Bill Aberdeen

Da Wikipédia, a enciclopédia livre

O Slave Trade Suppression Act ou Aberdeen Act, mais conhecido no Brasil como Bill Aberdeen,[1] foi um ato do Parlamento do Reino Unido, promulgado em 8 de agosto de 1845, que autorizava os britânicos a prender qualquer navio suspeito de transportar escravos no oceano Atlântico.

História

Resumir
Perspectiva

Após a Revolução Industrial e a Revolução Haitiana (que dizimou os colonizadores brancos na antiga colônia francesa), surgiu no Reino Unido um forte movimento abolicionista. O movimento foi amparado, sobretudo, pelos habitantes das grandes cidades portuárias britânicas e motivado por razões tanto de ordem ética e religiosa, quanto de receios constantes de revoltas escravas.[2]

Proposta pelo Parlamento do Reino Unido, a lei, de autoria do ministro da relações exteriores George Hamilton-Gordon (Lord Aberdeen), visava o combate ao tráfico de escravos no Atlântico Sul, atribuindo às embarcações da Marinha Real Britânica o direito de apreender quaisquer navios negreiros que porventura se dirigissem ao Império do Brasil, buscando com isto efetivar na prática o cumprimento, mais uma vez, de tratados internacionais assinados desde a década de 1810, que colocavam o tráfico de escravos como pirataria e, nessa condição, sujeito à repressão.[3]

Durante a década de 1840, a marinha britânica aprisionou centenas de embarcações, cada qual carregando centenas de escravos. Eles eram conduzidos de volta à África, a cidades portuárias como Freetown, na Serra Leoa, ou Monróvia, na Libéria, onde era tentado um repatriamento, ou adaptação àquelas localidades.[4]

Para os escravagistas brasileiros, restava o argumento que esta lei derradeira feriria o direito internacional, já que seria uma imposição de um país a outros. No entanto, este era uma falácia, visto que a mesma apenas utilizava a força para valer este mesmo direito internacional, que o próprio Império Brasileiro desconsiderava, já que desde a década de 1820 descumpria sistematicamente não apenas os tratados internacionais contra o tráfico de escravos, que havia assinado,[3] como também a própria legislação interna referente à escravidão, como a Lei Feijó de 1831, que estabelecia que todos os africanos trazidos para o país, a partir daquela data, fossem libertados e embarcados de volta à África.[3]

Assim, a aplicação da lei Aberdeen criou vários incidentes diplomáticos com o recalcitrante Império Brasileiro: entre agosto de 1845 e maio de 1851, foram abordadas, apreendidas e destruídas, pela Marinha Real Britânica, 368 embarcações brasileiras que faziam tráfico de escravos para o Brasil, muitas em águas territoriais do país.[5]

Tais fatos conduziram à inviabilidade econômica de tal prática há muito condenada internacionalmente, forçando o Brasil a abandoná-la. No entanto, em vez de fazê-lo, fazendo valer suas próprias leis já existentes — para simbolicamente manter uma fachada de autonomia — adotou a chamada Lei Eusébio de Queirós, aprovada em 1850, que, uma vez mais, aboliu legalmente o tráfico negreiro para o Brasil. Entretanto, como se viu pelas apreensões executadas pela Marinha britânica ainda em 1851, por si só, em nada teria acrescentado.

Ver também

Referências

  1. Blackburn, Robin "A Queda do Escravismo Colonial 1776-1848" Ed. Record / Rio de Janeiro 2002 Visualização Google Livros
  2. Almeida, Paulo Roberto de "Formação da diplomacia econômica no Brasil" Ed. SENAC / São Paulo 2001 ISBN 8573592109 Pág. 322Visualização Google Livros
  3. J. F. Ade Aja Yi "História Geral da África – Vol. VI – África do século XIX à década de 1880" UNESCO 2010 ISBN 9788576521280 p. 94
  4. Alfredo Carlos Teixeira Leite "O tráfico negreiro e a diplomacia britânica" EDUCS 1998 ISBN 857061196 Página 178

Ligações externas

Wikiwand - on

Seamless Wikipedia browsing. On steroids.