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O ruteno foi uma língua eslava oriental histórica, falada no Grão-Ducado da Lituânia e depois nos territórios eslavos orientais da República das Duas Nações (Comunidade polaco-lituana).
Ruteno | ||
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Falado(a) em: | República das Duas Nações, parte do Grão-Ducado de Moscou. | |
Total de falantes: | Extinta. Desenvolveu-se no bielorrusso, no ucraniano e no russino (ou "ruteno" moderno). | |
Família: | Indo-europeia Eslava Oriental Ruteno | |
Escrita: | Alfabeto Cirílico | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | -- | |
ISO 639-2: | sla |
Não há uma unanimidade entre os especialistas quanto a se o ruteno foi uma língua separada ou um (ou mais de um) dialeto do eslavo oriental antigo. De todo modo, o ruteno descende diretamente do eslavo oriental antigo, a língua coloquial usada na Rússia de Quieve (do século X ao XIII).[4] Foi o ancestral dos idiomas modernos bielorrusso e ucraniano.
Esta língua, hoje extinta, é frequentemente confundida com o russino, que designa um grupo de línguas, objeto de uma querela envolvendo nacionalistas e linguistas, sobre sua pertinência ou não à língua ucraniana. Dessa língua antiga, nasceram o búlgaro e o russino moderno, daí a designação frequente do ruteno como búlgaro antigo ou russino antigo.
Historicamente os rutenos eram antigas populações eslavas ocidentais da atual Ucrânia, à qual haviam sido anexadas a Rutênia subcarpática e regiões vizinhas que adotaram o rito católico uniata (nomeadamente a Igreja Católica Bizantina Rutena), e não o rito ortodoxo. A dispersão dos rutenos por todo o Império Austro-Húngaro em razão de uma política de migrações organizadas, teve como resultado a diferenciação dos dialetos falados, que se constituíram em duas línguas ausbau (de Ausbausprache, "língua por elaboração"), distintas, no século XX.
Todavia, minorias linguísticas se deslocaram nas diferentes regiões da Europa Central (Eslováquia, Polônia), da Europa do Leste (Voivodina sérvia, Ucrânia e Rússia ocidental), para formar e manter um grupo de dialetos modernos minoritários erradamente designados como "rutenos", já que têm muitas diferenças e evoluíram muito em relação ao ruteno original, sob influência de outras línguas. Esse grupo de línguas ou dialetos modernos (assim como formas regionais tradicionais minoritárias do ucraniano, do bielorrusso e do russo atuais) são chamadas atualmente de russino e não de ruteno.
A língua em questão é às vezes chamada de bielorrusso antigo (em bielorrusso starabiełaruskaja mova), de ucraniano antigo (em ucraniano starovkrajinska mova) e de russo ocidental (em russo zapadnorusskij jazyk). Como o ruteno sempre foi uma forma de oposição diglóssica ao eslavo eclesiástico, ele era e ainda é muitas vezes chamado prosta(ja) mova (проста(я) мова, literalmente "língua simples").
Note-se que ISO/DIS 639-3 e SIL atualmente determinam o código rue para a língua que é documentada com o nome nativo русин (russino), que eles simplesmente chamam de ruteno (Ruthenian em inglês e ruthène em francês) em vez de "ruteno moderno": este código é agora designado para a língua russina.
Como o Leste Europeu gradualmente se libertou da invasão mongol no século XIV, havia quatro príncipes que adotaram o título de grão-duque. Dois deles começaram a unir os territórios eslavos orientais: um em Moscou e outro em Vilnius. Estas atividades resultaram em dois estados eslavos orientais principais separados, o Grão-Ducado de Moscou, que viria a se desenvolver no Império Russo, e o Grão-Ducado da Lituânia, que englobava aproximadamente os territórios atuais de Bielorrússia, Ucrânia e Lituânia e que depois se uniu com a Polônia para formar a República das Duas Nações. Linguisticamente, ambos estados continuaram a usar as variedades regionais da língua literária da Rússia de Quieve, mas devida à imensa influência polonesa no oeste e à influência do eslavo eclesiástico no leste, eles gradualmente desenvolveram duas línguas literárias distintas: o ruteno na Lituânia e na República das Duas Nações, e o russo antigo em Moscóvia. Ambas eram habitualmente chamadas Ruskij (de Rus') ou de Slovenskij (eslavo, eslavônico); apenas quando uma diferenciação entre a língua literária de Moscóvia e a da Lituânia tornou-se necessária, a primeira foi chamada de Moskovskij (moscovita), e, raramente, a segunda de Lytvynskij (lituano).
Esta divergência linguística é confirmada pela necessidade de tradutores durante as negociações do Tratado de Pereyaslav na metade do século XVII, entre Bohdan Khmelnytsky, líder dos cossacos zaporozianos, e o Estado russo.
A partir da União de Lublin em 1659, os territórios meridionais do Grão-Ducado da Lituânia (aproximadamente a moderna Ucrânia) ficaram sob administração direta da coroa polonesa, enquanto os do norte (aproximadamente Bielorrússia e Lituânia) mantiveram alguma autonomia. Isto resultou em diferenças no que diz respeito ao status do ruteno como uma língua oficial e a intensidade da influência polonesa no ruteno. No entanto, em ambas as partes da Comunidade Polaco-Lituana habitadas por eslavos orientais, o ruteno permaneceu como uma lingua franca, e em ambas as partes, ele foi progressivamente sendo substituído pelo polonês como língua literária, de debates religiosos e nos documentos oficiais.
Com o começo do romantismo na virada do século XIX, aparecem o bielorrusso literário e o ucraniano literário, descendentes dos dialetos populares falados e pouco influenciados pelo ruteno literário. Enquanto isso, o russo manteve uma parte "alto vocabulário" do eslavo eclesiástico, de forma que atualmente as mais evidentes diferenças léxicas entre o russo por um lado e o bielorrusso e o ucraniano por outro são na maioria a grande quantidade de eslavismos no russo e de polonismos nos outros dois.
A divisão entre o ruteno literário e as línguas literárias sucessoras pode ser vista nas ortografias bielorrussa e ucraniana recentemente definidas.
A interrupção da tradição literária foi especialmente drástica na Bielorrússia: na República das Duas Nações o polonês substituiu amplamente o ruteno como língua de administração e literatura. O bielorrusso apenas sobreviveu como uma língua falada no campo, sem quase nenhuma tradição escrita até a metade do século XIX.
Contratando como os bielorrussos e ucranianos orientais, os ucranianos ocidentais que viviam no Império Austro-Húngaro mantiveram não apenas o nome ruteno, mas também muito mais elementos eslavos eclesiásticos e poloneses do ruteno. Por diferenciação, estes ucranianos são habitualmente chamados pela forma nativa de seu nome, rutenos.
Dessa forma, por volta de 1800, a língua rutena literária havia se desenvolvido em três línguas literárias modernas: o bielorrusso, o ucraniano e o russino (ruteno moderno).
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