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filósofo e professor austro-britânico Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Karl Raimund Popper (Viena, 28 de julho de 1902 — Londres, 17 de setembro de 1994) foi um filósofo liberal e professor austro-britânico.[1][2][3]
Karl Raimund Popper | |
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Nascimento | Karl Raimund Popper 28 de julho de 1902 Viena, Império Austro-Húngaro |
Morte | 17 de setembro de 1994 (92 anos) Londres, Reino Unido |
Residência | Viena |
Sepultamento | mortuary Lainzer Friedhof |
Cidadania | Cisleitânia, Áustria, Reino Unido, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda |
Progenitores |
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Cônjuge | Josefine Anna Henninger |
Irmão(ã)(s) | Anne Day-Helveg, Dora Popper |
Alma mater | Universidade de Viena |
Ocupação | filósofo, filósofo da ciência, escritor, professor universitário, sociólogo |
Distinções | Prémio Internacional Catalunha (1989) |
Empregador(a) | Universidade de Canterbury, London School of Economics, King's College de Londres, Universidade de Londres |
Orientador(a)(es/s) | Karl Bühler, Moritz Schlick |
Campo(s) | Filosofia |
Tese | 1928: Zur Methodenfrage der Denkpsychologie |
Obras destacadas | A Lógica da Pesquisa Científica, The Open Society and Its Enemies, A Miséria do Historicismo, Conjectures and Refutations, Objective Knowledge, Unended Quest, The Self and Its Brain |
Movimento estético | liberalismo |
Amplamente considerado um dos maiores filósofos da ciência do século XX, Popper é conhecido por sua rejeição das visões indutivistas clássicas sobre o método científico em favor da falseabilidade. Uma teoria nas ciências empíricas pode ser que nunca seja provada, mas pode ser falseada, o que significa que pode e deve ser examinada por experimentos decisivos. Popper também é conhecido por sua oposição à explicação justificacionista clássica do conhecimento, a qual ele substituiu pelo racionalismo crítico, a saber, "a primeira filosofia não-justificativa da crítica na história da filosofia".[4]
No discurso político, é conhecido por sua vigorosa defesa da democracia liberal e pelos princípios da crítica social que ele chegou a acreditar tornar possível uma florescente sociedade aberta. Sua filosofia política abraça ideias de todas as principais ideologias políticas democráticas e tenta reconciliá-las, a saber, socialismo/social democracia, libertarianismo/liberalismo clássico e o conservadorismo.
Nascido numa família de classe alta de origem judaica secularizada, foi educado na Universidade de Viena. Concluiu o doutoramento em psicologia em 1928[5] e ensinou numa escola secundária entre 1930 e 1936. Em 1937, a ascensão do Nazismo levou-o a emigrar para a Nova Zelândia, onde foi professor de filosofia na Universidade de Canterbury, em Christchurch. Em 1946, foi viver na Inglaterra, tornando-se assistente (reader) de lógica e de método científico na London School of Economics,[6] onde foi nomeado professor em 1949. Foi nomeado cavaleiro da Rainha Isabel II em 1965, e eleito para a Royal Society em 1976. Reformou-se da vida académica em 1969, apesar de ter permanecido activo intelectualmente até à sua morte, em 1994. Recebeu a insígnia de Companheiro de Honra (Companion of Honour) em 1982.[7]
Popper recebeu vários prémios e honrarias no seu campo, destacando-se, entre outros, o prémio Lippincott, da Associação Americana de Ciência Política, o Prêmio Sonning e o estatuto de membro da Royal Society, da Academia Britânica, da London School of Economics, do King's College de Londres e do Darwin College de Cambridge.
Popper cunhou o termo "Racionalismo Crítico" para descrever a sua filosofia. Esta designação é significante e é um indício da sua rejeição do empirismo clássico e do observacionalismo-indutivista da ciência, que disso resulta. Apesar disso, alguns acadêmicos, incluindo Ernest Gellner, defendem que Popper, não obstante não se ter visto como um positivista, se encontra claramente mais próximo desta via do que da tradição metafísica ou dedutiva.
Popper argumentou que a teoria científica será sempre conjectural e provisória. Não é possível confirmar a veracidade de uma teoria pela simples constatação de que os resultados de uma previsão efetuada com base naquela teoria se verificaram. Essa teoria deverá gozar apenas do estatuto de uma teoria não (ou ainda não) contrariada pelos factos.
O que a experiência e as observações do mundo real podem e devem tentar fazer é encontrar provas da falsidade daquela teoria. Este processo de confronto da teoria com as observações poderá provar a falsidade da teoria em análise. Nesse caso há que eliminar essa teoria que se provou falsa e procurar uma outra teoria para explicar o fenómeno em análise. (Ver Falseabilidade). Em outras palavras, uma teoria científica pode ser refutada por uma única observação negativa, mas nenhuma quantidade de observações positivas poderá garantir que a veracidade de uma teoria científica seja eterna e imutável.
Alguns[carece de fontes] consideram este aspecto fulcral para a definição da ciência, chegando a afirmar que "científico" é apenas aquilo que se sujeita a este confronto com os factos. Ou seja: afirmam que só é científica aquela teoria que possa ser falseável (refutável). Existem críticas contundentes quanto a esse aspecto.[carece de fontes] Essas remanescem no bojo da própria Filosofia que Popper propõe. E por quê? Ao afirmar que toda e qualquer teoria deve ser falseável, isso se aplica à própria teoria da falseabilidade popperiana. Portanto, a falseabilidade deve ser falseável em si mesma. Diante dessa evidente necessidade - sob a pena de sua teoria ser não-universal e portanto derrogada pela sua imprecisão - poderá existir proposições em que a falseabilidade não é aplicável (vide teorema da incompletude de Kurt Gödel). Por outro lado, essa crítica poderia ser vista sob outro prisma: a falseabilidade é um critério metodológico e prescritivo da ciência, e, portanto, metateórico, isto é, se trata de uma teoria sobre teorias. Em outras palavras, o critério da falseabilidade se aplica aos enunciados capazes de serem falsificados pela experiência, ou seja, os enunciados das ciências empíricas, como a física experimental e a biologia e não à epistemologia ou à filosofia da ciência.
Nos dias de hoje, verifica-se que o falsificacionismo popperiano não é princípio de exclusão, mas tão somente de atribuição de graus de confiança ao objecto passível do crivo científico. Outros argumentam que estas críticas não fazem sentido devido a teoria de Popper não ser científica, por não se ocupar de fatos contingentes.[carece de fontes]
Para Popper a verdade é inalcançável, todavia devemos nos aproximar dela por tentativas. O estado actual da ciência é sempre provisório. Ao encontrarmos uma teoria ainda não refutada pelos factos e pelas observações, devemos nos perguntar, será que é mesmo assim? Ou será que posso demonstrar que ela é falsa? Einstein é o melhor exemplo de um cientista que rompeu com as teorias da física estabelecidas.
Popper debruçou-se intensamente sobre a teoria marxista e a filosofia hegeliana que lhe é subjacente, alegadamente retirando-lhes qualquer estatuto científico. Fez o mesmo em relação à psicanálise e à astrologia, argumentando que suas teorias subjacentes não são falseáveis (refutáveis). Além do mais, pelo fato de os proponentes dessas três disciplinas terem visado de modo insistente e seletivo à verificação de suas teorias, Popper as classificou como pseudociências.
O seu trabalho científico foi influenciado sobretudo pelo seu estudo da teoria da relatividade de Albert Einstein.
Embora Popper tenha sido um defensor da tolerância, disse que a intolerância não deve ser tolerada, pois se a tolerância permitir que a intolerância tenha sucesso completamente, a própria tolerância estaria ameaçada. Em seu livro A sociedade aberta e seus inimigos, ele argumentou:
"A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada, mesmo para aqueles que são intolerantes, e se não estamos preparados para defender uma sociedade tolerante contra o ataque dos intolerantes, então os tolerantes serão destruídos e tolerância com eles. - Esta formulação, não implica que devemos sempre suprimir as filosofias intolerantes, contanto que possamos combatê-las por argumentos racionais e mantê-las sob controle pela opinião pública.Mas devemos reivindicar o direito de suprimi-las, se necessário até mesmo pela força, e isso pode facilmente acontecer se elas não estiverem preparadas em debater no nível de argumentação racional, ao começar por criticar todos os argumentos e proibindo seus seguidores de ouvir argumentos racionais, devido ela ser uma filosofia enganosa, ensinando-os a responder a argumentos com uso de punhos ou pistolas.
Devemos, portanto, reivindicar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar os intolerantes. Devemos enfatizar que qualquer movimento que pregue a intolerância deva ser colocado fora da lei, e devemos considerar a incitação à intolerância e perseguição devido a ela, como criminal, da mesma forma como devemos considerar a incitação ao assassinato, ou seqüestro, ou para a revitalização do comércio de escravos como criminoso.[8][9][10][11]
Popper foi membro ativo do Partido Comunista da Áustria, mas quando questionou os líderes do partido sobre a morte de vários colegas em uma manifestação, ele obteve a resposta de que foram necessárias para se realizar a revolução, o que o marcou profundamente e, a partir daí, começou a questionar a ideologia marxista. Com o tempo, Popper buscou refutar Marxismo e tornou-se um liberal. Em 1947, Popper fundava com Friedrich Hayek, Milton Friedman, Ludwig von Mises e outros a Sociedade Mont Pèlerin para defender o Liberalismo clássico, no espírito do Sociedade aberta.
Comparando o método científico de Karl Popper com a visão baconiana da ciência, Ernest Gellner afirma em "Relativism and the social sciences" ("Relativismo e as ciências sociais"):
Objective knowledge. Oxford, Oxford University Press, 1989.
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