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variação da língua portuguesa mais usada em Moçambique Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O português moçambicano ou português de Moçambique é a variante do português falado e escrito em Moçambique. A única língua oficial da República de Moçambique é a língua portuguesa, segundo estabelecido no artigo 5º da Constituição de 1990.[nota 2][6] Porém, é falada, essencialmente, como segunda língua por boa parte da sua população, sendo falada (nativamente ou como segunda língua) por 47,4% , segundo o que sugerem os levantamentos censitários de 2017 sobre as estatísticas de alfabetização.
Português moçambicano | ||
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Falado(a) em: | Moçambique | |
Região: | Moçambique e zonas de fronteira | |
Total de falantes: | Língua materna: 16,6% ou c. 3,7 milhões (2007) Segunda língua: 47,4% ou c. 10,5 milhões (2007)[1][2] | |
Família: | Língua portuguesa Português moçambicano | |
Regulado por: | Academia de Ciências de Moçambique[nota 1][4] | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | pt-MZ | |
ISO 639-2: | --- | |
Antes da independência de Moçambique, o português da metrópole era prescrito compulsivamente como norma linguística (língua-padrão) para toda a vida pública no seio da política de assimilação portuguesa, política seguida em todas as colónias portuguesas de África. Para assim, a longo prazo, transformar todos os moçambicanos linguística e culturalmente em portugueses. Os desvios à norma europeia e as línguas bantas de Moçambique foram considerados com desdém como «pretoguês».[7][8]
Com a independência, a obrigatoriedade para o respeito da norma da metrópole diminuiu, e as palavras das línguas autóctones foram introduzidas no português moçambicano. A orientação para o sistema político e económico do Bloco Oriental conduziu também para a adopção de novas noções. Todavia, com o vento da mudança política no começo da década de 1990 o léxico de uso político deveria ser abandonado parcialmente de novo.
Todas as instituições estatais servem-se exclusivamente da língua portuguesa, esta vale para as autoridades, tribunais, polícia e forças armadas. Todas as publicações são redigidas sem excepção em português. Uma outra prática é apenas imaginável em contactos orais com funcionários públicos individuais.
A imprensa está concentrada na capital do país Maputo, à excepção de um diário de tiragem modesta na Beira. Essencialmente trata-se dos diários Notícias e O País, do semanário dominical Domingo e dos semanários Zambeze, Magazine Independente, Canal de Moçambique e Savana, todos estes periódicos são publicados em português e são acessíveis sobretudo aos leitores da capital.
A televisão é difundida apenas nas aglomerações urbanas e em língua portuguesa, os filmes de produção estrangeira são projectados na voz original com legendas em português. Enquanto que a rádio é transmitida em português a par com as seis línguas regionais mais importantes, neste contexto cabe um papel destacado à língua changana entre estas línguas autóctones.
Em suma, conclui-se que, exceptuando a rádio, a língua portuguesa detém uma posição dominante[8] no quadro dos meios de comunicação social moçambicanos.
De acordo com o censo de 2017:
A vasta maioria das pessoas que têm a língua portuguesa como língua materna reside nas áreas urbanas, onde também se verifica o mais alto índice da população que adopta o português como língua de uso em casa. Na generalidade, a maioria da população fala línguas do grupo bantu. A língua materna mais falada é o macua (26,3%); em segundo lugar está o xichangana (11,4%) e em terceiro, o lomé (7,9%).[9]
Os dados do censo de 2017, levado a cabo pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revelou, entre outros dados, que:[10]
De resto, há-de se verificar que o quadro linguístico da distribuição dos principais idiomas de eleição, e sobretudo do nível de domínio da língua oficial do país, não parece ter-se transformado severamente no decorrer da década precedente, fenómeno de complexa explicação, mas que possivelmente possa residir na perpetuação das precárias condições socioeconómicas que marcam a geografia das províncias mais populosas de Moçambique, nomeadamente Zambézia e Nampula, ao norte.[10]
Em muitos aspectos fonológicos, o português de Moçambique assemelha-se ao português falado no Brasil, como por exemplo no final das palavras terminadas em 'e' passa para 'i' em vez de 'ɨ' como em Portugal (por exemplo [felisidádi] em vez de [fɨlisidádɨ]). Outros aspectos da pronúncia das palavras do português moçambicano é a supressão do fonema /r/ final (exemplificando, estar lê-se [eʃ'tá] em vez de [eʃ'táɾ]) e a supressão de vogais não acentuadas não é tão forte como em Portugal.
Moçambique participou nos trabalhos de elaboração do Acordo Ortográfico de 1990 — com uma delegação constituída por João Pontífice e Maria Eugénia Cruz e firmado pelo ministro da Cultura, o escritor Luís Bernardo Honwana —, bem como nas reuniões da CPLP onde os dois protocolos modificativos foram aprovados. No entanto, o governo moçambicano ainda não ratificou nenhum destes documentos.[12]
Em abril de 2008, o presidente da República Armando Guebuza afirmou: "Moçambique está a analisar o acordo ortográfico e, como é óbvio, um dia vai assiná-lo" e, em novembro, o governo moçambicano reafirmou o desejo de ratificar o acordo, assim que estivesse concluída a avaliação técnica que, entretanto, decidiu levar a cabo.[13] Em 8 de Junho de 2012, coincidindo com a Presidência da CPLP, governo de Moçambique veio ratificar o Acordo em Conselho de Ministros visando doravante a sua implementação progressiva.
Algumas palavras e verbos que foram adicionadas ao português moçambicano, atribuindo características próprias:
Moçambique | Significado |
---|---|
agorinha | agora mesmo |
babalaza | ressaca |
bichar | formar fila |
chima | papa de farinha de milho, mapira, mexoeira, mandioca, macaxeira |
caniço | bairro de lata (Portugal), favela (Brasil) |
cronicar | fazer/escrever crónicas |
desconseguir | não conseguir |
depressar | ir depressa |
estrutura | autoridade, responsável governamental |
machamba | campo agrícola |
machimbombo | autocarro (Portugal), ônibus (Brasil) |
madala | pessoa idosa, pessoa prestigiada |
matabicho | pequeno-almoço (Portugal), café da manhã (Brasil) |
pasta | mala (saco) de mão |
situação | problema, crise, guerra |
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