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O Crocodilo é um conto do autor russo Fiódor Dostoiévski, que narra a história de um homem que foi engolido por um crocodilo em uma exposição, apesar disso se mantém vivo.
Este artigo ou secção contém uma lista de referências no fim do texto, mas as suas fontes não são claras porque não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a confiabilidade das informações. (Agosto de 2020) |
O Crocodilo | |
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Autor | Fiódor Dostoiévski |
Gênero | ficção especulativa |
Data de publicação | 1865 |
O Crocodilo data de um período ainda prematuro do autor; período, esse, de uma evolução literária em que já não restavam dúvidas sobre o seu génio. O mesmo não acontece com outras novelas e contos – como em O Ladrão Honesto, A mulher Alheia e o Homem debaixo da Cama e Polzunkov -, já que todos essas datam de uma fase da vida de Dostoiévski de O Idiota, obra emblemática de entre aquelas igualmente notáveis. Porém, essa fase – dos seus vinte e poucos anos – em que, por assim dizer, se desconhecia ainda o rumo e o valor da obra do mestre em Humilhados e Ofendidos -, é ainda assim a mais satírica e humorística.
As novelas, essas, escritas entre 1846 e 1849 – data da prisão do escritor – acusam uma certa desorientação, pois não exprimem o realismo de Pobre Gente – o seu romance de estreia -, nem o gosto místico de O Duplo.
Em verdade, as novelas da primeira fase da carreira dostoiévskiana, indiciam o lado satírico e humorístico do romancista, roçando a mais desenfreada e corrosiva bufonaria, como é em O Crocodilo. (Lembre-se que, neste período, Nicolau Gógol dava graças do seu génio em algumas das suas brochuras, e que o realismo era, por assim dizer, a grande corrente artística russa, que nem a Alexandre Púchkin foi possível renunciar).
Nas novelas da juventude de Dostoiévski, o grotesco, pois, esconde muitas coisas, mas a coisa mais importante que esse suposto grotesco esconde é essa mensagem suprema, segundo o qual a sublimidade da vida está no mais improvável destino do homem, em condições ridículas e grotescas dessa criatura condenada a espiar um destino sem remissão.
O Crocodilo acusa essa mesma sublimidade pelo facto de um indivíduo ser deglutido por um crocodilo, como se aí residisse o busílis da obra dostoiévskiana pelo inverosímil e o grotesco. De um momento para outro, vemos um homem aparentemente encantador ser engolido de um trago por um animal, cujos poderes simbólicos da sua alma e natureza derivam de uma alusão aos perigos que o homem é vítima em tempo de materialismos e ridículas ignorâncias.
Durante a narração – em primeira pessoa – de um fiel amigo da vítima, somos transportados para mundos inverosímeis e satíricos. O narrador conta assim o infortúnio que se abateu sobre o seu companheiro, e, no entanto, acaba por cair no mais perfeito desconhecimento do estado de aparente ventura dessoutro, a quem devotou grande estima ao longo da vida.
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