de governos servem um alvo legal e administrativo. Às vezes, elas têm pouca relação com definições que foram apresentados acima. Por exemplo, o governo dos Países Baixos considera os imigrantes da Indonésia (uma ex-colônia holandesa) como imigrantes ocidentais.
Ver também
Referências
- THE WORLD OF CIVILIZATIONS: POST-1990 scanned image Arquivado em 2007-03-12 no Wayback Machine
- Huntington, Samuel P. (1991). Clash of Civilizations 6th ed. Washington, DC: [s.n.] pp. 38–39. ISBN 978-0-684-84441-1 – via http://www.mercaba.org/SANLUIS/Historia/Universal/Huntington,%20Samuel%20-%20El%20choque%20de%20civilizaciones.pdf (in Spanish).
The origin of western civilization is usually dated to 700 or 800 AD. In general, researchers consider that it has three main components, in Europe, North America and Latin America. [...] However, Latin America has followed a quite different development path from Europe and North America. Although it is a scion of European civilization, it also incorporates, to varying degrees, elements of indigenous American civilizations, absent from North America and Europe. It has had a corporatist and authoritarian culture that Europe had to a much lesser extent and America did not have at all. Both Europe and North America felt the effects of the Reformation and combined Catholic and Protestant culture. Historically, Latin America has been only Catholic, although this may be changing. [...] Latin America could be considered, or a sub-civilization within Western civilization, or a separate civilization, intimately related to the West and divided as to its belonging to it.
- Western Civilization, Our Tradition; James Kurth; Acessado em 30 de agosto de 2011
- Thompson, William; Joseph Hickey (2005). Society in Focus. Boston, MA: Pearson. 0-205-41365-X
- «Embassy of Brazil - Ottawa». Brasembottawa.org. Consultado em 6 de maio de 2011. Arquivado do original em 29 de abril de 2011
- Falcoff, Mark. «Chile Moves On». AEI. Consultado em 6 de maio de 2011. Arquivado do original em 17 de abril de 2009
- A Evolução das Civilizações - pg. 84. Acessado em 15 de janeiro de 2013.
- Middle Ages Enciclopédia Britânica
Das três grandes civilizações da Eurásia ocidental e do Norte de África, foi a Europa Ocidental cristã que começou como a menos desenvolvida em praticamente todos os aspectos da cultura material e intelectual, bem atrás dos Estados islâmicos e do Império Bizantino.
- Section 31.8
Por algumas gerações depois de Maomé (570 d.C. - 632 d.C.), a mente árabe foi, como havia sido, moldada, e produziu poesia e muita discussão religiosa; sob o estímulo do sucesso nacional e racial, ela presentemente resplandece com brilho somente superado pelos gregos em seu melhor período. Com um novo ângulo e com um fresco vigor, ela assumiu aquele sistemático desenvolvimento de conhecimento positivo que os antigos gregos haviam começado e abandonado. Ela reviveu o propósito humano do conhecimento. Se os gregos foram os pais, então os árabes foram os padrastos do método de lidar com a realidade, ou seja, a absoluta franqueza, a máxima simplicidade de declaração e explicação, registro exato, e criticismo exaustivo. Foi mediante os árabes, e não através da rota latina, que o mundo moderno recebeu o presente da luz e do poder.
- Lewis, Bernard (2002). What Went Wrong. [S.l.]: Oxford University Press. 3 páginas
Por muitos séculos, o Islã esteve na linha de frente da civilização e realização humanas. Na era entre o declínio da antiguidade e surgimento da modernidade, isto é, nos séculos designados na história europeia como medieval, a reivindicação islâmica não era injustificada.
- «Science, civilization and society». Consultado em 30 de novembro de 2009. Arquivado do original em 29 de abril de 2011
- «History of Europe | Summary, Wars, Map, Ideas, & Colonialism | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2024
- «commercial revolution | Infoplease». www.infoplease.com (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2024
- «The Industrial Revolution - Innovations». industrialrevolution.sea.ca. Consultado em 12 de julho de 2024
- Duran 1995, p.81
Bibliografia
- Ankerl, Guy (2000). Coexisting contemporary civilizations: Arabo-Muslim, Bharati, Chinese, and West. Col: INU societal research. Vol.1:. Global communication without universal civilization. Geneva: INU Press. ISBN 2-88155-004-5
- Bavaj, Riccardo: "The West": A Conceptual Exploration , European History Online, Mainz: Institute of European History, 2011, retrieved: 28 November 2011.
- Daly, Jonathan. "The Rise of Western Power: A Comparative History of Western Civilization" (London and New York: Bloomsbury, 2014). ISBN 9781441161314
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