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cineasta português (1896-1967) Da Wikipédia, a enciclopédia livre
José Júlio Marques Leitão de Barros GOC • ComSE (Lisboa, Santa Isabel, 22 de outubro de 1896 – Lisboa, São Mamede, 29 de junho de 1967) foi um professor, cineasta, jornalista, dramaturgo e pintor português, que se distingue dos da sua geração pelo sentido estético das suas obras e por antecipar, sem bases teóricas, todo um movimento cinematográfico que se dedicou à prática da antropologia visual. É o autor da primeira docuficção portuguesa e segunda etnoficção mundial na história do cinema (Maria do Mar, 1930), tendo sido Moana (1926), de Robert Flaherty, a primeira.
José Leitão de Barros | |
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Nome completo | José Júlio Marques Leitão de Barros |
Nascimento | 22 de outubro de 1896 Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | Português |
Morte | 29 de junho de 1967 (70 anos) Lisboa, Portugal |
Ocupação | Cineasta |
Cônjuge | Helena Roque Gameiro |
Filho de Joaquim José de Barros, militar, primeiro-tenente da Armada, do Porto, e de sua mulher D. Júlia Amélia Marques Leitão, de Lisboa.[1] O seu irmão Carlos Joaquim Marques Leitão de Barros foi também tenente, Cavaleiro e Oficial da Ordem Militar de Avis e Oficial da Ordem de Benemerência, e a sua irmã Teresa Emília Marques Leitão de Barros foi Dama da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.[2]
Frequentou a Faculdade de Ciências e também a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Depois de concluir um curso da Escola Normal Superior de Lisboa, foi professor do ensino secundário (desenho, matemática).[3] Tirou também o curso de arquitectura na Escola de Belas-Artes. Expôs várias obras de pintura em museus portugueses, em Espanha, no Museu de Arte Contemporânea de Madrid e ainda no Brasil.
Casou em Oeiras, a 17 de agosto de 1923, com Helena Roque Gameiro, artista plástica e filha do aguarelista Alfredo Roque Gameiro, com quem teve dois filhos, José Manuel e Maria Helena.[1]
Dramaturgo, peças suas subiram à cena em Lisboa, no Teatro Nacional e noutras salas. Cenógrafo, responsabilizou-se pela montagem de muitas peças. Jornalista, dirigiu a revista Notícias Ilustrado (1928-1935) e colaborou, por exemplo, nos jornais O Século, A Capital, e ABC, na revista Contemporânea[4] (1915-1926). Fundou e dirigiu O Domingo Ilustrado[5] (1925-1927), e Século Ilustrado. O seu nome consta da lista de colaboradores da revista de cinema Movimento[6] (1933-1934) e também no Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas[7] (1941-1945). Foi o principal animador da construção dos estúdios da Tobis Portuguesa, concluídos em 1933 em conjunto com a qual realizou mais tarde, em 1966, o filme "A Ponte Salazar sobre o Rio Tejo em Portugal".[8]
Celebrizado pela sua carreira cinematográfica, Leitão de Barros deixou também marcas duradouras no jornalismo português. Em 1938, foi protagonista de uma longa entrevista à rainha Dona Amélia em Paris, publicada nas páginas de "O Século" e "O Século Ilustrado". A peça terá sido um instrumento de propaganda para aproximar a rainha viúva do Estado Novo e a monarca aproveitou a oportunidade para gabar algumas das obras do salazarismo.[9] Anos antes, em 1932, quando ainda trabalhava no "Notícias Ilustrado", Leitão de Barros protagonizou outro caso célebre, dando cobertura à alegação infantil de que um sósia de António Oliveira Salazar estava representado nos Painéis de São Vicente. A informação foi relatada entusiasticamente pelo suplemento do Diário de Notícias, conferindo uma aura providencial ao ditador.[10] Organizou, a partir de 1934, vários cortejos históricos e marchas populares das Festas da Cidade, actividade que regularmente manteve durante a década seguinte. Foi secretário-geral da Exposição do Mundo Português e responsável pela organização da ‘’Feira Popular’’ de Lisboa (1943). Foi director da Sociedade Nacional de Belas-Artes.
Interessou-se, entretanto, pelo cinema: Malmequer e Mal de Espanha (1918) foram os seus primeiros filmes. Neles se salientam duas tendências: a evocação histórica dos temas e a crónica anedótica. Assimilou, por influência de Rino Lupo, o conceito de filme pictórico, desenvolvido por Louis Feuillade, o do Film Esthétique, e depois algumas das ideias formais do cinema soviético teorizadas por Eisenstein.
Com o documentário Nazaré (1927), retomando um tema já explorado pelo francês Roger Lion em 1923, registou aspectos de rude beleza plástica e de aguda observação humana, tal como no filme Lisboa, Crónica Anedótica de uma Capital (1930), em que misturou actores conhecidos com a gente da rua, antecipando assim tendências modernas. No mesmo ano, rodou ainda na Nazaré a Maria do Mar. Depois filmou A Severa (1931), o primeiro filme sonoro português. Ala Arriba! (1942), escrito por Alfredo Cortês, apresentava os pescadores da Póvoa de Varzim com uma força dramática pouco vulgares. A Bienal de Veneza deu-lhe um dos seus prémios. Seria, a partir dos anos sessenta, um dos cineastas preferidos do regime. Publicou também Elementos de História de Arte e, em livro, Os Corvos (crónicas publicadas no jornal Diário de Notícias).
A 4 de Setembro de 1935 foi feito Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 4 de Março de 1941 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo.[2]
Uma vasta obra e fervilhantes décadas de produção marcaram a vida deste homem, desde a aquarela ao cinema, passando pelo ensino e arquitectura. Aos 70 anos, viria a falecer de um tumor retroperitoneal, na sempre sua cidade, em 1967, estando sepultado no Cemitério dos Prazeres.
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