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avião para transporte tático/logístico e reabastecimento em voo Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Embraer C-390 Millennium é um avião de transporte militar multimissão para uso tático e logístico, reabastecimento em voo e combate a incêndios florestais, desenvolvido e fabricado pela Embraer Defesa e Segurança, subsidiária do grupo brasileiro Embraer.[4]
Embraer C-390 Millennium | |
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O KC-390 em 2018 | |
Descrição | |
Tipo / Missão | transporte militar médio reabastecimento aéreo combate a incêndios florestais |
País de origem | Brasil |
Fabricante | Embraer |
Período de produção | em produção |
Quantidade produzida | 10[1][2][3] |
Custo unitário | US$: 85 milhões |
Primeiro voo em | 3 de fevereiro de 2015 (9 anos) |
Introduzido em | 4 de setembro de 2019 |
Tripulação | 3 |
Soldados | 80 |
Especificações | |
Dimensões | |
Comprimento | 35,2 m (115 ft) |
Envergadura | 35 m (115 ft) |
Altura | 11,8 m (38,7 ft) |
Notas | |
Para outras informações, acesse a seção Ficha técnica |
Sua designação original "Embraer KC-390" foi alterada em novembro de 2019.[5]
A aeronave estabeleceu um novo padrão para o transporte militar médio, visando atender os requisitos operacionais da Força Aérea Brasileira para substituir o C-130 Hercules.[6] Seu custo de desenvolvimento foi cerca de R$ 2 bilhões de reais.[7]
A fabricante pretende vendê-lo às forças aéreas que utilizam essa classe de cargueiro. É o maior avião militar já fabricado no hemisfério sul.[8]
O C-390 Millennium foi desenvolvido como um jato militar de transporte, anunciado pela primeira vez na feira de materiais de defesa Latin America Aero & Defence (LAAD), no Rio de Janeiro, em abril de 2007.[9] Na edição de 2009 do mesmo evento foi anunciado formalmente o lançamento do programa.[10][11]
É equipado com dois motores turbofan Pratt & Whitney, modelo IAE V2500-E5, com empuxo de 31 330 lbf (139 400 N) cada.[12][13] Utiliza a tecnologia fly-by-wire em sua aviônica e tem capacidade para transportar 23 toneladas de carga, inclusive veículos.[14]
Em outubro de 2009, o Congresso Brasileiro aprovou a destinação de 305 milhões de reais à Embraer para o desenvolvimento da aeronave. Essa verba foi liberada pela Força Aérea Brasileira (FAB) pelo aval do poder executivo.[15]
No início de março de 2009, o governo brasileiro anunciou um investimento inicial de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões. Esse montante representava cerca de 5% do custo de desenvolvimento. Enquanto a empresa não fechava outras parcerias, a FAB preparou a proposta de compra de um lote de trinta unidades, incluindo os dois protótipos.[16] O valor do primeiro contrato deveria chegar a 1,3 bilhão de dólares, em um mercado estimado pela fabricante em 20 bilhões de dólares[17]
Ainda em março de 2009, o governo brasileiro, em meio às turbulências da economia mundial, reiterou investimentos no projeto a fim de garantir empregos na fabricante e dotar sua força aérea com o novo equipamento.[6] Até novembro de 2012, o projeto da nova aeronave fez surgir mil oportunidades de trabalho dentro da própria Embraer, com a criação, no início de 2011, da Embraer Defesa e Segurança (EDS), sediada na cidade de Gavião Peixoto.[18]
Em março de 2013, a FAB e a EDS concluíram a Revisão Crítica de Projeto (CDR) da aeronave.[19][nota 1]
Após cinco anos de desenvolvimento foram concluídos os modelos para integração de todos os sistemas da aeronave e simulações de voo, realizadas em mock-up, que são simuladores em tamanho real da cabine de comando.[20]
O desenvolvimento do projeto e a produção, envolvendo a integração de tecnologias, sistemas eletrônicos e aviônica, foram de responsabilidade da Embraer Defesa e Segurança[21] e contou com R$ 4,5 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além de R$ 5,5 bilhões em programas militares da marinha e aeronáutica.[22] A FAB investiu US$ 2 bilhões no projeto, desenvolvimento e montagem dos dois protótipos. Em 2019 adquiriu 28 unidades do cargueiro, ao custo de R$ 7,2 bilhões.[23]
Para o desenvolvimento e produção da aeronave, a Embraer firmou parcerias com empresas da Argentina, Portugal e Chéquia. A empresa brasileira fornece a seção dianteira da fuselagem com a cabine de pilotagem, asas, seção intermediária da fuselagem e estabilizadores vertical e horizontal. Executa também a integração dos comandos de voo, softwares, aviônica e equipamentos como os trens de pouso, que também produz, através de sua subsidiária Eleb.[24] A Argentina, por meio da FAdEA, fornece as portas do trem de pouso dianteiro, porta dianteira direita, parte da rampa de acesso traseira, flaps e cone de cauda. Portugal, por meio da OGMA, fornece a seção central da fuselagem, sponson e portas do trem de pouso principal e leme de profundidade. A Chéquia fornece a porta dianteira esquerda, portas traseiras, parte da rampa de acesso traseira e a seção traseira da fuselagem.[25]
Dois protótipos foram previstos no programa de desenvolvimento, montados na unidade Embraer Defesa e Segurança em Gavião Peixoto, no interior do estado de São Paulo. O primeiro protótipo (PT-ZNF) foi apresentado em 21 de outubro de 2014 e voou pela primeira vez em 3 de fevereiro de 2015.[26][27][28] Em fevereiro de 2016, o primeiro protótipo havia cumprido mais de cem horas de voo.[29]
A montagem do segundo protótipo (PT-ZNJ) foi concluída em março de 2016 e voou no dia 28 de abril.[30][31]
Em 21 de junho de 2016, a FAB e a Embraer realizaram com sucesso o primeiro lançamento de paraquedistas.[32]
O cronograma de desenvolvimento do C-390 Millennium sofreu atraso de dois anos, por conta de restrições orçamentárias governamentais.[29] A certificação e as primeiras entregas para a FAB foram previstas para 2018.[33][34] O segundo país a receber a aeronave foi Portugal, em outubro de 2022.[35]
Em fevereiro de 2017 foi iniciada a produção em série na unidade da EDS em Gavião Peixoto.[36] A primeira aeronave de série tinha previsão inicial para entrega à FAB no final de 2018. No entanto, com a perda de um dos protótipos em um acidente ocorrido meses antes, durante um teste em maio, a primeira unidade de produção foi utilizada para dar continuidade aos testes. A primeira das três unidades da série prevista para entrega em 2019, voou pela primeira vez em 9 de outubro de 2018.[37] Em 19 de outubro, dez dias depois do voo inaugural da primeira unidade de série, o cargueiro recebeu a certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), habilitando a aeronave para comercialização e operação em todo o território brasileiro.[38]
No final de outubro de 2019 foram realizados no espaço aéreo de Canoas, Rio Grande do Sul, os testes de chaff & flare, testes das contramedidas eletrônicas para evitar a localização por radares e desviar mísseis inimigos, utilizando dispositivos irradiadores de infravermelho.[39]
O ensaio de frio extremo (cold soak) foi realizado em fevereiro de 2021, em Fairbanks, no Alasca, para cumprir mais um passo da certificação. Nas operações para o ensaio, o C-390 realizou o voo com maior duração que havia feito até então – 6h28, de Moses Lake, em Washington, até Fairbanks. A aeronave foi submetida durante um longo período a temperaturas extremamente baixas, com picos de -37,8 °C. Durante a exposição a essas temperaturas, foram realizados testes operacionais do radar, controles de voo, motores, dos sistemas aviônicos, e outros.[40]
O ensaio para a certificação operacional de reabastecimento em voo foi realizado em 26 de março de 2021, em Gavião Peixoto. O procedimento envolveu duas aeronaves KC-390, sendo a certificação referente à operação da aeronave que é reabastecida. O ensaio foi conduzido por pilotos e engenheiros do Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo, subordinado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, e supervisionado por engenheiros do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial, instituto também subordinado ao DCTA e responsável pela certificação. Foi avaliada a versatilidade da aeronave na operação de reabastecimento em voo, tanto para o seu posicionamento relativo ao avião reabastecedor, como o acoplamento da mangueira de transferência de combustível.[41]
Os testes em voo para a capacidade de combate a incêndios florestais foram concluídos em 5 de setembro de 2022, com a certificação do Sistema Modular Aerotransportado de Combate a Incêndios (Modular Airborne Fire Fighting System - MAFFS II). O sistema é capaz de lançar até 11 300 litros de água, que pode ser misturada a um retardante de fogo, de acordo com os critérios de uso do solo. Projetado para fazer interface com o Sistema de Manuseio de Carga (Cargo Handling System), o MAFFS II é instalado no compartimento de carga utilizando o próprio trailer da aeronave e requer apenas energia fornecida pela aeronave para operar. O bocal de lançamento é montado próximo à porta lateral, sem necessidade de modificação estrutural.[42][43]
Segundo a diretoria do programa, o cargueiro pode também ser adaptado para atender alguns segmentos civis, como indústrias de mineração e petróleo.[26] Essa adaptação é possibilitada pelo alto grau de modularidade na reconfiguração dos sistemas de missões.[45]
Países que assinaram contratos de compra da aeronave.[25] No total, foram vendidas 41 aeronaves e uma opção de compra.
Países que assinaram cartas de intenções de compra, mas não formalizaram os acordos. Total de 24 unidades anunciadas.
Vários países fizeram contatos para avaliar a aeronave como possível substituição da atual frota de aviões cargueiros, porém, não manifestaram intenção de compras.
A Embraer assinou com o governo brasileiro o primeiro contrato para produção em série do cargueiro em 20 de maio de 2014, em um negócio estimado em R$ 7,2 bilhões, que incluía suporte logístico, peças sobressalentes e manutenção.[72] A primeira entrega sofreu um atraso de quase um ano, devido a um acidente com um protótipo em maio de 2018 durante os testes. Para que o programa não fosse interrompido, a FAB concordou em disponibilizar duas aeronaves de produção (002 e 003) para serem utilizadas na finalização da campanha de teste de voo.[73]
A Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu a primeira aeronave no dia 4 de setembro de 2019, entregue na Base Aérea de Anápolis, em Goiás.[74] Até setembro de 2024, foram entregues sete unidades, incorporadas ao Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT)-Esquadrão Zeus, sediado em Anápolis e ao Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT)-Esquadrão Gordo, sediado na Base Aérea do Galeão, Rio de Janeiro.[75][76][77][78]
Em abril de 2021, o Ministério da Aeronáutica iniciou negociações com a Embraer, para a redução do número de encomendas. Depois de várias tentativas de acordo que se estenderam por mais de seis meses, e com a recusa da proposta pela Embraer, em 12 de novembro o governo anunciou oficialmente a intenção de reduzir a quantidade prevista nos contratos, de 28 para 15 aeronaves.[79] Três meses depois, em fevereiro de 2022, a Embraer comunicou que havia chegado a um acordo com a FAB, tendo sido ajustado o contrato, reduzindo de 28 para 22 unidades, com a previsão das entregas estendida até 2034. Segundo a empresa, a quantidade e o novo prazo foram ajustados adequando-se "às condições orçamentárias da FAB ao mesmo tempo em que permite à Embraer um melhor planejamento de longo prazo junto aos seus fornecedores".[48]
A compra de cinco aeronaves foi confirmada em julho de 2019, com previsão de serem entregues de 2023 a 2027.[80] O contrato foi assinado em 22 de agosto do mesmo ano, sendo a primeira venda internacional oficializada. O valor do negócio foi de € 827 milhões (US$ 917 milhões).[81]
A primeira das cinco aeronaves da Força Aérea Portuguesa (FAP) foi recebida no dia 16 de outubro de 2022 na Base Aérea N.º 11, em Beja, iniciando-se a fase de integração e certificação de sistemas pelos portugueses.[82] A segunda aeronave da Força Aérea Portuguesa (FAP) foi recebida no dia 26 de junho de 2024, nas instalações da Embraer, em Gavião Peixoto.[83]
Compra de duas aeronaves, assinada em 17 de novembro de 2020, com entregas programadas para 2023 e 2024.[49] O valor do negócio é estimado em US$ 300 milhões ou R$ 1,67 bilhões com o câmbio de novembro de 2020. venda não foi informado.[84] A versão comprada é a primeira em que o interior da aeronave pode ser convertida em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).[85]
A primeira das duas aeronaves da Força Aérea da Hungria foi recebida no dia 5 de setembro de 2024, em Budapeste, Hungria. A aeronave será a primeira do mundo equipada com uma Unidade de Terapia Intensiva roll-on/roll-off, estando ainda mais bem equipada para realizar missões humanitárias e Missões de Evacuação Médica.[86]
Em novembro de 2017 foi reportada a ocorrência de um incidente em ensaio em 12 de outubro do mesmo ano, no qual o primeiro protótipo (PT-ZNF) teve inesperada e substancial perda de altitude, superada após a realização de procedimentos de recuperação pelos pilotos.[92] A mídia especializada relatou que o incidente, durante ensaio em voo para situação de estol, ocorreu pouco antes da aeronave atingir o nível máximo de estol, quando teria ocorrido uma perda de sustentação, provocada por uma alteração repentina do centro de gravidade. Isso teria feito com que o cargueiro perdesse altitude rapidamente e a tripulação só teria conseguido retomar o controle a 1 000 pés (300 metros) de altitude do solo. A provável causa, informada por um engenheiro do programa, teria sido o desprendimento de um equipamento de teste que se deslocou para a parte traseira do compartimento de carga. Como o inesperado desbalanceamento da carga da aeronave teria ocorrido no momento mais crítico (chamado "pré-estol"), a perda de sustentação foi inevitável. A Embraer confirmou o incidente, relatando que houve algumas avarias na aeronave, mas não relacionou o fato a uma alteração do centro de gravidade nem o desprendimento do equipamento, informou que o incidente estaria sob investigação e que não haveria atraso para a primeira entrega da aeronave.[93]
Em maio de 2018, o mesmo protótipo (PT-ZNF) saiu da pista do aeroporto de Gavião Peixoto durante a realização de testes em solo,[94] ocasionando danos aos trens de pouso e a parte estrutural da fuselagem.[95][96] Por conta dos danos ao protótipo, a empresa registrou perdas de cerca de 127 milhões de dólares e a entrega do primeiro C-390 Millennium, anteriormente prevista para o final de 2018, foi adiada para 2019.[97][98]
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