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o Magnífico Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Lourenço de Médici (em italiano: Lorenzo de' Medici; Florença, 1 de janeiro de 1449 – Villa Medicea di Careggi, Florença, 8 de abril de 1492)[1] foi um estadista italiano, soberano de facto da República Florentina durante o Renascimento italiano.[2] Conhecido como Lourenço, o Magnífico (Lorenzo il Magnifico) por seus contemporâneos florentinos, foi um diplomata, político e patrono de acadêmicos, artistas e poetas e também mecenas. Sua vida coincidiu com alguns dos pontos altos do início do Renascimento na Itália, e sua morte marcou o fim da chamada Idade de Ouro de Florença.[3] A paz frágil que ele ajudou a manter entre os diversos Estados italianos entrou em colapso depois de sua morte. Está enterrado na Capela dos Médici, em sua cidade natal.[4]
Lorenzo de' Medici | |
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Senhor de Florença | |
Governante de Florença | |
Reinado | 2 de dezembro de 1469 a 8 de abril de 1492 |
Antecessor(a) | Pedro Cosme de Médici |
Sucessor(a) | Juliano de Médici |
Nascimento | 1 de janeiro de 1449 |
República Florentina | |
Morte | 8 de abril de 1492 (43 anos) |
Careggi, República Florentina | |
Sepultado em | Capela Médici, Basílica de São Lourenço, Florença |
Nome completo | Lorenzo di Piero de' Medici |
Cônjuge | Clarice Orsini |
Casa | Médici |
Pai | Pedro Cosme de Médici |
Mãe | Lucrezia Tornabuoni |
Ocupação | Banqueiro |
Filho(s) | Lucrécia (1470-1553) Pedro (1472-1503) Madalena (1473-1519) Beatriz (1474) Papa Leão X (1475-1521) Luisa de Médici (1477-1488) Antônia de Médici (1478-1515) Juliano II de Médici (1479-1516) |
Religião | Católico |
Assinatura |
Neto de Cosme de Médici (o Velho), era filho de Pedro de Cosme de Médici e de Lucrécia Tornabuoni.[5] Casou-se em 4 de junho de 1469 com Clarice Orsini, chamada Leo. Era filha de Giacomo Orsini di Monterotondo. Teve sete filhos, dos quais João de Lourenço de Médici (futuro Papa Leão X).[6] Com a morte de seu pai, em 1469, Lourenço e seu irmão Juliano foram designados "príncipes do Estado" (em italiano principi dello Stato).
O futuro parecia tranquilo até que em 1478 aconteceu a conspiração dos Pazzi, assim chamada em alusão à família envolvida no movimento, na verdade instigado pelos Salviati, banqueiros do Papa Sisto IV, inimigo dos Médicis.[7] Foi feito um plano para matar os dois irmãos Médici no Duomo de Florença, durante a missa, em 26 de abril, um domingo de Páscoa. Juliano morreu, Lourenço escapou, embora ferido, salvo pelo poeta Poliziano, que o trancou na sacristia.[1][8]
Os autores do plano, entre eles Francesco Salviati, arcebispo de Pisa, foram linchados pelo povo enfurecido. O Papa Sixto IV, cujo sobrinho Girolamo Riario era cúmplice, interditou a cidade de Florença por causa dos assassinatos de Salviati e dos Pazzi, apoiado pelo rei de Nápoles, Fernando I, conhecido como Dom Ferrante.[7]
Sem ajuda de seus tradicionais aliados de Bolonha e Milão, Lourenço partiu sozinho para Nápoles, em 1480, colocando-se nas mãos de Don Ferrante. Este manteve Lourenço cativo durante três meses, antes de libertá-lo com muitos presentes. Graças a sua coragem e talento diplomático, Lourenço convenceu Don Ferrante de que o Papa poderia também voltar-se contra ele, caso obtivesse muito sucesso no norte. Assim, firma-se a paz ainda em 1480. Com isso, Lourenço forçava o papa a também aceitar a paz. Segundo Maquiavel, Lourenço expôs a própria vida para restaurar a paz, indo pessoalmente negociar condições favoráveis. E mesmo depois de seu êxito, recusou tudo - desejou ser apenas o mais ilustre dos cidadãos de Florença. Com exceção de Siena, toda a Toscana passara a aceitar o governo de Florença, que oferecia o espetáculo de um extenso principado, governado por uma república de cidadãos livres e iguais.
Em geral, Lourenço manteve a política de seu avô, embora tenha sido menos prudente e mais disposto à tirania. Dotado de grande inteligência, governou num clima de prosperidade pública, aumentando a influência de sua família por toda a Itália, e manteve as instituições republicanas em Florença, ainda que só na aparência: na verdade, Lourenço foi virtualmente um tirano. Utilizava-se de espiões, interferia na vida privada dos cidadãos mas conseguiu levar o comércio e a indústria de Florença a um nível superior ao de qualquer outra cidade da Europa.
Disseram dele: [quem?]
"Dirigiu sua hábil diplomacia de modo a obter paz na península, mantendo os cinco Estados principais unidos diante da ameaça crescente de uma invasão vinda dos Alpes. Florença não poderia ter um tirano melhor ou mais agradável, e o mundo jamais viu outro patrono de artistas e letrados como ele."
Protetor de escritores, sábios e artistas, foi o impulsor das primeiras imprensas italianas. Lorenzo iniciou o movimento renascentista, que rejeita a ciência escolástica e teológica, para valorizar a pesquisa e a busca do sentido da vida, colocando o homem no centro do Universo. Seu palácio tornou-se o centro de uma cultura que, partindo da redescoberta da Antiguidade grega e latina na Europa (uma vez que os impérios islâmicos haviam sido, até então, guardiões e desenvolvedores desta sabedoria), levou a um extraordinário florescimento das artes e das letras naquela parte da Europa. Os maiores artistas e literatos frequentavam a sua corte, mas o que distinguia Lourenço de outros mecenas da época era a sua ativa participação intelectual nas atividades que promovia. Foi um elegante escritor em prosa e um poeta original. Os filósofos Marsílio Ficino e Pico della Mirandola, os poetas Pulci e Poliziano e grandes artistas como Botticelli e Ghirlandaio, eram seus hóspedes habituais. Michelangelo iniciou os seus estudos num ateliê patrocinado por Lourenço.
A paz de Lodi (1454), que havia colocado um fim às disputas entre Veneza e Milão, havia trazido o equilíbrio entre os estados italianos. Em grande parte, tal equilíbrio foi mantido graças às habilidades diplomáticas de Lourenço, considerado "o fiel da balança". De fato, procurava proteger o eixo formado por Florença, Milão e Nápoles das ambições venezianas e da ambiguidade papal. O clima de relativa paz também favoreceu o Renascimento.
Organizador de festas suntuosas, seus gastos excessivos puseram em perigo a fortuna dos Médici e despertaram a ira de Jerônimo Savonarola. Ao final da vida, Lourenço entrou em conflito com Savonarola, mas a lenda que este lhe recusou absolvição antes de morrer a menos que restaurasse a liberdade da cidade de Florença não é confirmada pelos historiadores.
Após sua morte, seu filho e sucessor Pedro II (Piero) (1471-1503) é expulso de Florença por uma revolta instigada por Savonarola, em 1494. O equilíbrio político é rompido e as rivalidades entre os estados italianos acabaram por dar espaço ao envolvimento de potências estrangeiras nas disputas.
Lourenço reuniu em sua pessoa a melhor cultura do Renascimento. Diferentemente de muitos humanistas de sua época, apreciava os grandes clássicos italianos dos dois séculos anteriores e na juventude escreveu mesmo uma carta sobre o assunto para Frederico de Aragão, enviando-a com uma coleção de poetas italianos antigos.
Seus poemas são classificados como ótimos, entre os críticos da literatura do século XV, variados em estilo e em assunto, desde canzoni do tipo de Petrarca e sonetos, à semi-paródia de Dante intitulada I Beoni. Suas canzoni a ballo, ou canções populares para dançar dos florentinos, têm uma nota lírica elevada. São consideradas admiráveis suas composições em "oitava rima": a Caccia col Falcone, por exemplo, a Ambra, fábula mitológica sobre o campo florentino, a Nencia da Barberino, pintando o amor rústico de modo idílico. Seus Altercazione, seis cantos em terza rima, discutem a verdadeira natureza da felicidade e encerram com uma prece a Deus de tom algo platônico. Suas Laude são de natureza puramente religiosa. Uma peça, Rapresentazione di San Giovanni e San Paolo, tem curiosa apreciação, bastante moderna, sobre o imperador Juliano. Em enorme contraste, temos suas canções de carnaval, canti carnascialeschi, tão imorais que fazem relembrar a acusação de que Lourenço buscava rebaixar a moralidade dos florentinos de maneira a escravizá-los.
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