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Manuel Fúria é um músico e compositor português, conhecido pelo seu papel como vocalista, guitarrista e letrista da banda Os Golpes entre 2008 e 2011, e pelo seu subsequente trabalho a solo com Manuel Fúria e os Náufragos e Os Perdedores[1]. A sua actividade como editor e produtor na independente Amor Fúria e as suas colaborações com a FlorCaveira,[2][3] colocaram-no como um dos principais protagonistas pelo ressurgimento da música pop portuguesa cantada em português no final dos anos 00, início dos anos 10 do sec. XXI.[4][5][6][7][8]
Manuel Fúria | |
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Informação geral | |
Local de nascimento | Lisboa Portugal |
Gênero(s) | Pop-Rock, Pos-Punk, Folk, Música Moderna Portuguesa, Electrónica |
Gravadora(s) | Amor Fúria, Sony/Columbia, FlorCaveira |
Afiliação(ões) | Os Golpes, Manuel Fúria e os Náufragos, Os Intendentes, Os Perdedores |
Página oficial | www.manuelfuria.com |
Manuel Fúria nasceu em Lisboa nos anos 80, mas cresceu na cidade de Santo Tirso.[9][10] Estudou no Instituto Nun'Alvres, Colégio das Caldinhas e começou aí as primeiras bandas de adolescência.[11] Mais tarde cursou Filosofia[12] e depois Cinema.[13]
Inicialmente chamados Os 400 Golpes,[14][15][16] mais tarde o grupo decide abreviar o nome:
"não [queríamos] ser a banda que tinha o nome daquele filme. Até porque as canções que [estávamos] a fazer já não reflectiam tanto esse universo".[17]
Cruz Vermelha Sobre Fundo Branco, o primeiro álbum sai em 2009, com ampla recepção pela imprensa e surgem as primeiras comparações com bandas como Heróis do Mar, UHF, Strokes, Franz Ferdinand ou Sétima Legião.[18] O uso do imaginário nacionalista, como a cruz da ordem de Cristo, ajuda a colocar a banda debaixo dos holofotes.[19]
G, o segundo álbum de 2010 inclui o estrondoso sucesso "Vá Lá Senhora",[20] em dueto com Rui Pregal da Cunha.
No final de 2011 a banda anuncia o seu término.[21][22][23][24][25]
Juntamente com Pedro Almirante Ramos e João Coração, Manuel Fúria fundou a editora discográfica Amor Fúria.[26] Editaram bandas como Salto, Velhos, Capitães da Areia, Smix Smox Smux, Feromona, Os Quais de Jacinto Lucas Pires e Tomás Cunha Ferreira, entre outros. Foi uma estrura determinante para o renascimento da música portuguesa cantada em português entre 2007 e 2016.[27][28][29][30][31][32]
Manuel Fúria continua a sua carreira com os Náufragos cuja formação foi variando ao longo dos anos, consoante os discos e os projectos. Passaram pela banda nomes como: Francisca Aires Mateus, Tomás Cruz, Tomás Wallenstein, Silas Ferreira, Paulo Jesus, Nuno Santos, Pedro Lucas, Daniel Hewson, Tomás Branco Gonçalves, Tiago Brito, José Anahory,[33] Nuno Carrolo, Salvador Seabra, Carolina Bernardo, Vasco Magalhães, entre outros.[34][35][36][37][38]
Em 2022, Manuel Fúria, no âmbito do encontro literário, Arquipélago de Escritores, apresentou o seu novo projecto de música electrónica, Os Perdedores.[39][40][41][42][43]
Apesar de rejeitar a própria palavra "Portugalidade" ( “Devo dizer que me dou mal com o termo ‘portugalidade’”[44]) desde o início da sua actividade o seu trabalho tem sido marcado pelas questões da identidade portuguesa, nas suas palavras:
“Uma parte considerável do meu trabalho tem a ver com identidade. Sobre a impossibilidade de uma identidade individual senão como parte de uma identidade colectiva e na radicalização dessa ideia como dispositivo artístico-ideológico: o próprio sujeito da canção dilui-se num eu colectivo tornando-se impossível distinção entre ele e Portugal”.[44]
Numa conversa com o jornalista Nuno Costa Santos, em 2017, é explicado melhor este ponto de vista:
Toda a reflexão que tem tentado provocar através do seu trabalho vem precisamente no sentido contrário à necessidade de encontrar uma palavra que abarque em si a prática própria de se “ser português” de um modo mais adequado com uma ideia do que deve ser o “ser português”. Diz: “Mesmo que acredite, como é o caso, existir um modelo português, no trato, nos rituais, nos costumes, na maneira de pensarmos sobre nós próprios e o estrangeiro, na intuição perante as coisas, nutro senão desprezo pela ideia de categorizar isso segundo uma disciplina própria, apesar de ser uma coisa muito portuguesa fazê-lo”. As críticas de Manuel Fúria não se ficam por aqui: dirigem-se também ao gesto de abrir lojas “portuguesas”, fazer musica “portuguesa”, criar marcas de roupa com “valores portugueses”. É – citamo-lo – como se não o fôssemos, como se cada um de nós fosse um ocidental parido por geração espontânea e tivesse esta oportunidade de se relacionar com um património que só a portugalidade permite, do mesmo modo que poderia relacionar-se com Itália ou a Bulgária através da praxis própria ao país em causa, como se não tivéssemos nada a ver com isto (Portugal), como se pudéssemos escolher ser mais ou menos portugueses. Remata a sua reflexão com uma sentença: “Um país ideal, não possível, é-o. Ou seja, para se ser português no país que, a partir das ruínas da fantasia de um outro e daquele que há de vir, tento inventar, basta ser-se”.[44]
Essa marca, presente de maneira distinta em todos os seus discos e intervenções públicas, coloca-o lado a lado a figuras como Miguel Esteves Cardoso, Pedro Ayres Magalhães, Catarina Portas, Tiago Pereira, Joana Vasconcelos.[45][46][47][48]
Para além do trabalho como letrista, colabora pontualmente em colunas de opinião de publicações periódicas portuguesas.[84][85][86][87]
Participa com alguma regularidade em conferências e conversas públicas.[88][89][90][91][92]
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