Máscaras africanas

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Máscaras africanas

As máscaras africanas são instrumentos tradicionais destinados a rituais religiosos e sociais, utilizados por diversas etnias africanas. Cada etnia possui, em suas máscaras, estética e funções próprias. A máscara africana engloba, na maioria das vezes, adorno facial ou de cabeça, indumentária, música e dança.[1][2][3]

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Máscaras africanas. Nairóbi.

Características

O artesão que irá confeccionar a máscara deve ser incógnita e passar por um ritual de purificação antes de começar a esculpir, pois o ato de esculpir a máscara é considerado sagrado. O artesão, geralmente, é proveniente de uma família de artesãs, onde aprende o ofício de esculpir máscaras. Ou precisa ser um aprendiz, com um mestre ensinando o ofício. A máscara é esculpida, geralmente, com um grande machado de cabo longo conhecido como adze. E também utilizam facas de dois gumes e cinzéis para detalhamentos finos.[2][3][4]

As máscaras, em sua maioria, são feitas em madeira. O tipo de árvore a ser escolhido depende do significado simbólico da máscara. A madeira precisa ser verde, para não rachar enquanto é esculpida, e depois é carbonizada com óleo de palmeira, seiva de plantas, ou lama. Também são usados outros tipos de materiais como couros, tecidos, marfim, cerâmica, bronze e cobre. Pode ser acrescentado outros elementos como chifres e cabelos. As máscaras podem ter diversas formas, como abstratas, zoomórficas ou femininas. Atualmente, alguns povos utilizam também tintas acrílicas e colares de plástico para confeccionar as máscaras.[2][3][4]

História

O período exato de quando as máscaras começaram a ser utilizadas pelo povo do continente africano é incerto. Pinturas rupestres encontradas em rochas na África, datadas entre 3.500 a.C. e 1.500 a.C., apresentam dançarinos usando máscaras. A máscara africana mais antiga, encontrada até o momento, é a máscara Oni Obalufon, do reino de Ife da Nigéria, datada entre os séculos XII e XV.[3]

Entre os séculos XV e XIX, durante a exploração europeia do continente africano, os europeus tiveram uma visão errônea do uso das máscaras, gerando preconceito. Na década de 1890, o etnógrafo Richard Andree passou estudar e a entender o uso das máscaras africanas, que ajudou a mudar algumas percepções errôneas. Os artistas Picasso e Modigliani usaram as máscaras africanas, que conheceram em museus etnográficos, como inspiração para fazer suas obras expressionistas. Com isso, os ocidentais passaram a ver as máscaras africanas como obras de arte, não compreendendo o real valor das máscaras para os povos africanos. E em diversas regiões do norte da África, a influência do Islâmica proibiu a fabricação de máscaras.[3]

Particularidades

Resumir
Perspectiva
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Máscara Soko mutu

A máscara Soko mutu é usada pelos Hemba, da República Democrática do Congo. É utilizada em funerais e memoriais. A máscara é composta por adorno facial e indumentária. O adorno facial é feito de madeira com cabelos feitos de pelos de macaco, tem a forma de uma face de macaco com uma boca grande e semicircular, parecendo esboçar um sorriso, e os olhos são semicerrados. A indumentária é feita de palha e pele animal.[5]

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Máscara Kifwebe

A máscara Kifwebe é usada pelos Songye e pelos Luba, da República Democrática do Congo. É utilizada para assuntos políticos e para assustar os inimigos durante conflitos. É composta por adorno facial e indumentária. O adorno facial pode ter forma masculina ou feminina, sendo a masculina diferenciada pela presença de uma crista no centro da cabeça. Normalmente é de coloração branca, algumas vezes há a coloração vermelha. O branco simbolizando a lua e a luz; e o vermelho simbolizando a coragem e a força espiritual. Nos Songye, o adorno possui um formato alongado; e nos Luba, possui um formato circular. A indumentária é feita com tecido de ráfia coberta com palha.[5]

A máscara Mukuji é usada pelo povo Punu e pelos Lumbu, do Gabão. É utilizada para cerimônias funerárias ou para garantir o equilíbrio e bem-estar da comunidade. Algumas vezes, os mascarados se apresentam com dança em pernas de pau. O adorno facial possui uma forma feminina com os olhos semicerrados e a região que vai das sobrancelhas até o queixo forma um coração. Possui um penteado elaborado, que é pintado com coloração marrom ou preto e a face é pintada com uma argila branca chamada pfemba. E na testa há esculpido uma forma losangular.[5]

O povo Dan, da Costa do Marfim e da Libéria, utiliza mais de onze tipos de máscaras em seus rituais. As máscaras são ligadas aos espíritos das matas, e possuem formas zoomorfas e humanas. As mais usadas possuem formato oval com coloração escura. A boca possui lábios grossos e geralmente é esculpida com dentes. Os olhos são esculpidos em formato circular ou semicerrados. As formas femininas possuem penteados e adornos na testa.[5]

A máscara Kpeliye’e é usada pelo povo Senufo, da Costa do Marfim. É utilizada para homenagear os idosos senufos falecidos e a cerimônia é restrita aos homens. Possui formato oval e ornamentos geométricos nas laterais.[5]

Máscaras Tyi-Wara é usada pelos Bambara, do Mali. É utilizada no começo e no final do ciclo da agricultura, para garantir uma boa colheita. São usadas em pares, uma máscara representando a terra e a outra máscara representando o sol. A máscara é composta por adorno de cabeça e indumentária. O adorno de cabeça é feito de madeira, em forma zoomórfica, geralmente lembrando um antílope com chifres. podem ser em posições verticais ou horizontais. A indumentária, feita de tiras de fibra vegetal, parte do adorno da cabeça, escondendo o dançarino.[3][5]

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Povo Dogon usando máscaras.

As máscaras do povo Dogon, são usadas para celebrar a origem da morte, em rituais que ocorrem a cada cinco anos. No ritual, participam mais de 400 pessoas, onde usam máscaras de estilos diversos, geralmente em formato zoomórfico, principalmente representando um pássaro chamado kommolo tebu.[5]

A máscara Sowei é usada somente por mulheres do povo Mende, de Serra Leoa. São utilizadas em funerais, em visitas de pessoas importante e nas cerimônias de iniciação das moças jovens. A máscara é composta de adorno de rosto feita de madeira com indumentária, que cobre todo o corpo, feita de fibra.[5]

A máscara Mapiko é usada pelos Maconde, de Moçambique. É utilizada na cerimônia final da iniciação masculina, em funerais, casamentos, na visita de pessoas importante e em celebrações de feriados nacionais.[5]

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Máscara Gueledé

As máscaras Gueledé são usadas pelo povo Iorubá, da Nigéria. É utilizada na cerimônia anual que celebra Iyá Nlá e as suas discípulas, evitando que se enfureçam e gere infertilidade nas mulheres e na terra. Possuem forma humana com olhos losangular, pupilas perfuradas ou demarcadas, o nariz triangular e as maçãs do rosto protuberantes.[5]

A máscara Egungun também é do povo Iorubá. É utilizada para celebrar os antepassados. As máscaras representam os espíritos dos ancestrais falecidos que retornam à Terra para visitar seus descendentes vivos. Também é utilizada para purificar o local, curar as doenças e de ajudar a resolver disputas territoriais.[5]

Referências

  1. Gorzoni, Priscila (21 de outubro de 2016). «As máscaras africanas». Revista Raça Brasil. Consultado em 24 de novembro de 2022
  2. «The Masks of Africa». California State University. Dominguez Hills. Consultado em 25 de novembro de 2022
  3. Aidar, Laura. «Máscaras africanas: importância e significados». Toda Matéria. Consultado em 24 de novembro de 2022
  4. (2018). Africana: o diálogo das formas. Beleza Pura. Ministério da Cultura, Vale e Centro Cultural Vale Maranhão
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