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Um marcador genético é um gene ou seqüência de DNA com uma localização conhecida em um cromossomo que pode ser usado para identificar indivíduos ou espécies . Pode ser descrita como uma variação (que pode surgir devido a mutação ou alteração nos locais genômicos) que pode ser observada. Um marcador genético pode ser uma sequência curta de DNA, como uma sequência envolvendo uma única alteração de par de bases (polimorfismo de nucleotídeo único), ou longa, como minissatélites (um traço de DNA repetitivo no qual certos motivos de DNA, variando de 10 a 60 pares de bases e são tipicamente repetidos de 5 a 50 vezes). [1]
Ainda, um Marcador genético é uma característica que mostra as diferenças entre dois ou mais indivíduos ou organismos. Um marcador genético deve:[2]
Do ponto de vista molecular, um marcador genético (ou locus marcador) serve para identificar um local ou uma região de um cromossomo. Um marcador genético ideal deve apresentar uma série de atributos:[3]
Por muitos anos, o mapeamento de genes limitou-se a identificar organismos por marcadores de fenótipos tradicionais. Isso incluía genes que codificavam características facilmente observáveis, como tipos de sangue ou formas de sementes. [4] O número insuficiente desses tipos de características em vários organismos limitou os esforços de mapeamento que poderiam ser feitos. Isso levou ao desenvolvimento de marcadores genéticos que poderiam identificar características genéticas que não são facilmente observáveis em organismos, tal como a variação de proteínas. [4]
Os marcadores moleculares correspondem, basicamente, a uma sequência de nucleotídeos que atua como referência em um cromossomo. O surgimento de novas técnicas de biologia molecular permitiu a utilização de marcadores genéticos capazes de detectar polimorfismos a níveis de DNA. Através da tecnologia dos marcadores moleculares a caracterização genética de diferentes genomas se tornou mais fácil e rápida, e com isso foram surgindo diversas metodologias capazes de utilizar e caracterizar alterações nesses marcadores. Estes marcadores vêm se tornando conhecidos devido as suas vantagens em relação aos demais marcadores genéticos. Entre estas encontram-se: dão uma visão sobre o nível básico de variação que ocorre no DNA, o qual resulta em variação genética; rastreiam todo o genoma; mostram as variações tanto nas regiões codificantes, quanto nas regiões não-codificantes do DNA. Isto faz com que estes marcadores possuam alta informatividade e qualidade em relação aos demais [5].
Abaixo, segue uma lista com os principais tipos de marcadores moleculares genômicos:
Os marcadores genéticos moleculares podem ser divididos em duas classes: a) marcadores bioquímicos que detectam variações no nível do produto gênico, como alterações em proteínas e aminoácidos e b) marcadores moleculares que detectam variações no nível do DNA, como alterações nos nucleotídeos: deleção, duplicação, inversão e/ou inserção. Os marcadores podem exibir dois modos de herança, isto é, dominante/recessivo ou codominante. Se o padrão genético de homozigotos puder ser distinguido daquele de heterozigotos, então um marcador é considerado codominante. Geralmente, os marcadores codominantes são mais informativos do que os marcadores dominantes. [8]
Algumas regiões do DNA mitocondrial que servem como marcadores genéticos, principalmente sequências que se encontram nas regiões controle (D-loop ou região hipervariável), dos genes do citocromo B (MT-CYB) e da citocromo C oxidase I (MT-CO1), que são usadas, principalmente, para identificar e catalogar espécies, discriminar subespécies, estudar evolução, caracterização de raças de espécies e etc. (Meadows et al, 2005). Um projeto internacional interessante conhecido como “DNA BARCODING OF LIVE”, que teve início pelo objetivo de gerar sequências de aproximadamente 648 pb do gene mitocondrial citocromo C oxidase, subunidade 1 (COI) como ferramenta auxiliar em filogenética e catalogação da biodiversidade. Esses códigos de barras baseados nas sequencias de mtDNA são excelentes ferramentas para identificação de espécies, pois o gene COI está presente em quase todos os organismos eucariotos, além de serem bastantes conservados em diversos genomas e possuem uma diferenciação entre espécies que apresentam um padrão de sequência barcode espécie-específicos (Rubinoff et al,2006).
O DNA mitocondrial cinetoplastida, também chamado de kDNA é encontrado em protozoários, como por exemplo, Trypanosoma cruzi e Leishmania sp (Grimald & Tesh, 1993; Klingbeil & Englund, 2004). E alguns estudos atribuídos ao kDNA visam investigar o processo de evolução gênica, e de que forma essa evolução está influenciando para a ocorrência de uma maior variabilidade genética entre os protozoários. (Simonson et al, 2005).
Historicamente, o princípio da utilização de marcadores genéticos foi baseado no dogma central da biologia molecular, no princípio da replicação do DNA, e na pressuposição de que estes marcadores refletem alterações nas sequências do DNA podendo muitas vezes resultar em diferenças fenotípicas. A partir disto, dados morfológicos e bioquímicos também servem como marcadores genéticos.
Os marcadores morfológicos são descritos como características fenotípicas, como altura (poligenes) e cor (oligogenes), controladas por um lócus conhecido do DNA e cuja expressão é reproduzível em diversos ambientes. Estes marcadores são manifestações visíveis dos genes em questão, porém, nem sempre apenas um gene é responsável pelo determinado marcador e muitas vezes estes são influenciados pelo meio em que se encontram, sendo assim, acabam não demonstrando a composição genética real. Também não é possível analisar regiões do DNA não-codificantes, as quais representam a maior parte do DNA[5]. A utilização de marcadores morfológicos é muito importante para a compreensão do ciclo de vida de diferentes organismos, para estudos de evolução e para delimitação de espécies. Além disso, este tipo de marcador contribuiu significativamente para a elaboração das primeiras versões de mapas genéticos (Boratyński et al, 2012; Kaplan, 2001). Também são muito utilizados para melhoramento de plantas, sendo selecionadas plantas com características fenotípicas desejáveis [5].
Já os marcadores bioquímicos são divididos em dois grupos: Isoenzimas e Aloenzimas. Em geral, estes marcadores são caracterizados por uma alteração na sequência de aminoácidos, ou na ordem desses aminoácidos, que compõem a estrutura primária dessa proteína, e isso pode ocorrer devido a alterações genéticas ou epigenéticas. As isoenzimas são proteínas codificadas por um par de alelos situados em diferentes lócus, e as aloenzimas são proteínas codificadas por um par de alelos pertencentes ao mesmo lócus. Estes podem ser úteis na distinção de indivíduos através da separação de proteínas pelo ponto isoelétrico e massa molecular. No entanto, a utilização destes marcadores pode apresentar algumas limitações, dependendo do objetivo do estudo ou atividade. As principais desvantagens envolvem a necessidade de uma maior quantidade de marcadores para amostrar adequadamente todo o genoma, o reduzido número de sistemas enzimáticos polimórficos, além da influência do tipo de tecido nas atividades enzimáticas (Neale, 2007; Faleiro, 2007). Estes marcadores superam uma das limitações encontrada pelos marcadores fenotípicos. Pelo fato de as proteínas/aloenzimas serem bastante estáveis e sofreram mudanças mínimas em relação ao ambiente que se encontram, estas são consideradas melhores marcadores quando comparadas aos anteriores. Entretanto, assim como para o marcador anterior, apresentam polimorfismos apenas em regiões do DNA que são codificantes [5].
Outro marcador genético existente é baseado no padrão de bandas existentes em um cromossomo, pois, estes não se apresentam de maneira uniforme ao longo de seu comprimento e cada par possui um padrão de bandas característico. As técnicas de bandeamento cromossômico expandiu o conhecimento sobre citogenética e a sua primeira aplicação se deu no pareamento cromossômico. As técnicas de bandeamento cromossômico se dão por meio de corantes que coram seletivamente o DNA e cada par cromossômico é individualmente identificado de acordo com as posições de suas bandas (banda G, banda Q, banda R, banda C, banda T, FISH, e banda NOR) (Guerra, 1988).
Ao trabalhar com marcadores genéticos, a seleção destes deve ser bastante criteriosa, e algumas características são essenciais para que haja a certeza de que seu marcador seja considerado um bom marcador. Dentre elas, destacam-se (Neale, 2007):
Com o avanço da genética somado ao avanço da biologia molecular, tornou-se então possível a aplicação de marcadores genéticos para a detecção de diversas desordens alélicas e estudos de variabilidade genética, através das diversas áreas e subáreas a seguir (Hajibabaei et al, 2007; Davey et al, 2011; Murgia et al, 2006):
- Estudos de Doenças hereditárias;
- Estudos Moleculares;
- Estudos de Ancestralidade;
- Estudos de Polimorfismo;
- Estudos de Filogenética;
- Estudos de Taxonomia;
- Estudos de Botânica (melhoramento genético de plantas);
- Medicina Veterinária (principalmente em estudos de doenças genéticas em cães e gatos); [9]
Marcadores genéticos podem ser usados para estudar a relação entre uma doença hereditária e sua causa genética, por exemplo, uma mutação específica de um gene que resulta em uma proteína defeituosa. Sabe-se que pedaços de DNA que ficam próximos uns dos outros em um cromossomo tendem a ser herdados juntos. Essa propriedade permite o uso de um marcador, que pode então ser usado para determinar o padrão preciso de herança do gene que ainda não foi localizado exatamente. [10]
Marcadores genéticos são empregados em testes de DNA genealógico para genealogia genética para determinar a distância genética entre indivíduos ou populações. Marcadores uniparentais (no DNA mitocondrial ou cromossômico Y ) são estudados para avaliar linhagens maternas ou paternas . Marcadores autossômicos são usados para todos os ancestrais. [10]
Os marcadores genéticos devem ser facilmente identificáveis, associados a um ponto (locus) específico e altamente polimórficos, pois os homozigotos não fornecem nenhuma informação. A detecção do marcador pode ser direta por sequenciamento de RNA, ou indireta por meio de aloenzimas. [10]
Alguns dos métodos usados para estudar o genoma ou filogenética são RFLP (polimorfismo do comprimento do fragmento de restrição), AFLP (polimorfismo de comprimento de fragmento amplificado), RAPD (amplificação aleatória de DNA polimórfico), SSR (ou repetição de sequência simples ). Eles podem ser usados para criar mapas genéticos de qualquer organismo que esteja sendo estudado. [10]
Houve um debate sobre o que era o agente transmissível do TVCT (tumor venéreo transmissível canino). Muitos pesquisadores levantaram a hipótese de que partículas semelhantes a vírus foram responsáveis por transformar a célula, enquanto outros pensaram que a própria célula era capaz de infectar outros caninos como um aloenxerto . Com a ajuda de marcadores genéticos, os pesquisadores conseguiram fornecer evidências conclusivas de que a célula tumoral cancerígena evoluiu para um parasita transmissível. Além disso, marcadores genéticos moleculares foram usados para resolver a questão da transmissão natural, a raça de origem ( filogenética ) e a idade do tumor canino. [10]
Marcadores genéticos também têm sido usados para medir a resposta genômica à seleção no gado. A seleção natural e artificial leva a uma mudança na composição genética da célula. A presença de diferentes alelos devido a uma segregação distorcida nos marcadores genéticos é indicativa da diferença entre gado selecionado e não selecionado. [10]
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