A literatura infantojuvenil é um ramo da literatura dedicado especialmente às crianças e jovens adolescentes. Nela, se incluem histórias fictícias infantis e juvenis, biografias, novelas, poemas, obras folclóricas e culturais, ou simplesmente obras contendo/explicando fatos da vida real (ex: artes, ciências, matemática etc).[1]
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Naturalmente, o conteúdo dentro de uma obra infantojuvenil depende da idade do leitor; enquanto obras literárias destinadas a crianças de dois a quatro anos de idade são quase sempre constituídas de poucas palavras e são muito coloridas e/ou possuem muitas imagens e fotos, obras literárias destinadas ao jovem adolescente muitas vezes contêm apenas texto.
De toda forma, a literatura infantil é fundamental para que crianças travem contato com os livros desde cedo, acostumando-se com sua textura, seu formato, seu cheiro e seu universo de possibilidades.[2]
Definições
Literatura infantil
A literatura infantil é destinada especialmente às crianças entre dois a onze anos de idade. O conteúdo de uma obra infantil precisa ser de fácil entendimento pela criança que a lê, seja por si mesma, ou com a ajuda de uma pessoa mais velha. Além disso, precisa ser interessante e, acima de tudo, estimular a criança. Os primeiros livros direcionados às crianças foram feitos por professores e pedagogos no final do século XVII, com o objetivo de passar valores e criar hábitos. Atualmente a literatura infantil não tem só este objetivo, também é usada para propiciar uma nova visão da realidade, diversão e lazer. Obras literárias destinadas às crianças com dois a quatro anos de idade possuem apenas grupos de palavras e/ou poucas e simples frases. Aqui, livros são coloridos e/ou possuem muitas imagens e/ou fotos, tanto porque criança está apenas começando a aprender a ler, bem como estimula a criança por mais livros/histórias. Livros dedicados a leitores entre quatro a seis anos apresentam maiores grupos de palavras organizados em um texto, sem abrir mão de estímulos visuais mencionados acima. Aqui podem ser incluídos algumas histórias em quadrinhos, como a Turma da Mônica, por exemplo. Já obras literárias feitas para crianças entre sete a dez anos começam a possuir cada vez menos cores e imagens, e apresentando textos cada vez maiores e fatos cada vez mais complicados e explicativos, uma vez que o jovem leitor, agora já em fase escolar, é estimulado a encontrar respostas por ele mesmo - o começo da racionalização.
Quase toda obra literária infantil possui algumas características em comum, embora exceções existam:
- ausência de temas adultos e/ou não apropriados a crianças. Isto inclui guerras, crimes hediondos e drogas, por exemplo;
- são relativamente curtos - não possuem mais do que 80 a 100 páginas;
- presença de estímulos visuais (cores, imagens, fotos, etc);
- escrito em uma linguagem simples, apresentando um fato ou uma história de maneira clara;
- são de caráter didático, ensinando ao jovem leitor regras da sociedade e/ou comportamentos sociais;
- possuem mais diálogos e diferentes acontecimentos, com poucas descrições;
- crianças são os principais personagens da história;
- em geral, possuem um final feliz.
Livros de poesia infantil, assim como os de prosa, permitem a riqueza de ilustrações, que torna a palavra um "brinquedo lúdico" e "companheiro para todas as horas".[3]
Literatura juvenil
A literatura juvenil é um ramo da literatura[4] dedicada a leitores entre dez a quinze anos de idade. Fatos comuns a obras literárias juvenis em geral incluem:
- geralmente, apresentam temas de interesse ao jovem adolescente, muitas vezes controversos, como sexo, violência, drogas, relacionamentos amorosos, etc;
- personagens, especialmente protagonistas, da mesma faixa etária dos leitores;
- podem possuir imagens e fotos, mas não necessariamente; são basicamente constituídas de texto;
- obras literárias juvenis geralmente apresentam um número maior de páginas, podendo alcançar 200 a 300 páginas em vários casos.
Enquanto muitos jovens têm certo repúdio aos clássicos da literatura, alguns livros mais atuais, dedicados a adolescentes, se tornaram grandes best-sellers mundiais, como Harry Potter, Percy Jackson & os Olimpianos e Jogos Vorazes. O fenômeno, no entanto, pode ser visto como uma boa oportunidade de incentivar o gosto pela literatura nesta faixa etária.[5]
O primeiro a publicar um livro infantil no Brasil foi o teuto-brasileiro Carlos Jansen, professor do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, antes da Proclamação da República do Brasil, que traduziu e adaptou clássicos da literatura mundial para a juventude como As mil e uma noites, Dom Quixote e Robinson Crusoé.
No dia 2 de abril, é celebrado o Dia Internacional do Livro Infantil, em homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen.
No Brasil, 18 de abril é o Dia Nacional do Livro Infantil, homenagem ao escritor brasileiro Monteiro Lobato, nascido nesta data, em virtude das inúmeras obras criadas por ele.
Funções da literatura infantil
De acordo com Rafael Guimarães Botelho (2013),[6] a literatura infantil apresenta seis funções: didática, lúdica, literária, sociocultural, axiológica e terapêutica. Percebemos que mesmo a literatura não tendo como função precípua ensinar conteúdos, esta transmite de forma intrínseca valores e heranças culturais. Isto portanto demonstra a importância de ser inseridos em sala de aula os livros de literatura e também os kits de leitura afro-brasileira. Os kits de literatura afro-brasileira tem como objetivo apresentar para a criança negra e não negra a história , a cultura e a influencia dos negros no Brasil de forma positiva. Criando nas mesmas a noção de pertencimento e construindo uma imagem da qual o negro e a negra possam se orgulhar. Os livros que retratam crianças negras que leem, brincam, sonham e são felizes, em sua maioria, contribuem para a construção de uma identidade forte.A literatura infantil veio para ajudar as crianças na construção da sua imaginação. Dessa forma o pequeno leitor pode se identificar com histórias e personagens e dizer intimamente para si: eu posso estar lá, este lugar também me pertence. Segundo Heloísa Pires a literatura infanto-juvenil surgiu para auxiliar o educador; sendo assim ela adquire uma posição de ferramenta de grande relevância para o desenvolvimento da leitura dos alunos .Podendo o docente trabalhar através de personagens adaptados para a infância conceitos, ideias e emoções, além de no caso dos livros literários afro-brasileiros fortalecer a construção da identidade da criança negra brasileira.
O professor como mediador da formação de novos leitores, deve ter como objeto principal de seu interesse a pessoa em desenvolvimento, quando devidamente estimulado à leitura o aluno tem forte probabilidade se tornar um bom leitor. O professor como agente propulsor desta construção, vai levando a criança a desenvolver o gosto para diversos tipos de literatura que a ajudem a ampliar seu vocabulário, seu entendimento de mundo, conhecer fatos passados, compreender o presente. As escolhas dos livros literários infantis para serem trabalhados em sala de aula devem respeitar contexto histórico e sócio cultural dos alunos para que essa primeira fase do desenvolvimento do ser leitor, seja ilustrada com conteúdos visuais e verbais, que despertem na criança de forma lúdica o interesse em vivenciar no seu imaginário as transformações das ideias ao se deslocar para aquele espaço oferecido pela história. Por esse e outros motivos é que a contação exige um preparo da linguagem oral, corporal e visual, pois é necessário que o professor/contador de história motive a socialização das narrativas infantis, criando, ele próprio, vozes e entonações aos personagens, ao enredo, movimentando-se corporalmente, dando vida a narrativa.[7]
Uso pedagógico da literatura infantil na aprendizagem
Deve haver uma preocupação de como os professores introduzem a literatura infantil em sala de aula, de forma que deve contemplar as práticas sociais, transformando-as em aprendizagens significativas, que correspondam às necessidades dos alunos criadas nas relações estabelecidas intencionalmente em sala de aula.
Libâneo (2004) acredita que é possível afirmar, no que diz respeito à leitura, que o professor deve se constituir como mediador no diálogo entre o texto e o aluno, já que seu papel não é ensiná-lo o deciframento de códigos como sinônimo de leitura mas o “ ensinar a leitura como compreensão, formando nos alunos uma conduta ativa diante do escrito, de forma que eles lancem mão de estratégias que melhor conduzam sua leitura.(LIBÂNEO, 2004, p. 6) [8]
Autores
No Brasil, o mais importante escritor infantil foi Monteiro Lobato. Escritor e editor brasileiro pré-modernista, considerado um dos maiores autores de histórias infantis, destacando-se nos gêneros conto e fábula. Dentre suas obras, destaca-se a série Sítio do Picapau Amarelo, obra composta por uma série de livros (23 volumes), escrita entre os anos de 1920 e 1947. Outro importante autor é Pedro Bandeira, autor com maior tiragem de todos os tempos na literatura infantojuvenil brasileira.
Na poesia infantil e infantojuvenil brasileiras, destacam-se autores como Cecília Meireles, Ruth Rocha, Vinícius de Morais, José Paulo Paes e Olavo Bilac.
Nas histórias em quadrinhos brasileiras, destacam-se Ziraldo, com a série O Menino Maluquinho, e Maurício de Sousa, com a Turma da Mônica.
Prêmios
- Prêmio Hans Christian Andersen: o mais importante prêmio literário internacional da literatura infantojuvenil, considerado o "pequeno" Nobel de Literatura.[9]
- Prémio Alma (Memorial Astrid Lindgren): prêmio destinado a autores e promotores da literatura infantojuvenil.
- Prêmio Jabuti: Considerado o Oscar da literatura brasileira, esse prêmio criado em 1959 e organizado Câmara Brasileira do Livro (CBL), é o mais tradicional e renomado prêmio de literatura do país.
- Prêmio Literário Biblioteca Nacional: prêmio que acontece desde 1994 e contempla a categoria infanto-juvenil.
- Prêmio Selo Cátedra 10: criado em 2016 pela Cátedra UNESCO de Leitura PUC-RIO, figura como um dos prêmios mais importantes do país.
- Prêmio AEILIJ: Organizado pela Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, concede prêmios anualmente nas categorias de Melhor Livro de Literatura Infantil e Melhor Ilustração de Livro Infantil.
- Prêmio FNLIJ: realizado desde 1975 pela Fundação Nacional para o Livro Infantil e Juvenil, é uma tradicional premiação brasileira da literatura infantojuvenil.
Ver também
Referências
- Academia Brasileira de Letras. Disponível em http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23. Acesso em 3 de maio de 2014.
- Leitura infantil sem regras: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/entrevista-heloisa-prieto-402394.shtml Arquivado em 4 de maio de 2014, no Wayback Machine.
- A palavra e a imagem: poesia em parceria: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/lalau-laurabeatriz-poesia-parceria-540456.shtml Arquivado em 5 de junho de 2010, no Wayback Machine.
- Gabriela Luft (2010). «A literatura juvenil brasileira no início do século XXI : autores, obras e tendências». Grupo de Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea. ISSN 2316-4018. Consultado em 18 de março de 2017. Cópia arquivada em 18 de março de 2017
- Como ir de best-sellers adolescentes à leitura dos clássicos: http://educarparacrescer.abril.com.br/best-sellers/ Arquivado em 27 de julho de 2012, no Wayback Machine.
- BOTELHO, Rafael Guimarães. Las funciones de la literatura infantil en la educación. Revista Iberoamericana de Educación, v. 61, n. 3 (especial), p. 1-10, 2013. Disponível em: https://rieoei.org/RIE/article/view/1080.
- Pillotto, Silvia Sell Duarte; Cunha, Luiza Corrêa; Stamm, Eliana; Garcia, Berenice Rocha Zabbot (16 de dezembro de 2021). «Contação de história e infâncias: as narrativas (re)inventam-se». Linhas Críticas: e39147–e39147. ISSN 1981-0431. doi:10.26512/lc27202139147. Consultado em 27 de agosto de 2022 soft hyphen character character in
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at position 11 (ajuda) - LIBANEO, José Carlos (2004). A didática e a aprendizagem do pensar e do aprender: a Teoria Histórico-cultural da Atividade e a contribuição de Vasili Davydov. online: Brasileira de Educação. pp. 5–24
- «Academia Brasileira de Letras - Sob o domínio da imaginação». academia.org.br. Consultado em 22 de fevereiro de 2009
- Kabengele, Munanga (2005). Superando racismo na escola. Brasília: MEC/BID/UNESCO. p. 101
Leitura adicional
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