Palácio dos Campos Elíseos
Palacete zona central de São Paulo, planejado por Matheus Häusler,arquitetos alemão, 1890 Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Palacete zona central de São Paulo, planejado por Matheus Häusler,arquitetos alemão, 1890 Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Palácio dos Campos Elíseos (antigo "Palacete Elias Chaves"), situado na Avenida Rio Branco, zona central de São Paulo, foi projetado pelo arquiteto alemão Matheus Häusler, iniciado em 1890 e finalizado em 1899 para ser a residência do cafeicultor e político Elias Antônio Pacheco e Chaves.[1]
Palácio dos Campos Elíseos | |
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Fachada principal do Palácio dos Campos Elíseos | |
Nomes anteriores | 'Palacete Elias Chaves' |
Tipo | Palácio |
Estilo dominante | Belle Époque |
Arquiteto(a) | Matheus Häusler |
Início da construção | 1896 |
Fim da construção | 1899 |
Proprietário(a) atual | Governo do Estado de São Paulo |
Dimensões | |
Número de andares | 4 |
Área | 4,000 m² |
Património nacional | |
Classificação | CONDEPHAAT |
Data | 1977 |
Geografia | |
País | Brasil |
Cidade | São Paulo |
Localização | Campos Elíseos - São Paulo, SP Brasil |
Coordenadas | 23° 32′ 01″ S, 46° 38′ 42″ O |
Localização em mapa dinâmico |
O imóvel, dividido em quatro pisos e 4.000 metros quadrados, foi inspirado no Castelo de Écouen, na França. Sua construção utilizou inovações tecnológicas trazidas da Europa e a maioria dos materiais que o compõem foram importados: espelhos de Veneza, maçanetas de porcelana de Sévres, terracotas da Itália, fechaduras e dobradiças dos Estados Unidos. O palacete foi denominado "Palácio dos Campos Elísios" em 1915, quando tornou-se a sede do Governo e a residência oficial do governador do Estado de São Paulo. Foi quando as grades que circundavam o prédio deram lugar a muros altos, que escondem o prédio dos pedestres.
Em 1967, devido a um incêndio ocorrido, tanto a sede do governo, como a residência do governador, transferiram-se para o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi. Desde então o palacete passou por restaurações. A restauração da parte externa teve início em março de 2008 e foi concluída em 2010.[2] O palácio foi tombado no ano de 1977 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT).
No fim do século XIX, o cafeicultor Elias Antônio Pacheco e Chaves encomendou a construção de um Palacete para ser sua residência na então região dos Campos Elíseos, bairro que se tornava, na época, a fronteira da elite paulistana. O nome Campos Elíseos faz referência ao bairro parisiense Champs-Élysées. De 1890 a 1899, a construção do palacete foi projetada pelo mestre de obras e arquiteto Matheus Häusler, que também trabalhou na construção do Viaduto do Chá.[3]
O Palácio dos Campos Elísios é um dos mais belos e luxuosos edifícios da cidade de São Paulo, oriundo da farta fortuna cafeeira do fim do século XIX. [4]
Elias Pacheco Chaves foi um dos homens que mais ostentou o luxo na cidade de São Paulo. Em 1903, o cafeicultor faleceu e deixou o então palacete que levava seu nome com a viúva e os filhos, que residiram lá até 1911, ano em que foi vendido ao Estado. Assim que foi adquirido pelo Estado, a construção residência de Elias Chaves passou a ser chamado de Palácio dos Campos Elíseos.[5] A partir de 1912, o Palácio começou a servir de residência para as figuras políticas do mais alto escalão. O primeiro a morar no local foi o Presidente-Conselheiro Rodrigues Alves. Até o ano de 1924, no governo de Carlos de Campos, todos os governadores do Estado residiram no Palácio. Na Revolução de 1924, os revolucionários ocuparam a residência do governo por cerca de vinte dias, o palácio sofreu inúmeros bombardeios, que se repetiram em 1932 na revolta contra o Estado Novo.[4] Em 1930, a vitória do movimento desalojou o Júlio Prestes e Heitor Penteado, líderes do governo na época. [6]
Passaram pelo Palácio dos Campos Elíseos nomes como Washington Luis, Jânio Quadros e Ademar de Barros. A residência dos líderes políticos foi cenário principal de vários movimentos e momentos que marcaram a história da comunidade paulistana.
Na década de 1960, a mudança da residência dos políticos para o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, resultou no abandono do Palácio dos Campos Elíseos que passou a abrigar algumas secretarias estaduais. No mesmo período, o Governo especulava demolir a construção, mas órgãos como o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e o Instituto Histórico e Geográfico Guarujá-Bertioga, solicitaram a preservação do Palácio. No entanto, um incêndio acidental no telhado da construção, em 1967, destruiu grande parte do que era o símbolo da política paulistana.[7]
Depois do incêndio, algumas reformas foram feitas para reconstruir o palácio que, a partir de então, passou a ter pouca utilidade. Serviu por um tempo para abrigar secretarias do Estado de São Paulo. Na década de 1970, a construção foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT).[8]
No dia 17 de outubro de 1967 um incêndio atingiu o palácio, que ainda abrigava o então governador Abreu Sodré e a família. O fogo deu início no telhado, por volta das 19h40, durando 15 minutos, e destruiu grande parte da construção. O palácio estava no final de uma reforma que durou nove meses. Todos que estavam no prédio foram retirados sem ferimentos, o governador estava despachando no Palácio dos Bandeirantes.[9] A então primeira-dama, Maria Sodré, ficou responsável por salvar algumas obras de arte que decoravam o palácio. Depois do incidente, houve algumas reformas para reconstrução de parte da construção destruída.[7]
No ano de 2004, o Governo do estado de São Paulo anunciou um projeto que restauraria o Palácio para que se tornasse um Centro Cultural contendo parte da história da cidade. No entanto, o projeto foi adiado por falta de verbas.[10]
Em 2008, o governador José Serra anunciou que retomaria o projeto de restauração do Palácio dos Campos Elíseos, com a ideia de fazer uma extensão do Palácio dos Bandeirantes, mas mais uma vez nada foi concluído. A fachada foi reconstruída nesse período com um valor de custo avaliado em cerca de 3,65 milhões de reais.[10]
Em 2013, teve início a obra de restauro[11] pelo governo estadual com término previsto para 2015 e com a abertura do museu prevista para 2016[12], mas a obra foi concluída somente em 2017. Assim, o palácio passou por obras de recuperação, requalificação e restauro e os investimentos alcançaram 20 milhões. Além disso, de acordo com exigências legais, o espaço recebeu adequações relativas à acessibilidade e segurança.[13]
Hoje sua arquitetura renascentista se esconde atrás dos portões e muros de 2 metros de altura na região da Cracolândia, ao lado do terminal de ônibus Princesa Isabel.[14] Acredita-se que com a conclusão do Projeto de Restauração do Palácio Campos Elíseos, além de passar a ser um museu cultural onde contará sua própria história, este também servirá para contribuir para a revitalização da região.[13]
A partir de julho de 2017, o governo estadual permitiu o uso gratuito do imóvel, por 5 anos, pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo - SEBRAE-SP, para a instalação do Centro Nacional de Referência em Empreendedorismo, Tecnologia e Economia Criativa. De acordo com o Decreto Estadual 62.699, de 14 de julho de 2017, em contrapartida, o SEBRAE-SP deverá oferecer gratuidade para para visitas a exposições com temas sobre o empreendedorismo, tecnologia e economia criativa, e também para visitas de professores e estudantes da rede pública de ensino; manter cursos de formação e capacitação em educação empreendedora para docentes da rede pública; oferecer espaço de "coworking" e de capacitação para projetos voltados à economia criativa e criar um espaço de memória do Palácio e da região.[15]
Em 03 de abril de 2018, o Centro Nacional de Referência em Empreendedorismo, Tecnologia e Economia Criativa foi inaugurado e as primeiras atividades ocuparão o primeiro andar do prédio: um espaço de coworking, uma aceleradora de startups (com 11 empresas paulistas selecionadas: Wall, E-shows, Giro Vantagens, Joga, Baruk, Emagreça Sem Dieta, HAPPMOBI, Kill-Q, Let´s Work, SYNCO, TEAM Fix), salas de reuniões, duas salas para capacitações e a área administrativa do SEBRAE-SP.
Na segunda fase do Projeto, haverá a instalação do Espaço Memória para exposições temporárias com temas estratégicos sobre o Centro, a história do empreendedorismo, da economia paulista, da região central de São Paulo e do próprio Palácio Campos Elíseos.[16]
Após alguns anos de pesquisa e propostas para a criação de um novo museu cultural dentro dos espaços do palácio, O Museu das Favelas foi oficialmente inaugurado no dia 20 de novembro de 2022,[17] no contexto de um movimento mais amplo de democratização dos espaços culturais e de preservação das memórias de populações historicamente marginalizadas. A escolha do Palácio como sede do Museu tem um simbolismo importante: trata-se de transformar um antigo espaço aristocrático em um local dedicado a contar as histórias das periferias e comunidades de favela, marcando um novo uso social para o edifício.
O Museu promove exposições, debates, oficinas e atividades educacionais que envolvem diretamente os moradores de favelas, abordando questões como racismo, resistência cultural e desigualdade social. Além disso, busca ser um espaço de construção de políticas públicas de cultura voltadas para as favelas e periferias.
Essa transformação do Palácio dos Campos Elíseos em sede do Museu das Favelas reflete um novo olhar sobre o patrimônio histórico e cultural, onde diferentes narrativas, inclusive as das populações menos favorecidas, são reconhecidas como parte fundamental da história de São Paulo e do Brasil.
Projeto do arquiteto alemão Matheus Häusler, a construção de 4.000 metros quadrados foi inspirada na arquitetura do Castelo d'Écouen, na França e decorada pelo italiano Cláudio Rossi. Dividido em quatro andares, o edifício era composto por um porão, térreo, o primeiro andar e por fim, um sótão.[18] O Palácio foi construído sob uma nova arquitetura de paredes, feitas de tijolos. Madeira também foi um material bastante usado nos telhados e nas escadas no interior do Palácio. Grande parte dos materiais para a obra foi importada de regiões da Europa como Itália e França e também dos Estados Unidos. Cristais de Veneza, porcelana de Sèvres e ferragens em bronze dos Estados Unidos são alguns dos materiais importados. Foram usadas, também, marcenaria e serralheria brasileiras.[19]
A construção possuía muitos espelhos venezianos,imponentes lustres de Baccarat e maçanetas de porcelana, materiais estes, importados também de vários países da Europa e dos Estados Unidos.[4]
O Palácio dos Campos Elíseos foi protagonista de momentos importantes para história paulistana e brasileira como a Revolução de 1924 e a de 1932, passou pelo inconstante período político da Era Vargas e Estado Novo, além de acomodar de 1912 até a década de 1960, as figuras políticas mais importantes da cidade de São Paulo.[20] Em 1970, foi dado início aos pedidos e processo de tombamento da construção, que havia acabado de ter parte destruída por um incêndio. Em janeiro de 1970, uma carta da Secretária de Cultura, Esportes e Turismo solicitava ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) o tombamento do Palácio dos Campos Elíseos.[21]
Na ocasião, um acordo com a Secretaria Executiva deveria ser estabelecido, uma vez que havia uma comissão estudando o destino do Palácio que estava em processo de restauração. O CONDEPHAAT intermediou cartas com Secretários Executivos nas quais o órgão alegava ser desnecessário aguardar até o término dos estudos já que era concreto que o palácio ficaria por abrigar algumas secretarias. Em 1973, em negociação com o CONDEPHAAT, o Conselho Deliberativo decidiu por aguardar os resultados dos estudos feitos pelo Grupo Executivo de Cultura (GEOCEC). Em 6 de dezembro de 1976, foi concluído que o Palácio seria legalmente tombado como monumento histórico e arquitetônico. O Conselho Deliberativo decidiu, em ata, nos termos do consenso do Colegiado, pelo tombamento do Palácio dos Campos Elísios como tombamento que foi concluído no início de 1977.[21]
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