Milagre da hóstia de Juazeiro
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O Milagre da Hóstia do Juazeiro, também conhecido simplesmente como Milagre da hóstia, foi um suposto fenômeno sobrenatural ocorrido na cidade de Juazeiro do Norte, em 1889.[1] Segundo relatos da época, várias eucaristias administradas por Padre Cícero à Beata Maria de Araújo teriam se transformado em sangue, que era recolhido em lenços pelo padre, julgando-o ser o próprio sangue de Cristo. O fenômeno teria se repetido 47 vezes, em especial nas quartas e sextas-feiras da quaresma e outros dias até o dia da ascensão.[2]
O caso ganhou relativa repercussão à época, e dividiu opiniões. Se, por um lado, os rumores sobre a transformação da hóstia em sangue se espalharam rapidamente pelos estados do Nordeste, tornando o Juazeiro num importante centro de peregrinação para milhares de devotos,[3] por outro, foi confrontado com ceticismo por algumas autoridades eclesiásticas.
O caso chegou aos ouvidos do então bispo do Ceará, Dom Joaquim José Vieira, que, a pedido do próprio Padre Cícero enviou uma comissão especializada para averiguar a procedência dos relatos. Esta tinha como presidente o padre Clicério da Costa Lobo e, como secretário, o padre Francisco Ferreira Antero; contava ainda com a participação dos médicos Marcos Rodrigues Madeira e Ildefonso Correia Lima, além do farmacêutico Joaquim Secundo Chaves. Em 13 de outubro de 1891, a comissão encerrou as pesquisas, concluindo que não havia explicação natural para os fatos ocorridos.[4]
Insatisfeito com parecer, entretanto, D. Joaquim nomeou uma nova comissão para investigar o caso, tendo como presidente o padre Antônio Alexandrino de Alencar e como secretário o padre Manuel Cândido dos Santos. A segunda comissão concluiu que o fenômeno, longe de miraculoso, havia sido deliberadamente forjado, tratando-se, pois, de embuste.[2] Este segundo parecer acabou por motivar as decisões do bispo sobre o caso, que, com base nele, suspendeu as ordens sacerdotais de padre Cícero e determinou que Maria de Araújo, que viria a morrer em 1914, fosse enclausurada.[2]
Apesar da negativa eclesiástica em reconhecer o caso como milagre, a população continuou a afluir às mancheias ao Juazeiro, venerando como relíquias os panos manchados do sangue que teriam caído da boca da beata. O evento aumentou ainda mais o respeito de amplos setores da população nordestina em relação ao padre Cícero, o que contribuiu para sua fama de santidade.[3]
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