Em geografia, uma bacia endorreica é uma área na qual a água não tem saída superficialmente, por rios, até ao mar, ou seja, uma bacia hidrográfica sem saída para o mar. A designação tem raiz grega, endo, "interior" e rhein, "fluir". Qualquer chuva que caia numa bacia endorreica permanece ali, abandonando o sistema unicamente por infiltração ou evaporação, o que contribui para a concentração de sais. Nas bacias endorreicas nas quais a evaporação é maior que a alimentação, os lagos salgados desapareceram e formaram-se bacias salinas. As bacias endorreicas também se denominam sistemas de drenagem interna.

Margem do Lago Hart, lago endorreico no deserto do Sul da Austrália.
Imagem de satélite do Lago Eyre na Austrália.
Imagem de: NASA's Earth Observatory.
Imagem de satélite da bacia endorreica do planalto andino.

Se bem que em teoria, as bacias endorreicas possam criar-se em qualquer clima, na prática são mais comuns em zonas de deserto quente. Além disso, note-se que por definição, qualquer lago situado abaixo do nível do mar (p.ex., o Mar Cáspio e o Mar Morto) devem ser endorreicos e drenar uma bacia hidrográfica endorreica.

Causas de endorreismo

O carácter de uma região cujas águas não vertem para o mar pode ter múltiplas causas. Pode tratar-se do relevo quando existe uma depressão endorreica (bacia fechada, etc.). Noutros casos a causa reside no clima (evaporação excessiva em relação à importância da precipitação) ou na natureza do terreno, que, de ser muito permeável, permite uma infiltração rápida das águas pluviais. Por vezes concorrem ambas as circunstâncias: a rápida evaporação da água e o volume excessivo da que se infiltra fazem diminuir progressivamente o caudal do rio ao longo do seu percurso. Fica assim esgotado antes de chegar a juntar-se com outro rio da rede hidrográfica ou que alcance o mar.

Evolução de uma bacia endorreica

Em zonas de maior pluviosidade, a água irá acumular-se inicialmente na depressão rodeada por colinas, e à medida que o nível se vai elevando, poderá alcançar o ponto mais alto destas colinas circundantes, começando a sair água superficialmente neste ponto, criando um sulco, que poderá evoluir até se transformar num rio. À medida que este "sulco" se vai aprofundando, o nível inicial do lago irá também reduzir-se, até se criar um novo equilíbrio. Desta forma uma bacia endorreica, em tempos geológicos, pode-se ir ligando com outras, e eventualmente chegar até ao mar, caso em que deixará de ser endorreica. Este processo pode observar-se muito claramente no sistema endorreico do planalto boliviano-peruano. Assim, as oscilações do nível do Lago Titicaca, em tempos geológicos, e mesmo em tempos históricos, são determinadas pela capacidade do Rio Desaguadero: este corre por um vale onde podem ocorrer deslizamentos de terra que obstruem parcialmente o rio, limitando a sua capacidade de evacuar as águas do Lago Titicaca para o Lago Poopó. Prova disto é foi dada na década de 1990 pela descoberta de ruínas submersas da cultura Tiwanaku, na Ilha do Sol.

Bacias endorreicas importantes

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As principais bacias endorreicas estão a ciano, e os lagos endorreicos a azul.

Antigas bacias endorreicas

  • O Mar Mediterrâneo e todas as suas bacias tributárias durante a grande seca conhecida como a Crise Messiniense, devida à clausura da ligação entre o Mediterrâneo e o Atlântico há uns 5 milhões de anos.
  • O Mar Negro, até se unir com o Mediterrâneo.
  • O Lago Lahontan no oeste dos Estados Unidos
  • O Lago Bonneville (Utah)

Referências

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