Necrópole de Varna
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A Necrópole de Varna (em búlgaro: Варненски некропол), também conhecido como cemitério de Varna, é um sítio arqueológico funerário que se encontra na parte ocidental da zona industrial de Varna, na Bulgária, (aproximadamente a 500 m do lago Varna e a 4 km do centro da cidade), considerado internacionalmente como um dos sítios chave da pré-história.
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O sítio foi descoberto por acaso em outubro de 1972 pelo operário de uma escavadora, Raycho Marinov. Mihail Lazarov (1972-1976) e Ivan Ivanov (1972-1991) estiveram a cargo da escavação arqueológica do sítio. Estima-se que ainda estivesse por escavar cerca de 30% da zona da necrópole em 2008.
Encontraram-se 294 túmulos na necrópole, muitos dos quais com artigos sofisticados de metalurgia (ouro e cobre), cerâmica (à volta de 600 peças, incluindo algumas pintadas com ouro), objectos de grande qualidade feitos de sílex e obsidiana, e contas decorativas.
Os sepulcros foram datados como pertencentes a 4600-4200 a.C. (segundo a datação por radiocarbono realizada em 2004) e pertencem à cultura de Varna da Idade do Cobre.
Alguns túmulos não contêm esqueletos mas oferendas fúnebres (cenotáfios). O que é interessante é que os sepulcros simbólicos (vazios) são os mais ricos em artefactos de ouro.
Foram encontrados 3000 desses objectos, com um peso aproximado de 6 kg. O sepulcro 43 (ver fotografia) tinha mais ouro do que tinha sido descoberto no resto do mundo nessa época. Três sepulcros simbólicos continham máscaras feitas de argila por cozer(ver fotografia).
Os achados demonstram que a antiga sociedade de Varna mantinha relações comerciais com terras longínquas (que possivelmente incluíam a parte baixa do rio Volga e as Cíclades), exportando talvez objectos de metal e também sal da mina de sal de Provadiya. O mineral de cobre que utilizavam nos seus artefactos tinha origem numa mina em Sredna Gora, perto de Stara Zagora, e pode ser que as conchas de spondylus que se encontraram nos túmulos tenham sido empregues como primitiva moeda de troca.
Esta cultura tinha crenças religiosas sofisticadas em relação à vida além da morte e criou diferenças hierárquicas, tal como demonstra o sepulcro mais antigo que se conhece de um homem pertencente à elite (segundo Marija Gimbutas, a transição para o domínio dos homens ocorreu na Europa em finais do quinto milénio a.C.). A elevada hierarquia do homem enterrado ali fica demonstrada pela imensa quantidade de ouro, a enxó ou maço que tinha, e a funda de ouro para o seu pénis. As plaquetas de ouro com forma de touro (ver fotografia) poderiam também servir como veneração da virilidade, da força e das qualidades como guerreiro. Gimbutas defende que os artefactos foram realizados em grande parte por artesãos locais.
Segundo Gimbutas, «a falta de continuidade das culturas de Varna, Karanovo, Vinča e Lengyel dentro dos seus territórios principais e as migrações de grande escala para o norte e noroeste são evidências indirectas de uma catástrofe de proporções que não se podem explicar em termos de alterações climáticas, esgotamento da terra ou epidemias (das quais não há provas durante a segunda metade do quinto milénio a.C.). Encontraram-se provas directas da incursão de guerreiros a cavalo, não só pelos sepulcros individuais de homens, mas pelo surgimento de todo um complexo de rasgos culturais kurgan.»
Chapman afirma que «numa época, não há muito, aceitava-se o facto que nómadas das estepes provenientes da zona do Mar Negro invadiram os Balcãs, pondo fim à sociedade da Idade do Cobre que produziu o apogeu da metalurgia autónoma do cobre e, no seu zénite, o cemitério de Varna com os seus maravilhosos primeiros trabalhos em ouro. Na actualidade a opinião é a contrária, com o complexo de Varna e suas comunidades associadas responsáveis pela estimulação da chegada de práticas funerárias dominadas pela confecção de objectos de luxo, depois da expansão da agricultura.»[1]
Os artefactos podem ser vistos no Museu Arqueológico de Varna e no Museu Nacional Histórico de Sófia. Em 2006, alguns objectos de ouro foram incluídos numa importante exposição nacional de antigos tesouros de ouro, tanto em Sófia como em Varna.
O ouro de Varna começou a percorrer mundo em 1973; foi incluído na exibição nacional "O ouro do ginete trácio", que se apresentou em muitos dos principais museus e galerias mundiais durante os anos 70. Em 1982 foi exibido durante sete meses no Japão como "O ouro mais antigo do mundo: A primeira civilização europeia", o qual recebeu enorme publicidade, incluindo dois documentários para televisão. Nos anos 1980 e 1990 também foi exibido no Canadá, Alemanha, França, Itália e Israel, entre outros países, e apareceu na capa da National Geographic Magazine.
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